José Paulo
Silvio Romero foi u notável crítico e historiador da
literatura brasileira da época de Machado de Assis. Era um inimigo gramatical
figadal de Machado e mesclou a vida do bruxo do Cosme Velho com a literatura
machadiano. Todavia, ele criou problemas de dialética de uma atualidade
impressionante. Ele diz que a literatura machadiana e seu autor são
pessimistas. Ora, ele diz que o pessimismo é sinônimo de perversão. E discute
se se trata de um perverso verdadeiro ou de um falso perverso:
“Há duas espécies de pessimismo, um profundo [que seria o
perverso verdadeiro}, irredutível, que é tanto da cabeça co0mo do coração, e
aparece quando se dá a conjunção de desmantêlo de sensibilidade com certas
tendencias do espírito e da cultura filosófica do indivíduo: é o de
Shakespeare, Baudelaire , Leopardi, Flaubert, Byron <et relique>; o
outro, só da cabeça, sem grandes raízes, meramente especulativo e sem chegar a
tremendas crises que envolvam o coração|: e destra espécie é o de Voltaire e
Machado de Assis”. (Romero: 1631).
Com efeito, Silvio não cré que a concepção política de mundo
machadiana seja do perverso:
“A questão do pessimismo tem de esmiuçar o problema da
sensibilidade e da intelectualidade dos escritores, lado subjetivo do assunto,
e, ao mesmo tempo a ação das peripécias, das pressões da sociedade sobre eles,
lado objetivo do fenômeno. Só com um estudo, assim completo, sobre cada autor,
poder-se-ia conhecer a natureza da sua intuição pessimista ou não sobre o mundo
e a existência”. (Romero: 1632).
Ora, Silvio diz que o brasileiro não é pessimista, não é
perverso:
“Antes de tudo, uma nota que se nos antolha indispensável;
nós os brasileiros não somos em grau algum um povo de pessimistas. Em nossa
alma nacional, em nossa psicologia étnica não se encontram s tremendas
tendencias do desalento mórbido e de resignação consciente diante da miséria,
da mesquinhez, do nada incurável da existência humana”. (Romero: 1630).
Bem! Machado é pintado
como um falso perverso, um pessimista <teórico>:
“há os sofredores, que, por circunstâncias várias da
sensibilidade e da inteligência, chegam a certo pessimismo apenas teorético,
espécie de protesto para uma mais perfeita organização das cousas”.
“Neste grupo é que se há de colocar o nosso Machado de
Assis.”. (Romero: 1632).
Ao contrário do perverso verdadeiro como Shakespeare ou
Baudelaire que criam lógica de gramatica de sentido sobre a realidade, Machado
é o falso perverso, isto é, um homem gramatical incapaz de criar e recriar a gramática
de gramática de sentido [do Bem e do Mal, do ethos e do páthos, da lógica e da
paralógica, da sublógica e da infralógica do sentido e do não-sentido, da ordem
gramatical ou da sgrmmaticatura ou anarquia gramatical da realidade da pratica
política brasileira.
2
No Brasil, o campo da prática política da retórica tem na
fundação de uma instituição – a ABL- um ponto de não retorno da alta cultura
que não fosse retórica. O capítulo sobre Machado de Assis do livro “História da
literatura”, de José Veríssimo, que foi um dos fundadores da ABL. O capítulo
pode ser visto como o <Manifesto retórico modernista> da nossa prática
política literária.
A prática política da retórica é criada e recriada por uma
plurivocidade de práxis individual gramatical, pois, a retórica tem sua própria
gramática ou lógica de grmat5ica de sentido do Bem e Mal, do justo e injusto,
do ethos (lógica de gramática de sentido do Bem, da ordem gramatical) e do
páthos (lógica de gramática se sentido do mal, da anarquia gramatical; afecções)
enfim, da ordem gramatical e da anarquia gramatical em relação às afecções. A
diferença entre a retórica aristotélica e a sofística aparece como uma guerra
civil romana na história da civilização/barbárie do Ocidente:
“Ora, os que até hoje compuseram tratados de retórica
ocuparam-se apenas de uma parte dessa arte; pois, só os argumentos retóricos
são próprios dela, e todo o resto é acessório. Eles, porém, nada dizem dos
entimemas, que são afinal o corpo da prova, antes dedicam a maior parte dos
seus tratados a questões exteriores ao assunto; porque o ataque verbal, a
compaixão, a ira e outra paixões da alma semelhantes a estas não afetam o
assunto, [o objeto], mas sim o juiz. De sorte que, se se aplicasse a todos os
julgamentos a regra que atualmente se aplica em algumas cidades, sobretudo, nas
bem governadas, aqueles retores nada teriam a dizer”. (Aristóteles. 2012:6-7).
A retórica é uma prática política que é acolhida em
determinadas forma de governo, mas não na forma de governo (tirania,
oligarquia) da democracia constitucional. A relação entre afecção (ataque
verbal, ira, ódio etc.) e práxis individual gramatical na democracia
constitucional sofre um corte gramatical na prática da retórica. Um outro
problema inadiável diz respeito a modo de ser psíquico do perverso na práxis
individual do uso da retórica:
“Pois todos entendem que as leis o devem referir, e alguns
adotam mesmo a prática proibindo, que se fale fora do assunto, como também
acontece no Areópago, e com toda a razão; pois está errado perverter o juiz
incitando-o à ira, ao ódio ou à compaixão. Tal procedimento equivaleria a
falsear a regra que se pretende utilizar”. (Aristóteles. 2012: 7).
A retórica sofistica pratica a lisonja como forma de
persuasão do juiz que decide: seja ele, um juiz do tribunal, a multidão, a
soberania popular, a classe política etc. José Veríssimo faz da lisonja a
Machado de Assis a arma de guerra retórica para estabelecer a
hegemonia/dominação da retórica academicista (da ABL)nas práticas: jurídica,
política, cultural:
“Chegamos agora ao escritor que é a mais alta expressão da
nossa literatura, Joaquim Maria <Machado de Assis. No bairro popular, pobre
e excêntrico do Livramento, no Rio de Janeiro, nasceu ele, de pais de mesquinha
condição, a 21 de Junho de 1839. Nesta mesma cidade, donde nunca saiu, faleceu,
com pouco mais de 69 anos, em 29 de setembro de 1908. A data de seu nascimento
e do seu aparecimento na literatura o fazem da última geração romântica. Mas a
sua índole literária avessa a escolas, a sua singular personalidade, que lhe
não consentiu jamais matricular-se em alguma, quase desde os seus princípios
fizeram dele um escritor à ´parte [...]. Ninguém na literatura brasileira foi
mais, ou sequer tanto como ele, estranho a toda a espécie de cabotinagem, de
vaidade, de exibicionismo. De raiz odiava toda a publicidade, toda a
vulgarização que não fosse puramente de seus
livros publicados”. (Veríssimo: 343).
Enfim, a eloquência a serviço da ABL faz de Machado um membro
da família real brasileira, mas como uma aristocrata de espírito. Portanto, a
ABL é a restauração parcial da prática política monárquica na República. O
modelo de práxis individual gramatical é a retórica monárquica do direito do
sécuo XIX. Daí a aura da classe política academicista [de um José Sarney, de um
Gilberto Freyre, de um Cãmat Cascudo, de um Luís Vianna Filho, que foi
encerrada com o Estado mercantil/liberal de 1964, mas precisamente como Estado
fascista militar de 1969:
“Só a incapacidade de compreender natureza tão finamente
aristocrática como Machado de Assis [...}”. (Veríssimo: 343-344).
A práxis individual gramatical pode ser possuído pela sgrammaticatura,
falta de gramática. (Gramsci. 1977, v. 3:2341):^
“Simplesmente, na sua maioria, umas pessoas fazem-no ao
acaso, e, outra, mediante a prática que resulta do hábito. E#, porque os dois
modos são possíveis, é óbvio que seria também possível fazer a mesma coisa
seguindo um método. Pois é possível estudar a razão pela qual tanto são
bem-sucedidos os que agem por hábito como os que agem espontaneamente, e todos
facilmente concordarão que al estudo é tarefa de uma arte”. (Aristóteles. 2012:
6).
A prática política gramatical é feita de inimigo e amigo
gramaticais:
“Além disso, é manifesto que o oponente não tem nenhuma outra
função senão a de mostrar se o fato em questão é ou não verdadeiro, aconteceu
ou não, aconteceu, quanto a saber se ele é grande ou pequeno, justo ou injusto,
não havendo uma decisão clara do legislador, é certamente ao juiz que cabe
decidir, sem cuidar po que pensam os litigantes”. (Aristóteles. 2012: 7).
O legislador, o juiz e os litigantes apontam para a
contradição da contradição complexa na prática política constituída por uma
plurivocidade de discurso ou gramática:
“Troca de discurso -isso mexe, isso os, isso nos, isso se
atravessa, ninguém marca a batida. Canso de dizer que essa noção de discurso
deve ser tomada como liame social, fundado sobre a língua, e parece então não
deixar de ter relação com o que na linguística se especifica coo gramática,
nada parecendo modificar-se com isto”. (Lacan. S. 20: 21).
3
Maior especialista em barroco brasileiro, o professor da UFRJ
Afrânio Coutinho fala de uma nacional-popular do século monárquico e
republicano que começa com José de Alencar e tem seu apogeu com Machado de
Assis:
“Graças a esse respeito pela tradição e pelo trabalho das
gerações anteriores soube aprender a lição sobretudo de José de Alencar. Não só
do ponto de vista técnico, senão também quanto ao elemento nacional a
caracterizar a ficção, a mensagem de Alencar foi das mais fecundas, pois ele
soube adaptar a forma narrativa moderna a elementos populares brasileiros e à temática
nacional m dando um impulso definitivo à autonomia de nossa ficção, sobre criar
um estilo brasileiro na língua literária, aproximando-a da fala corrente do
povo. Recebendo essa herança, responsável pela criação de uma nova tradição
compatível com a nova experiência vital que se desenvolvia no Brasil, Machado
de Assis levaria muito longe, com seu gênio, a novelística brasileira” .
(Machado: 24).
Afrânio Coutinho se referi ao <intelectual< gramsciano
nacional-popular. Há de considerar que a
literatura de Machado foi um efeito da história do campo da lógica de gramatica
de sentido retórico-sofistico. Então, preciso recorrer a Gramsci para
falsificar a ideia de Coutinho, que era uma ideia da ABL:
“- mas, sim, porque o elemento intelectual indígena é mais
estrangeiro diante do povo-nação do que os próprios estrangeiros. A questão não
nasceu hoje; ela se colocou desde a fundação do Estado italiano, e sua
existência anterior é um documento para explicar o atraso da formação política
nacional unitária da península [...[. Também a questão da língua, colocada por
Manzini, reflete o problema da unidade intelectual e moral da nação e do
Estado, buscada na unidade na unidade da língua. Mas a unidade da língua é um
dos modos externos, e não exclusivamente necessários, da unidade nacional: de
qualquer modo é um efeito e não uma causa”. (Gramsci. 1968:107)
A literatura popular de Alencar a Machado é popular, e só é
nacional-popular na retórica da AB.L Ora, não existia povo-nacão em um país
dominada pelo modo de produção capitalista/escravista do negro enquanto existiu
o romantismo de Alencar e de uma parte da vida de Machado. O Estado territorial brasileiro não nasce como
um Estado nacional moderno, por causa de que ele não possuía povo-nação. O
eleitor até 1930 era 3% da população. Portanto, só na ideologia política
retórica da ABL existia cultura nacional/popular sem povo-nação.
O mestiço carioca Lima Barreto fez uma literatura
nacional/popular virtual nas primeiras décadas do século XX. Literatura que
sofreu com a ditadura dos gramáticos luso-brasileiro da qual fazia parte a
ABL e instituições da cultura luso
ligadas a Biblioteca luso-brasileira. Hoje, o intelectual de Gramsci mudou de
natureza e se tornou o general intellect de Marx ou o general intellect
gramatical de minha ciência política gramatical materialista e dialética.
(Bandeira da Silveira; Julho/2024). O general intellect marxista é a força
produtiva do capital contante na produção da mais-valia técnica. O general
intellect gramatical bandeirante é o trabalho produtivo de mais-valia
gramatical e maquis-gozar gramatical de uma revolução barroca/grotesca a
Ferreira Gullar, poeta torturado a mando
do general-presidente João Figueredo, que considerou o sei livro “Poema Sujo”
um problema de segurança nacional do Estado fascista-militar de 1969. +.
4
Na década de 1950, Raymundo Faoro aplicou Weber na
interpretação de sociologia política da história brasileira, retomando o
weberianismo do livro “Raízes do Brasil” (Buarque;1988), da década de 1930. No,
“Os donos do poder”, Faoro estabelece a gramática do poder brasileiro como
tradição colonial que pesa como chumbo no cérebro dos vivos na monarquia do
século XIX e na República até Getúlio Vargas. E acrescenta como continuação e
reinvenção dessa tradição o cesarismo. Do discurso sociológico weberiano quase marxista/
tropicalista se ergueria o campo das ideologias políticas que só desapareceu
com o regime político de 1988. O poder brasileiro é caracterizado como
cesarismo monárquico e republicano:
“Há a burocracia expressão formal do domínio racional,
própria ao Estado e à empresa modernos, e o estamento burocrático, que nasce do
patrimonialismo e se perpetua noutro tipo social, capaz de absor4ver e adotar s
técnicas deste, como meras técnicas. Daí seu caráter não transitório. Na
conversão do adjetivo em substantivo se trocam as realidades, num jogo de
palavras fértil em equívocos. O próprio bonapartismo, em lugar de ser uma
expressão política própria, serve par assegurar uma situação permanente, a aparência
democrática, cesarista num quadro autocrático, generalização e não participação
do poder pelo povo. César – o herói e a caricatura – desce a escada do palácio
e se dirige ao povo, para melhor afastar a soberania de baixo para cima, num
espetáculo aclamatório, em favor de D. Pedro II, Napoleão III, Bismarck ou
Getúlio Vargas”. (Faoro. 1973. V. 2: 738).
Faoro rompe com o campo das ideologias retóricas da ABL e do
século XIX dos bacharéis estamentais, ele que foi do nosso mundo jurídico
republicano. Em seu livro sobre Machado de Assis, ele posta que há uma
gramática machadiana da realidade do final do nosso século XIX:
“A coexistência, na mesma sociedade, da classe e do
estamento, tende a configurar, em uma e outro, missões diversas. A classe ,
como categoria econômica, ocupa-se em se firmar, definir e qualificar, de
acordo com ocupação específica de seus
membros. Tolhida, no cume, não se expande pelos próprios meios; serve-se, para governar,
dos instrumentos e do aparelhamento estamental. O nosso terceiro estado doura-se
com as franjas de ‘une noblesse de robe’, composta de barões, conselheiros e
comendadores, bem como de titulares da Guarda Nacional. Os estamentos assumem o
papel de órgãos do Estado, as classes permanecem limitadas a funções restritas
à sociedade. Esse mundo, Machado de Assis o descreve à meia-luz, sem claridade,
às apalpadelas, furtivamente. A camada semi-oculta faz deputados, dá a nota à
sociedade e dispõe do poder político. Ligada, muitas vezes, a uma situação de
classe, dela independe, se conceitualmente isolado, no seu prestígio e estilo
de vida. É a sociedade dos titulares, mas sobretudo do mecanismo além dos
titulares, onde eles nascem e crescem”. Faoro.1988:19).
5
Harold Bloom descobriu e inventou a gramática de gramática de
sentido <cânone ocidental>. A coisa foi muito hostilizada pelos
professores da esquerda norte-americana, pois. o “cânone bloom” era
eurocentrista e anglo-americano. O nosso Silvio Romero já falara em um cânone
literário “0cidental” do qual Machado de Assis não faria parte. O cânone em
pauta teria sido ciado pelo verdadeiro perverso como Shakespeare, Baudelaire e
poderíamos por analogia incluir Joyce no século XX. O verdadeiro perverso é
potência e ato em ato (Narbone: 32) cultura oral e escrita universal de todas
as civilizações da espécie humana. Machado de Assis é um perverso falso como
criador de uma obra de ficção capaz de acolher as gramáticas do mundo. Faoro
indica que Machado é um verdadeiro perverso, pois, transformou em ficção
literária as gramáticas da realidade da sociedade e do Estado brasileiro.
Avanço a partir de Bloom e Romero a ideia de que existe um
< cânone mundial formado pelos cânones da plurivocidade [de gramática e tela
de gosto] de civilização/barbárie [europeia, anglo-americana, latino-americana,
asiática, africana etc.] das línguas dos povos que aparecem assim como o
general intellect gramatical e de gosto da espécie humana. Tal campo de significante fenomênico
gramatical do homem gramatical e do artista põe e repõe problemas para a
formação gramatical cultural de cada povo ou tribo. Faoro tr4atou da relação do
artista com a realidade da sociedade e do poder cesarista, especificamente.
A propósito, o cânone mundial é um campo de práxis individual
do artista e do gramático que autoproduzem diferentes práticas políticas da
cultura. Como é um campo de práticas políticas se põe e repõe o problema da
relação de hegemonia e dominação entre os diferentes cânones civilizacionais
supracitados. Trata-se de uma história sem relativismo, pois, um cânone
civilizatório é, por valor gramatical, hegemônico em relação aos outros. Agora
voltemos para Machado de Assis:
“O poeta ou o escritor, pobre4s de outras qualificações, não
têm ingresso nessa comunidade que dirige o Estado e distribui migalhas de poder
aos famintos. Murat, derrotado nas eleições, inspira algumas reflexões de
Machado acerca dos homens de letras, que a política repele., não os aceitando
no seu grêmio: Poetas entram (na Câmara), com a condição de deixar a poesia.
Votar ou poetar. Vota-se em prosa, qualquer que seja, prosa simples, ruim
prosa, boa prosa, bela prosa, magnífica prosa, e até sem prosa nenhuma, como o
Sr. Dias Carneiro, para citar um nome. Os versos, quem o fez, distribui-os
´pelos parentes a amigos e faz uma cruz às musas. Alencar (e era dos audazes)
tinha um drama no prelo, quando foi nomeado ministro. Co0meçou mandando
suspender a publicação; depois fê-lo publicar sem nome de autor. E note-se que
o drama era em prosa’ (B. D., 29 de julho). (Faoro. 1988:27).
Machado fala da práxis política individual gramatical. Bem! No
regime de 1988, um gramatico científico da sociedade brasileira e um artista se
tornaram presidentes da república: respectivamente, Fernando Henrique Cardoso e
José Sarney. Portanto a posição do gramático e do artista já não é mais a da
época de Machado de Assis. A legitimação deles na política tem uma alavanca
decisiva com a ABL que criou o cânone luso-brasileiro:
“Nem os grandes – Alencar e Taunay – conseguiram vencer a
onda de escárnio que cercava o escritor não ocasionalmente. Mas o maior
obstáculo para que sentasse o homem humilde à nessa do estamento, além da
própria falta de tradição e nome. Era o exercício passado de um ofício manual,
infamante por si próprio, que nenhum título ou lustre lavaria a mancha. Pior do
que isso não havia, nem mesmo o passado nos bancos da criminalidade”. (Faoro.
1988: 28).
, 5
O cânone mundial é um <significante fenilomênico gramatical>
(SFG). Fenil é um radical químico que faz pendant com o benzeno na fórmula
molecular C6 H5-. Um fenômeno que existe não homem e natureza do animal e
vegetal. O SFG faz do fato humano algo q1ue não possui fronteiras inexpugnáveis
entre a espécie humana e natureza viva. O cânone mundial é um SFG vivo que
abole a contradição homem natureza como fenômeno gramatical dialético
materialista. O significante fenilomenico gramatical inclui a fé na gramática
de gramática de sentido como forma de governo da vida. (Nietzsche: 54)
6
A contradição da contradição dos significante fenilomenicos
alcança os modos de produção e circulação do general intellect como capital
capitalista. Engels cita Marx:
“Quem se deve agora expropriar já não é o trabalhador
independente, mas sim o capitalista [...]. Semelhante expr4oprição efetua-se
por efeito de leis imanentes da produção capitalista, as quais conduzem à
concentração de capitais. Correlativamente a essa concentração, à expropriação
de muitos capitalistas por poucos, desenvolve-se em escala crescente a
aplicação da ciência à técnica, a exploração metódica da terra, e conjuntamente
dá-se a transformação da ferramenta em instrumentos poderosos destinado apenas
a serem utilizados em comum, inicia-se a economia dos meios de produção e
estabelece-se o entrelaçamento de todos os povos na rede do mercado mundial de
que resulta o caráter internacional imprimido ao regime capitalista. À medida
que diminui o número dos potentados do capital que usurpam e monopolizam todas
as vantagens desse período de evolução social, aumentam a miséria, a opressão,
a escravatura, a degradação e a exploração [...]. A socialização do trabalho e
a centralização das suas energias materiais chegam a um ponto em 1que já não
cabem no seu invólucro capitalista. Então, esse invólucro estilhaça-se. Soou a
hora final da propriedade capitalista. Os expropriadores são por seu turno
expropriados”. (Engels. 1975. V. 1:248).
A lógica de gramática de sentido exposto por Marx evoluiu até
as multinacionais industrias de commodities territoriais e virtuais, como as
big techs nos EUA e China. A contradição gramatical da contradição entre o
general intellect do capital constante e o general intellect gramatical
fenilomenico resultou em um Estado feudal da democracia do dominante nos EUA.
Engels cita Marx:
“A apropriação capitalista, semelhante ao modo de produção
capitalista, const5itui a primeira negação da propriedade privada que não passa
do corolário do trabalho independente e individual. Mas a própria produção
capitalista engendra a sua negação com a fatalidade que preside às metamorfoses
da Natureza. É a negação da negação”. (Engels. 1975. V. 1: 249).
Da contradição gramatical da contradição capitalista,
ergue-se as big techs como Estado feudal virtual com um general intellect
gramatical industrial de produção de mais-valia gramatical:
“Ao Estado de exceção burguês-feudal corresponde uma crise
política da gramática do campo político da democracia feudal moderna. Com a região da extrema direita habitada pelo
fascismo pós-modernista, no Brasil, o fascismo quer desintegrar o Estado
nacional virtual da Constituição de 1988, em uma guerra civil que faz da
contrarrevolução o aprofundamento da forma capital-feudal subdesenvolvido – em
uma época mundial do mercantilismo do capital feudal asiático como paradigma
das relações internacionais. A conciliação barroca capital e feudalismo existiu
na Revolução francesa estudada por Alex de Tocqueville) Tocqueville; 1967). Não
é um raio em um céu azul da atualidade. (Bandeira da Silveira. Novembro/2024:
622).
O problema é a combinação na acumulação ampliada de capital
da mais-valia marxista com a mais-valia gramatical correspondente,
respectivamente, ao território com a multinacional industrial de commodities
mercantilista e a multinacional industrial mercantilista big techs virtual da
IA. Cabe observar uma aceleração na transformação acelerada do planeta em três
mundos: o primeiro mundo do capital mercantil gramatical virtual da IA com seu
re4spectivo Estado mercantilista/capitalista como significante fenilomenico
gramatical. o segundo mundo de Estados feudal-burgueses -mercantilistas sob a
hegemonia da multinacional industrial de commodities territorial do campo e d
cidade. O terceiro mudo dos Estados subdesenvolvidos industriais precários e
povos sem Estado territorial. Então trata-se
e pensar a situação do sobretrabalho:
Engels cita Marx:
“O sobretrabalho -
trabalho par além do tempo necessário à manutenção do operário – e a
apropriação do produto desse sobretrabalho por outrem – a exploração do
trabalho – são, pois, comuns a todas as formas sociais do passado, na medida em
que estas evoluíram através das contradições de classes. Mas somente no dia em
que o produto do sobretrabalho tomou a forma de mais-valia, em que o
proprietário dos meios de produção pôde dispor do operário livre – livre de
vínculos sociais e livre de tudo o que lhe poderia pertencer – como objeto de
exploração e em que o explorou com a finalidade de produzir <mercadorias>
- somente então, segundo Marx o meio de produção tomou o caráter específico de
capital. Mas isso só operou em grande escala a partir dos fins do século XV e
princípios do século XVI. (Engels. 1976. V. 2:115).
Na atualidade o sobretrabalho da acumulação e capital combina
a produção da mais-valia econômica de Marx com a produção da mais-valia
gramatical. Ambas são recolhidas como mis-gozar fiscal nas mãos do Estado
territorial nacional, da economia publica da riqueza como significante
fenilomenico gramatical.
6
Na ficção “Memórias póstumas de Brás Cubas” é necessário
começar com a <Nota ao leitor> do narrador/morto:
“Obra de finado. Escrevia com a pena da galhofa e a tinta da
melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio”.
O narrador-finado introduz o problema de dialética do morto,
do fantasma do passado na literatura brasileira: “a tradição pesa como chumbo
no cérebro dos vivos”. O narrador fala de uma gramática de gramática de sentido
do passado que não quer morrer. Faoro narra o que é o passado da formação
social territorial como patrimonialismo, estamento, aristocracia e família real
como poder tutelar da monarquia através do poder moderador da Constituição de
1924, de d. Pedro I e que foi a forma de governo de d. Pedro II. O passado não
quer morrer e dar passagem para a moderna sociedade classes sociais europeias
nos trópicos. O narrador-cadáver não é <perinde ac cadaver>? (Lacan). Ou o narrador/morto é
uma fratura com a retórica do barroco jesuítico de um padre Antônio Vieira?
Lacan:
“O risco de vida, é aí que está o essencial do que podemos
chamar de ato de dominação, e o seu garante não é outro senão aquele que, no
Outro, é o escravo, como o único significante perante o qual o senhor se
sustenta como sujeito. O apoio que nele encontra o senhor não é outra coisa
senão o corpo do escravo, no que ele é <perinde ac cadaver>, digamos,
para empregar uma formulação que não chegou à toa ao primeiro plano da vida
spiritual. Mas o escravo, assim, está apenas no campo em que sustenta o senhor
como sujeito”. Lacan. S. 16: 370)
O cadáver não corre risco de vida, ele não é o senhor
colonial luso-brasileiro da estrutura de dominação como gramática do
capitalismo/estamental escravista colonial monárquico; ao contrário do que diz
um crítico de Machado a narrativa não é uma “estilização de uma conduta própria
à classe dominante”. (Schwarz: 18). Todavia, o narrador-defunto é um
significante fenilomenico gramatical que é o morto que fala do morto, do
passado que não morrer e nem sai de cima da nação. O narrador-finado não é o
escravo da lógica de gramática de sentido da <classe dominante>
luso-brasileira. O narrador trata da crise da modernidade
estamental e patrimonialista luso-brasileira?
7
Gramsci fala da crise da modernidade europeia pós-Primeira
Guerra Mundial como colapso do campo das ideologias científica, política e
cultural:
“O aspecto da crise moderna que se lamenta como ‘onda de
materialismo’ está ligado ao que se chama de ‘crise de autoridade’. Se a classe
dominante perde o consenso, ou seja, não é mais ‘dirigente’, mas unicamente
‘dominante’, detentora da pura força coercitiva, isto significa exatamente que
as grandes massas se destacaram das ideologias tradicionais, não acreditam mais
no que antes acreditavam etc. A crise consiste justamente no fato de que o
velho morre e o novo não pode nascer; neste interregno, verificam-se os
fenômenos monstruosos mais diversos”. (Gramsci. 2014:187).
Os fenômenos
heteróclitos incluem os fascistas como classe política que governa o capital
mercantilista-colonial, europeu que provoca a Segunda Guerra Mundial. Todavia,
há uma outra crise europeia, especificamente italiana - que é o <lorianismo
italiano:
“Sobre alguns aspectos deteriorados e bizarros da mentalidade
de um grupo de intelectuais italianos e, portanto, da cultura nacional (Falta
de organicidade, ausência de espírito crítico sistemático, negligência no
desenvolvimento da atividade científica, ausência de cent6ralização cultural,
frouxidão e indulgência ética no campo da atividade-científica-cultural, etc.,
não adequadamente combatidas e rigorosamente condenadas: irresponsabilidade,
portanto, uma face da formação da cultura nacional), aspectos que podem ser
descritos sob o título geral de <lorianismo>”. (Gramsci. 2000: 257).
O <lorianismo> é crise de articulação da hegemonia na
formação gramatical territorial/virtual. Como significante universal das
civilizações, ele é a crise como fenilomenico gramatical geral, sem
generalização, pois há exceções. O “Brás Cuba” contém o conceito da crise
permanente do Brasil independente na pratica política monárquica e na práxis
individual do rei como poder moderador constitucional. A crise monárquica é a
crise da democracia representativa, pois, é estruturada e funciona peal lógica
do simulacro natural. (Nabuco. 1997. V. 2:988; Baudrillard. 1981: 177). A crise
gramatical fenilomenica é o colapso, sobretudo, do romance como forma de
governo da prática política da cultura aristocrática-estamental retórica e da
cultura moderna literária europeia.
8
A relação entre retórica e forma de governo aristotélica é:
“O maior e mais de todos os meios para se poder persuadir e
aconselhar bem é compreender as distintas formas de governo, e distinguir os
seus caracteres, instituições e interesses particulares. Pois todos se deixam
persuadir pelo que é, pois, conveniente, e o que preserva o Estado é
conveniente”. (Aristóteles. 2012 :43).
A forma de governo retórica requer uma reunião de significantes
fenilomenicos gramatical (SFG) como: classe dirigente fenilomenica, aparelho de
hegemonia de governo, discurso político gramatical e tela gramatical
fenilomenica. Entre as formas de governo, a aristocracia é o paradigma do SFG
como prática política em geral:
“A aristocracia é uma forma de governo em que elas se
atribuem com base na educação. Chamo educação a que é estatuída por lei, pois
os que permanecem fiéis às leis são os que governam na aristocracia; eles
parecem necessariamente os melhores, e daí que esta forma de governo recebeu o
nome [...]ora, como as provas por persuasão não procedem só de discurso
epidictico mas também do ético (pois depositamos confiança no orador na medida
em que ele exibe certas qualidades, isto é, parece que é bom. Bem-disposto ou
ambas as coisas), será necessário que dominemos os caracteres de cada forma de
governo; pois o caráter [relação da afecção com a lógica da gramática de
sentido da prática política] de cada forma de governo é necessariamente o
elemento mais persuasivo em cada uma delas. E estes caracteres conhecer-se pelos
mesmos meios; pois os caracteres manifestam-se segundo a intenção e a intenção
é dirigida a um fim”. (Aristóteles. 2012: 44-45).
A intenção dirigida a um fim da aristocracia é a educação e
as leis. A monarquia é a estrutura de dominação <discurso do maître>.
(Lacan. S. 17:31)):
“A monarquia é, como o nome indica, a forma de governo em que
um só é senhor de todos; e, dentre as monarquias, a que exerce o poder sujeita
a uma certa ordem é reino, e a que exerce sem limite é tirania”.
(Aristóteles.2012: 44).
A monarquia se separa em monarquia/reino pelo exercício do
poder do soberano regido por uma gramática de gramática de sentido da práxis
individual do rei - fazendo pendant com a prática política fenilomenica
governamental, da coroa. A tirania é a monarquia sgrammaticatura - como falta de gramática de sentido e
não-sentido, seja na práxis individual do rei, seja na pratica governamental.
Qual é a forma de governo retórica do “Brás Cubas”?
9
Continuo com a “nota
ao leitor:
“Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da
melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio”.
A melancolia e a zombaria pelo escárnio, ironia etc. são
antinomias, uma contradição que define a ficção de prosa machadiana como uma
prática política da cultura paraconsistente? A melancolia remete para dor, para
o sofrimento do narrador ou da narrativa? O narrador-morto se autodefine como
perverso? Verdadeiro ou falso? A
narrativa é perversa verdadeira ou falsa? A gramática de gramática de sentido
da nossa história é perversa falsa ou verdadeira? Em relação a tela gramatical
narrativa da forma de governo que a prática política de nossa cultura letrada
urbana?
Brás Cubas:
“Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de
puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual;
ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as
duas colunas máximas da opinião”.
O auditório de leitores ou estima o livro ou ama o livro como
prática política da forma de governo gramatical que já não é propriamente um
romance ao pé-da-letra. A estima é da ordem do sério, do ethos, e o amor é uma
afecção da práxis individual do leitor reunido no conjunto leitor frívolo. Este
encontrará no obrar as aparências de romance. Aparências de semblâcia de
romance? O leitor frívolo ama ou odeia
a obra]. Por
rechaçar o romance que já não é romance da estrutura gramatical criada na
Europa. Estima ou amor são dois significante fenilomenicos de todo campo
político em geral da opinião letrada, se exceção:
“Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o
primeiro remédio é fugir a um prólogo explicito e longo. O melhor prólogo é o
que contém menos cousas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado.
Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na
composição destas <Memórias>, trabalhadas cá no outro mundo. Seria
curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra.
A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, paga-me da tarefa; se te
não agradar, pago-te com um piparote, e adeus”
“Processo extraordinário” é uma figura de linguagem da retórica
barroca de Brás Cubas. O < pago-te com um piparote, e adeus> é uma frase de
retórica vivíssima de uma lógica de gramática de sentido do Bem e MAL, ao mesmo
tempo, {pois, “fino leitor”] que zombará, lisonjeará a “audiência” de leitores,
do além, que não se agradar a prosa ou não do ficcional cubasiano de memória de
um morto, de uma fantasia como objeto gramatical e de gosto externo ao leitor.
10
Para ler Machado é preciso estabilizar a relação entre
afecção e discurso gramatical [discurso declaratório aristotélico] que não é o
mesmo que gramática de discurso. (Aristóteles. 213: 7). Começo pela afecção:
“parece que todas as afecções da alma estão ligadas ao corpo;
a ira, a educação, o medo, a piedade, a valentia, assim como o amor e o ódio,
já que quando estas afecções aparecem, também o corpo fica afetado”.
(Aristoteles. 1982: 109).
A discurso gramatical:
“É a simples declaração com som articulado e significativo a
respeito do seguinte: se alguma coisa subsiste ou não subsiste [em outra coisa]
conforme os intervalos do tempo”. (Aristóteles. 2013: 9).
O discurso gramatical é composto pela declaração afetada por
afecção em seu funcionamento gramatical:
“Nas palavras compostas , a silaba tem significado, mas não
por si mesma, conforme já tinha dito. Todos os discursos são significativos,
não como ferramenta, mas como já tinha sido dito, por convenção; nem todo
discurso é declaratório, mas apenas aquele que subsiste o ser verdadeiro ou o
ser falso. Com efeito, [o ser verdadeiro ou o ser falso] não subsiste em todos.
Por exemplo, a prece é discurso, mas não é nem verdadeira nem falsa. Deixemos
os outros discursos, poia, o exame deles é mais próprio da retórica e da
poética. Porém, o declaratório é próprio deste estudo”. (Aristóteles. 2013:
7).
O que é a afecção?
“são precisamente idênticos os objetos de que essas afecções
são as imagens”. (Aristóteles. 2013: 3).
Sigo com “...Brás Cubas":
“a primeira é que eu
não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor”. (Machado: 513).
A interpretação mais óbvia é “não se trata de autor morto, e
sim de um morto que é autor. O morto autor é livre para descontraidamente e
sem qualquer espécie de constrangimento articular
o discurso e produzir a sucessão de fatos”. Estes é um problema de dialética
entre a afecção e a gramática de gramática de sentido do Bem e Mal, ethos e
páthos, sentido e não-sentido etc. O Texto do defunto autor é desprovido de
afecções e não é condicionado pelas gramáticas da sociedade e do Estado? O
finado autor não faz um discurso gramatical? o extraordinário consiste em que o
Texto do morto pode ser análogo ao Texto do autor morto.
11
Do Partido Comunista Brasileiro, o gramático da história
brasileira, intrépido, inteligentíssimo e culto general Nelson Werneck Sodré
desvendou o enigma da conjuntura gramatical de Machado:
“A oratória, a que a função unilateral do púlpito dera uma
predominância absoluta em época passada, continua a encontrar um largo campo de
expansão. A inocuidade de certas formas de erudição desinteressada, por outro
lado, não era percebida ainda, ganhando força desmesurada os exemplos de
conhecimento especializado, particularmente humanista, que conferiram a
determinadas pessoas uma auréola inconfundível”. (Sodré: 490).
O historiador monarquista Oliveira Lima fala das ciências com
menoscabo. Ele considera que há uma sobredeterminação da prática política
retórica sobre a ciência exercida no Brasil:
“A Academia Militar foi instalada no largo de São Francisco
de Paula [...]. Os professores da instituição fluminense gozavam dos mesmos
privilégios, indultos e franquezas que possuíam os lentes de Coimbra, eram
tidos e havidos como membros da faculdade de matemática da Universidade [...].
Estudavam-se no primeiro ano aritmética, trigonometria retilínea e desenho de
figura; no segundo, álgebra, cálculo diferencial e integral e geometria
descritiva; no terceiro, hidráulica e desenho de paisagem; no quarto, trigonometria
esférica, ótica, astronomia, geodésia e física; no quinto, tática e
fortificação de campanha, química, filosofia [...]; no sétimo, artilharia,
minas militares, teorias da pólvora da artilharia, zoologia, botânica e
desenhos de máquinas de guerra. Todo isso, afora os exercícios práticos, as
línguas francesa e inglesa e a esgrima”. (Lima.1996 :162-163).
A Academia praticava um ensino hiperbólico, exagerado,
amplificado, de exaltação da ciência, de supervalorização, e
sobre-exagero, orgulhoso,
enfim sob o efeito da <dopamina retórica>, do principio de prazer do
texto científico:
“A organização e regulamento desta Academia Militar, com toda
a sua exibição de conhecimentos matemáticos e indigestão das matérias
acumuladas no programa extenso, copioso, e vistoso, são d lavra do próprio
Linhares, cujo fraco consistia em passar por homem de ciência, como de fato o
era no meio de uma nobreza na sua grande maioria de uma deplorável ignorância.
Nada contudo melhor justifica do que quele pomposo projeto alcunha de
<Doutor Trapalhada> ou <Doutor Barafunda> que lhe pusera a
espirituosa rainha Dona Carlota. Depois, onde achar gente suficiente e assaz
habilitada para dar imediata execução a um plano assim grandioso? Tudo por isso
ficava incompleto e falho, sem correspondência exata entre o resultado prático
e a concepção criadora”. (Lima.1996: 163).
Nesse contexto de retórica hiperbólica, navegava Machado:
“Na segunda fase, todavia, desmentindo mais uma vez a sua
propalada omissão, quando se realiza artisticamente, define as suas posições e
opina, muitas vezes com veemência. Espelha a realidade, sem dúvida, mas está
claro que a realidade não agrada ao seu sentimento, nada nela o seduz. [...].
Daí ter parecido cético, pessimista, descrente da vida e dos homens. [...].
Quando afirma a literatura como ‘mais do que um passatempo e menos do que
apostolado’, compreende que a arte não se destina a preencher os ócios, como
era aceito naquele tempo e em muitos meios, mas tem missão a cumprir e deve
ensinar aos homens as coisas da vida [...]. Assim, realiza a sua obra, a mais
alta já elaborada em nosso país e aquela em que está mais presente o Brasil,
numa fase característico de seu desenvolvimento”. (Sodré.: 501).
12
Machado é a <Esfinge sem segredo> carioca. Ele não
passou por educação formalde engenheiro, como Euclides da Cunha. Todavia se
encontra entre as três mentes mais disciplinadas da segunda metade do século
XIX. Seu segredo consiste no estudo de gramática do português luso-brasileiro e
outras línguas. Como suplemento, estudou as gramáticas de gramática de sentido
da cultura brasileira e europeia. Por isso, a antinomia do termo
autor-defunto/defunto autor aparece como um significante gramatical fenilomenico.
A ciência politica materialista fenilomenica é produção de ideias gramaticais
fenilomenicas como: General intellect fenilgramatical, Estado mercantil
fenilgramatical, Estado capitalista fenilgrmatical...Uma filosofia
fenilgarmatical encontra-se nas margens do meu discurso fenilgramatical. A
fenillógica só poderia aparecer na época atual na qual certas IAs são
estruturadas por lógica paraconsistente e com conteúdo neobarroco e
pós-modernista. Daí a at65smofera das IAs de um simulacro de simulação barroca
homem/máquina,
Retomando o fio da meada, os campos gramatical, retórico e
ideológico da monarquia tinha as aparências de semblância (Arendt: 31) de classe dirigente que a República não terá.
Um historiador da UFRJ, um monarquista da república, fez descrições sobre a
organização de quase engenharia dos campos da prática política monárquica
fenilomenica:
“Elemento poderoso de unificação ideológica da política
imperial foi a educação superior. E isto por três razões. Em primeiro lugar,
porque quase toda a elite possuía estudos superiores, o que acontecia com pouca
gente fora dela: a elite era uma ilha de letrados num mar de analfabetos. Em
segundo lugar, porque a educação superior se concentrava na formação jurídica e
fornecia, em consequência, um núcleo homogêneo de conhecimento e habilidades.
Em terceiro lugar, porque se concentrava, até a Independência, na Universidade
de Coimbra e, após a Independência, em quatro capitais provinciais, ou duas, se
considerarmos apenas a formação jurídica. A concentração temática e geográfica
promovia contatos pessoais entre estudantes das várias capitanias e províncias
e incutia neles uma ideologia homogênea dentro do estrito controle a que as
escolas superiores eram submetidas pelos governos tanto de Portugal como do
Brasil”. (Carvalho: 55).
A profissão qualificada foi um aspecto da unidade da prática
política monárquica:
“À educação superior veio somar-se outro fator que contribuiu
para a unidade à elite imperial – a ocupação. A ocupação, principalmente se
organizada em profissão, pode constituir importante elemento unificador
mediante a transmissão de valores, do treinamento e dos interesses materiais em
que se baseia. Na medida em que o recrutamento de uma determinada elite
política se limite aos membros de algumas poucas ocupações, aumentarão os
índices de homogeneidade ideológica e de habilidades e interesses. Estaremos
aqui preocupados sobretudo com o possível impacto da ocupação sobre a
orientação da elite com referência ao Estado, assim como fizemos com exame da
educação superior [...]”. (Carvalho: 83).
Uma estrutura de dominação monárquica fenilgramatical se
antagoniza com o capitalismo escravista colonial? Bem! A princesa Isabel fez a Lei Áurea, aboliu
a escravidão, que segundo os historiadores deve ser arrolada na galeria da
causalidade que derrubou a monarquia.
13
Um enigma da Esfinge carioca que os estudiosos universitários
da literatura não conseguiram resolver:
“Morri de uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a
pneumonia , do que uma ideia grandiosa e útil, a causa da minha morte, é
possível que o leitor não me creia, e todavia é a verdade. Vou expor-lhe
sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo ”. (Machado:514)
“Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara,
pendurou-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada,
entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volantim, que
é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito deu um grande salto,
estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou
devoro-te”. (Machado: 514-515).
Ora, a narrativa cubasiana só conhece a ideia sem predicado?
Esta não é capaz de matar o portador dela. Hoje conhecemos com os avanços das
ciências da língua a ideia gramatical, que, também , não mata nem uma mosca. O progresso
da ciência fenilgramatical mudou a paisagem. A fenilideia gramatical existe em
uma tela fenilgramatical do cérebro que afeta as afecções, afetos, emoções e
podem provocar a produção de mais-gozar feniilgramatical, e este pode levar o
modo de ser psíquico do indivíduo ao colapso total. Bem, o <trapézio> é a
tela fenilgramatical do cérebro, a fenilideia gramatical pode ser um corpo com
brações e pernas, em autonimia relativa em relação ao eu, à consciência e ao
supereu:
“Essa ideia era nada menos que a invenção de um medicamento
sublime, um emplasto anti-hipocondríaco , destinado a aliviar a nossa
melancólica humanidade [...]”.
O remédio era uma fenilideia gramatical irônica, orgulhosa, capaz
de transformar o homem perverso em homem gramatical:
“Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção
do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei
aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um
produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, que estou cá do ouro
lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto
de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas, e enfim nas
caixinhas de remédio, estas três palavras: <Emplasto Brás Cubas>. Para
que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de lágrimas.
Talvez os modestos me arguam
esse defeito;
fio,
porém, que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha
ideia trazia duas faces, como as medalhas,
uma virada para o público, a outra para mim. De um lado, filantropia e
lucro; de outro lado, sede de nomeada , Digamos – amor à glória”. (Machado:
514-415).
A fenilideia gramatical cubasiana seria um mergulho no abismo
orgulhoso da prática política da afecção retórica/hiperbólica. Bem! a
fenilideia gramatical é uma lógica de gramática de sentido e não-sentido, do
Bem e mal e do ethos e pathos, estes dois fenilomenicos ao mesmo tempo:
“Um tio meu, cônego de prebendas inteira, costumava dizer que
o amor a glória temporal era a perdição das almas, que só devem cobiçar a
glória eterna. Ao que retorquia outro tio, oficial de um dos antigos terços de
infantaria, que o amor da glória era a cousa mais verdadeiramente humana que há
no homem, e, conseguintemente, a sua mais genuína feição”.
“Decida o leitor entre o militar e o cônego; eu volto ao
emplasto”. (Machado: 515).
14
O capítulo 7 é sobre um delírio de Brás Cubas. O capitulo 8
sobre a saída do delírio. Este delírio individual tem a estrutura universal do
delírio? O que diferencia o delírio machadiano do sonho barroco? parece que
Platão cunhou o vocábulo delírio para a prática festiva dionisíaca. No
dicionário analógico, delírio pode ser <não dizer coisa com coisa>. Então
o delírio seria sinônimo de insanidade, e esta caracteriza-se por ser o grau
zero da gramática de sentido e não sentido. O delírio gramatical consiste na
invasão na estrutura da oração pelo anacoluto:
“É a quebra da estruturação lógica da oração”. (Bechara:
330).
O delírio seria um furo na lógica da gramática de sentido? Celso
Cunha parece dizer que a lógica de sentido da oração não é afetada pela máquina
de guerra retórica ANACOLUTO. (Celso Cunha: 613). O delírio de Brás Cubas é
narrado por ele como se fosse um sonho. No despertar a consciência é capaz de
descrever o sonho sem necessariamente interpretá-lo. O sonho é feito de imagens
visuais e sonoras e de ideia gramaticais. O delírio machadiano é feito de
fenilideias gramaticais como esta:
“um nevoeiro cobria tudo, - menos o hipopótamo que ali me
trouxera, e que aliás começou a diminuir, a diminuir, a diminuir, até ficar do
tamanho de um gato. Era efetivamente um gato. Encarei-o bem; era o meu gato
<Sultão>, que brincava à porta da alcova , com uma bola de papel”.
(Machado: 524)
Capítulo 8:
“JÁ O LEITOR compreendeu que era a razão que voltava à casa,
e convidava a Sandice a sair, clamando, e com melhor jus, as palavras de
Tartufo:
<La Maison est à moi, c’est à vous d’en sortir>.
(Machado: 524)
15
O fundo do delírio literário fenilgramático de sentido e
não-sentido se apresenta como ordem gramaticaorao l, anarquia retórica do
anacoluto e foraclusão lacaniana (Lacan. 1966: 551), que liga a Oração [unidade
mínima do discurso] ao Outro, ou a conjuntura fenilgramatical de sentido e/ou
não sentido.
A estruturação, articulação, funcionamento da tela
supracitada se faz por ordem gramatical norma culta, anacoluto e foraclusão. A ordem da lógica
gramatical é a sequência de termos na oração como: sujeito, predicado, objeto
direto, objeto indireto...agente da passiva;
“<Oração é a unidade do discurso>”
“A oração encerra a menor unidade de sentido do discurso com
propósitos definidos, utilizando os elementos de que a língua dispõe de acordo
com determinados modelos convencionais de estruturação da oração”. (Bechara:
194)
No anacoluto, um termo
perde a função sintática de sentido restaurada pelo agente da passiva? O
anacoluto é um furo na lógica de sentido (Deleuze:1974), furo de sintaxe na
tela fenilgramatical de sentido e não-sentido. Este aparece na foraclusão dos
jogos de sentido da oração. O agente da passiva tem como função sintática
garantir a lógica de sentido da oração, mesmo com o furo sintático do anacoluto
como quebra furo da lógica de sentido. O agente da passiva:
“Na voz passiva o termo que exprime quem pratica a ação sobre
o sujeito se diz, em sintaxe, <agente da passiva> (cf. pág. 104),
iniciado pelas proposições <de> e <per> (por):
O livro foi escrito pelos alunos”. (Bechara: 213).
Pelos alunos é o agente da passiva. Assim, no <delírio
literário>, de Brás Cubas, o agente da passiva é o hipopótamo que arrebata o
narrador levando em uma viagem que apresenta a B. C. “a história do homem e da
terra”. Outro agente da passiva é a Natureza ou Pandora. Ambos articulam a
lógica de sentido e não-sentido na tela feniloracional da n narrativa
delirante. A foraclusão dos significantes fenilgramatical de sentido é atenuada
(Bosi: 11) pelo agente da passiva hipopótamo cair na realidade do narrador como
seu gato Sultão, trazendo o narrador do real como foraclusão dos significantes
da tela fenilgramatical narrativa. Esta tela é um dos olhares narrativos ao
lado do olhar de B.C e do próprio Machado que aparece como narrador, na figura
da Natureza:
Cap. 7:
‘Primeiramente, tomei a figura de um barbeiro chines, bojudo,
destro, escanhoando um mandarim, que me pagava o trabalho com beliscões
Os significantes
fenilgramatical de sentido são: <barbeiro inglês> e a <Summa
theologica> de S. Tomas de Aquino. O
barbeiro chinês é a personificação da Ásia (Oriente) e a Summa a tela
gramatical literária da fundação do Ocidente cristão ilustrado. Há foraclusão
desses significantes literários de sentido faz com que Oriente e Ocidente
percam o próprio sentido em relação ao grande Outro que é, talvez, Pandora
[agente da passiva], que apresenta a passagem dos séculos do início ao fim, aos
olhos de B.C. Retomando:
“Passiva: a forma verbal que indica que a pessoa recebe a
ação verbal. A pessoa, neste caso, diz-se paciente da ação verbal”. (Bechara:
104).
A tela fenilverbal faz da pessoa de B.C. [e do leitor, pacientes da forma
verbal que restaura a lógica de sentido da relação da pessoa com o Outro,
furada pela foraclusão ou, sobretudo, pelo buraco negro do sentido da sintaxe
do anacoluto. Qual a forma do delírio como furo gramatical e/ou sintático na
tela literária? Qual termo do discurso perdeu o sentido na oração?
16
Ora! Talvez, Machado tenha descoberto e inventado o delírio psicótico
literário, como característica da classe senhoria urbana do SOBRADO
gilbertiano, mesmo que seja na forma arquitetural de sítio carioca. É um
absurdo completo dizer que Brás Cubas pode ser um desejo de Machado de fazer
parte da classe senhorial urbana do sobrado carioca. Com efeito, a realidade da
narrativa machadiana é a classe senhorial urbana. Machado é o criador de uma
aristocracia do espírito brasileiro como uma tela fenilgramatical de sentido e
não-sentido narrativa da falta de classe dirigente gramsciana monárquica, mais
próxima de Oliveira Lima do que de José Murilo de Carvalho, os dois maiores
historiadores monarquistas.
A psicose delirante literária é algo que fala da exclusão do significante
fenilgramatical e estético como o intelectual do aparelho de hegemonia do
Estado monárquico. Talvez, sobretudo, também, se refira a extração, negação
absurda do povo como escravo e negro da sociedade monárquica na época da
modernidade europeia – exclusão, literalmente, do negro como cidadão, negado,
hiperbolicamente, pela realidade econômica do capitalismo escravocrata colonial
- no século XIX. O retorno à realidade é
a volta para a sua casa, recepcionado pelo seu gato Sultão, Sultão é a casa, o
familial, a âncora da vida cotidiana, pois, B.C. não tem esposa nem filhos. O
essencial é a relação entre a pessoa literária e a casa senhorial?
17
Alfredo Bosi tem posto a
distinção entre personagem e pessoa no texto machadiano. A pessoa é a imagem
textual mais real do que o próprio real, pois, com potência e ato em ato capaz
de resistir ao destino social e paixões de ascensão social, enfim, a uma
espécie de determinismo social:
“Pergunto-me se isso é tudo, se
não há pra nosso observador infatigável algum outro objetivo digno da sua
contemplação. A busca não é vã. Há personagens que melhor se chamariam pessoas
e que resistem tanto às suas paixões quanto à comum tentação de subir na
hierarquia do meio que lhes foi dado viver”. (Bosi: 43).
Em Machado, além da pessoa temos o indivíduo
literário? O defunto autor não é um indivíduo literário? O indivíduo faz
parelha com o cesarismo:
“Quando <os costumes se
corrompem> é o momento em que surgem esses seres a que se dá o nome de
<tirano>: são os precursores, são por assim dizer as precoces
guardas-avançadas do indivíduo [..]. Quando aparece o indivíduo, em geral, é no
momento da sua maturidade perfeita, estando a <cultura> por consequência
no zênite da sua fecundidade;...mas não é graças a ele, não é por via do
tirano, se bem que as pessoas de cultura muito grande gostem de lisonjear o
César, fazendo-se passar por obra sua”. (Nietzsche. 1982:73).
B. C é da época da corrupção do
regime monárquico, quando um individualismo econômico faz surgir tipos sociais
cesaristas na sociedade. (Nabuco. V.2: 988). A autofabricação do indivíduo
senhorial, ficcional B.C, urbano, carioca, é um dos momentos sublimes do
“...Brás Cubas”, na prática política da literatura. Em Gilberto Freyre, a
pessoa sociológica está contida na antinomia casa senhorial/rua. Como a casa é
o reino da mulher, o individuo não aparece como o senhor no livro “Sobrados e
Mucambos”. A mulher senhorial é um significante fenilgramatical extraordinário:
“Em São Vicente, no Recôncavo da
Bahía, em Pernambuco – os pontos da colonização portuguesa do Brasil que mais
rapidamente se policiaram – a presença da mulher europeia é que tornou possível
a aristocratização da vida e da casa. E, com esta, a relativa estabilização de
uma economia que tenha sido patriarcal nos seus principais característicos, não
deixou de ter patriarcal nos seus principais característicos, não deixou
de ter alguma coisa de ‘matriarcal’: o
materialismo criador, que desse o primeiro século de colonização europeia
reponta como um dos traços característicos da formação do Brasil”. (Freyre.
1985. V. 1: 33)
A imagem textual do Sobrado como
aristocrático não resiste as condições do gosto do perfume pestilento que era a
atmosfera olfativa da casa e da rua, com os barris de merda guardadas na casa e
a rua como se fosse um esgoto a céu aberto. A imagem retórica de Gilberto
Freyre:
“Mas que haviam de fazer as
senhoras de sobrado, às vezes mais sós e mais isoladas que as iaiás dos
engenhos? Quase que só lhes permitiam uma iniciativa: inventar comida. O mais
tinha de ser o rame-rame da vida de mulher patriarcal”. (idem:36).
A casa-grande urbana mantinha uma
distância fidalgal da rua, ela mantinha o princípio de prazer aristocrático,
sua dopamina diária, em torno da comida:
“Não que nas casas-grandes de
sítio e nos sobrados a mesa de jantar, também quase sempre de jacarandá [...],
não fosse também grande., comprida, para se sentarem em volta dela famílias
enormes. O pai, a mãe, os filhos, os netos, os parentes, as visitas de passar o
dia, os hóspedes, os compadres do interior. Mais de cinco vezes dois metros.
Mas nas cidades e nos subúrbios, a vida, era, em certo sentido, mais retraída e
menos exposta aos hóspedes que nos engenhos”> *Idem: 37).
O modo de ser psíquico senhorial
urbano tinha como eixo a casa-grande aristocrática antagônica à rua e aos
mucambos. Mas uma descrição real do Rio é capaz de encerrar toda a retórica de
uma vida aristocrática da classe senhorial urbana. O Rio de Machado era uma
cidade capaz de um determinismo urbano irrefreável:
‘Sua cidade natal, o Rio de
Janeiro, era um burgo medíocre, desprovido das mais elementares condições de
conforto, sem esgoto, sem transporte, sem iluminação, constantemente visitado
pelas epidemias. O ensino, ainda precário, mal começara a criar condições
capazes de evitar a migração da juventude brasileira para a Universidade de
Coimbra e para outros centros de ensino da Europa, onde só os ricos poderiam
formar-se. Nas escolas de direito, à época em que Machado de Assis se fizera
rapazinho, nem mesmo havia ainda as cadeiras de direito romano e de direito
administrativo”. (Magalhães JR..1955: 4-5).
O indivíduo real vivia em um
ambiente cultural determinista retórico cosmopolita contra a ideia de homem
gramatical ilustrado nacional-popular - em que se tornaria Machado. B. C. pode
ser Machado se se considerar a autofabricação do indivídu gramatical como
efeito da práxis individual machadiana - na pratica política literária como
cânone mundial fenilgramatical:
“A própria imprensa engatinhava.
Os jornais eram pequenos, de feição gráfica paupérrima, pouco noticiosos e
geralmente prolixos, ao tratarem de assuntos políticos, aos quais quase somente
davam atenção, preferindo as longas tiradas doutrinarias, abundantes em frases
feitas e com generalizações precipitadas, à simplicidade dos fatos, dos dados
concretos, da informação positiva. Viam mais o que se passava no exterior do
que o que acontecia no próprio país. O ambiente político estava saturado de
romantismo. O que então se estimava para os homens públicos era a capacidade de
fazer discurso, de falar bonito, era o brilho coruscante da oratória, recheada
de flores de retórica, de alusões à mitologia grega e à historia antiga. Aí de
quem fizesse um discurso sem falar pelo menos nos filhos de Saturno, no sonho
de Cambises, na espada de Breno, ou no chão estéril em que pisava o cavalo de
Átila. Só quando surgiu uma inteligência fecunda e um espírito realista como o
de Tavares Bastos, impondo o exame dos problemas brasileiros com olhos
brasileiros, é que começa a se operar a necessária e já tardia reação contra os
velhos padrões de oratória parlamentar e as soluções arbitrariamente
transplantadas para nosso meio”. (Idem: 4-5)
Parece que um modo de ser
psíquico do indivíduo fenilgramatical de sentido ilustrado, nacional-popular,
ocorre com a literatura de Machado:
“Machado de Assis, operário de si
mesmo, vai modelando o seu espírito, ao impulso de uma vontade superior, de uma
vigorosa força íntima, de um autodidatismo tenaz, enquanto o próprio Brasil é
também modelado pelas forças vivas e tumultuosas do seu povo que só o instinto
de nacionalidade haveria de disciplinar nas horas das grandes crises”. (Idem:
5).
O <instinto de
nacionalidade> é uma afecção do povo que evoca uma espécie de
fenilnacionalismo gramatical?
18
No capítulo 2, “O Emplasto”, já
tratado aqui, Machado é o narrador oculto, agente da passiva que faz o verbo
fazer ciência produzir fenilefeitos no cérebro de Brás Cubas. Brás Cubas tem
uma fenilideia gramatical de explorar um remédio para a cura da perversão do
homem. O que, com efeito, é posto é a ilusão de B.C. de que faz ciência natural
aplicada, na área da indústria farmacêutica. Assim, Machado fala de um
simulacro literário de ciência natural. Existindo a partir de um pastiche de
codificação literária científica do narrador oficial B.C. O pastiche de ciência
natural simulada é coisa de uma concepção política senhorial luso-brasileira de
mundo aristocrática. Baudrillard fala da sociedade capitalista como
simulacro/fetiche de concepção política de mundo aristocrática:
“De certo modo, uma fatalidade
está ligada ao termo <feiticismo>, que faz com que, em vez de designar o
que quer dizer (metalinguagem sobre o pensamento mágico), se volte
sub-repticiamente contra aqueles que o empregam e designe nas suas obras a utilização
de um pensamento mágico. Ao que parece, só a psicanálise saiu do círculo deste
círculo vicioso, ligando o feiticismo a uma estrutura perversa, a qual estaria
talvez no fundo de todo o desejo”. (Baudrillard.1981b: 95).
O fetichismo é um fenômeno da
língua natural ou de linguagens artificiais da aristocracia e/ou de
pastiche/simulacro de lógica de gramática de sentido e não-sentido de sociedade
capitalista aristocrática?
Baudrillard:
“Mesmo o simulacro de código
diferencial aristocrático age ainda poderosamente como fator de integração, de
controle, como participação na mesma <regra do jogo. O prestígio assombra
por toda parte as nossas sociedades industriais, cuja cultura (burguesa) nunca
é mais que o fantasma de valores aristocráticos. Por toda parte se reproduz
coletivamente, para além do valor econômico e a partir dele, a magia do código,
a magia de uma comunidade eletiva e seletiva, soldada pela mesma regra do jogo
e pelos mesmos sistemas de signos”. (Idem: 138).
A linguagem natural da sociedade
capitalista aristocrática funciona e é estruturada como modo de ser psíquico do indivíduo na
prática política da literatura, mesmo com o invólucro de crítica da crítica de
sociologia marxista ocidental:
“No entanto, o arbitrário do
signo, no fundo, é insustentável. Tal como o valor de troca, o valor/signo não
pode reconhecer-se na sua abstração redutora. O que ele nega e recalca, vai
tentar exorcizá-lo e integrá-lo na sua operação: tal é o estatuto do <real>,
do referente, que nunca é mais do que o simulacro do simbólico, na sua forma
reduzida e captada pelo signo. Através desta miragem do referente, que é sempre
o fantasma daquilo que o próprio signo recalca na sua operação, o signo tenta
iludir: permite-se aparecer como totalidade, apagar os traços da sua
transcendência abstrata e dar-se como o princípio de sentido”. (Idem: 204).
Como grande Outro simbólico, a
linguagem natural nacional territorial/virtual faz do princípio de realidade,
não o referente como o real da realidade capitalista, pois o capital
capitalista é uma tela fenilomenica gramatical de sentido e não-sentido, ordem
fenilgramatical e pura anarquia gramatical: sgrammaticatura neuroquímica no
cérebro humano:
“A significação, organização
funcional e terrorista do controle do
sentido sob o signo da positividade e do valor, tem, assim, algo de reificação.
Ela é o lugar de uma objetivação elementar que se repercute através dos
sistemas ampliados de signos até ao terrorismo social e político de
enquadramento do sentido. Toda a estratégia repressiva e redutora dos sistemas
de poder está já na logica interna do signo, como está na lógica interna do
valor de troca e da economia política. É toda uma revolução, teórica e prática,
que deve restituir o simbólico a expensas do signo e do valor. Também os signos
devem arder”. (Idem: 205).
Há uma relação natural entre a língua luso-brasileira
oficial e o terrorismo violento do aparelho de Estado contra a população das
classes baixas, especialmente, dos negros jovens das periferias das capitais. A
língua luso-brasileira cosmopolita da ditadura dos gramáticos cria e recria um
<modo de ser psíquico individual terrorista> nos agentes de Estado, sejam eles brancos,
mestiços ou negros. Através de B. C.,
Machado faz a crítica da gramatica de gramática de sentido do pastiche
de aristocracia luso-brasileira como cópia falsa da aristocracia hereditária
europeia através do fenilindividuo literário luso/cosmopolita brasileiro Brás
Cubas:
“E foi assim que desembarquei em
Lisboa e segui par Coimbra. A universidade esperava-me com as suas matérias
árduas; estudei-as muito mediocramente, e nem por isso perdi o grau de
bacharel.; deram-me com a solenidade do estilo, após anos da lei; uma bela
festa que me encheu de orgulho e de saudades, - principalmente de saudades.
Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um acadêmico
estróina, superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras, fazendo
romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e
das constituições escritas. No dia em que a Universidade me atestou, em
pergaminho, uma ciência que eu estava longe de trazer arraigada no cérebro,
confesso que me achei de algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o
diploma era uma cata de alforria; se me dava a liberdade, dava-me a
responsabilidade. Guardei-o, deixei as margens do Mondego, e vim por ali fora
assaz desconsolado, mas sentindo já uns ímpetos, uma curiosidade, um desejo de
acotovelar os outros, de influir, de gozar, de viver, - de prolongar a
Universidade pela vida adiante...”.
(Machado: 542).
Bem! a Universidade luso era o
paraíso artificial das ideologias cientificas/retóricas, ilustradas,
pombalinas, cosmopolitas, da classe senhorial luso-brasileira? (Falcon;1993.
Faoro; 1994)
19
A relação entre retórica e
discurso gramatical se encontra em Aristóteles. A retórica sofistica é
autotélica. Ela não é um modo de ser psíquico do indivíduo que beba na fonte da
experiência viva [fala ou escrita] da língua como prova retórica. A retórica é
a experiencia da criação e vivência de imagem textual ou visual, ou sonora na
práxis individual contida em uma prática política particular/territorial ou
virtual/universal. A matemática nasce como utopia de um discurso sem retórica,
porém, há sempre um resíduo de retórica nela. A ciência natural e a ciência do
homem aristotélicos são uma combinação de retórica, ideologia e gramática. A
afecção encontra-se presente no discurso gramatical e na ideologia – como
imagem – através da retórica:
“também são precisamente
idênticos os objetos de que essas afecções são as imagens”. (Aristóteles. 2013:
3).
As afecções são imagem de
objetos, de fenilomenicos como a práxis individual e a prática política
gramatical. Qualquer discurso científico possui sua retórica gramatical,
retórica da prova das afecções como experiencia na linguagem da língua natural,
para tornar a coisa mais iluminada. Para pensar a filosofia como sistema
ideológico, estabeleço uma rede de lógica de gramática de sentido e não-sentido
entre Machado de Assis, Marx, Engels e Aristóteles a partir do capítulo CXVII,
o Humanitismo.
Machado descobre e inventa a
fenilideologia, a fenilmetafísica, a tela fenilmetafísica da ideologia moderna.
Ele faz funcionar na tela fórmulas que são uma codificação literária retórica
da ideologia <humanitas., como: <o indivíduo que estripa e é estripado>,
<todos os sentimentos belicosos são os mais adequados à sua felicidade>,
<a inveja é uma virtude>, <adorar-se a si próprio> etc.
20
John Gladson fala da ideologia
machadiana como <formação mental>. (Gladson:142). Eu digo que a ideologia
é modo de ser psíquico fenilgramatical, ou tela finilgramatical narrativa. A
fenilideologia gramatical existe no cérebro, ou como tradição (ideologia do
passado no presente), ou como ideologia que se organiza na própria atualidade
no cérebro:
“A tradição de todas as gerações
mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. (Marx. 1974: 335).
A filosofia é fenilideologia,
isto é, fenilfilosofia retórica gramatical:
“as formas jurídicas, políticas,
religiosas, artísticas ou filosóficas, em resumo, as formas ideológicas pelas
quais os homens tomam consciência deste conflito e o conduzem até o fim” (Marx.
1974: 136).
A fenilideologia existe na tela
gramatical narrativa do cérebro:
“Toda ideologia, todavia, uma vez
que nasce, desenvolve-se em ligação com a base material das ideias existentes, desenvolvendo-a
e transformando-a por sua vez; se não fosse assim, não seria uma ideologia,
isto é, um trabalho sobre ideias conhecidas como entidades dotadas de
substância própria, com um desenvolvimento independente e submetidas tão apenas
às suas próprias leis. Os homens, em cujo cérebro esse processo ideológico
ocorre, ignoram forçosamente que as condições matérias da vida humana são as
que determinam, em última instancia, a marcha desse processo, pois, se não o
ignorassem, ter-se-ia acabado toda ideologia”. (Engels. Sem data: 203).
A fenilideologia faz pendant com
as relações técnicas de produção. Então, como pensa a <ideologia
humanitas> Machado de Assis, pela boca de Quincas Borba no capitulo 117?
“Nada disso acontecerá com o
Humanitismo. Nesta igreja nova não há aventuras fáceis, nem quedas, nem
tristezas, nem alegrias pueris. O amor, por exemplo, é um sacerdócio, a
reprodução um ritual. Como a vida é o maior benefício do universo, e não há
mendigo que não prefira a miséria à morte (o que é um delicioso influxo de
Humanitas), segue-se que a transmissão, longe de ser uma ocasião de galanteio,
é a hora suprema da missa espiritual. Porquanto, verdadeiramente, há só uma
desgraça: é não nascer”. (Machado: 615).
Humanitas é a tela
fenilgramatical metafísica narrativa além da metafisica europeia milenar. O
sexo é a relação sexual como imagem/afecção da prática do princípio de prazer e
desprazer, ao mesmo tempo, ele é, por analogia, prática fenilideológica
gramatical do fazer a vida em sua singularidade:
“- Imagina, por exemplo, que eu
não tinha nascido, continuou o Quincas Borba; é positivo que não teria agora o
prazer de conversar contigo, comer esta batata, ir ao teatro, e para tudo dizer
numa só palavra: viver. Nota que eu não faço do homem um simples veículo de
Humanitas; não, ele é ao mesmo tempo veículo, cocheiro e passageiro; ele é o
próprio Humanitas reduzido; daí a necessidade de adorar-se asi próprio. [..}.
Contempla a inveja. Não há moralista grego ou turco, cristão ou mulçumano, que
não troveje contra o sentimento da inveja. O acordo é universal, desde os
campos da Iduméia até o alto da Tijuca. Ora bem; abre mão dos velhos
preconceitos, esquece as retóricas rafadas, e estuda a inveja, esse sentimento
tão subtil e tão nobre”.
A lógica de gramática de sentido
e não sentido é um domínio do bem e do mal, do ethos e do páthos, do sentido
como ordem retórica gramatical e do não-sentido como anarquia retórica
gramatical:
Sendo cada homem uma redução de
Humanitas, é claro que nenhum homem é fundamentalmente oposto a outro homem,
quaisquer que sejam as aparências contrarias”.
A essência faz dos homens um modo
de ser psíquico fenilomenico da identidade. Porém, na superfície das aparências
de semblância da prática fenilpolitica, há a diferença entre eles na
plurivocidade de práxis individual fenilgramatical. A lógica de gramática de
sentido e não-sentido machadiano é paraconsistente:
“Assim, por exemplo, o algoz que
executa o condenado pode excitar o vão clamor dos poetas; mas substancialmente
é Humanitas que corrige em Humanitas uma infração da lei Humanitas. O mesmo
direi do indivíduo que estripa a outro; é uma manifestação da força de
Humanitas. Nada obsta (e há exemplos) que ele seja igualmente estripado. Se
entendeste bem, facilmente compreenderás que a inveja não é senão uma admiração
que luta, e sendo a luta a grande função do gênero humano, todos os sentimentos
belicosos são os mais adequados à sua felicidade. Daí que a inveja é uma
virtude”. (Machado: 615).
Todo <indivíduo>, tomado
pela afecção inveja, é, ao mesmo tempo, estripador estripado, pois ele possui
uma essência perversa. Freud e Lacan concordam com essa fenilideia
retórica/gramatical da fenilmetafísica de Quincas Borba. A afecção inveja é a
imagem de um objeto. Qual? Há a fenilguerra civil permanente no indivíduo, na
sociedade e no Estado, individuo. Então, o que se tem como maior felicidade é a
paz estabelecida na prática política do modo de ser psíquico retórico/gramatical/ideológico?
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