CHARLES DARWIN: máquina de guerra cientifica da biologia
A teoria biológica de Darwin já estava encaminhada em 1939.
Mas este cientista era um membro da cultura política da ordem (anglicana,
vitoriana, Wigh) em choque com a cultura política contra a ordem: socialista,
anárquica, reformista. Durante vinte anos o manuscrito Origin os Species foi
cuidadosamente guardado no estúdio de Darwin. Por causa desta investigação
científica, ele apresentava um quadro de estado paranoico. Ele se isolou,
evitou festas e declinou convites ingênuos; chegou a instalar um mecanismo do
lado de fora de seu estúdio para espiar os visitantes que subiam a rampa de sua
casa; recusou-se por vários anos a dormir em qualquer outro lugar, a não ser
que a casa fosse segura, casa de algum parente mais próximo. Ele tinha medo de
ser assassinado? Ele concebia a sociedade habitada por máquinas de guerra,
inclusive, no mundo-da-vida?
Nosso biólogo inglês emerge na cultura política mundial como
uma máquina de guerra científica do campo da biologia moderna em 1859. Neste
ano, Darwin foi praticamente forçado a publicar seu livro. Mas o fez com apenas
algumas sugestões escassas sobre as origens do homem. Os 20 anos de ocultamento
dos estudos sobre as origens das espécies significam que Darwin sabia do choque
simbólico traumático que seu livro ia produzir na cultura científica, em geral,
e na cultura política dominante do império ocidental onde o Sol nunca se põe?
Sua biologia falava de contingência e acaso na história
natural e articulava uma rede de significantes que explicavam a vida como um
estado permanente de guerra. A pulsão de morte de Nietzsche e Freud tem uma
raiz na ciência biológica? Da rede de significantes darwinista caiu o objeto a
(dejeto ou lixo simbólico) atraído pela gravidade do campo do campo da cultura
liberal Vitoriana. Tal lixo foi capturado pela vulgata darwinista liberal do
modo de produção especificamente capitalista. Na cultura liberal darwinista
(“darwinismo social”), o progresso da sociedade - assim como a evolução da
natureza – desenvolve-se pelo extermínio dos indivíduos mais fracos (não
adaptados). A competição anárquica, o livre comércio, o imperialismo inglês, o extermínio
de raças, a desigualdade de sexos, a inferioridade dos negros eram fatos
naturais e a biologia darwinista o paradigma para a explicação da história da
humanidade. A biologia darwinista tornou-se um significante-mestre do discurso
do capitalista da era liberal no século XIX. Não foi um acaso o funeral deste
mais notável cientista que já existiu acontecer na Abadia de Westminster. Como
explicar que o corpo não tenha sequer sido sepultado nesta Abadia?
O livro “Darwin. A vida de um evolucionista atormentado”
trabalhou com o conceito de cultura política para reconstituir a vida do nosso
biólogo. Agora trata-se de refazer a vida de Darwin tendo como ponto de partida
o contraconceito cultura política do campo da física das máquinas de guerra
científicas e culturais políticas que fabricaram materialmente e dialeticamente
a era moderna no século XIX. Trata-se de pensar Darwin como a máquina de guerra
científica do campo da biologia que gerou uma revolução quase bíblica no campo
das ciências e da cultura política capitalista. Então, por que Marx o admirava
incondicionalmente? Será que Marx viu em Darwin a possibilidade do marxismo ser
algo homólogo à uma ciência biológica. Pensou na possibilidade da ciência da
história ex-sistir e funcionar como história econômica universal natural? O
contraconceito de capital não estabelece que este é uma máquina de guerra
econômica (homóloga a espécie humana como máquina de guerra natural) já
existente na mais antiga história da civilização? O capital instala a guerra na
sociedade assim como a espécie humana instala um estado de guerra permanente
contra a natureza? Darwin e Marx estão mortos para o século XXI?
MERCADO: GUERRA E PAZ
Max Weber diz que na história universal o mais frequente na
criação das cidades era a coexistência uma grande máquina de guerra patrimonial
principesca (ou senhorial territorial) com o mercado. A grande máquina de
guerra política da antiguidade é definida a partir do conceito “administração
política”. Este conceito trabalha pela lógica do poder a partir da qual um
quadro administrativo em si ou uma burocracia irracional (só existe burocracia
racional na era moderna tardia que se caracteriza pelo uso limitado da
violência regulado pelo direito moderno) usa violência física sem limite sobre
a população para garantir uma determinada ordem vigente em determinado
território geográfico em um certo período de tempo. A lógica do poder ex-siste
e é articulada em uma cultura política concreta associada a um determinado
inconsciente político.
O conceito de mercado pode ser definido como associação
econômica? Ou melhor seria adiantar para o leitor que se trata de um
contraconceito do campo da física das máquinas de guerra. Se o capitalista é a
personificação do capital. O mercador é a personificação da lógica do mercado,
da lógica da mercadoria, da lógica do valor. Se a lógica do poder é concreta a
lógica da mercadoria é abstrata. Mas o mercado tem o seu lado concreto, pois
ele é habitado por máquinas de guerra econômicas. Estas se caracterizam pelo uso
da violência econômica (física, mas principalmente simbólica) para desfazer o
laço econômico (laço social) do “inimigo” em uma hiperdialética. Trata-se de
uma dialética onde a dialética concreta
é mais dialética do qualquer conceito de dialética. É o contraconceito
de dialética. Entretanto, a cidade não é o lugar do mercado
que bloqueia (às vezes obtêm êxito, às vezes não) a lógica da máquina de guerra
econômica. A cidade é essa estrutura que busca a paz econômica, antes de se
definir como algo que buscava a paz pública.
O incomum historiador Fernand Braudel já pensa o mercado
constituídos por redes, malhas e conquistas. Toda rede mercantil associa uns
aos outros certos números de indivíduos, de agentes (máquinas de guerra
econômicas), pertencentes ou não à mesma firma, situados em vários pontos de um
circuito ou de um feixe de circuitos. O comércio vive desses revezamentos,
dessas cooperações e ligações que se multiplicam como por si sós com o
crescente sucesso do interessado. O laço econômico é um laço social fundado na
confiança e na obediência cega. A lógica econômica concreta se instala como uma
cultura política mercantil baseada no entendimento e na colaboração mercantis.
Isso exige fidelidade, confiança pessoal, exatidão, respeito pelas ordens dadas:
uma espécie de ética comercial muito rigorosa. Talvez não seja demais dizer que
tal cultura política funciona por uma solidariedade mercantil que tem a força
de lei ocidental (força simbólica) similar à solidariedade de classe social. No
entanto a lógica da solidariedade mercantil é confrontada na rivalidade dos
negócios, de indivíduos a indivíduos e, mais ainda, de cidade a cidade ou de
“nação” a “nação”. As redes mercantis completam-se, associam-se, substituem-se,
afrontam-se também. Há “inimigos complementares”, há coexistências hostis,
feitas para durar. Frente a frente durante séculos, os mercadores cristãos e os
mercadores da Síria e do Egito fizeram a guerra econômica mas sem que a balança
se desiquilibrasse entre “inimigos econômicos” indispensáveis uns aos outros.
Braudel pensou a guerra econômica das máquinas de guerra mercantis como uma
dialética que não é nem a dialética de Hegel, nem a de Marx, nem a dialética
negativa de Adorno. Trata-se da dialética que contem em si a guerra e paz como lógica
que busca não a destruição do objeto ou a síntese das redes mercantis
antagônicas. É preciso pensar em uma dialética que evita tanto a identidade
absoluta entre sujeito e objeto ou a autonomia absoluta deles. A dialética
mercantil tem como lógica a sustentação da autonomia relativa entre sujeito
(máquina de guerra) e objeto (inimigo econômico). Enfim, o mercado mundial é
constituído por redes mercantis que tem como nós máquinas de guerra econômicas
de diferentes tipos, espécies, cores e sabores. Mas como diz Aristóteles
fazemos a guerra para viver a paz (econômica).
O liberalismo
econômico autista prega que o mercado obedece meramente à lógica pacífica. Como
Braudel mostrou o mercado é um geostóricosignificante que contém a guerra, a
paz e as máquinas de guerra mesrcantis. Isso já é o contraconceito de mercado
na física das máquinas de guerra. Braudel fez a física da história econômica
mercantil. O liberalismo econômico faz uma defesa do mercado como o lugar da
autonomia de decisão, da liberdade de comprar e vender, de investir, de
empenhar-se. Mas na alcova admite as escolhas não assim tão livres, pois estão
limitadas pelos recursos sempre nas mãos de poucos. Os recursos são um
monopólio de poucos ricos (oligarquia) que querem transformar o mercado no alfa
e no ômega da política mundial. O mercado é o motor do mundo e a explicação
final da vida. Assim uma aristocracia econômica pretende ser o dominus da
história política universal (totalitarismo econômico) no lugar do Urstaat. Este
que sempre foi o significante-mestre universal da história política universal
enredada no inconsciente político ariano (=mito). Para o totalitarismo
econômico (inclusive para o economicismo de Marx) o mercado seria a passagem do
mito para a história?
BURACO NEGRO SIMBÓLICO
“Stephen Hawking
descreve no artigo que o que existe no buraco negro não é nem o horizonte de
eventos nem o "firewall", mas um “horizonte aparente”. Esse fenômeno
seria capaz de reter e manter a matéria temporariamente, com a possibilidade de
liberá-la posteriormente, porém em um formato totalmente distorcido e
"bagunçado".
“O objeto caótico em colapso irá irradiar de forma
determinística, porém caótica. Será como a previsão do tempo na Terra. Ela é
determinada, mas caótica, então há perda efetiva de informação. Não é possível
prever o clima com mais de alguns dias de antecedência”, compara Hawking, na
conclusão de seu artigo.
Em entrevista à “Nature”, o físico Don Page, especialista em
buracos negros da Universidade de Alberta, no Canadá, afirma que a nova teoria
de Hawking é plausível, porém radical ao apresentar a possibilidade de que
“qualquer coisa, em princípio, poderia sair de um buraco negro”.
Esta teoria do buraco negro de Stephen de Hawking é o ponto
e partida para pensar o contraconceito de buraco negro simbólico da física das
máquinas de guerra. O “horizonte aparente” é o centro de gravidade constituído
por energia narcísica que atrai a matéria RSI (Real/Simbólico/Imaginário) da
história política universal como objeto caótico em colapso que irá irradiar de
forma determinística, porém caótica, a liberação posterior de máquinas de guerras de várias espécies. Em
determinadas épocas históricas, a matéria liberada transforma a terra em um
território geostórico caótico onde só existem máquinas de guerra totalitárias e
escravos (ou povos a serem escravizados) como a Idade Média Europeia (e o
Brasil colonial). Neste tempo geostórico, o significante dominação weberiano é
realmente um tipo ideal que raramente se instala na terra.
Tal episteme totalitária (RSI) age sobre o mundo aplicando
força sobre o caos do cérebro constituindo discursos que articulam a história
política universal desde a civilização arcaica. O discurso do mestre é o
primeiro artefato epistémico na produção de tal história através da articulação
de cultura política totalitária e das máquinas de guerra totalitárias derivadas
de tal cultura. O buraco negro simbólico é compatível com o contraconceito de
repetição Nietzschiana (eterno retorno
do mesmo) para a história política universal. Já a algum tempo, um buraco negro
simbólico está atraindo a matéria do RSI {homem (grego), humano (Freud),
instituição política (Weber) etc.} e liberando Coisa totalitária na superfície
política do mundo-da-vida e na política stricto sensu. No mundo-da-vida, há
liberação de nanomáquinas de guerra em escala planetária no lugar da
humanidade. Na política stricto sensu, o homem moderno condensado em
instituição política (que se define pelo uso inibido de violência) está sendo
substituído por cultura política totalitária que articula máquinas de guerra totalitárias
que se definem como um polígono. No primeiro lado deste polígono, encontra-se o
Urstaat que é liberado pelo buraco negro simbólico - modelo arcaico de toda e
qualquer máquina de guerra totalitária. O discurso do mestre é o outro lado do
polígono totalitário que libera cultura política que estrutura o mundo a partir
da estrutura RSI INJUSTIÇA. Trata-se de um polígono totalitário menor dentro do
polígono maior totalitário. Os vários lados da INJUSTIÇA são: a) fazer o mal
sem ser punido; b) sofrer o mal sem reparação; c) usar o poder para ajudar os
amigos; c) usar o poder para prejudicar os outros (objeto=inimigo). Este é o
RSI que está sendo liberado caoticamente pelo buraco negro simbólico
estacionado próximo à TERRA. Pura ficção científica?
INTELECTUAL/COMÉDIA
O conceito de intelectual passou para o proscênio da vida
cultural com Gramsci. Com este marxista italiano e fundador do PCI, o
intelectual passou a existir – de um modo distinto do homo clausus cultural
burguês – como agente da articulação da cultura com a política. Trata-se
obviamente do intelectual “orgânico” em um contraponto ao intelectual
inorgânico. Mas Gramsci vai além! O Príncipe Moderno é o intelectual coletivo
na figura do Partido Comunista. Para existir, o Príncipe necessitava da
existência do intelectual hegemônico. Esta episteme política marxista concebia
a política moderna – talvez a política ocidental em várias épocas – como dominação
e hegemonia. A dominação se refere ao exercício do poder político pela
violência física exercido por uma máquina de guerra militarizada. A hegemonia
significa o exercício do poder político exercido pelo discurso ideológico no
território da cultura através dos intelectuais. Com a cultura industrial de
massas, o exercício desse poder ideológico adquiriu uma importância descomunal.
Mas afinal, o que é o poder?
O poder é a aplicação de força sobre determinada matéria
(objeto). A aplicação física pode chegar até a desintegração do objeto. Quando
o Estado age como uma máquina de guerra militarizada aplicando força sobre a
multidão, a finalidade política, em geral, é a desintegração do objeto
(multidão). O poder ideológico é uma espécie de poder político cuja aplicação
de força simbólica sobre o objeto-multidão a desfaz como laço social. No
Brasil, a ação da televisão contra a multidão de 2013 buscava esta finalidade.
Trata-se da televisão, especialmente, como máquina de guerra clowniana que faz
da comédia vulgar a sua arma simbólica contra a multidão. Nesta máquina
ideológica, os seus intelectuais são clowns eletrônicos que dramatizam a
violência da multidão como algo terrível. O clown ideológico faz as massas
televisivas gozarem com a violência das máquinas de guerra do mundo-da-vida no
cotidiano apresentando-a como comédia vulgar, e, simultaneamente, condena a
violência da multidão como quase terror, como quase terrorismo. A lei contra o
terrorismo no Congresso é uma lei tecida – com imagens e palavras – pela
televisão. E tudo isso se passa no terreno da hegemonia? No lugar da produção
de ideias, a televisão irradia palavra-imagem. Isso é um espelho d’água
narcísico que captura o desejo grotesco das massas de espectadores: sentir
horror. Essa energia narcísica articula as massas de espectadores ao
inconsciente político ariano!
Gramsci acreditava que a produção de ideias hegemônicas
organizava um espaço de interseção entre a cultura e a política. Esta seria a
função dos intelectuais no funcionamento do poder político. Hegemonia versus
contrahegemonia seria o resultado de uma dialética que, no terreno da cultura,
opunha intelectuais representando classes antagônicas. Assim, poder e
contrapoder seriam artefatos simbólicos da sociedade de classes. Não é preciso um
grande esforço para entender que a teoria gramsciana do intelectual perdeu sua
substância: a dialética da sociedade de classes. Então por que os intelectuais
universitários continuam dizendo que a política é pautada pela lógica direita
versus esquerda? Baixa comédia? Eles continuam fazendo de conta que a direita
representa o capitalismo e a esquerda o socialismo! Essa é a função atual do
intelectual? Fingir que há um espaço de exercício da hegemonia capitalista e de
contrahegemonia socialista? Enquanto o intelectual moderno gramsciano brinca de
fazer política no plano das ideias, a cultura industrial de massas é o poder clowniano
que age no plano fáctico 24 horas por dia, todos os dias, de segunda à segunda.
Isso é a verdadeira comédia de massas. Esse poder faz e desfaz, cotidianamente,
os laços simbólicos da população quanto à capacidade desta de interpretação da
crise nacional. Mas a comédia foi sempre um monopólio cultural do poder usado
pela cultura política totalitária como um exercício de força simbólica para
desfazer a multidão como laço social?
No século XII, os clérigos goliardos constituíram-se como
uma contramáquina de guerra clowniana transformando a política em alta comédia
através da poesia satírica. A ordem feudal taxou-os de errantes, vagabundos,
lascivos, pseudo-universitários e bufões. Eles misturavam, com muita
competência, a vida clerical, a vida universitária e a bufonaria da feira. Como
surgiu esta contramáquina de guerra poética satírica em um mundo que tinha
horror, sobretudo, à anarquia intelectual e a comédia? A poesia goliárdica
atacava todos os representantes da ordem no século XII: o eclesiástico, o nobre
e até o camponês. Na Igreja, os alvos favoritos dos goliardos eram o papa, o
bispo e o monge. Os goliardos aparecem como a primeira contramáquina de guerra
poética que procura promover, dentro do quadro urbano, uma cultura laica. Eles
podem ser classificados como um artefato simbólico do espírito grotesco
romântico, pois engendraram uma galeria de eclesiásticos metamorfoseados em besta:
monge, bispo, papa. Existe hoje no Ocidente algo levemente parecido com esta
contramáquina de guerra poética? Trata-se da primeira máquina de guerra
intelectual contratotalitária mergulhada em um mundo católico-feudal
hiper-totalitário! Charlie Hebdo seria – até ser destruído física e
simbolicamente pelo Islã Político – a repetição diferente e lúdica dos
goliárdicos? Existe no Brasil a possibilidade de surgimento de um pensamento
político que faça da alta comédia uma arma simbólica para a defesa das
multidões políticas?
ERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO/CAPITALISMO DE ENGENHO
A CUT considera que a terceirização das relações
trabalhistas seja o fim da CLT. Falando pelo governo, Joaquim Levy é contra o
projeto de EDUARDO CUNHA por considerar que ele vai acarretar a imigração do
trabalho formal para o terceirizado provocando uma queda fatal para o governo
na arrecadação. Para o governo seria, portanto, um problema fiscal enquanto
para os trabalhadores é uma questão que atinge os consagrados direitos
trabalhistas instituídos na ditadura militar. Para a CUT, o projeto da
terceirização é uma ofensiva da burguesia industrial sobre os direitos da
classe operária. Trata-se de luta de classes econômica levada no terreno
político: Congresso nacional. Toda luta de classe é uma luta política! Em
bloco, o PT se bate contra o projeto mostrando que é um partido operário, o partido
da classe operária brasileira. Já o governo Dilma Roussef é contra o projeto
por ele ser um problema fiscal rotundo! O governo não é o governo da classe
operária. Parece pusilânime? O governo quer que a CUT o defenda na rua contra o
impeachment, mas nega na prática, em um momento crucial e fatal para os
operários, sua ligação orgânica com os trabalhadores. É o velho problema da
autonomia relativa do Estado em relação às classes sociais. O Estado pode não
ser uma correia de transmissão dos interesses das classes; de nenhuma classe.
Marx nos ensinou isso no seu livro “18 Brumário de Luís Bonaparte”. Então, por
que o senhor de Engenho político do Vale do Paraíba (líder do modelo por
excelência de partido oligárquico entre nós) tornou-se o defensor dos interesses
econômicos, políticos e ideológicos do capitalismo no Brasil? O PMDB não é uma
instituição política (WEBER), mas uma máquina de guerra oligárquica colonial
que volta seus canhões contra a classe operária. Por quê? Porque tal máquina é organicamente
ligada no campo simbólico ao capitalismo autárquico, do capitalismo de engenho
tocado a carro de boi. A verdadeira desgraça da classe trabalhadora não é o
capitalismo, mas a espécie de capitalismo brasileiro. Os operários são os
escravos “modernos” desta forma de capitalismo colonial. O discurso do
capitalista no Brasil é o discurso do senhor de engenho: EDUARDO CUNHA!
RACIALIZAÇÃO/USA
“North Charleston, terceira
cidade mais povoada da Carolina do Sul, tem 100.000 habitantes, 47% dos quais
são negros e 37%, brancos. O departamento de polícia, entretanto, é composto em
80% por brancos, segundo os últimos dados do Departamento de Justiça, de 2007”.
A força policial branca da
polícia norte-americana enlouqueceu? O racismo pode ser concebido como uma
coisa ligada ao campo dos afetos, uma paixão que agencia a cólera contra o
outro, ou será contra o Outro? A inexistente sociologia disciplinar concebia o
racismo como um problema entre dois grupos “raciais”. No caso dos USA entre
brancos e negros. Lá, uma gota de sangue negro faz de um branco um negro. Os
USA querem que a racialização da sociedade seja um problema biológico. No
entanto, a espécie humana é geneticamente mestiça.
A racilização não é um fato
biológico, mas um artefato do laço social (=sociedade) da episteme política RSI
(Real/Simbólico/Imaginário). Ela é um saber articulado pelo discurso do mestre
americano, no caso dos USA. Oliveira Vianna estabeleceu que a episteme política
brasileira (episteme do engenho de cana-de-açucar) fez um laço social em torno
da relação “étnica entre branco senhorial e mestiço como problema central da
história política brasileira. Segundo Vianna, a questão brasileira sempre foi
impedir que a comunidade dos mestiços tomasse o poder político material ou
Espiritual. Trata-se do discurso do senhor de engenho associado ao inconsciente
político ariano em uma dialética com o inconsciente político mestiço. Assim, o
Brasil faria parte de uma linha de força da história política universal. Já os
USA teriam se constituído por uma linha de força moderna? A episteme política
americana seria uma liberação do buraco negro simbólico responsável pelo mundo
moderno americano que assimilou a população negra africana como uma mercadoria
das redes mercantis a partir dos Grandes Navegações. O africano foi liberado
pelo buraco negro simbólico - que estacionou ao lado da Terra - como mercadoria
de um capitalismo mercantil que está na origem do modo de produção
especificamente capitalista. A injustiça é a estrutura que articula o
mundo-da-vida moderno que teve como motor o capital mercantil como a máquina de
guerra totalitária que antecede na aurora da modernidade o grande capital
industrial.
No Brasil, a inexistente ciência
política disciplinar e o jornalismo dos quatro costados insistem que os USA é
um país democrático, um país de uma cultura política democrática com esta
mancha antidemocrática: a racialização da sociedade. Se a racialiização não é
um problema sociológico, o que ela é de fato? Não se trata de uma racialização
sociológica espontânea entre brancos e negros. A racilização não é um fato da
cultura política americana no mundo-da-vida? Ela é externo-centrada em relação
à vida democrática dos USA? Uma herança patológica do modo de produção
escravista colonial americano? Se é assim, tal modo de produção foi o motor da
constituição de uma cultura política totalitária secular que é parte do
mundo-da-vida americano no século XXI. A opinião liberal norte-americana
acredita que se a população da força policial for inundada por negros, a
racialização será desfeita como laço social e a questão da violência policial
resolvida. No Brasil, a força policial é constituída de negros e mestiços – em
sua maioria – fazendo parte de uma máquina de guerra híbrida totalitária que –
segundo a Anistia Internacional – assassinou 1000000 de negros e mestiços nos
últimos 30 anos. Isso é a cultura política totalitária brasileira que cultiva e
articula máquinas de guerra totalitárias. Não se trata de patologia, mas de
normalidade e normalização da sociedade brasileira no mundo-da-vida. Por que
nos USA isso é uma simples patologia curável com a engenharia social dos
saberes inexistentes da sociologia, da antropologia e da ciência política
agenciados pela boa-vontade do poder americano?
A PESTE NEGRA POLÍTICA
A CPI da Petrobrás recebeu o
Tesoureiro do PT para interrogatório. José Vaccari Neto representa a burocracia
do PT e ele é provavelmente da facção stalinista que domina o partido desde que
José Dirceu assumiu a Secretaria Geral deste aparato político. Este já foi a
esperança utópica de representação da praxis manufatureira política capaz de
produzir um país próspero e livre. A
maioria do eleitorado acreditava nisso de 2003 até o fim de 2014. Hoje, o PT é
anátema!
A burocracia do partido e a
representação parlamentar do PT construíram a versão – tecida pelo marqueteiro
do partido João Santana – de que o partido é inocente, que ele não fez nada. O
discurso do PT diz que a Crise da Petrobrás não existe (assim como não existe a
CRISE BRASILEIRA) e a prova disso é a vitória de Dilma Rousseff na eleição de
2004. O PT ignora a queda brusca da popularidade da presidenta e do governo (e
a sua possível desintegração) a taxas alarmantes mesmo para o mais autista dos
políticos. O autismo é o traço unário do político brasileiro. Essas taxas são a
prova matemática de que a CRISE BRASILEIRA caiu na boca do povo. Mas o trabalho
da toupeira é invisível.
Um funcionário do Congresso espalhou
ratos na sala da CPI e foi imediatamente demitido por Eduardo Cunha, presidente
da Câmara Federal. O rato é um animal que vive nas catacumbas e nos esgotos e sempre
foi uma ameaça à humanidade. Ele é o portador da peste negra que costumava
dizimar as populações da terra até o advento da era moderna. Para o funcionário
da Câmara, o conceito concreto de político brasileiro (condensado no PT) significa
a peste negra política. Trata-se de uma peste que pode também trazer a morte à
população. O político que espalha a peste negra é o avesso da elite
republicana. Ele é a prova definitiva que não existe uma ELITE REPUBLICANA e,
portanto, ele é a CERTEZA da impossibilidade de solução da CRISE BRASILEIRA
dentro do arcabouço constitucional da República Democrática de 1988. A solução
da elite-peste negra é demitir o funcionário e, se puder, calar todos aqueles
que estejam mostrando que a peste é a lógica do desmoronamento do país. O gesto
de Eduardo Cunha foi um ato totalitário aplaudido pelo PT e por quase todos os deputados
presentes na reunião da CPI. Este episódio de ratos e vaccaris no Congresso Nacional não jogou
uma estranha luz no conceito concreto POLÍTICO BRASILEIRO?
DA TIRANIA/FERNANDO PESSOA
No Brasil, Fernando Pessoa é
apenas conhecido, principalmente, por sua poesia. O livro “Ultimatum e páginas
de sociologia política” é um livro sobre física da política. É um livro de 1918
escrito por causa da Primeira Guerra Mundial. Esta é concebida como um fato do
campo dos instintos, ou seja, do inconsciente político europeu. O conceito de
tirania de Fernando Pessoa tem como essência a ideia de força: “Temos, pois,
que a tirania é o exercício de força”. A essência da força tirânica é o que
nos: “obriga absolutamente a fazer ou deixar de fazer uma cousa, sem que
possamos tomar outro partido; ou nos obriga a fazer ou deixar de fazer uma
cousa, castigando-nos ou sujeitando-nos a prejuízos e a males vários de tomamos
outro partido”. Há três espécies de força: a forca física; o número; o habito
(tradição e fantasma do futuro=utopia). Há várias formas de tirania como, por
exemplo, as tiranias religiosa e política. Quando rezo, a tirania religiosa é a
força aplicada por mim em mim. A Inquisição foi tirania política exercida em
nome da religião católica. O homem (mulher ou criança) bomba é tirania política
em nome do Islã político.
Uma forma de tirania é a TIRANIA
DO DESTINO, a única tirania absoluta. A tirania do destino substitui o acaso
pela lei natural, a sorte é tragada pelo determinismo. Quando na política de um
país (de um povo) é suprimido o acaso e ele passa a ser regido pelo
determinismo da lei natural, isso é a mais totalitária das tiranias: a tirania
do destino. Qual força tirânica (como um conjunto de forças que constituem um
poder político unitário em um quadro global de forças) constitui-se como uma
aplicação global de força que determina o destino do Brasil? A nossa tirania do
destino NÃO é ter uma elite impotente para solucionar a CRISE BRASILEIRA? As
páginas de Fernando Pessoa (sobre a política como física das forças do
inconsciente político e da razão) não podem jogar uma luz sobre a tirania do
destino brasileiro? O poeta diz: “Uma ideia expressa é uma força; nunca é
demais fazer valer os direitos da Inteligência”! A poesia da física da política
não pode ser uma força capaz de reverte a tirania do destino?
FÍSICOS LITERÁRIOS DA
POLÍTICA/MACHADO DE ASSIS
Já está estabelecido Fernando
Pessoa como o maior físico poética da política em língua portuguesa. Agora
estabelece-se Machado de Assis como o maior físico literário da “última flor do
Lácio, inculta e bela”. O conto em extensão “O Alienista” é um objeto
físico-literário, uma obra-prima da interseção da ficção com a cultura política
na superfície literária do mundo-da-vida O General Golbery do Couto e Silva foi
o gênio da raça política da ditadura militar? Quem disse esta barbaridade? Já
Machado de Assis é o gênio da raça universal. “O Alienista” poderia constar no
cânone literário ocidental como o conto mais canônico da língua portuguesa ao
lado do Hadji Murad, de Tolstoi, o mais canônico dos contos canônicos da
literatura ocidental.
A estrutura da superfície da
cultura política literária do mundo-da-vida de Itaguaí (Rio de janeiro) faz
dessa cidade um objeto que é a junção de uma cidade ficcional com uma cidade
real, ou seja, uma cidade mitológica. Com o nosso Machado, Itaguaí torna-se um
significante ficcional-real da física da política brasileira. Há um
contraconceito de poder nessa física. Ele é um conceito dialético do choque de
forças entre a aplicação de violência física-simbólica do poder psiquiátrico
sobre a população e a reação da cidade como força autodefensiva (contraforça): “A
ideia de meter os loucos na mesma casa (hospício),
vivendo em comum, pareceu em si mesma um sintoma de demência, e não faltou quem
o insinuasse à própria mulher do médico” (Machado. O. C: 254). Depois a cidade
se rebelou contra a Casa Verde: “Morra o Dr. Bacamarte! Morra o tirano! uivaram
fora trezentas vozes. Era a rebelião que desembocava na Rua Nova” (Idem: 271)).
Para os amantes de Michel
Foucault, “O Alienista” pode ser reconstruído pela episteme política
microfísica do poder: a cidade com um território geográfico literário ocupado
por um dispositivo de saber-poder: a psiquiatria. Para a física da política,
Itaguaí é o território físico-literário ocupado por uma máquina de guerra
psiquiátrica literária. Trata-se da máquina de guerra psiquiátrica mitológica
que teria criado o protótipo literário do hospício Juliano Moreira carioca de Jacarepaguá: o campo de concentração para
psicóticos. Os contraconceitos estratégicos do Alienista são: a superfície
literária da cultura política como mundo-da-vida; a máquina de guerra
psiquiátrica mitológica e a cidade como contrapoder.
O alienista é a narrativa sobre o
médico Simão Bacamarte que caminha para atingir sua finalidade em Itaguaí como máquina
de guerra psiquiátrica – regulamentada pelo poder legislativo - contra todas as
expectativas: “_ Os cálculos não são precisos, disse ele, porque o Dr.
Bacamarte não arranja nada. Quem é que viu agora meter todos os doudos dentro
da mesma casa? _Enganava-se o digno magistrado; o médico arranjou tudo. Uma vez
empossado da licençcomeçou logo a construir a casa” (Idem: 255). A cidade
inteira ia sendo encarcerada como louca como um personagem do “Elogio da
Loucura”: _ Nada tenho a ver com a ciência; mas se tantos homens em quem
supomos juízo são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o
alienista?” (Idem: 270). Se o Dr. Simão Bacamarte ressuscitasse hoje quem ele
encarceraria na Casa Verde: o PCPT ou a classe política brasiliense? Ambos?
CUBA/USA
A aproximação entre Cuba e os USA
é um signo capaz de enviar um conjunto de sinais, capaz de articular múltiplas significações.
Obama é esta máquina de guerra política americana que tem o poder quase divino
de provocar uma mudança histórica no imaginário latino-americano. Guevara
estabeleceu que com Cuba a América seria duas: a América dos USA (e Canadá) e a
América Latina. Não se trata de uma repartição entre uma América anglófila e
uma América luso-espanhola (latina)? Esse fantasma do passado é um hábito-força
que se juntou a um hábito-força fantasma do futuro (socialismo realmente
existente) que Cuba queria tornar sangue e ossos em toda a América
luso-espanhola. Assim, a história política das Américas tornou-se uma história
determinada pela lógica fantasmática. O fim da Guerra Fria não esconjurou a
lógica do fantasma do futuro que parecia ter se materializado nos corpos
políticos dos governos petistas (=Lula) e dos bolivarianismos no século XXI.
Octávio Ianni diria que tal ciclo histórico está sendo encerrado e com ele o
gozo conspiratório da história fruído principalmente pela esquerda.
Os USA patrocinaram golpes de
Estado em toda a América Latina (latrina política para norte-americanos como Henry
Kinssinger e o general Wernon Walters). Vivi toda minha infância, adolescência
e uma parte longa da minha vida adulta em uma ditadura militar que os USA
ajudou a implantar e a se reproduzir em nome da luta contra o comunismo. É
praticamente impossível esquecer tal fato! João Goulart, JK, Miguel Arraes e
Brizola eram comunistas? O golpe de Estado USA+ militares totalitários+
oligarquia brasileira foi desfechado contra eles! Foi um golpe de Estado que
interrompeu o desenvolvimento do conceito concreto de democracia no Brasil e da
constituição da elite republicana, entre nós. A corrupção na escala ciclópica é
uma obra política da aliança dos generais com os coronéis do SERTÃO ARIANO! Esse é o mais fáctico significado do
conceito de ditadura militar brasileira: corrupção e antires publicanismo.
Agora que chegou a hora da onça descer para beber água (a CRISE BRASILEIRA), o
país talvez se empenhe em simbolizar a partir das significações que Obama e
Raul Castro estão doando à América. Obama é a máquina de guerra imperial de um
império agora inexistente. Em relação à Cuba, o ato de Obama obedece a um
cálculo político da lógica do desmoronamento do conceito concreto IMPERIO
AMERICANO!
CRISE BRASILEIRA/2015
http://politicajosepaulobandeira.blogspot.com.br/2014/09/crise-do-modelo-politico-brasileiro.html
(16/09/2014)
http://politicajosepaulobandeira.blogspot.com.br/2014/09/crise-brasileira-critica-da-razao.html
(23/09/2014)
Comecei a estabelecer o conceito
de CRISE BRASILEIRA em 16/09/2014 e 23/09/2014. Estava ministrando na
universidade um curso chamado “Crises da realidade brasileira”. A turma era
formada por uma maioria de alunos petistas e do PSOL. Os alunos interpretaram o
conceito como uma tentativa de ganhar votos para Marina Silva em um reduto do
PT e de Dilma Rousseff. Na época, o PCPT não existia e os textos foram
publicados no meu blog. Em setembro de 2014, a ideia de crise brasileira era
vista como um simples delírio professoral. Freud diz que se você delira
sozinho, você está louco. Se outros participam do teu delírio você não está
louco, pois o delírio que faz laço social não deve ser catalogado como loucura.
Freud não considerava Hitler louco! Em 2015, o delírio crise brasileira é a
linguagem-espelho da realidade! Até FHC usa o termo crise brasileira.
O conceito concreto CRISE
BRASILEIRA é a síntese de múltiplas contradições e determinações. Na velha linguagem
usada por FHC é a crise que contém várias crises: econômica, política, moral
etc. Como contraconceito, a CRISE BRASILEIRA é a crise das cadeias de
significantes (econômica, política e cultural) sobredeterminada por um
significante. Este é a junção da cultura totalitária com a cultura oligárquica.
Os leitores do PCPT já sabem que a interseção do totalitarismo com o
oligárquismo se define na episteme política “Engenho de cana de açúcar”. Tal
episteme nasceu no Nordeste brasileiro e seu maior interprete continua sendo
Gilberto Freyre? Trata-se da dialética senhor versus escravo metamorfoseada em
dialética entre o inconsciente político ariano e o inconsciente político
mestiço. [Gilberto concebeu o Engenho pela dialética senhor ariano e escravo
(negro)]. Trata-se do discurso do senhor
do engenho como modelo da episteme política que tem articulado a nossa história
política, desde o Brasil colonial. Sim! Caio Prado Jr sempre teve razão! A
história brasileira é a repetição (diferente e lúdica) do modelo Brasil
colonial! Ele só não podia saber o quanto esta verdade é verdadeira! Caio Prado
diz que a revolução brasileira ou se faz por uma ruptura radical com o Brasil
colonial, ou não se faz!
Agora, a Crise Brasileira está se
transformando na lógica do desmoronamento das classes sociais subalternas
urbanas: classe operária e classe média. Na imprensa, o recatado sacerdote do
jornalismo independente Juan Arias já escreve sobre a necessidade de uma
ruptura política, antes que seja tarde demais. Este jornalista espanhol-brasileiro
representa os interesses das classes subalternas e do país na nossa cultura.
Ele é o movimento das contradições do passado, presente e futuro na cultura. No
entanto, Dilma Rousseff diz para todos os presidentes das Américas – reunidos
para encerrar o fim da Guerra Fria no continente americano- que não há crise no Brasil. Ela é o avestruz
que enterra a cabeça sob a terra para deixar a tempestade de areia passar na
Austrália ou em algum desenho animado norte-americano da minha infância! Só
falta os petistas substituírem o marketing de João Santana por cantigas de
nina! O PCPT está esperando ansioso!
DIALÉTICA E POLÍTICA
Engels foi severamente reprovado
por sua dialética da natureza. Ele tentou conceber a NATUREZA por uma episteme
política ignorada pela comunidade científica e odiada pela filosofia
positivista. Hegel concebeu a NATUREZA como impossibilidade epistêmica. Engels
não devia ter ignorado este axioma do mestre da dialética moderna. Vanguarda
das máquinas de guerra de pensamento capitalista, a filosofia positivista sempre
considerou a dialética materialista uma pseudofilosofia e um método científico naïf.
Ela ignorou que Lenin usou a dialética materialista para fazer a Revolução
Russa em um país semicapitalista. Os positivistas consideram a Revolução
Bolchevique algo da lógica fáctica, da lógica dos fatos. Lenin que sabia que a
dialética é a lógica artefatual dos fatos foi além do conceito de revolução
marxista impossível na Rússia semicapitalista e dominantemente feudal. O
conceito dizia: só se pode fazer revolução socialista nos países capitalistas
desenvolvidos. Então, Lenin transitou do conceito para a Ideia de revolução. No
“Cadernos sobre a dialética de Hegel”, ele concebeu a Ideia de revolução, ou
seja, o contraconceito de revolução: “O conceito não é ainda a noção mais alta;
ainda mais alta é a “Ideia” = unidade do conceito e do real”. Essa episteme materialista
dialética contida na episteme global RSI (Real/Simbólico/imaginário) de Lacan diz
que o REAL é a lógica fáctica. Mas, ele é, essencialmente, o buraco negro do
conceito dialética materialista. Mas não do contraconceito dialética
materialista. O conceito europeu de revolução social pode cair no buraco negro
oriental europeu (e depois asiático) e ser liberado como contraconceito Revolução
Russa (e Revolução chinesa). Diante destes fatos históricos, o positivismo é
apenas uma máquina de guerra ideológica capitalista niilista!
O contraconceito de CRISE
BRASILEIRA é parte da episteme (contraepisteme) da física da política. Na
lógica da contraepisteme desta física, o conceito de crise brasileira está
sendo atraído pela gravidade da energia narcísica do buraco negro (= REAL). Por
canais misteriosos, Dilma Rousseff sabe que o Real pode tragar a multidão na rua.
Então, ela espera isso, ou seja, isso que para ela é um fenômeno misterioso. Ela
deve se achar um personagem do filme Hobbit. O Real brasileiro deve ser visto como
a estrutura que sustenta a distância absoluta entre a superfície política do
mundo-da-vida (RUA) e a política institucional. Trata-se de uma estrutura
totalitária. Nesta estrutura, o partido é e não é partido. A física da política
pensa o partido como força. E Lenin diz que “a força é a unidade negativa na
qual é resolvida a contradição do todo e da parte”. Um partido como instituição
política é uma força constituída para levar para a política institucional a
lógica da multidão, se esta representa a maioria da população: força numérica
(todo). Assim. o partido resolve a contradição entre si (parte) e o todo
(Nação).
O partido deixa de ser um partido
quando a sua lógica passa a ser apenas a lógica da parte desligada do todo:
privatismo político. Ele deixa de ser um partido e passa a agir como máquina de
guerra política de uma cultura política totalitária-oligárquica. Nessa
contraepisteme política, a dialética
materialista é a dialética do inconsciente político. A política não é um agir
orientado pelas consciências. Isso é o mínimo que uma política do homem poderia
almejar! Ela é hoje no Brasil o domínio das maquinas de guerra política,
mediática, jurídica. Por isso, o leitor não deve se impressionar com a
sociedade do espetáculo das máquinas de guerra. Em algum momento, o buraco
negro pode também tragar as máquinas de guerra e liberar a revolução
brasileira!
NAÇÃO/ELITE NACIONAL
Um europeu disse que a nação é
uma comunidade imaginada. Ele esqueceu de dizer que ela não é apenas da ordem
do imaginário. Ela é também um artefato simbólico fabricado na interseção da
cultura em si com a cultura política no mundo-da-vida e na política in nuce. A
União Europeia tem o lado do desmoronamento da lógica articuladora das nações
europeias? Nas duas grandes guerras mundiais, as nações europeias viram e
viveram o espetáculo de banhos de sangue de dezena de milhões de pessoas no
enfrentamento dessas nações como magnas máquinas de guerras psicóticas. O
enfrentamento principal na Segunda Guerra foi entre duas magnas máquinas de
guerra psicóticas e totalitárias: Hitler e Stalin. Cansados de tais máquinas de
guerra psicóticas, uma elite ilustrada imaginou a União Europeia. O globalismo
neoliberal da década de 1990 parece ter atribuído um sentido apenas capitalista
a tal projeto de unidade da Europa. Então, a coisa toda é sugada pelo buraco
negro simbólico estacionado na política mundial.
O Brasil também foi fabricado
como comunidade imaginada e artefato simbólico nacional. Apenas para ficar em
um exemplo, o conceito de cultura brasileira de Gilberto Freyre era essa
fabulação imaginária e simbólica do Brasil-nação. As religiões
afro-brasileiras, o sincretismo religioso, a Semana de Arte moderna, a música
clássica de um Vila Lobos e a música popular brasileira - que encantaram
brasileiros e até estrangeiros - são – foram – um agenciamento da riqueza
narcísica (energia narcísica) para o cultivo e a articulação do Brasil-nação.
Isso exigiu uma vontade de saber-poder voltada para a construção da nação e
para a sua reprodução. Qual foi o papel da classe política nesse processo
cultural em si e cultural político? Nenhum? Entre nós, a classe política não se
constitui culturalmente como elite nacional. Os marxistas latinos americanos já
baterem suficientemente nesta tecla. O fascínio pela Cuba de Fidel não se
encontra no fato de uma ilha do Caribe ter engendrado uma elite como elite
nacional ao lado dos USA? Os norte-americanos não têm sua elite nacional como
um dos tesouros do Tesouro dos USA? Agora, que o capitalismo constituiu-se como
uma máquina de guerra econômica antinacional como devem os latino-americanos (e
o Brasil) agir diante desse fato?
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