Comunidade da Física Freudiana
JOSÉ PAULO BANDEIRA DA SILVEIRA
https://www.facebook.com/groups/1584226025164258/
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Comunidade da física freudiana significa um campo de pensamento pacífico para o funcionamento do discurso do físico. O campo freudiano foi o ponto de partida para a fabricação da física freudiana da história. Esta é um contracampo de pensamento na linha de força do pensamento eclético de Cícero, ST* Agostinho, Marx, Weber Freud e Habermas. Trata-se de um contracampo científico transdisciplinar. O discurso do físico trabalha com o contraconceito de episteme política e ele se constitui a partir de uma contraepisteme que sustenta o discurso do físico articulado ao inconsciente político mestiço. A física é um artefato contratotalitário.
PASSADO/PRESENTE
Na eleição presidencial de 1989, no
caso de Lula e do PT, tratava-se da emergência da luta de classes na política
brasileira com a esquerda operária protagonizando o processo político. O PT era
um partido formado por sindicalistas de esquerda, intelectuais marxistas,
esquerda marxista e Igreja progressista que, com a eleição municipal em São
Paulo, em 1988, sofreu uma virada histórica para uma estratégia que tinha como
referência ideológica e teórica o marxista italiano António Gramsci. Neste
momento, a hegemonia se tornou a principal categoria política a iluminar as
cabeças dos dirigentes petistas. A conquista e manutenção do poder de Estado
para a realização de uma revolução popular à brasileira ainda se encontrava no
horizonte do pensamento político do Partido dos Trabalhadores. No caso de
Collor, a oposição à Sarney visava à construção do Príncipe Eletrônico seja
como marketing eleitoral, seja como a possível estrutura de dominação política
de seu futuro governo. Biograficamente, Collor emergiria como o semblante do
animal político despótico modelado por uma vontade-ato (Frajman: 225). Tal
animal despótico apareceu como uma máquina de guerra freudiana especial de um
inconsciente político “livre, afirmativo, vagabundo. Um inconsciente louco,
alucinado, destemido, imoral, desconhecedor de limites, de leis, de fronteiras
de Estados”? (Idem:197).
OBJETO FREUDIANO/CULTURA
INDUSTRIAL ELETRÔNICA
O deslizamento do significante
objeto da filosofia para o campo freudiano aparece hoje como parte de um
esquecimento da cultura em si “ocidental”. Em Freud, as pulsões parciais tomam
por objetos algumas partes do corpo ou matérias desligadas do corpo: o seio, as
fezes (matéria fecal) ou o fetiche. Melanie Klein pensou o campo da realidade
psíquica infantil povoado por angústia, terror, ódio e idealização no qual o
objeto aparece fragmentado como objeto de ódio e de medo. Este estado de
loucura infantil não seria um monopólio dos psicóticos, mas um estado de todo
ser humano. Lacan introduziu o conceito de objeto a para designar um objeto
desejado pelo sujeito e que se furta a ele a ponto de não ser representável, ou
de se tornar um “resto” não simbolizável; conceito de mais-de-gozar associado
ao real. Ele aparece como de forma fragmentada através de quatro objetos
parciais desligados do corpo: seio (objeto de sucção), as fezes (matéria
fecal), e a voz e o olhar, objetos do próprio desejo. No entanto prisioneiro da
concepção castradora da psicanálise em extensão que é a vontade de pensar o
mundo externo a partir do homo clausus, o campo freudiano não teve potência e
vontade de potência para trabalhar com o conceito de objeto na cultura política
eletrônica: lugar do discurso do Outro. Trata-se do objeto a como estruturador
de tal cultura: rádio (voz) e televisão (olhar) como objetos do desejo. Com
Klein, a relação de objeto designa as modalidades fantasísticas da relação do
sujeito como o mundo externo, tal como se apresentam nas escolhas de objeto que
esse sujeito efetua. A relação de objeto põe e repõe a mãe como centro tático
do pensamento psicanalítico substituindo o pai freudiano. Klein mostro o
caminho das pedras da física freudiana, mas não andou nele!
Na escola anglófona da relação de
objeto representada, hoje, por Winnicott, a relação de objeto estendeu-se para
a modalidade da inserção do eu na cultura e os distúrbios narcísicos ligados à
radicalização do individualismo no mundo ocidental sob o dominus do discurso do
mestre capitalista. A sociedade de consumo se tornaria a tempestade perfeita
para a aplicação de tal aporte teórico. Trata-se de uma sociedade hipernarcísica
onde o narcisismo era mais narcísico do que o próprio narcisismo. Na física
freudiana da história, a relação de objeto estrutura o mundo externo na
superposição do inconsciente freudiano com o inconsciente político. A cultura
industrial eletrônica é um exemplo disso. Para entendermos isso, é preciso esquecer
a ideia de que um objeto pressupõe um sujeito, e por consequência é apenas uma
representação. E articular a noção de objeto à noção de força ligados a
construção dos fenômenos no tempo e no espaço. E no caso da sociedade humana,
tal força não tem importância sem a vontade na minha leitura de Schopenhauer:
“todo o acto real de nossa vontade, é, ao mesmo tempo, e infalivelmente, um
movimento de nosso corpo; nós não podemos querer realmente um acto, sem
constatar no mesmo instante, que ele aparece como movimento corporal”: criança
sugando o sei; a relação arcana com o grotesco produzido pelo cheiro da merda;
a função escópica do hipergozo narcísico; a voz-sugestão de quem balança o
berço. O objeto a de Klein-Winnicott não é uma força em um campo de forças que
estrutura a cultura política eletrônica? Na relação com a cultura eletrônica
visual, o sujeito não está olhando narcisicamente para si? Não é este seu hipergozo narcísico: um gozo
que é mais gozo(zo) que e o próprio gozo?
Eu tenho tanto pra lhe falar/Mas
com palavras não sei dizer/Como é grande o meu amor por você/E não há nada pra
comparar/Para poder lhe explicar/Como é grande o meu amor por você/Nem mesmo o
céu nem as estrelas/Nem mesmo o mar e o infinito/Nada é maior que o meu
amor/Nem mais bonito
EPISTEME ROMÂNTICA: FANTASMA DO
PASSADO?
A episteme romântica alemã vai
além da estetização da política? Todos os românticos alemães retomaram as
ideias de Schiller, exagerando-as; alargarão a vida estética a todos os
momentos e todos os indivíduos. O ponto de partida da estética romântica é a
superação do sujeito/objeto e da oposição entre razão e sentidos, tal como
exposto na filosofia de Kant. No romantismo, o sujeito torna-se o centro da
cultura política através da estética como artefato que faz laço social. Na
cultura política romântica, a estética aparece como um suplemento da política e
da nova moral, como estética da liberdade, do livre jogo na política das energias
míticas (narcisismo e pulsão de morte) e do jogo in nuce no mundo-da-vida. No
estado estético, o indivíduo não é determinado nem materialmente (pela força da
energia mítica condensada em sensibilidade), nem intelectualmente (pelo
despotismo da lei, da forma, da razão). No romantismo, a beleza se concilia com
o ideal político. O homem estético é a articulação do belo à razão prática, a
razão ligada à ação; há exclusões de determinações exteriores, e o belo,
mimesis da razão prática, torna-se autônomo. A estética romântica é o
inteiramente indeterminado, é a postura alerta de alguém que está pronto para
tudo e é também uma crítica utópica de todo ser real. Burgueses liberais e
judeus, teimei-a. Então, trata-se de um episteme anarquista? Ao contrário, a
episteme romântica sustenta a estética como mediação entre uma sociedade civil
bárbara, entregue ao reino dos desejos e apetites privatistas, e o ideal de um
estado político bem ordenado: “se o homem pretende algum dia resolver o
problema da política, na prática, ele terá que abordá-lo através do problema da
estética, pois si através da beleza o homem atingirá a Liberdade”, diz
Schiller. A episteme romântica faz da estética um artefato mediador entre a
civilização para o povo alemão e a barbárie para os judeus? Isso só depois da
máquina de guerra nazista psicótica e terrorista ter desintegrado todos os
partidos políticos e instituições que resistiam à cultura política romântica
totalitária. Isso é o passado Europeu?
Na década de 1930, Plínio Salgado
e Gustavo Barroso (antissemita da ABL que divulgou no Brasil o livro Protocolo
dos sábios do Sião) foram os chefes do Integralismo no Brasil. A discussão
sobre este fenômeno se encerrou no imbróglio se se tratava de fascismo ou de
totalitarismo ideológico. O totalitarismo alemão é um fenômeno articulado ao
romantismo alemão. O integralismo de um Plínio Salgado não é articulado a uma
concepção totalitária de um romantismo brasileiro histórico da episteme do
Engenho. O modernismo nacionalista de Plínio não é uma expressão desse
romantismo? Plínio não é um defensor do inconsciente político mestiço do sertão;
ele não é um continuador, por meios românticos-modernista, de Euclides da Cunha
e de Canudos. Só se pode defender isso pelo credo quia absurdum. A defesa da
mestiçagem em Plínio é apenas um meio ideológico para a constituição da cultura
totalitária romântica no Brasil através do partido integralista, o primeiro
partido nacional de massa, dispondo de em 1935 de 1.123 grupos organizados em
538 municípios e obrigando cerca de 400000 adeptos. Tal partido agiu como uma
máquina de guerra psicótica de massas na aliança com Getúlio Vargas no golpe de
Estado de 1937, que Vargas desfechou sobre si próprio. Isso é apenas o nosso
passado?
MICHEL DE CERTEAU/FREUD
Freud viu o “Futuro de uma ilusão”
e o “Mal-estar da civilização” (cultura) como textos supérfluos, obra do lazer,
(não se pode fumar e jogar baralho o dia inteiro), passatempo consagrado a
assuntos elevados que lhe fazem descobrir verdade mais banais, segundo Certeau.
O homem comum é o centro tático destes livros na história comum. Na mais
impressionante história mitológica moderna, o homem ordinário é o locutor. Ele
é no discurso o ponto de junção entre o sábio e o comum: não se nada sério, sou
como todo mundo. Freud jogou fora a posição do mestre da psicanálise (baseada
na episteme política da psicologia do indivíduo) para pensar a Europa a partir
da Primeira Guerra Mundial. Ele não se deixa mais drogar pelo ópio dos
intelectuais que fabricava explicações tranquilizadoras sobre o banho de sangue
que tragou milhões de vidas jovens na Europa civilizada. Por que os homens
obedecem ao Estado-nacional e se deixam matar e matam seu semelhante (europeus
assassinando europeus) no campo de batalha? Mar de sangue, uma Amazônia de
corpos despedaçados, multidão de vidas biográficas reduzidas à pó, eis o
destino do homem ordinário na Europa na civilização moderna do século XX.
Certeau diz que com Freud: “o enfoque da cultura começa quando o homem
ordinário se torna o narrador, quando define o lugar (comum) do discurso e o
espaço (anônimo) de seu desenvolvimento”. Trata-se obviamente da cultura
política da guerra onde o homem comum é o herói e vive segundo a poética da
guerra através de uma multiplicidade de “táticas” articuladas sobre os
“detalhes” do cotidiano da guerra. A poética da guerra do homem comum produz o ingênuo
sublime pessoal (e de massas) como sentimental e humano? O homem ordinário na
guerra tem a ingenuidade da criança envolvida pelas forças que condensam a
energia mítica pulsão de morte. A guerra de massas moderna é habitada pela
poética romântica do homem ordinário que é a arte de fazer o mito da pulsão de
morte ocupar o lugar do discurso do Outro. Como Schiller diz, o que importa na
poesia não é a forma, mas a maneira de sentir. A poesia romântica do homem
comum é ingênua e emana do inconsciente político da guerra de massas. Nela, o
sujeito não está separado do objeto. Trata-se da eclipse do sujeito (eu do
enunciado) e do transbordamento do eu do inconsciente político da guerra (eu da
enunciação poética). Esse poeta é cindido, quebrado; é a guerra, a
dissatisfação. A poesia romântica da guerra não aceita que o infinito seja
irrepresentável, mesmo sendo o meio de expressão da poesia (palavras) finita; o
esforço do poeta (homem ordinário) para dar a impressão do infinito é a própria
essência da poesia romântica. No infinito, o homem comum não habita a linguagem
do campo de batalha como máquina de guerra freudiana psicótica? A Guerra europeia
estabilizou no pensamento freudiana que havia lago além da episteme sexualis da
psicologia individual. A máquina de guerra não está fora da explicação da lógica
do sexo? A poética romântica da realização da satisfação da pulsão de morte
(mito do uso da violência física sem limite) é o artefato que permite a leitura
do homem ordinário para além da psicologia individual e, também, concordaria
Certeau, dos dispositivos de vigilância foucaultianos. O Homem ordinário não é
o herói da episteme da física freudiana?
JUIZ SERGIO MORO: REPÚBLICA
FÁTICA E CARISMA
Um juiz está próximo de se
transformar em significante carismático da política brasileira. Uma parcela da
comunidade jurídica se define por um agir carismático no desvendamento
jurídico-policial da corrupção envolvendo, principalmente, a Petrobrás. Tal
corrupção revela o tipo de ligação de frações do capital do bloco-no-poder, a
burocracia do aparelho econômico de Estado e o sistema partidário. As
empreiteiras, mas não apenas elas, são artífices de um privatismo do Estado e
da política cuja causa é a vontade-ato dos partidos de expropriarem a riqueza
pública do país. Não se trata apenas do partido de patronagem de cargo
weberiano. No século XXI brasileiro, os partidos no poder inventaram o partido
como máquina de guerra política e como partido hiperprivatista ainda sem nome:
o privatismo mais privatista que o próprio privatismo. O sentido da prática vem
depois da identificação do conteúdo do fenômeno e o nome do significante é algo
que cai na dependência da relação do saber político da cultura intelectual com
o saber da cultura política das massas.
Mas por que a cultura intelectual
brasileira (jornalismo, escritores, poetas, músicos, universitários) não dizem
nada sobre o agir carismática da comunidade jurídica, enquanto nas ruas,
restaurantes e museus as massas parecem estar próximas da adoração
incondicional de Moro. Moro não é, certamente, o juiz Dredd. Sua ação também
resiste a ser explicada somente por algum tipo de racionalidade; claro que há
racionalidade no agir da comunidade jurídica envolvida no combate à classe
política, à casta burocrática corrupta e à classe econômica dominante. A
racionalidade da burocracia-carismática é definida por ser uma comunidade
política republicana cujo agir deseja a invenção no Brasil do significante
República das revoluções americana e francesa. Como no Brasil, tal república é
uma ficção (um simulacro de simulação), a comunidade jurídica de fato está
combatendo em nome de qual significante republicano? A República brasileira tem
origem em um golpe de Estado militar contra a monarquia De Pedro II e Isabel desfechado
por dois generais: Deodoro e Floriano Peixoto. Na República civil, o Estado
republicano foi a máquina de guerra psicótica e terrorista que desintegrou Canudos
e Contestado, através de um banho de sangue do povo que incluiu corpos
despedaçados e ossos triturados. Depois Getúlio foi a máquina de guerra
biográfica psicótica (e ele era um sujeito neurótico na vida privada) que
articulou a cultura política republicana totalitária. A Ditadura Militar foi a
continuação desse totalitarismo em uma versão militar. A República Democrática
de 1988 não alterou a lógica da cultura totalitária (como já demonstrei
inclusive aqui no PCPT) ao se articular como democracia despótica sob o dominus
-na política e na cultura política- dos partidos máquinas de guerra. Lenin diz
que a prática é o critério da verdade política. Então, a práxis carismática da
comunidade jurídica brasileira (condensada na biografia agora carismática do
juiz Sérgio Moro) é uma potência capaz de mostrar o caminho das pedras para
começar a sair da crise brasileira. O BNS (buraco negro simbólico) que está
tragando a crise brasileira, inclusive, está liberando seres míticos (o carisma
é parte da dimensão simbólica) na política brasileira?
UNIVERSIDADES/BLOCO POLÍTICO INTELECTUAL
FORMAL
“Assim como Paula, centenas de
estudantes vem sofrendo os reflexos da restrição orçamentária para a pasta de
Educação imposta no início do ano pelo Governo Federal. Nos primeiros dois
meses de 2015, o Ministério da Educação (MEC) reduziu em um terço o repasse da
verba das universidades federais. Somente a partir de março, os repasses
passaram a ser der de 1/12 do orçamento previsto para as instituições, o que
dificultou o pagamento de serviços e contas das instituições. No entanto, novos
cortes no orçamento estão sendo discutidos nesta semana. A presidente Dilma
Rousseff, que se reuniu nesta segunda-feira com ministros e líderes do Governo
no Congresso para tratar do tema, tem até sexta-feira para definir os valores
do corte de gastos por área. No domingo, em uma reunião preparatória, Dilma
teria sido informada pela equipe econômica que o congelamento de gastos não
deve ficar abaixo de 70 bilhões de reais para atingir a meta fiscal”.
O governo petista diz que isso
não é neoliberalismo, é apenas um ajuste fiscal para o país voltar a crescer. Isso
não é um cachimbo neoliberal. Depois volta tudo ao normal, inclusive para as
universidades estatais. Professores não acreditam mais no discurso petista e
preparam uma greve geral (nacional) que envolverá alunos, pais de alunos e a
burocracia da universidade. O Buraco Negro Simbólico que está tragando a crise
brasileira vai liberar qual particula-universidade? Agora, a classe média de
todas as capitais importantes do país são oposição ao governo petista. O
governo joga a classe média no inferno da necessidade econômica. A nova classe
média está rumando em direção ao buraco de onde saiu: a pobreza envergonhada.
Majoritariamente petista, a classe média intelectual estatizada está provando o
veneno neoliberal petista: ajuste fiscal. Trata-se da lógica isso não é um
cachimbo? Não é preciso um grande discernimento para ver que a universidade estatal
do capitalismo de engenho é finito! Ela é uma reserva cultural do país que está
em vias de virar poeira. Trata-se da desintegração de um significante positivo
da República brasileira instaurado no século XX: antes a frase ia além do
conteúdo; agora o conteúdo vai além da frase. E José Serra e FHC não acreditam
na desintegração do significante República caso ele seja, finalmente, tragado
pelo BNS! FHC está pensando no enfrentamento com Lula em 2018! Cinismo,
autoengano, ou trata-se do sujeito político imbecil definido como tal pelo
psicanalista francês estruturalista Jacques Lacan?
A greve geral é um instrumento de
luta política que pode vir a constituir um bloco político intelectual capaz de
dirigir o povo no sentido de uma revolução política? A comunidade jurídica é o
setor intelectual mais organizado (institucionalmente e intelectualmente) e
consistente do país. Sua fração mais avançada (da cultura do liberalismo
político) pode ter um papel decisivo nesse bloco político formal que a greve
geral pode estabelecer. A crise da universidade e a crise no aparelho jurídico
estatal são parte da evolução da CRISE DO ESTADO. O antagonismo crescente entre
o governo petista e os intelectuais acaba com o blábláblá da hegemonia petista.
Até quando a indústria cultural de massas vai proteger a ordem
petista-peemedebista? Ela também é parte do significante intelectual como massa
intelectual. Parece que Serra, FHC e Lula estão sendo ABDUZIDOS pelo LADO NEGRO
DA FORÇA!
EPISTEME DA FÍSICA FREUDIANA
A episteme freudiana não é uma
visão de mundo filosofante. Ela pode ser observada na teorização da prática discursiva
freudiana que responde pelo neologismo “metapsicologia”. A episteme diz
respeito ao saber freudiano como suas regras e axiomas da lógica da cadeia dos
significantes. O axioma grau zero desta lógica freudiana dos significantes na
história é o assassinato do pai primevo ou animal despótico. Toda série de
significantes da história natural tem que ter o grau zero. O ano zero após o
nascimento de Cristo mostra que a cultura política cristã não se via como uma
história artificial. A República francesa começa com o ano I assumindo seu
caráter de história artificial. Ao contrário da República americana, ela não
oculta ser um significante-mestre como semblante (=fallus). Ela associa o
fallus republicano com a lógica do simulacro de simulação. Com efeito, não
existe castração do fallus republicano.
Na República francesa, a cultura política republicana não dissimula o
simulacro de castração do animal despótico. O homem republicano jamais se
define como zoon politicon, ou seja, animal político distinto do animal
despótico. O totalitarismo republicano brasileiro é um desvio do tipo ideal de
república moderna?
O animal despótico é um
significante mítico em muitos sentidos. Ele surge ex nihilo, pois ele não tem
mãe. No entanto, ele é incestuoso, pois ele é essa potência sexual que devora
todas as mulheres do mundo. Assim, ele é o fallus absoluto e absolutista. Neste
sentido, ele é a condensação do fantasma arcano da história universal: a junção
do sujeito político com o Urstaat na cultura política totalitária. Isso é o
significante axiomático mais universal de tal história. No inconsciente
freudiano, trata-se do desejo da criança-divina de realizar a satisfação da
pulsão de morte desviada pelo narcisismo de junção com a Mãe (das Ding, Coisa).
Superposto ao inconsciente freudiano, o inconsciente político ariano é o teatro
da realização do desejo do sujeito político de satisfazer a pulsão mítica
(energia pulsão de morte + energia narcísica) de junção com o Urstaat. O animal
despótico é a condensação desta junção mítica como lógica do fantasma do
futuro. Por isso, a cultura política greco-romana (que articula o significante
Ocidente) começa com a substituição do assassinato do pai primevo pela
castração do déspota real (Édipo). Tal é a leitura do Sófocles pela física
freudiana da história ocidental associada à história mundial do teatro. Para acabar
com apeste tebana, fez-se necessário castrar o tirano (déspota real). Só isso
devolve a possibilidade de gozo ao povo. Trata-se, é claro, do gozo político do
povo na cultura política da polis: politeia; res pública. A modernidade
política não é a repetição lúdica e diferente da cultura política sofoclesana?
Na série dos axiomas que inaugura o Ocidente, o pai castrado (déspota real =
animal despótico) é o significante da episteme da física freudiana sob
tratamento avançado no campo lacaniano da física. A castração do pai foi o ato
inaugural como possiblidade de existência da politeia, da res pública e da modernidade na medida em que ela se livra
do Estado absolutista e o substitui pelo Estado moderno. Este é um significante
axiomático weberiano de uma aquisição da física freudiana para um uso além da
sociologia transdisciplinar. Com o eclipse da física weberiana no século XXI,
qual série de axiomas naturais está emergindo na história universal?
GUERRA MOLECULAR URBANA
“Uma mulher foi esfaqueada em
assalto em São Conrado, na Zona Sul do Rio, na tarde desta quarta-feira (20).
Lorena Tristão, de 31 anos, formada em relações internacionais, foi atingida
nas duas pernas e não corre risco de morrer. Crime ocorre no dia em que um
ciclista morreu após facadas na Lagoa. Lorena Tristão atravessava pela passagem
subterrânea, em frente ao Golf Clube, quando foi abordada por um criminoso. Ela
só estava com um celular e cartão de crédito, mas o assaltante não levou nada.
As pessoas que estavam no ponto de ônibus acionaram a polícia”.
O crime do médico da UFRJ na
Lagoa Rodrigo de Freitas (Rio) desencadeou um noticiário sobre assaltos no Rio
de Janeiro e nas principais capitais do país. Como sempre o jornalismo aborda o
fenômeno da violência urbana como algo indeterminado. Por isso Deleuze escreveu
que o jornalismo era produção de besteira diária. A progressão geométrica da
violência urbana pode ser explicada? Ela é um fenômeno articulado por
determinações significantes? No Brasil, há uma lógica da cadeia de
significantes aterrissando no espaço público desarticulando-o como lugar da
paz? A lógica da guerra molecular (o lumpesinato criminal como significante que
leva a guerra para a superfície pública da cidade) não significa a cidade fora
de controle? Shakespeare é o pensador do “The time is out of joint. Trata-se do
tempo desarticulado, desconjuntado, desloucado, desregrado e louco. O tempo do
espaço público enlouqueceu e a história disso vem do Brasil colonial. Este foi
criado por máquinas de guerra do engenho de cana-de-açúcar e estas articularam
o Brasil (e foram articuladas) por um estado de guerra freudiana permanente. A
episteme do Engenho tem a máquina de guerra e o estado de guerra freudianos
como axiomas da história do Brasil. Se a história econômica é a história da
economia do Engenho que na república se transformaria em história do
capitalismo de Engenho (história de máquinas de guerra econômicas); se a
República brasileira é a história como um modo de evitar o Estado moderno,
sendo ela a história da repetição do Urstaat em diversa formas nas diferentes
conjunturas; se o Urstaat é a afirmação estatal da máquina de guerra
policial-militar que nos últimos trinta anos participou do banho de sangue que
assassinou 1000000 de brasileiros; se o Urstaat é da linha de força das
máquinas de guerra que fundaram e reproduziram o significante Brasil. Isso todo
não compõem uma rede de significantes históricos que possibilitam a existência
da guerra molecular? A crise brasileira é a crise global da episteme do Engenho.
Isso é configurado a partir da episteme global planetária RSI
(Real/Simbólico/Imaginário). Esta episteme existe na conjuntura atual como um
BNS (Buraco Negro Simbólico) estacionado sobre a Terra brasilis. O BNS traga a
matéria e o espirito das culturas políticas e os fenômenos concretos associados
a elas como a episteme nacional (e/ou continental). No Brasil, o BNS está
tragando a episteme do Engenho e liberando partículas históricas como repetição
diferente e lúdica de uma nova configuração RSI. A guerra molecular é apenas uma
partícula dessa nova configuração que aniquila o espaço público como lugar da
paz. É claro que no Brasil a classe média urbana é a principal classe a ser
atingida por fenômenos (como a guerra molecular) dessa ordem e magnitude. A
indústria cultural não sabe que sabe disso como um artefato simbólico do
inconsciente político nacional? ela não age transformando a guerra molecular em
fato midiático para obter audiência? Afinal, estamos em um mato sem cachorro?
CULTURA-WEB/CULTURA UNIVERSITÁRIA
A prática jornalística da
cultura-web do PCPT (grupo Psicanálise, Cultura Política, Totalitarismo) tem
causado um início de discussão sobre a autonomia do PCPT em relação à cultura
universitária brasileira. A cultura-web não tem como estabelecer uma autonomia
absoluta (até o momento) em relação ao discurso da universidade mundial que
funciona no Brasil em um grau de precariedade lamentável. Tal discurso (que faz
laço social em países desenvolvidos culturalmente e que articula a universidade
como instituição) só existe e funciona de um modo pleno em países sob o dominus
da episteme política capitalista moderna. O Brasil - sob o dominus da episteme
do capitalismo do Engenho - faz de suas universidades um lugar articulado pela
lógica totalitária-oligárquica. As equipes de pesquisa universitárias
constituem-se (com raras exceções no campo das ciências naturais e humanas)
como grupos oligárquicos. Tais grupos se sustentam pela forma disciplinar sagrada
dos vários campos científicos. Agindo contra o potencial da força de trabalho
intelectual brasileira, a universidade oligárquica é limitada em sua produção
de conhecimento (cultura universitária) pela dominus da episteme do
Engenho.
A cultura-web é um espaço-tempo
onde a episteme do capitalismo do Engenho pode ser apresentada em carne, osso e
sangue. O PCPT não é um espaço pacífico, pois ele é a vontade intelectual de
desintegrar a episteme do capitalismo de Engenho e seus artefatos. Assim, o
PCPT é uma contramáquina de guerra de pensamento que deseja uma revolução
política dentro da ordem do capitalismo mundial. O PCPT não é comunista,
socialista, bolivariano ou anarquista. Ele desfaz a ideia de que a política é
um monopólio do simulacro de dialética esquerda versus direita. No entanto, ele
é o herdeiro das tradições intelectuais da esquerda brasileira em extensão.
Mas, ele é o herdeiro da parca tradição antitotalitária da esquerda intelectual
brasileira. O PCPT é a vontade de uma contracultura política de inscrever na cultura-web (através de práticas
como o jornalismo-web, e outras) uma posição contratotalitária de massas como
um caminho para a solução da CRISE BARSILEIRA. Esta postagem é apenas o início
da discussão sobre a cultura-web e o agir modesto do PCPT nela!
CULTURA: FREUD E WITTGENSTEIN
“As coisas estão mesmo à frente
dos nossos olhos, nenhum véu as cobre” (W.)
O conceito de cultura em Freud
inclui o homem comum, como mostrei em um outro texto: O homem comum é o centro
tático destes livros (Futuro de uma ilusão e Mal-estar na civilização) na
história comum. “Na mais impressionante história mitológica moderna, o homem
ordinário é o locutor. Ele é no discurso o ponto de junção entre o sábio e o
comum: não sei nada sério, sou como todo mundo”. Wittgenstein já pensa a
cultura em relação a uma época sem cultura: “Uma cultura é como uma grande
organização que atribui a cada um dos seus membros um lugar em que ele pode
trabalhar no espírito do conjunto; e é perfeitamente justo que o seu poder seja
medido pela contribuição que consegue dar ao todo” O espírito é o x do
enunciado. Uma cultura pose se desintegrar e se tornar um monte de cinzas, mas
sobre as cinzas pairarão espíritos. Eu desejo acreditar que o espírito está no
caminho do pensamento que, por assim dizer, voa sobre o mundo e o deixa tal
como é – observando-o de cima, em voo. Em relação ao conceito de cultura, a
diferença essencial entre Freud e Wittgenstein é que no primeiro não tem o
espírito da cultura, ou seja, só existe cultura sem espírito. E no segundo, não
há identidade entre espírito e pensamento. No entanto, se o espírito for a
episteme política, não há cultura política freudiana sem episteme freudiana. A
física freudiana da história parte do axioma que existe espírito no pensamento
de Freud; existem espíritos que pairarão sobre as cinzas da cultura política
freudiana da guerra.
Wittgenstein diz: “Numa época sem
cultura, por outro lado, as forças tornam-se fragmentárias e o poder do
indivíduo consome-se na tentativa de vencer forças opostas e resistências ao
atrito; tal poder não é visível na distância que percorre, mas talvez
unicamente no calor por ele produzido ao vencer o atrito. Mas a energia
continua a ser a energia, e embora o espetáculo que a nossa época nos
proporciona não seja o da formação de uma grande obra cultural, com os melhores
homens a contribuir para o mesmo fim grandioso, mas o espetáculo mais impressivo
de uma multidão cujos melhores membros trabalham com vista à realização de
objetivos puramente pessoais". A cultura política da guerra freudiana é
contemplada pelo conceito de cultura de Wittgenstein? Ou o estado de guerra
freudiano é o conceito de uma época sem cultura? Ele está ou não está associado
a um fim grandioso? Ou ele está associado ao prosaico dos objetivos puramente
pessoais. Wittgenstein diz: “Lutamos com a linguagem. Estamos envolvidos numa
luta com a linguagem” A guerra estrutura a relação do sujeito com a linguagem.
Assim, a cultura não é a continuação da guerra com a linguagem através de
artefatos (técnicos ou não) que podem articular as máquinas de guerra de
pensamento como Freud e Wittgenstein. A web é um artefato cultural técnico da
cultura da guerra freudiana ou da época sem cultura wittgensteiniana? Se a
biografia individual está apenas avançando em relação à sua época, esta virá um
dia a alcançá-lo!
ANTROPOLOGIA/FÍSICA FREUDIANA
A antropologia estabeleceu que a
cultura é um reino de mil faces conceituais sob o império do relativismo
cultural. No entanto, algum consenso a antropologia mantém como progressão e
afinamento científico do conceito de cultura. Esta não está sujeito nem ao
determinismo biológico, nem ao determinismo geográfico. Os estudantes de
antropologia aprendem logo que a diferença de valor (superior/inferior) entre a
sociedade ocidental e a sociedade primitiva é uma ideologia etnocêntrica. A
antropologia é, talvez, a arma de pensamento que desfez o poder explicativo e
ideológico do conceito de valor. A física tem como objetivo tático reparar este
erro relativista que faz da antropologia uma aliada da cultura totalitária associada,
sempre, ao inconsciente político ariano. O Valor superior da aristocracia
(elite ariana) é um significante essencial para pensar a história universal.
Isso não significa que ela domina porque é superior; mas que ela é superior
porque domina. Portanto, não precisamos reconstruir o conceito de valor de Nietzsche?
Um passo importante da antropologia foi desfazer a distinção entre lógico
(civilizado) e ilógico (primitivo ou bárbaro). No entanto, ela não foi capaz de
pensar o credo quia absurdum (que articula as religiões como a cristã e a
mulçumana) como um meio-termo entre o lógico e o ilógico. A física tem a
pretensão de trabalhar nesse terreno minado pela lógica de Aristóteles. Mas a
antropologia pensou o relativismo cultural como determinante lógico da episteme
política. Um axioma da episteme da psicologia freudiana é o tabu do incesto como
significante universal. Os índios Tupi tem uma lógica cultural que legitima o
casamento entre meio-irmãos por parte de mãe. A lógica da episteme política
egípcia da civilização arcaica liberava o Faraó para casar com irmã. Esses
fatos podem provocar repugnância e horror nos povos ocidentais? Na Ética a
Nicômaco, Aristóteles condena o incesto como parte da bestialidade. A física
sustenta que a cultura política articulada a partir dos axiomas da episteme
política define concretamente a circunscrição do incesto. O incesto parental
(pois existem formas de incesto não-parentais) não é um fenômeno universal e
generalizado. Entre os habitantes das ilhas Trobriand nenhuma palavra
corresponde ao nome do pai. O homem que vive com a mulher é chamado pelo filho
pelo significante “companheiro da mãe”. Lacan diz que o Nome-do-Pai não é o
nome do pai. Tal significante lacaniano é essencial para pensar a comunidade
dos homens livres da santa loucura psicótica. A solução dos habitantes de
Trobriand não é um mostra de que eles sabiam tudo sobre esse problema
lacaniano? Finalmente, um conceito de cultura antropológico (de David Schneider)
útil à física freudiana: “Cultura é um sistema de símbolos e significados.
Compreende categorias ou unidades e regras sobre relações e o modo de
comportamento. O status epistemológico das unidades ou “coisas” não depende da
sua observabilidade: mesmo fantasmas e pessoas mortas podem ser categorias
culturais”. Na física pode-se traduzir símbolo por significante e considerar
que a lógica do signo antropológico (que gera o significado) pode ser traduzido
para lógica do significante que torna possível a articulação de significações
e, quem sabe, de intersignificações. A física freudiana só progredi a partir do
diálogo e do confronto com o campo disciplinar e transdisciplinar. Aqueles parecem
ser essenciais para a formulação do contraconceito de cultura política!
INCONSCIENTE POLÍTICO A CÉU
ABERTO
"Para a polícia, matar os
suspeitos é fácil, e a prática é tida como solução mais eficaz", disse
Graham Denyer Willis, palestrante da Universidade de Cambridge que estuda a
polícia brasileira. Com as mortes costumeiramente aceitas como subproduto
inevitável da diminuição da falta de segurança em certas cidades, o resultado
"é uma forma inequívoca de limpeza social", disse ele. Às vezes, as
autoridades exaltam a prática. "Darei a ele uma medalha por cada meliante
que mandar para o inferno", disse André Puccinelli, governador do Mato
Grosso do Sul, ao elogiar um policial de licença que matou dois homens armados
quando estes tentavam roubar uma loja.
São Paulo - O pastor evangélico
Silas Malafaia rebateu as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, atacou o PT e provocou o ex-presidente para que ele fale a verdade para
os brasileiros. "Quando o homem mente descaradamente ele se parece com o
diabo. Lula, que tal você falar toda a verdade e deixar de enganar o povo
brasileiro?", afirmou, em vídeo postado no YouTube.
Há uma lógica do Diabo? No Fausto
(Goethe), o diabo diz: “faço o bem, mas também faço o mal”. Se Deus só faz o
bem e é um ser puro e claro, então a humanidade não foi feita à imagem de Deus.
Ela é o a escultura do Diabo. A humanidade faz o bem e faz o mal? 1000000
assassinadas nos últimos trinta anos é algo humano? O conceito mais preciso de
humano é o conceito freudiano. O humano é constituído por um aparelho psíquico
(eu/supereu/id) e o inconsciente freudiano impera sobre os indivíduos no
mundo-da-vida. Freud desestabilizou a ideia iluminista de que o homem europeu
era um ser de razão. Ou foi a Primeira Guerra Mundial que fez isso? No entanto,
o uso da violência sem limite do homem-razão não pode ser explicado pelo
inconsciente freudiano. A realização da satisfação da pulsão de morte pelo
europeu civilizado transborda o inconsciente freudiano. Seria o fim do
pensamento freudiano? Como o inconsciente freudiano é o inconsciente da
psicologia do indivíduo, e esta tem como sujeito-objeto o homo clausus, o banho
de sangue ciclópico da Primeira Guerra pôs um fim no homo clausus e na
psicologia do indivíduo. Então, Freud criou o espelho freudiano da Nova Europa:
bárbara. Mas a ideologia dominante repetia para o planeta: “isso é apenas a
guerra entre nações”. E desde o pensamento militar chinês de 500 a.c. todos
sabem que a guerra não é feita por homens, e sim pelas máquinas de guerra. Deleuze
e Guattari fizeram uma exposição clara desse assunto livro “Mil Platôs”. No
entanto, eles ao criarem o conceito de máquina de guerra não o definiram pelo
uso da violência física (ou simbólica) sem limite. Só é possível confeccionar
tal definição usando o conceito de pulsão de morte de Freud. Então, entramos no
reino dos contraconceitos da física freudiana. Trata-se da máquina de guerra
freudiana que é o uso sem limite da violência física. Freud está vivo! Mas tem
mais. A física freudiana é a linguagem-espelho do inconsciente político a céu
aberto. Graham Denyer Willis é um locutor de tal linguagem. Já André Puccinelli
(governador do Mato Grosso do Sul) fala como uma máquina de guerra freudiana
política, pois sua fala é o “discurso” estatal (Urstaat) que gera violência sem
limite sobre a população. Os 1000000 de assassinatos são a prova de que o país
vive em sua sociedade civil, ou melhor, no mundo-da-vida sob o dominus da
guerra molecular. Isso tudo é o inconsciente político a céu aberto! Mas Isso
não é o inconsciente a céu aberto da psicose!
BAKUNIN/FÍSICA FREUDIANA
Na Introdução ao livro “Deus e o
Estado” de Bakunin, Maurício Tragtenberg destaca as complexas relações entre o
poder despótico divino (igreja/Estado=Urstaat) e a escravidão na filosofia
política e em Bakunin. A leitura da Introdução trouxe de volta em minha memória
as aulas magistrais desse professor Tragtenberg com quem apendi em sala de aula
o abc do anarquismo Duas ideias de Bakunin saltam aos olhos. A primeira
antecipa no século XIX (a teoria das elites do século XX) a ideia de que a
política representativa cairia sob o dominus de uma aristocracia ou OLIGARQUIA
POLÍTICA: “Mas o que é verdade para as academias científicas, o é igualmente
para todas as assembleias constituintes e legislativas, mesmo quando emanadas
do sufrágio universal. Este último pode renovar sua composição, é verdade, o
que não impede que se forme, em alguns anos, um corpo de políticos,
privilegiados de fato, não de direito, que, dedicando-se exclusivamente à
direção dos assuntos públicos de um país, acabem por formar um tipo de
aristocracia ou de OLIGARQUIA POLÍTICA. Vejam os Estados Unidos e a Suíça”
(Editora Cortêz: 33). O modelo oligarquia política híbrida (OPH) é uma invenção
europeia e dos USA na segunda metade do século XX. A OPH é um significante da
física freudiana que levanta o problema da comunidade de homens livres em
Bakunin: “Toda educação racional nada mais é, no fundo, do que a imolação
progressiva da autoridade em proveito da liberdade, onde tal educação tem como
objetivo final formar homens livres, cheios de respeito e de amor pela
liberdade alheia” (Idem: 44). A OPH não é a negação da existência da comunidade
de homens livres nos USA e na Europa ocidental. Na história universal é
possível encontrar comunidades neuróticas, psicóticas e perversas, inclusive na
Bíblia (lembrem de Sodoma e Gomorra) articuladas e articuladoras do império das
máquinas de guerra psicóticas. Como metabolização de um axioma da episteme da
psicologia freudiana do indivíduo, a vulgata freudiana estabeleceu que de perto
(ou de longe) ninguém é normal. Para a vulgata nunca existiu uma comunidade
normal; só comunidades patológicas. Bakunin faz a contravulgata freudiana ao
dizer que pode existir uma comunidade de homens livres da neurose, da psicose e
da perversão, enfim, do reinado das máquinas psicóticas. O livro de José
Peirats (Los anarquistas em la crisis política española) expõe a história de
uma comunidade normal de homens livres que seria destruída pela máquina de
guerra psicótica franquista (Ediciones Júcar: 307-309). No entanto, o leitor
pode ler e conferir se o Paideia de Jaeger não é a exposição de uma educação
para a constituição de uma comunidade de homens livres, de uma comunidade
normal como interseção das três esferas do RSI (Real/Imaginário/ Simbólico).
Tal interseção RSI é a realização fáctica da metáfora paterna (Nome-do-Pai)
onde a Mãe (das Ding, Coisa, cidade-estado) deseja o seu filho: o povo da polis
como homem livre. Na polis, o poder não é uma ligação do sagrado com o Urstaat;
ele é o poder comunicativo da cidade (Hanna Arendt), poder que sustenta a
possibilidade de uma comunidade normal em contraponto agônico à comunidade
patológica das máquinas psicóticas. Neste caso, trata-se do império das
máquinas de guerra psicóticas gerado a partir da cultura política totalitária
das comunidades: neurótica, psicótica, perversa. Ao lado de Marx, Bakunin não
pavimentou a estrada que levaria até a física da história freudiana?
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO/ARTE DO
IMPOSSÍVEL
A física da história trabalha com
a tradução das fábulas cristãs em axiomas da cultura política cristã. Cristo
não-ressuscitado significa “está morto e de composto”, como qualquer mortal.
Isso é a política como arte do possível. A certeza do Cristo ressuscitado é a
fé naquilo que de que necessita o meu coração, a minha alma (almor), e não
minha razão abstrata, como ensina Wittgenstein O almor é constituída de paixões,
carne e sangue e ele crê na ressureição, pois tal crença significa redenção
pela política. A comunidade cristã sabia que só o almor pode acreditar na
Ressureição. O almor redentor acredita até na Ressureição. Aquilo que combate a
dúvida no milagre é a redenção. A adesão à Ressurreição é a adesão a crença na
redenção. Então, a cultura política cristã fez da política a arte do
impossível. O cristianismo se transformou no poder da Roma Imperial. Isso não é
a arte do impossível? Assim, a política significa – deves primeiro ser redimido
e apoiar-te na tua redenção (agarrar a tua redenção). Em seguida verás que
estás a agarrar a esta fé. No entanto, tal coisa só pode acontecer se o teu
peso já não assentar na Terra, mas se te suspenderes do céu. Então tudo será diferente
e não será de assustar que possas fazer coisas que até então não podias
realizar. Um homem suspenso assemelha-se a um homem em pé, mas o efeito
recíproco das forças (condensação de energia mítica) nele presente é, contudo,
bastante diferente, de modo que pode agir de uma maneira inteiramente diferente
da de um homem que está em pé.
Antes de ser modelada pela
revolução secular moderna, a cultura política cristã não acreditava na gravidade
da Terra como axial na história. Isso é claramente um problema da física da
história política. A modernidade estabeleceu a Terra = (discurso do
capitalista/episteme capitalista) como gravidade da política. E o céu foi para
os quintos do inferno! A concepção economicista da cultura política moderna (de
marxistas e economistas, excetuando entre nós Celso Furtado) fez da política a
arte do possível sob o dominus da sociedade capitalista. Lenin e Mao Tse Tung
se deixaram orientar pela estrela de David e fizeram da política a arte do
impossível. Eles começaram a revolução socialista contra o axioma do determinismo
econômico de que a arte do possível restringia a revolução socialista a países
capitalistas desenvolvidos. Lenin e Mao podem ser tomados como líderes
carismáticos leigos que continuam a cultura política cristã por meios
marxistas. Com eles, o marxismo abandonou o seu semblante moderno prosaico.
Diante da crise brasileira, devemos seguir qual modelo de política? A carismática
de Lenin e Mao ou a moderna prosaica do marxismo alemão de August Bebel?
Comunidade (comuna) de Paris de
homens livres e normais
Em 1881, Engels escreveu sua
“Introdução” ao texto de Marx “A Guerra civil em França”. Nesta introdução ele
diz que os membros da Comuna estavam divididos em uma maioria integrada por
blanquistas (que iam predominando também no Comitê Central da Guarda Nacional) que
pensavam a política pela mais rígida e ditatorial centralização de todos os
poderes nas mãos de um governo revolucionário. No entanto, em todos os
documentos dirigidos aos franceses das províncias, a Comuna os convida a criar
uma Federação livre (com Paris) reunindo todas as Comunas da França. Marx
mostrou no texto supracitado que a Comuna era um Estado que já não era um
Estado. Ele quis dizer que a Comuna se organizava de um modo antagônico à
máquina de guerra estatal psicótica bonapartista ou republicana. Tal máquina
estatal deixava de ser o Senhor da sociedade, pois a Comuna era o poder da
sociedade como servidor da comunidade dos homens livres e normais. Na Comuna, o
poder estatal (que já não era um poder estatal) ficou completamente submetido
ao poder da comunidade. Então por que no final de sua Introdução Engels diz que
a Comuna era a ditadura do proletariado? Isso ia ao encontro da episteme
marxista totalitária cujo axioma-mestre sustentava que a revolução do século
XIX (revolução social) só podia ser uma revolução proletária. Que esta
revolução era articulada pela dialética burguesia versus classe operária. E
mais! Que a sociedade socialista fazia do proletariado o Senhor despótico para
reprimir a burguesia. Não se tratava, portanto, de uma comunidade de homens
livres e normais. Engels diz que Marx provou que a Comuna forçosamente havia
conduzido, em última instância, ao comunismo. Lenin partiu da interpretação dos
textos (deste texto inclusive) de Engels para escrever “O Estado e a Revolução”.
Trata-se de um livro infame que assegura que a sociedade soviética será uma
comunidade de homens livres e normais, ao mesmo tempo cria os axiomas da
construção da episteme totalitária socialista tendo como significante-mestre o
Urstaat-partido bolchevique. O leninismo preparou o terreno para a construção
de uma comunidade de psicóticos com um semblante de uma comunidade de homens
livres e normais. Tal comunidade foi um viveiro para a criação e reprodução de
máquinas de guerra psicóticas que se tornaram dominus da URSS na era
stalinista. Manuel Castells em seu livro “Redes de indignação e esperança”
(sobre os movimentos dos indignados) fala de uma historiografia que prova que a
Comuna não foi o lar de uma revolução proletária, pois não existia grande
indústria (e, portanto, massa operária industrial) na Paris de 1871. As
estruturas do inconsciente freudiano (perverso, psicótico, neurótico) só existem
como determinismo na episteme política da psicologia freudiana do indivíduo
através do artefato abstrato conhecido como homo clausus. Tal episteme assegura
que todos são anormais! Com efeito, o
indivíduo concreto é uma biografia privado-pública (habitado por uma das
estruturas ou por um entrelaçamento delas) em uma história no mundo-da-vida
(pode ser também ao mesmo tempo na política em si), que significa, em geral,
estar integrado à uma comunidade, ou de psicóticos, ou de neuróticos, ou de
perversos. É aí que mora o diabo, pois estas comunidades existem e funcionam
como viveiros de máquinas de guerra psicóticas. Em uma comunidade de homens
livres e normais, psicóticos, perversos e neuróticos podem ser livres e normais.
Ao contrário do discurso do analista, o discurso do físico existe para tornar
isso possível! Ele só não pode prometer a felicidade como o fez o utilitarismo
do século XIX!
A EPISTEME EUROPEIA NIETZSCHIANA
A Primeira Guerra Mundial não é
apenas um acontecimento explicável por causas econômicas e políticas (no
sentido moderno). Ela não é a efusão da cultura política europeia niilista? A
relação do pensamento de Nietzsche com tal guerra não explica o apoderamento da
vontade de poder deste pensamento pelo totalitarismo alemão? Tal guerra também não
pode ser explicada apenas pela cultura da guerra freudiana. Às máquinas de
guerra freudianas de tal guerra tem que ser acrescentada a máquina de guerra
nietzschiana fascista na política europeia da década de 1930. Ela é o SUJEITO
da segunda Guerra mundial! Na leitura de Nietzsche por Heidegger só falta o
significante episteme política. Contudo, não é possível pescar (através da
física da história) nela o contraconceito deste significante? A episteme nietzschiana
é o fim da metafísica como acabamento em meio a inessência incondicionada (a
metafísica de Nietzsche). Não se trata da superação da metafísica como história
da essência da verdade principal até a inverdade da inessência. Tal episteme sustenta
o niilismo europeu como desvalorização dos valores supremos: unidade, meta,
verdade. Ela não é a lógica do desmoronamento da civilização europeia sendo
esta sustentada pela episteme moderna? Não seria a história uma batalha de
epistemes políticas? A cultura política niilista é a desvalorização como transvaloração
de todos os valores até agora, e da transvaloração como reinstauração da
vontade de poder como valor fundamental: significante axiomático mestre. A
cultura política niilista europeia significa o puro caos da vontade de poder e
a economia maquinal do mundo – domínio sobre a Terra e seu sentido. Qual é o
sentido? Que a modernidade política é substituída pelo eterno retorno da
vontade de poder da máquina de guerra nietzschiana psicótica de reinar sobre a
Terra. O niilismo como aniquilação da verdade põe e repõe um fim na cultura
política metafísica como um ersatz para o fim da modernidade política, se
entendermos a metafísica = platonismo = religião = religião cristã: isto é
platonismo para o povo. Esse recurso evolutivo da história é aniquilado pela
ligação do niilismo com o totalitarismo. A partir daí a cultura política cristã
só faz movimentos brownianos no espaço político representativo. Assim, a
primeira Guerra Mundial adquire um novo sentido articulado à política europeia
que vai desaguar no totalitarismo alemão e na Segunda Guerra Mundial. Há uma
associação intrínseca entre niilismo europeu e totalitarismo que articula a Primeira
Guerra e tal guerra ao fascismo alemão que está na origem da Segunda Guerra.
Na cultura política niilista, a
lógica do eterno retorno do mesmo se torna, pela primeira vez, propriamente a
constância do devir e de sua ausência de finalidade. Tal cultura é a vontade de
saber-poder de aniquilar a dialética de Hegel e a dialética materialista de
Marx. Fim da utopia! No essencial, ela é
vontade de poder (junto ao super-homem = animal despótico nietzschiano) de um
apoderamento do poder incondicionado. A autonomia do poder nazista em relação
as frações burguesas no bloco no poder alemão não é quase absoluta? A política fascista
alemã joga na lato do lixo histórica a episteme capitalista (Marx) que tem como
axioma o trabalho livre assalariado e estabelece empiricamente o axioma do
trabalho escravo no modo de produção capitalista no século XX. Os rebentos do
capitalismo corporativo mundial (inclusive dos USA) assimilaram sem objeção tal
axioma. O campo de concentração foi uma máquina de guerra psicótica freudiana:
“máquina de matar judeus”. Mas ele foi também um viveiro de trabalho escravo
capitalista. Trata-se da máquina de guerra nietzschiana como escultor que faz
estátuas (capitalismo totalitário alemão mundial) a partir do mármore: modo de
produção capitalista. A
transvaloração deve ser interpretada como uma nova instauração de valores que
denega a existência dos valores – na consciência europeia - como um artefato do
discurso do senhor que divide o mundo entre senhores puros (aristocracia) e
escravos impuros (povo). Isso se mantém pelo simulacro de civilização europeia
ilustrada. No entanto, no inconsciente político europeu, o axioma mítico do
totalitarismo alemão foi a invenção do povo puro alemão (povo=aristocracia) que
iria ser o dominus dos povos impuros da Terra (povo = escravo). A derrota alemã
na guerra desintegrou tal episteme alemã? A episteme nietzschiana denega (através
da cultura niilista) a história como luta entre epistemes políticas e como
dialética materialista entre o inconsciente político ariano (que só é biológico
na vulgata nazista) e o inconsciente político mestiço. Na episteme
nietzschiana, a ideologia é a conformação que se ajusta caracteristicamente à
obviedade de uma metafísica não “demonstrada” dela mesma. Isso não é o contraconceito
da metafísica das ideias do totalitarismo alemão?