sábado, 9 de maio de 2015

ENCORE SUSTENTÁVEL

Comunidade da Física Freudiana

JOSÉ PAULO BANDEIRA DA SILVEIRA
https://www.facebook.com/groups/1584226025164258/



Comunidade da física freudiana significa um campo de pensamento pacífico para o funcionamento do discurso do físico. O campo freudiano foi o ponto de partida para a fabricação da física freudiana da história. Esta é um contracampo de pensamento na linha de força do pensamento eclético de Cícero, ST* Agostinho, Marx, Weber e Freud, Habermas. Trata-se de um contracampo científico transdisciplinar. O discurso do físico trabalha com o contraconceito de episteme política e ele se constitui a partir de uma contraepisteme que sustenta o discurso do físico articulado ao inconsciente político mestiço. A física é um artefato contratotalitário.

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FOUCAULT/BAUDRILLARD

Um texto de Foucault de 1981 (Lacan, le “libérateur” de la psychanalyse) fala da psicanálise não como um processo de normalização de comportamentos e sim como uma teoria do sujeito. O sujeito como uma coisa complexa, frágil, do qual é tão difícil falar e sem o qual nós não podemos falar. O progresso da teoria do sujeito lacaniana ocorre em relação ao sujeito radicalmente livre da filosofia e do sujeito determinada por condições sociais. Em 1981. Já existia a episteme política e claro a teoria dos 5 discursos. E o centro estratégico deste Lacan tardio é iluminar ao máximo e cada vez mais a lógica do significante. A teoria do significante não subsume a teoria do sujeito? Nela, encontra-se a física lacaniana!  Lacan não conseguiu ser o “libérateur” do freudismo?

O livro Da Sedução de Baudrillard é um texto pós-moderno que simboliza uma ruptura com a episteme política freudiana. Esta é articulada a partir da axiomática sexual e de uma mitologia sexual. Nesta episteme, a sexualidade é essa estrutura forte, discriminante, centrada no falo (phallus), a castração, o nome do pai, o recalque: mitologia conceitual freudiana O recalque apresenta-se na narrativa da miséria sexual das mulheres, excluindo-se qualquer outro modo de poder e de soberania. Sexo, poder e soberania articulados remetem para o contraconceito de cultura política. A episteme phalocrática é um artefato simbólico da cultura política totalitária freudiana. Baudrillard não poderia ser mais claro sobre isso, ou sobre o isso! Baudrillard pensou a pós-modernidade como o grau zero da estrutura sexualis, onde já não existe masculino ou feminino. O freudismo seria sustentado pelo axioma de que não existe outra estrutura além da sexualidade, o que o torna constitucionalmente incapaz de falar e outra coisa. A anatomia é o destino, dizia Freud. A episteme política pós-modernista se constituiria “no avesso de qualquer pretensa profundidade do real, de qualquer psicologia, de qualquer anatomia, de qualquer verdade, de qualquer poder”. Por isso, os psicanalistas odeiam Baudrillard. Este escritor e físico da pós-modernidade diz que não há distinção entre o real e os modelos, não há outro real além do secretado pelos modelos de simulação, como não há feminilidade que não a das aparências. Também a simulação é insolúvel. A lógica da simulação é uma lógica que integra o campo da física da história na medida em que ela não desintegra o contraconceito de episteme política global RSI (Real/Simbólico/Imaginário. Quanto o feminino como a única possibilidade de ultrapassar a simulação pela sedução, isso é matéria para outras postagens! E a física freudiana da história está além da axiomática sexual. O campo da física da história é o único “libérateur” do campo freudiano!  

AMOR/ÓDIO
O amor é um significante-mercadoria exultante da cultura industrial de massas na forma de música. Tal mercadoria está em um ponto de saturação para o consumidor-espectador-ouvinte? No Ocidente, o amor cortês (música, poesia, conduta) foi o eixo da articulação da sociedade cortesão. Ele foi o significante a partir do qual a pequena máquina de guerra cortesã (uso da violência simbólica com limite) substituiu a grande máquina de guerra feudal: uso da violência física sem limite sobre o corpo da mulher. Na história da civilização universal, o amor ao discurso do mestre (como sujeito suposto saber) não sustentou impérios? Como entender o carismático weberiano sem o amor? Ele é a crença no suposto saber do Senhor antes da episteme política existir como filosofia na antiguidade greco-romana. Ele está além da episteme da sexualidade freudiana; ele não é prisioneiro da relação homem-mulher. Esta prisão é a prisão da mercadoria-amor que, ao contrário do amor cortês, não faz laço social? A mercadoria-amor é a ideologia do amor para tranquilizar a população sobre o estado de barbárie de países como Brasil e USA. A ideologia do amor faz funcionar o discurso do mestre nas culturas políticas barbaras como simulacro de simulação. Ela faz do amor um artefato da lógica do simulacro de simulação no espaço da cultura industrial. Se o ódio é a des-suposição do saber do discurso do Mestre e a realização da violência simbólica sem limite (e assim é um significante basal do contraconceito máquina de guerra); e se o amor não remete para o discurso do mestre efetivo na sociedade contemporânea, por que tanto ódio manifesto? Assim como a ideologia, o ódio é um significante da lógica do simulacro de simulação? A ideologia é um significante do inconsciente político como lógica do simulacro, assim como o fantasma seja do passado, seja do futuro. O ódio como des-suposição do saber, no espaço do simulacro, é o ópio do povo. A cultura industrial de massas é a pedagogia do ódio para as massas. Tal pedagogia desassocia o ódio das massas da des-suposição do discurso do mestre como fenômeno político. Você (espectador-ouvinte) pode “criticar” tudo, destituir o saber do Mestre, odiá-lo impunimente, se você permanecer na crença de que o Sol gira ao redor da Terra, ou seja, da lógica da mercadoria da cultura industrial de massas. Esta é a vanguarda cultural do dominus do discurso do capitalista sobre a política mundial. Você pode odiar qualquer simulacro de discurso do mestre, mas não o discurso do mestre REAL: o discurso do capitalista! 


UNIVERSIDADE PÚBLICA/EPISTEME DO ENGENHO
A USP foi a única experiência de construção de uma universidade estatal como universidade pública no Brasil da democracia populista. O grupo das ciências humanas constituiu-se na vanguarda da classe média paulista modernista embebida em um sistema de valores do modernismo que significava - na superfície política do mundo da vida - a predominância da lógica pública sobre a lógica privada do inconsciente político brasileiro. Este acontecimento histórico significava a construção de uma episteme política modernista como alternativa à episteme do Engenho de cana-de-açúcar. Na cultura política, JK era o significante desta revolução brasileira. O PCPT trabalha com a lógica do fantasma do futuro: lógica do significante. O modernismo era a lógica do significante do nosso futuro que a ditadura militar decepou e salgou como o Urstaat colonial português fez com Tiradentes. A comunidade intelectual brasileira ainda não viu o óbvio e ululante. O golpe civil-militar de 1964 foi um golpe de Estado que a classe média desfechou contra si própria para implantar o capitalismo dependente e associado, o capitalismo de Engenho cum multinacionais. A ditadura militar mudou o futuro, pois a classe média poderia ter sido a arma de uma revolução capitalista moderna, ou seja, de uma troca da episteme do engenho pela episteme capitalista (Marx). Talvez o leitor pudesse ler (ou reler) o livro de Caio Prado Jr (“Revolução Brasileira”) por esse olhar da física da história brasileira. E pudesse aceitar que o PCPT antecipa os fatos (artefatos). Ele não propõe soluções para o poder de plantão. O PCPT não é uma enfermaria de um sucateado hospital público.
A ditadura militar transformou a universidade estatal em uma universidade privada mantida com capital público. Ao estilo do seu capitalismo cartorial, a ditadura fez da universidade estatal uma reserva de mercado para a classe média. O objetivo política era a cooptação em massa da classe média modernista. Participei das lutas do movimento dos professores (sob a direção de Horácio Macedo, Luís Pinguelli Rosa, Alexandre Magalhães, Liana Cardoso e outros tantos importantes militantes do ensino público) durante mais de uma década. Mas a UFRJ não conseguiu construir um modelo de universidade pública, pois o destino do país durante e após a ditadura foi a lógica do desmoronamento do acontecimento histórico capitalismo moderno e episteme política moderna. O capitalismo do engenho fez da universidade estatal uma universidade do Engenho. Hoje, a crise brasileira está dilapidando o capital público nas mãos do Estado brasileiro. O capital público é aquela parte da mais-valia desviada da reprodução do capital para a reprodução da sociedade. Não existe mágica possível que invente capital público. Não existe mágica que evite uma política governamental que desfaça o monopólio privado da universidade pela classe média. Agora, que a vanguarda da classe média - localizada em São Paulo e no Rio – se virou - como fenômeno político (multidão) - contra o poder petista-peemedebista, a lógica do futuro (do significante universidade estatal) parece dizer que a classe média vai pagar a universidade com o dinheiro próprio bolso, como eu fiz durante oito anos nos meus curso de pós-graduação na PUC/SP. Como conheço a PUC, a minha modesta sugestão para o movimento universitário é: a discussão pública do modelo da PUC/SP (ou da PUC/Rio) como modelo público-privado de universidade estatal pós-diluviano. O Resto é fofoca e intriga das nanomáquinas de guerra cortesãs que dominam a política do mundo-da-vida da classe média da antiga corte imperial!  

REVOLUÇÃO/TELEVISÃO/WEB
A discussão pública sobre comunicação e informação entrou em declínio, ao menos no Brasil. Comunicação e informação são vividos como lógica fática. Na década de 1990, os estudiosos desses fenômenos supracitados diziam - não todos, é claro – que a televisão generalista operava pela lógica da oferta limitada pela lei da audiência; ela buscava o grande público que seria o equivalente da maioria na política; participava na construção da identidade nacional e como espelho da sociedade gerava coesão social. A televisão por demanda operava na segmentação do mercado e esquecia seja a função de construção da identidade nacional, seja o grande público; “Uma sociedade, uma nação, um povo, não são apenas a adição de milhares de indivíduos. Trata-se também, e talvez principalmente, de uma coletividade simbólica, que se constrói todo dia”. O conceito de grande pública parece ser essencial nesse debate. Dominique Wolton concebeu-o da seguinte maneira: “O grande público remete para uma teoria da cultura, a uma análise das relações entre política e cultura no âmbito da democracia de massa, e não se reduz ao número de consumidores”. Assim, o grande público é um artefato simbólico da cultura política da sociedade democrática de massa. A televisão generalista é o território da comunicação onde uma cultura política se articula a partir do grande público. A televisão paga estabelece a segmentação do espectador e não tem como lógica a construção do grande público e o que ele implica: a identidade nacional. Na cultura televisiva paga, o significante nacional torna-se deletério, derrisório. A cultura da televisão, em geral, é uma cultura industrial hierárquica, vertical e totalitária. Por mais irredutíveis que elas sejam, lógicas do emissor, da mensagem e do receptor têm um funcionamento totalitário nessa cultura. Há uma visão romântica de um receptor mergulhado em uma recepção anarquista da mensagem e de um emissor dividido (esquizo). Com efeito, esse emissor esquizo encontra sua unidade cultural como emissor da ordem vigente, que exclui de sua linguagem os significantes contra a ordem. Ele por exemplo foraclui (exclui como um fato da lógica da episteme política da ordem) o significante revolução política no Brasil, nos USA ou na União Europeia. O senador José Serra é entrevistado na televisão porque ele jamais vai se referir a necessidade de uma revolução política dentro da ordem para abrir um caminho para a saída da crise brasileira. Ele que diz ser a política a arte de mexer com os limites do possível denega de pés e mãos juntas o conceito de revolução dentro da ordem de seu colega Florestan Fernandes. Simples inconsistência? Na concepção de Erasmo trata-se de loucura simples!  A televisão brasileira jamais entrevistou Fernandes. No Brasil, a televisão tem um papel decisivo no campo simbólico. Ela funciona como um pastiche de discurso do Outro totalitário que acredita cumprir as funções de informar, distrair, educar pela lógica da sociedade do espetáculo.
A web é o desejo imemorável de existir como sociedade em rede. É um espaço-tempo digital de uma cultura que oscila entre dois polos: o tribalismo digital e o individualismo anárquico sustentado por um desejo de emancipação individual. Mas também nela, o significante revolução brasileira dentro da ordem – a revolução possível na atual conjuntura mundial – inexiste no cardápio dos grupos do Facebook, por exemplo. O PCPT é o único grupo que põe e repõe este significante em tela digital. Considerando que vivemos em uma democracia despótica, o desejo dos intelectuais (todos que participam do Facebook são intelectuais no sen tido de Gramsci) de mantê-la a qualquer custo, inclusive à beira do abismo da crise brasileira, é algo realmente grotesco!    
FUTURO/Roberto d’Ávilla
Roberto d’Ávilla crê que o futuro é imponderável, portanto, que ninguém pode falar do futuro do Brasil. A crença deste entrevistador do Sistema Globo é baseada em uma suposta racionalidade. Não vou poder mostrar para ele que a própria racionalidade só funciona no cérebro e na política porque se crê que ela é racional. Se ele leu Weber deveria saber que a dominação racional se sustenta a partir da crença de que a racionalidade é racional (Weber). Também não vou dizer nada para ele sobre a hiper-racionalidade na qual a racionalidade é mais racional que a própria racionalidade. Lacan diz que o ódio é a des-suposição do sujeito suposto saber do discurso do mestre ou de qualquer discurso numa posição homólogo ao discurso do mestre. Como o discurso do físico é homólogo ao discurso do mestre e sustenta que se pode dizer sobre o futuro não só do Brasil, d’Ávila, consciente ou inconscientemente, quer des-supor o discurso do físico. Des-supor o saber do mestre (contramestre)  é a definição de ódio.
Como ele nunca leu Marx, ele ignora a lógica do fantasma do futuro. Este é constituído pelas pessoas que ainda não nasceram e, também, na concepção da física da história, pelos significantes no futuro que atuam no mundo invisível do presente. Na postagem Universidade Estatal/Episteme do Engenho, mostrei a lógica do significante (fantasma do futuro) universidade estatal atuando no presente. Em outros textos mostrei a lógica do fantasma do futuro CRISE BRASILEIRA atuando no presente do ano passado quando isso não era visível para d’Ávilla:

Vejam o link de um noticia de hoje (07/05/2015) sobre São Paulo:
O discurso do físico trabalha com contraverdade. Infelizmente não vou poder mostrar para o nosso entrevistador a lógica desse significante. Mas ele significa que o PCPT não está dizendo nem a verdade ou a semiverdade do futuro. Se d’Ávilla olhar no Houaiss, crença, fé religiosa e mito são equivalentes. Mas ele crê que é um moderno em um país bárbaro. E os modernos creem que a razão moderna se livrou do mito. A crença de d’Ávilla de que é moderno não é o mito que sustenta seu indelével, indefectível programa de entrevista para os modernos espectadores? Mas sem sombra de dúvida ele é uma pessoa de boa educação, a educação do “homem” cordial, do bárbaro cordial.       

SÃO PAULO/CAOS URBANO
 “O Comando Militar do Sudeste, que abrange todos os Comandos e Forças com sede em São Paulo, organizou terça-feira, dia 28, uma palestra sobre planejamento e estratégia com “o problema de abastecimento de água para consumo no Estado de São Paulo” como único assunto. É a primeira vez que a crise hídrica entra na agenda acadêmica dos militares. O evento, destinado a professores e alunos universitários, e simpatizantes de organizações militares evidenciou a “preocupação com a possibilidade do caos social diante um cenário de desabastecimento na região. Perguntado então sobre o que aconteceria se as chuvas continuassem abaixo da média e as obras previstas não ficassem prontas, o diretor da Sabesp respondeu: ‘Vai ser o terror. Não vai ter alimentação [produção de hortifrútil], não vai ter energia elétrica. Será um cenário de fim de mundo. São milhares de pessoas e o caos social pode se deflagrar. Não será só um problema de desabastecimento de água. Vai ser bem mais sério do que isso...’.
No meu texto (http://politicajosepaulobandeira.blogspot.com.br/2014/10/crise-politica-lacaniana-sao-paulo.html) abordei a crise hídrica articulada à crise brasileira como um fenômeno da foraclusão da cultura política nacional. Para ganhar a eleição Geraldo Alckmin mentiu sobre a magnitude da crise hídrica. Ele se aproveitou da foraclusão! HABERMAS considera as formas “estratégicas” de comunicação (tais como mentir, despistar, enganar, manipular etc.) como derivadas; implicam a suspensão de certas pretensões de validez (especialmente da veracidade), são parasitárias da fala orientada ao entendimento genuíno. As formas estratégicas de comunicação estão associadas a essa capacidade de disposição sobre meios que permitam influenciar a vontade de outrem que Max Weber chama de poder. H Arendt reserva para tal caso o conceito de violência. A condução da guerra é o modelo clássico da ação estratégica. Para Arendt o poder político não pode ter como axioma a violência, a guerra! A comunicação estratégica é a continuação da guerra na fala quando esta é política. Ela é violência simbólica sem limite, violência que faz o outro desmoronar como sujeito da sociedade civil. Para ganhar a eleição, Alckmin mentiu, despistou, enganou e manipulou o eleitor. Por que a população de São Paulo acreditou nele? Apelidado de picolé de chuchu, o carisma de Alckmin parece inexistente. Com efeito, ele é o governador carismático que dobrou o PCC (Primeiro Comando da Capital)? Este é uma máquina de guerra criminosa lumpesinal com pretensões de alterar o quadro de relações de forças em São Paulo para submeter a população civil e o Estado a seu poder despótico. Isso gerou o carisma de Alckimin? Não! O governador possui a política como ação estratégica para tomar o poder e permanecer no poder. A ação estratégica é a ação que define o partido (ou biografia política de um agente) como máquina de guerra freudiana em si ou como grande máquina de guerra cortesã. Ambas se definem pelo uso sem limite da violência ou física ou simbólica (comunicação estratégica). Agora o diretor da Sabesp anuncia o caos urbano como consequência da crise hídrica. E o Exército reúne professores universitários para discutir e pensar cenários catastróficos. Agora, Inês é morta! A crise hídrica acabada significa que a cidade será desfeita como laço social (sociedade); a cidade deixará de existir. A máquina de guerra oligárquica do PSDB age para que seu governador governe mesmo com o caos urbano. Ele está pronto para fazer a guerra à população dominada pela lógica do caos urbano. A crise hídrica acabada instala a lógica freudiana da política: analisar, educar e governar são os impossíveis freudianos. Como José Serra, a máquina de guerra biográfica geraldoalckimin  nunca leu Freud. Aliás, a máquina de guerra oligárquica PSDB nunca leu Freud. A lógica da máquina de guerra é viver a política como guerra, como violência. O PSDB não é um partido político, pois este não governa no caos. A crise brasileira em São Paulo vai confirmar que a física da história não é um brinquedo da cultura digital. Ela é a física da história sob dominus das máquinas de guerra. Além disso, José Serra precisa tomar ciência de que existe um apagão simbólico na cultural mundial que atingiu inclusive Harvard e a Sorbonne.    

CRISE DO ESTADO/MARXISMO ENVERGONHADO
 “A violenta repressão a um protesto dos professores e servidores do Paraná há uma semana, quando mais de 200 pessoas foram feridas em Curitiba, provocou a mudança do comando da secretaria estadual de Educação e abriu uma crise entre a cúpula da Polícia Militar e a secretaria de Segurança do Estado do governo Beto Richa. No início da tarde desta quarta-feira, o secretário da Educação, Fernando Xavier Ferreira, renunciou ao cargo. No mesmo dia, o comandante-geral da PM, Cesar Kogut, e outros quinze coronéis assinaram uma carta repudiando as declarações do secretário de Segurança, Fernando Francischini, que há dois dias deu uma declaração se eximindo da responsabilidade pela ação. Ele foi mantido no cargo pelo governador Beto Richa (PSDB), apesar da pressão popular pela sua saída e das especulações em torno de sua possível demissão”.
José Serra não sabe, mas existe uma nova geração de marxistas brasileiros muito competente e inclusive atuando na cultura-web. Mas Serra é muito preguiçoso e da antiga intelectual para apreciar o desenvolvimento da cultura digital brasileira. No entanto, trata-se ainda de um marxismo envergonhado. Este tem como causa o dominus do marxismo petista no poder no século XXI. Qualquer criança de dez anos sabe que o marxismo petista é parte da cultura política totalitária nacional. Esta postagem é dedicada ao marxismo althusseriano brasileiro na versão nicopoulantzasana.
A crise no Paraná é um a crise brasileira em escala estadual. Portanto, não podemos falar que é uma crise no microuniverso da política brasileira. No entanto, ela já provocou uma crise no aparelho de Estado estadual tendo como causa o choque da multidão como o aparelho policial. Isso o leitor pode acompanhar nos links acima. Como esta crise estadual se transforma em uma crise nacional como bem observou Cristiana Lôbo? Ela disse que é porque o PSDB é o principal partido nacional de oposição ao governo petista. E parou por aí. A crise se define pela dialética massas de classe média versus partidos (PSDB/PT) que são máquina de guerra (oligárquica ou totalitária) neoliberal. E o fato e FHC ser glorificado como “homem do ano de 2014” nos USA não muda uma vírgula deste fato político. O PSDB é uma máquina de guerra política articulada à lógica econômica do capitalismo oligárquico-totalitário brasileiro neoliberal. Agora, o PT também não está associado à esta lógica econômica?  Na última eleição para presidente, Aécio Neves (Never como o tio-avô) fez da política (do marketing político) uma ação estratégica que se constituiu em um poder de comunicação capaz de ocultar isso dos eleitores. O PSDB é um partido-máquina que articula a política a partir do lixo econômico neoliberal brasileiro. Economista e economicista desenvolvimentista, José Serra acha que isso é uma coisa muito natural e se cala sobre esse lixo histórico da política mundial. Vamos ao busílis da questão. A crise brasileira está se desenvolvendo para o perigoso epicentro de uma CRISE DE ESTADO. E isso pela dialética classe média versus partidos-máquina de guerra que detém o poder de Estado. A classe operária parece não aceitar que a classe média está na vanguarda das lutas contra o poder despótico brasileiro. E vira as costas para ela! A crise pode se transformar em uma crise entre as frações do bloco no poder e seus partidos na medida em que partidos-máquina operam com uma lógica capaz de sustentar uma autonomia absoluta deles em relação ao bloco no poder. Isso é uma patologia política inigualável, sem paralelo, na política mundial no que diz respeito a existência da democracia representativa normal. O problema é que no Brasil predomina uma democracia representativa despótica. O conceito de democracia despótica é de Aristóteles, se o Serra estiver interessado em debater como o PCPT! A lógica que sustenta a autonomia absoluta dos partidos-máquina em relação ao bloco no poder é a estrutura totalitária (da autonomia absoluta entre política e sociedade) que também define a relação Estado-sociedade no Brasil. Tal estrutura permite que os governadores do PSDB Beto Richa e Geral do Alckimin permaneçam no poder estadual. Last but not least, tal estrutura sustenta também Dilma Rousseff na presidência da República. O governo no Brasil não é feito por partidos políticos ou biografias de sujeitos políticos. Ele é realizado por máquinas de guerra políticas partidárias e por máquinas de guerra políticas biográficas. O resto dessa história deve ser contada pela nova geração de marxistas brasileiros. Avanti popolo!  A crise que desencadeou o golpe civil-militar de 1964 foi a crise do Estado brasileiro

MÁQUINA DE GUERRA BIOLÓGICA/ Aedes aegypti
 “Brasil pode ter surto de chikungunya, diz Chioro.  Ministro afirma que doença, também transmitida pelo Aedes aegypti, poderá se espalhar pelo País nos próximos 3 a 4 anos”.
Para uma parte da comunidade intelectual leiga, o  Aedes aegypti é um ser da natureza que não tem como finalidade fazer o mal à espécie humana. A lógica da natureza não se baseia em uma lógica da finalidade. Isso seria o fato natural. Assim, não faria sentido o pensamento de Marx sobre a relação dialética e materialista entre a história da natureza e a história da espécie humana. A espécie humana tem sido - como história universal - uma hipermáquina de guerra freudiana contra a natureza. Ela significa um uso de violência sem limite contra a natureza intensificada pela era da soberania da episteme política capitalista e, portanto, do  discurso do capitalista como dominus da história universal a partir do século XIX. Pasteur foi a máquina de guerra pensamento (científica moderna) que passou a tratar a relação da natureza (micróbio) com o corpo humano como guerra. Assim, a humanidade faz guerra contra a natureza e esta faz sua guerra contra a natureza humana. A guerra humana contra a natureza só se torna fáctica com o desenvolvimento da técnica, em geral, e, principalmente com o desenvolvimento da tecnologia moderna. Trata-se de uma guerra levada a cabo por uma máquina de guerra técnica, artificial: espécie humana A guerra da natureza contra o humano é uma guerra natural. Este era o maior sonho de Clausewitz: fazer os europeus entenderem que a guerra não era uma lógica natural da espécie humana. A vulgata do darwinismo não é uma ideologia que formula que a história da espécie humana é articulada pelo significante guerra natural?
 O Aedes aegypti não faz uma guerra natural à espécie humana? Ele não é, portanto, uma nanomáquina de guerra biológica na junção da história da natureza com a história da espécie humana. Ele é a máquina de guerra que não para mais de se inscrever na história da espécie humana. Como máquina de guerra biológica, ele é integrado ao inconsciente político Terra que torna possível a junção da história da natureza com a história da espécie humana. O que a epistem política científica moderna pode fazer quanto a isso? O Estado moderno –articulado pelo discurso científico – não aparece na guerra da natureza contra a espécie humana como uma panaceia universal? E a política como um modo de se articular no mundo-da-vida usando o discurso científico com a panaceia universal no combate à natureza? A política conta com o significante esquecimento como estruturador do mundo-da-vida. As baixas que a guerra da natureza faz à espécie humana são naturalizadas pela ideologia dominante como um fato natural digno de ser esquecido! A ideologia (Marx) ainda é o significante basal para se ler sobre o modo como a política representativa organiza cotidianamente a junção da história da natureza com a história da espécie humana no século XXI!

JULIA KRISTEVA/DO ALMOR
Julia é o signo da leveza de um pensamento psicanalítico. Para ela a psicanálise tira seu valor epistemológico e sua eficácia prática da afirmação de sua autonomia no campo da cultura (cultura em si, cultura intelectual e cultura política). Mas tal autonomia não é absoluta; ela é, por conseguinte, relativa. Infelizmente o freudismo rechaça tal lógica! A função do analista é ouvir todas as demandas para deslocá-las, esclarecê-las, dissolvê-las. Ela diz: “Uma demanda, ainda que intelectual, traduz um sofrimento. Sob o tema da nossa discussão, encontrando-se talvez o sofrimento do discurso religioso. Não existe discurso religioso - a não ser como discurso do mestre religioso que determina a forma do liame social: cultura política religiosa. A ideia de sofrimento psicanalítico é uma cópia do sofrimento da cultura política cristã. Continuando. O objeto da psicanálise é a palavra trocada – e os acidentes dessa troca – entre dois sujeitos em situação de transferência (amor) e contratransferência (ódio). Houve uma época lacaniana da cultura francesa, que os franceses acreditaram que o discurso do analista articulava a nova visão de mundo na história ocidental. O analisando estava na seguinte posição neste discurso do analista: “Eu sofro de um traumatismo arcaico, frequentemente sexual, profundamente uma ferida narcísica, que revivo deslocando para a pessoa do analista”. Hic e nuc, o agente todo poderoso (pai ou mãe) do meu ser ou mal-ser é ele. Esta dramaturgia de um mundo invisível para os mortais comuns opera o sentido profundo da palavra do “paciente”, do “cliente romano”, e coloca o analista no lugar do sujeito suposto saber da cultura. Isso atribui ao psicanalista o poder carismático similar ao do mago, do profeta, do médico da antiguidade e do guerreiro-príncipe eleito. Esta confiança depositada nele implica sobretudo o amor que tenho por ele e que presumo nele por mim. Isso é a ideia do indivíduo carismático da sociologia weberiana e do carisma como artefato simbólico. Mas os psicanalistas nunca leram Weber, e isso inclui a maravilhosa Julia kristeva. E se os psicanalistas parassem de ver e viver o campo freudiano como um campo disciplinar absolutamente autônomo em relação aos outros campos de pensamento?  O que aconteceria com a psicanálise e a “profissão” de psicanalista? Desapareceria?
A experiência analítica é a reconstituição da confiança do cliente romano na sua capacidade de amar pela transferência, ou seja, pelo almor =(alma+amor) que terá pelo analista. Assim, o discurso do analista é o discurso almoroso moderno, um discurso transferencial como nova “história de almor”. Tal discurso almoroso tomaria o lugar do almor cortês (fenômeno basal na construção do mundo moderno) inclusive sendo um discurso dirigido para lidar com a significância (“semiótica”) do infans:  um pré-sujeito. Julia acredita que essa criança vive em um estado de psicose catastrófica como pré-sujeito. Esse é o erro mais banal do campo freudiano, a saber: estabelecer uma identidade absoluta ente psicose e loucura. Isso é um cavalo de batalha da episteme freudiana. Com efeito, psicose e loucura mantém uma autonomia relativa no conceito contratotalitário do discurso do físico. Como sujeito suposto saber, o discurso do físico jamais sustentara que um infans é possuído por qualquer psicose. Ele é cuidadoso a respeito do estrago que o discurso pode provocar na criança e na família desta.  Ele sustenta que essa criança vive em um estado de loucura permanente que o discurso do mestre capturará na relação criança versus das Ding (Mãe, Coisa, Urstaat) da microculturapolítica tribalista totalitária: família patriarcal e seus simulacros. Mas o discurso do físico trabalha na junção do inconsciente freudiano com o inconsciente nietzschiano ou inconsciente político. O discurso do físico não é um jogo no campo freudiano, ele é a transformação do freudismo arcaico em física freudiana! Ele já seria o campo lacaniano in nuce!                                   

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