segunda-feira, 13 de abril de 2015

EPISTEME E POLÍTICA


CHARLES DARWIN: máquina de guerra cientifica da biologia
A teoria biológica de Darwin já estava encaminhada em 1939. Mas este cientista era um membro da cultura política da ordem (anglicana, vitoriana, Wigh) em choque com a cultura política contra a ordem: socialista, anárquica, reformista. Durante vinte anos o manuscrito Origin os Species foi cuidadosamente guardado no estúdio de Darwin. Por causa desta investigação científica, ele apresentava um quadro de estado paranoico. Ele se isolou, evitou festas e declinou convites ingênuos; chegou a instalar um mecanismo do lado de fora de seu estúdio para espiar os visitantes que subiam a rampa de sua casa; recusou-se por vários anos a dormir em qualquer outro lugar, a não ser que a casa fosse segura, casa de algum parente mais próximo. Ele tinha medo de ser assassinado? Ele concebia a sociedade habitada por máquinas de guerra, inclusive, no mundo-da-vida?
Nosso biólogo inglês emerge na cultura política mundial como uma máquina de guerra científica do campo da biologia moderna em 1859. Neste ano, Darwin foi praticamente forçado a publicar seu livro. Mas o fez com apenas algumas sugestões escassas sobre as origens do homem. Os 20 anos de ocultamento dos estudos sobre as origens das espécies significam que Darwin sabia do choque simbólico traumático que seu livro ia produzir na cultura científica, em geral, e na cultura política dominante do império ocidental onde o Sol nunca se põe?
Sua biologia falava de contingência e acaso na história natural e articulava uma rede de significantes que explicavam a vida como um estado permanente de guerra. A pulsão de morte de Nietzsche e Freud tem uma raiz na ciência biológica? Da rede de significantes darwinista caiu o objeto a (dejeto ou lixo simbólico) atraído pela gravidade do campo do campo da cultura liberal Vitoriana. Tal lixo foi capturado pela vulgata darwinista liberal do modo de produção especificamente capitalista. Na cultura liberal darwinista (“darwinismo social”), o progresso da sociedade - assim como a evolução da natureza – desenvolve-se pelo extermínio dos indivíduos mais fracos (não adaptados). A competição anárquica, o livre comércio, o imperialismo inglês, o extermínio de raças, a desigualdade de sexos, a inferioridade dos negros eram fatos naturais e a biologia darwinista o paradigma para a explicação da história da humanidade. A biologia darwinista tornou-se um significante-mestre do discurso do capitalista da era liberal no século XIX. Não foi um acaso o funeral deste mais notável cientista que já existiu acontecer na Abadia de Westminster. Como explicar que o corpo não tenha sequer sido sepultado nesta Abadia?
O livro “Darwin. A vida de um evolucionista atormentado” trabalhou com o conceito de cultura política para reconstituir a vida do nosso biólogo. Agora trata-se de refazer a vida de Darwin tendo como ponto de partida o contraconceito cultura política do campo da física das máquinas de guerra científicas e culturais políticas que fabricaram materialmente e dialeticamente a era moderna no século XIX. Trata-se de pensar Darwin como a máquina de guerra científica do campo da biologia que gerou uma revolução quase bíblica no campo das ciências e da cultura política capitalista. Então, por que Marx o admirava incondicionalmente? Será que Marx viu em Darwin a possibilidade do marxismo ser algo homólogo à uma ciência biológica. Pensou na possibilidade da ciência da história ex-sistir e funcionar como história econômica universal natural? O contraconceito de capital não estabelece que este é uma máquina de guerra econômica (homóloga a espécie humana como máquina de guerra natural) já existente na mais antiga história da civilização? O capital instala a guerra na sociedade assim como a espécie humana instala um estado de guerra permanente contra a natureza? Darwin e Marx estão mortos para o século XXI?      


MERCADO: GUERRA E PAZ
Max Weber diz que na história universal o mais frequente na criação das cidades era a coexistência uma grande máquina de guerra patrimonial principesca (ou senhorial territorial) com o mercado. A grande máquina de guerra política da antiguidade é definida a partir do conceito “administração política”. Este conceito trabalha pela lógica do poder a partir da qual um quadro administrativo em si ou uma burocracia irracional (só existe burocracia racional na era moderna tardia que se caracteriza pelo uso limitado da violência regulado pelo direito moderno) usa violência física sem limite sobre a população para garantir uma determinada ordem vigente em determinado território geográfico em um certo período de tempo. A lógica do poder ex-siste e é articulada em uma cultura política concreta associada a um determinado inconsciente político.
O conceito de mercado pode ser definido como associação econômica? Ou melhor seria adiantar para o leitor que se trata de um contraconceito do campo da física das máquinas de guerra. Se o capitalista é a personificação do capital. O mercador é a personificação da lógica do mercado, da lógica da mercadoria, da lógica do valor. Se a lógica do poder é concreta a lógica da mercadoria é abstrata. Mas o mercado tem o seu lado concreto, pois ele é habitado por máquinas de guerra econômicas. Estas se caracterizam pelo uso da violência econômica (física, mas principalmente simbólica) para desfazer o laço econômico (laço social) do “inimigo” em uma hiperdialética. Trata-se de uma dialética onde a dialética concreta   é mais dialética do qualquer conceito de dialética. É o contraconceito de  dialética.    Entretanto, a cidade não é o lugar do mercado que bloqueia (às vezes obtêm êxito, às vezes não) a lógica da máquina de guerra econômica. A cidade é essa estrutura que busca a paz econômica, antes de se definir como algo que buscava a paz pública.
O incomum historiador Fernand Braudel já pensa o mercado constituídos por redes, malhas e conquistas. Toda rede mercantil associa uns aos outros certos números de indivíduos, de agentes (máquinas de guerra econômicas), pertencentes ou não à mesma firma, situados em vários pontos de um circuito ou de um feixe de circuitos. O comércio vive desses revezamentos, dessas cooperações e ligações que se multiplicam como por si sós com o crescente sucesso do interessado. O laço econômico é um laço social fundado na confiança e na obediência cega. A lógica econômica concreta se instala como uma cultura política mercantil baseada no entendimento e na colaboração mercantis. Isso exige fidelidade, confiança pessoal, exatidão, respeito pelas ordens dadas: uma espécie de ética comercial muito rigorosa. Talvez não seja demais dizer que tal cultura política funciona por uma solidariedade mercantil que tem a força de lei ocidental (força simbólica) similar à solidariedade de classe social. No entanto a lógica da solidariedade mercantil é confrontada na rivalidade dos negócios, de indivíduos a indivíduos e, mais ainda, de cidade a cidade ou de “nação” a “nação”. As redes mercantis completam-se, associam-se, substituem-se, afrontam-se também. Há “inimigos complementares”, há coexistências hostis, feitas para durar. Frente a frente durante séculos, os mercadores cristãos e os mercadores da Síria e do Egito fizeram a guerra econômica mas sem que a balança se desiquilibrasse entre “inimigos econômicos” indispensáveis uns aos outros. Braudel pensou a guerra econômica das máquinas de guerra mercantis como uma dialética que não é nem a dialética de Hegel, nem a de Marx, nem a dialética negativa de Adorno. Trata-se da dialética que contem em si a guerra e paz como lógica que busca não a destruição do objeto ou a síntese das redes mercantis antagônicas. É preciso pensar em uma dialética que evita tanto a identidade absoluta entre sujeito e objeto ou a autonomia absoluta deles. A dialética mercantil tem como lógica a sustentação da autonomia relativa entre sujeito (máquina de guerra) e objeto (inimigo econômico). Enfim, o mercado mundial é constituído por redes mercantis que tem como nós máquinas de guerra econômicas de diferentes tipos, espécies, cores e sabores. Mas como diz Aristóteles fazemos a guerra para viver a paz (econômica).
  O liberalismo econômico autista prega que o mercado obedece meramente à lógica pacífica. Como Braudel mostrou o mercado é um geostóricosignificante que contém a guerra, a paz e as máquinas de guerra mesrcantis. Isso já é o contraconceito de mercado na física das máquinas de guerra. Braudel fez a física da história econômica mercantil. O liberalismo econômico faz uma defesa do mercado como o lugar da autonomia de decisão, da liberdade de comprar e vender, de investir, de empenhar-se. Mas na alcova admite as escolhas não assim tão livres, pois estão limitadas pelos recursos sempre nas mãos de poucos. Os recursos são um monopólio de poucos ricos (oligarquia) que querem transformar o mercado no alfa e no ômega da política mundial. O mercado é o motor do mundo e a explicação final da vida. Assim uma aristocracia econômica pretende ser o dominus da história política universal (totalitarismo econômico) no lugar do Urstaat. Este que sempre foi o significante-mestre universal da história política universal enredada no inconsciente político ariano (=mito). Para o totalitarismo econômico (inclusive para o economicismo de Marx) o mercado seria a passagem do mito para a história?   

BURACO NEGRO SIMBÓLICO
 “Stephen Hawking descreve no artigo que o que existe no buraco negro não é nem o horizonte de eventos nem o "firewall", mas um “horizonte aparente”. Esse fenômeno seria capaz de reter e manter a matéria temporariamente, com a possibilidade de liberá-la posteriormente, porém em um formato totalmente distorcido e "bagunçado".
“O objeto caótico em colapso irá irradiar de forma determinística, porém caótica. Será como a previsão do tempo na Terra. Ela é determinada, mas caótica, então há perda efetiva de informação. Não é possível prever o clima com mais de alguns dias de antecedência”, compara Hawking, na conclusão de seu artigo.
Em entrevista à “Nature”, o físico Don Page, especialista em buracos negros da Universidade de Alberta, no Canadá, afirma que a nova teoria de Hawking é plausível, porém radical ao apresentar a possibilidade de que “qualquer coisa, em princípio, poderia sair de um buraco negro”.
Esta teoria do buraco negro de Stephen de Hawking é o ponto e partida para pensar o contraconceito de buraco negro simbólico da física das máquinas de guerra. O “horizonte aparente” é o centro de gravidade constituído por energia narcísica que atrai a matéria RSI (Real/Simbólico/Imaginário) da história política universal como objeto caótico em colapso que irá irradiar de forma determinística, porém caótica, a liberação  posterior de  máquinas de guerras de várias espécies. Em determinadas épocas históricas, a matéria liberada transforma a terra em um território geostórico caótico onde só existem máquinas de guerra totalitárias e escravos (ou povos a serem escravizados) como a Idade Média Europeia (e o Brasil colonial). Neste tempo geostórico, o significante dominação weberiano é realmente um tipo ideal que raramente se instala na terra.     
Tal episteme totalitária (RSI) age sobre o mundo aplicando força sobre o caos do cérebro constituindo discursos que articulam a história política universal desde a civilização arcaica. O discurso do mestre é o primeiro artefato epistémico na produção de tal história através da articulação de cultura política totalitária e das máquinas de guerra totalitárias derivadas de tal cultura. O buraco negro simbólico é compatível com o contraconceito de repetição  Nietzschiana (eterno retorno do mesmo) para a história política universal. Já a algum tempo, um buraco negro simbólico está atraindo a matéria do RSI {homem (grego), humano (Freud), instituição política (Weber) etc.} e liberando Coisa totalitária na superfície política do mundo-da-vida e na política stricto sensu. No mundo-da-vida, há liberação de nanomáquinas de guerra em escala planetária no lugar da humanidade. Na política stricto sensu, o homem moderno condensado em instituição política (que se define pelo uso inibido de violência) está sendo substituído por cultura política totalitária que articula máquinas de guerra totalitárias que se definem como um polígono. No primeiro lado deste polígono, encontra-se o Urstaat que é liberado pelo buraco negro simbólico - modelo arcaico de toda e qualquer máquina de guerra totalitária. O discurso do mestre é o outro lado do polígono totalitário que libera cultura política que estrutura o mundo a partir da estrutura RSI INJUSTIÇA. Trata-se de um polígono totalitário menor dentro do polígono maior totalitário. Os vários lados da INJUSTIÇA são: a) fazer o mal sem ser punido; b) sofrer o mal sem reparação; c) usar o poder para ajudar os amigos; c) usar o poder para prejudicar os outros (objeto=inimigo). Este é o RSI que está sendo liberado caoticamente pelo buraco negro simbólico estacionado próximo à TERRA. Pura ficção científica?     

INTELECTUAL/COMÉDIA
O conceito de intelectual passou para o proscênio da vida cultural com Gramsci. Com este marxista italiano e fundador do PCI, o intelectual passou a existir – de um modo distinto do homo clausus cultural burguês – como agente da articulação da cultura com a política. Trata-se obviamente do intelectual “orgânico” em um contraponto ao intelectual inorgânico. Mas Gramsci vai além! O Príncipe Moderno é o intelectual coletivo na figura do Partido Comunista. Para existir, o Príncipe necessitava da existência do intelectual hegemônico. Esta episteme política marxista concebia a política moderna – talvez a política ocidental em várias épocas – como dominação e hegemonia. A dominação se refere ao exercício do poder político pela violência física exercido por uma máquina de guerra militarizada. A hegemonia significa o exercício do poder político exercido pelo discurso ideológico no território da cultura através dos intelectuais. Com a cultura industrial de massas, o exercício desse poder ideológico adquiriu uma importância descomunal. Mas afinal, o que é o poder?
O poder é a aplicação de força sobre determinada matéria (objeto). A aplicação física pode chegar até a desintegração do objeto. Quando o Estado age como uma máquina de guerra militarizada aplicando força sobre a multidão, a finalidade política, em geral, é a desintegração do objeto (multidão). O poder ideológico é uma espécie de poder político cuja aplicação de força simbólica sobre o objeto-multidão a desfaz como laço social. No Brasil, a ação da televisão contra a multidão de 2013 buscava esta finalidade. Trata-se da televisão, especialmente, como máquina de guerra clowniana que faz da comédia vulgar a sua arma simbólica contra a multidão. Nesta máquina ideológica, os seus intelectuais são clowns eletrônicos que dramatizam a violência da multidão como algo terrível. O clown ideológico faz as massas televisivas gozarem com a violência das máquinas de guerra do mundo-da-vida no cotidiano apresentando-a como comédia vulgar, e, simultaneamente, condena a violência da multidão como quase terror, como quase terrorismo. A lei contra o terrorismo no Congresso é uma lei tecida – com imagens e palavras – pela televisão. E tudo isso se passa no terreno da hegemonia? No lugar da produção de ideias, a televisão irradia palavra-imagem. Isso é um espelho d’água narcísico que captura o desejo grotesco das massas de espectadores: sentir horror. Essa energia narcísica articula as massas de espectadores ao inconsciente político ariano!
Gramsci acreditava que a produção de ideias hegemônicas organizava um espaço de interseção entre a cultura e a política. Esta seria a função dos intelectuais no funcionamento do poder político. Hegemonia versus contrahegemonia seria o resultado de uma dialética que, no terreno da cultura, opunha intelectuais representando classes antagônicas. Assim, poder e contrapoder seriam artefatos simbólicos da sociedade de classes. Não é preciso um grande esforço para entender que a teoria gramsciana do intelectual perdeu sua substância: a dialética da sociedade de classes. Então por que os intelectuais universitários continuam dizendo que a política é pautada pela lógica direita versus esquerda? Baixa comédia? Eles continuam fazendo de conta que a direita representa o capitalismo e a esquerda o socialismo! Essa é a função atual do intelectual? Fingir que há um espaço de exercício da hegemonia capitalista e de contrahegemonia socialista? Enquanto o intelectual moderno gramsciano brinca de fazer política no plano das ideias, a cultura industrial de massas é o poder clowniano que age no plano fáctico 24 horas por dia, todos os dias, de segunda à segunda. Isso é a verdadeira comédia de massas. Esse poder faz e desfaz, cotidianamente, os laços simbólicos da população quanto à capacidade desta de interpretação da crise nacional. Mas a comédia foi sempre um monopólio cultural do poder usado pela cultura política totalitária como um exercício de força simbólica para desfazer a multidão como laço social? 
No século XII, os clérigos goliardos constituíram-se como uma contramáquina de guerra clowniana transformando a política em alta comédia através da poesia satírica. A ordem feudal taxou-os de errantes, vagabundos, lascivos, pseudo-universitários e bufões. Eles misturavam, com muita competência, a vida clerical, a vida universitária e a bufonaria da feira. Como surgiu esta contramáquina de guerra poética satírica em um mundo que tinha horror, sobretudo, à anarquia intelectual e a comédia? A poesia goliárdica atacava todos os representantes da ordem no século XII: o eclesiástico, o nobre e até o camponês. Na Igreja, os alvos favoritos dos goliardos eram o papa, o bispo e o monge. Os goliardos aparecem como a primeira contramáquina de guerra poética que procura promover, dentro do quadro urbano, uma cultura laica. Eles podem ser classificados como um artefato simbólico do espírito grotesco romântico, pois engendraram uma galeria de eclesiásticos metamorfoseados em besta: monge, bispo, papa. Existe hoje no Ocidente algo levemente parecido com esta contramáquina de guerra poética? Trata-se da primeira máquina de guerra intelectual contratotalitária mergulhada em um mundo católico-feudal hiper-totalitário! Charlie Hebdo seria – até ser destruído física e simbolicamente pelo Islã Político – a repetição diferente e lúdica dos goliárdicos? Existe no Brasil a possibilidade de surgimento de um pensamento político que faça da alta comédia uma arma simbólica para a defesa das multidões políticas?      
ERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO/CAPITALISMO DE ENGENHO

A CUT considera que a terceirização das relações trabalhistas seja o fim da CLT. Falando pelo governo, Joaquim Levy é contra o projeto de EDUARDO CUNHA por considerar que ele vai acarretar a imigração do trabalho formal para o terceirizado provocando uma queda fatal para o governo na arrecadação. Para o governo seria, portanto, um problema fiscal enquanto para os trabalhadores é uma questão que atinge os consagrados direitos trabalhistas instituídos na ditadura militar. Para a CUT, o projeto da terceirização é uma ofensiva da burguesia industrial sobre os direitos da classe operária. Trata-se de luta de classes econômica levada no terreno político: Congresso nacional. Toda luta de classe é uma luta política! Em bloco, o PT se bate contra o projeto mostrando que é um partido operário, o partido da classe operária brasileira. Já o governo Dilma Roussef é contra o projeto por ele ser um problema fiscal rotundo! O governo não é o governo da classe operária. Parece pusilânime? O governo quer que a CUT o defenda na rua contra o impeachment, mas nega na prática, em um momento crucial e fatal para os operários, sua ligação orgânica com os trabalhadores. É o velho problema da autonomia relativa do Estado em relação às classes sociais. O Estado pode não ser uma correia de transmissão dos interesses das classes; de nenhuma classe. Marx nos ensinou isso no seu livro “18 Brumário de Luís Bonaparte”. Então, por que o senhor de Engenho político do Vale do Paraíba (líder do modelo por excelência de partido oligárquico entre nós) tornou-se o defensor dos interesses econômicos, políticos e ideológicos do capitalismo no Brasil? O PMDB não é uma instituição política (WEBER), mas uma máquina de guerra oligárquica colonial que volta seus canhões contra a classe operária.  Por quê? Porque tal máquina é organicamente ligada no campo simbólico ao capitalismo autárquico, do capitalismo de engenho tocado a carro de boi. A verdadeira desgraça da classe trabalhadora não é o capitalismo, mas a espécie de capitalismo brasileiro. Os operários são os escravos “modernos” desta forma de capitalismo colonial. O discurso do capitalista no Brasil é o discurso do senhor de engenho: EDUARDO CUNHA!               

RACIALIZAÇÃO/USA
“North Charleston, terceira cidade mais povoada da Carolina do Sul, tem 100.000 habitantes, 47% dos quais são negros e 37%, brancos. O departamento de polícia, entretanto, é composto em 80% por brancos, segundo os últimos dados do Departamento de Justiça, de 2007”.
A força policial branca da polícia norte-americana enlouqueceu? O racismo pode ser concebido como uma coisa ligada ao campo dos afetos, uma paixão que agencia a cólera contra o outro, ou será contra o Outro? A inexistente sociologia disciplinar concebia o racismo como um problema entre dois grupos “raciais”. No caso dos USA entre brancos e negros. Lá, uma gota de sangue negro faz de um branco um negro. Os USA querem que a racialização da sociedade seja um problema biológico. No entanto, a espécie humana é geneticamente mestiça.
A racilização não é um fato biológico, mas um artefato do laço social (=sociedade) da episteme política RSI (Real/Simbólico/Imaginário). Ela é um saber articulado pelo discurso do mestre americano, no caso dos USA. Oliveira Vianna estabeleceu que a episteme política brasileira (episteme do engenho de cana-de-açucar) fez um laço social em torno da relação “étnica entre branco senhorial e mestiço como problema central da história política brasileira. Segundo Vianna, a questão brasileira sempre foi impedir que a comunidade dos mestiços tomasse o poder político material ou Espiritual. Trata-se do discurso do senhor de engenho associado ao inconsciente político ariano em uma dialética com o inconsciente político mestiço. Assim, o Brasil faria parte de uma linha de força da história política universal. Já os USA teriam se constituído por uma linha de força moderna? A episteme política americana seria uma liberação do buraco negro simbólico responsável pelo mundo moderno americano que assimilou a população negra africana como uma mercadoria das redes mercantis a partir dos Grandes Navegações. O africano foi liberado pelo buraco negro simbólico - que estacionou ao lado da Terra - como mercadoria de um capitalismo mercantil que está na origem do modo de produção especificamente capitalista. A injustiça é a estrutura que articula o mundo-da-vida moderno que teve como motor o capital mercantil como a máquina de guerra totalitária que antecede na aurora da modernidade o grande capital industrial.        
No Brasil, a inexistente ciência política disciplinar e o jornalismo dos quatro costados insistem que os USA é um país democrático, um país de uma cultura política democrática com esta mancha antidemocrática: a racialização da sociedade. Se a racialiização não é um problema sociológico, o que ela é de fato? Não se trata de uma racialização sociológica espontânea entre brancos e negros. A racilização não é um fato da cultura política americana no mundo-da-vida? Ela é externo-centrada em relação à vida democrática dos USA? Uma herança patológica do modo de produção escravista colonial americano? Se é assim, tal modo de produção foi o motor da constituição de uma cultura política totalitária secular que é parte do mundo-da-vida americano no século XXI. A opinião liberal norte-americana acredita que se a população da força policial for inundada por negros, a racialização será desfeita como laço social e a questão da violência policial resolvida. No Brasil, a força policial é constituída de negros e mestiços – em sua maioria – fazendo parte de uma máquina de guerra híbrida totalitária que – segundo a Anistia Internacional – assassinou 1000000 de negros e mestiços nos últimos 30 anos. Isso é a cultura política totalitária brasileira que cultiva e articula máquinas de guerra totalitárias. Não se trata de patologia, mas de normalidade e normalização da sociedade brasileira no mundo-da-vida. Por que nos USA isso é uma simples patologia curável com a engenharia social dos saberes inexistentes da sociologia, da antropologia e da ciência política agenciados pela boa-vontade do poder americano?      

A PESTE NEGRA POLÍTICA
A CPI da Petrobrás recebeu o Tesoureiro do PT para interrogatório. José Vaccari Neto representa a burocracia do PT e ele é provavelmente da facção stalinista que domina o partido desde que José Dirceu assumiu a Secretaria Geral deste aparato político. Este já foi a esperança utópica de representação da praxis manufatureira política capaz de produzir um país próspero e livre.  A maioria do eleitorado acreditava nisso de 2003 até o fim de 2014. Hoje, o PT é anátema!
A burocracia do partido e a representação parlamentar do PT construíram a versão – tecida pelo marqueteiro do partido João Santana – de que o partido é inocente, que ele não fez nada. O discurso do PT diz que a Crise da Petrobrás não existe (assim como não existe a CRISE BRASILEIRA) e a prova disso é a vitória de Dilma Rousseff na eleição de 2004. O PT ignora a queda brusca da popularidade da presidenta e do governo (e a sua possível desintegração) a taxas alarmantes mesmo para o mais autista dos políticos. O autismo é o traço unário do político brasileiro. Essas taxas são a prova matemática de que a CRISE BRASILEIRA caiu na boca do povo. Mas o trabalho da toupeira é invisível.
Um funcionário do Congresso espalhou ratos na sala da CPI e foi imediatamente demitido por Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal. O rato é um animal que vive nas catacumbas e nos esgotos e sempre foi uma ameaça à humanidade. Ele é o portador da peste negra que costumava dizimar as populações da terra até o advento da era moderna. Para o funcionário da Câmara, o conceito concreto de político brasileiro (condensado no PT) significa a peste negra política. Trata-se de uma peste que pode também trazer a morte à população. O político que espalha a peste negra é o avesso da elite republicana. Ele é a prova definitiva que não existe uma ELITE REPUBLICANA e, portanto, ele é a CERTEZA da impossibilidade de solução da CRISE BRASILEIRA dentro do arcabouço constitucional da República Democrática de 1988. A solução da elite-peste negra é demitir o funcionário e, se puder, calar todos aqueles que estejam mostrando que a peste é a lógica do desmoronamento do país. O gesto de Eduardo Cunha foi um ato totalitário aplaudido pelo PT e por quase todos os deputados presentes na reunião da CPI. Este episódio de ratos  e vaccaris no Congresso Nacional não jogou uma estranha luz no conceito concreto POLÍTICO BRASILEIRO?

DA TIRANIA/FERNANDO PESSOA
No Brasil, Fernando Pessoa é apenas conhecido, principalmente, por sua poesia. O livro “Ultimatum e páginas de sociologia política” é um livro sobre física da política. É um livro de 1918 escrito por causa da Primeira Guerra Mundial. Esta é concebida como um fato do campo dos instintos, ou seja, do inconsciente político europeu. O conceito de tirania de Fernando Pessoa tem como essência a ideia de força: “Temos, pois, que a tirania é o exercício de força”. A essência da força tirânica é o que nos: “obriga absolutamente a fazer ou deixar de fazer uma cousa, sem que possamos tomar outro partido; ou nos obriga a fazer ou deixar de fazer uma cousa, castigando-nos ou sujeitando-nos a prejuízos e a males vários de tomamos outro partido”. Há três espécies de força: a forca física; o número; o habito (tradição e fantasma do futuro=utopia). Há várias formas de tirania como, por exemplo, as tiranias religiosa e política. Quando rezo, a tirania religiosa é a força aplicada por mim em mim. A Inquisição foi tirania política exercida em nome da religião católica. O homem (mulher ou criança) bomba é tirania política em nome do Islã político.
Uma forma de tirania é a TIRANIA DO DESTINO, a única tirania absoluta. A tirania do destino substitui o acaso pela lei natural, a sorte é tragada pelo determinismo. Quando na política de um país (de um povo) é suprimido o acaso e ele passa a ser regido pelo determinismo da lei natural, isso é a mais totalitária das tiranias: a tirania do destino. Qual força tirânica (como um conjunto de forças que constituem um poder político unitário em um quadro global de forças) constitui-se como uma aplicação global de força que determina o destino do Brasil? A nossa tirania do destino NÃO é ter uma elite impotente para solucionar a CRISE BRASILEIRA? As páginas de Fernando Pessoa (sobre a política como física das forças do inconsciente político e da razão) não podem jogar uma luz sobre a tirania do destino brasileiro? O poeta diz: “Uma ideia expressa é uma força; nunca é demais fazer valer os direitos da Inteligência”! A poesia da física da política não pode ser uma força capaz de reverte a tirania do destino? 

FÍSICOS LITERÁRIOS DA POLÍTICA/MACHADO DE ASSIS
Já está estabelecido Fernando Pessoa como o maior físico poética da política em língua portuguesa. Agora estabelece-se Machado de Assis como o maior físico literário da “última flor do Lácio, inculta e bela”. O conto em extensão “O Alienista” é um objeto físico-literário, uma obra-prima da interseção da ficção com a cultura política na superfície literária do mundo-da-vida O General Golbery do Couto e Silva foi o gênio da raça política da ditadura militar? Quem disse esta barbaridade? Já Machado de Assis é o gênio da raça universal. “O Alienista” poderia constar no cânone literário ocidental como o conto mais canônico da língua portuguesa ao lado do Hadji Murad, de Tolstoi, o mais canônico dos contos canônicos da literatura ocidental.
A estrutura da superfície da cultura política literária do mundo-da-vida de Itaguaí (Rio de janeiro) faz dessa cidade um objeto que é a junção de uma cidade ficcional com uma cidade real, ou seja, uma cidade mitológica. Com o nosso Machado, Itaguaí torna-se um significante ficcional-real da física da política brasileira. Há um contraconceito de poder nessa física. Ele é um conceito dialético do choque de forças entre a aplicação de violência física-simbólica do poder psiquiátrico sobre a população e a reação da cidade como força autodefensiva (contraforça): “A ideia de meter os loucos na mesma casa (hospício), vivendo em comum, pareceu em si mesma um sintoma de demência, e não faltou quem o insinuasse à própria mulher do médico” (Machado. O. C: 254). Depois a cidade se rebelou contra a Casa Verde: “Morra o Dr. Bacamarte! Morra o tirano! uivaram fora trezentas vozes. Era a rebelião que desembocava na Rua Nova”  (Idem: 271)).  
Para os amantes de Michel Foucault, “O Alienista” pode ser reconstruído pela episteme política microfísica do poder: a cidade com um território geográfico literário ocupado por um dispositivo de saber-poder: a psiquiatria. Para a física da política, Itaguaí é o território físico-literário ocupado por uma máquina de guerra psiquiátrica literária. Trata-se da máquina de guerra psiquiátrica mitológica que teria criado o protótipo literário do hospício Juliano Moreira carioca de Jacarepaguá: o campo de concentração para psicóticos. Os contraconceitos estratégicos do Alienista são: a superfície literária da cultura política como mundo-da-vida; a máquina de guerra psiquiátrica mitológica e a cidade como contrapoder.
O alienista é a narrativa sobre o médico Simão Bacamarte que caminha para atingir sua finalidade em Itaguaí como máquina de guerra psiquiátrica – regulamentada pelo poder legislativo - contra todas as expectativas: “_ Os cálculos não são precisos, disse ele, porque o Dr. Bacamarte não arranja nada. Quem é que viu agora meter todos os doudos dentro da mesma casa? _Enganava-se o digno magistrado; o médico arranjou tudo. Uma vez empossado da licençcomeçou logo a construir a casa” (Idem: 255). A cidade inteira ia sendo encarcerada como louca como um personagem do “Elogio da Loucura”: _ Nada tenho a ver com a ciência; mas se tantos homens em quem supomos juízo são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o alienista?” (Idem: 270). Se o Dr. Simão Bacamarte ressuscitasse hoje quem ele encarceraria na Casa Verde: o PCPT ou a classe política brasiliense? Ambos?
CUBA/USA
A aproximação entre Cuba e os USA é um signo capaz de enviar um conjunto de sinais, capaz de articular múltiplas significações. Obama é esta máquina de guerra política americana que tem o poder quase divino de provocar uma mudança histórica no imaginário latino-americano. Guevara estabeleceu que com Cuba a América seria duas: a América dos USA (e Canadá) e a América Latina. Não se trata de uma repartição entre uma América anglófila e uma América luso-espanhola (latina)? Esse fantasma do passado é um hábito-força que se juntou a um hábito-força fantasma do futuro (socialismo realmente existente) que Cuba queria tornar sangue e ossos em toda a América luso-espanhola. Assim, a história política das Américas tornou-se uma história determinada pela lógica fantasmática. O fim da Guerra Fria não esconjurou a lógica do fantasma do futuro que parecia ter se materializado nos corpos políticos dos governos petistas (=Lula) e dos bolivarianismos no século XXI. Octávio Ianni diria que tal ciclo histórico está sendo encerrado e com ele o gozo conspiratório da história fruído principalmente pela esquerda.
Os USA patrocinaram golpes de Estado em toda a América Latina (latrina política para norte-americanos como Henry Kinssinger e o general Wernon Walters). Vivi toda minha infância, adolescência e uma parte longa da minha vida adulta em uma ditadura militar que os USA ajudou a implantar e a se reproduzir em nome da luta contra o comunismo. É praticamente impossível esquecer tal fato! João Goulart, JK, Miguel Arraes e Brizola eram comunistas? O golpe de Estado USA+ militares totalitários+ oligarquia brasileira foi desfechado contra eles! Foi um golpe de Estado que interrompeu o desenvolvimento do conceito concreto de democracia no Brasil e da constituição da elite republicana, entre nós. A corrupção na escala ciclópica é uma obra política da aliança dos generais com os coronéis do SERTÃO ARIANO!   Esse é o mais fáctico significado do conceito de ditadura militar brasileira: corrupção e antires publicanismo. Agora que chegou a hora da onça descer para beber água (a CRISE BRASILEIRA), o país talvez se empenhe em simbolizar a partir das significações que Obama e Raul Castro estão doando à América. Obama é a máquina de guerra imperial de um império agora inexistente. Em relação à Cuba, o ato de Obama obedece a um cálculo político da lógica do desmoronamento do conceito concreto IMPERIO AMERICANO!     
CRISE BRASILEIRA/2015
Comecei a estabelecer o conceito de CRISE BRASILEIRA em 16/09/2014 e 23/09/2014. Estava ministrando na universidade um curso chamado “Crises da realidade brasileira”. A turma era formada por uma maioria de alunos petistas e do PSOL. Os alunos interpretaram o conceito como uma tentativa de ganhar votos para Marina Silva em um reduto do PT e de Dilma Rousseff. Na época, o PCPT não existia e os textos foram publicados no meu blog. Em setembro de 2014, a ideia de crise brasileira era vista como um simples delírio professoral. Freud diz que se você delira sozinho, você está louco. Se outros participam do teu delírio você não está louco, pois o delírio que faz laço social não deve ser catalogado como loucura. Freud não considerava Hitler louco! Em 2015, o delírio crise brasileira é a linguagem-espelho da realidade! Até FHC usa o termo crise brasileira.
O conceito concreto CRISE BRASILEIRA é a síntese de múltiplas contradições e determinações. Na velha linguagem usada por FHC é a crise que contém várias crises: econômica, política, moral etc. Como contraconceito, a CRISE BRASILEIRA é a crise das cadeias de significantes (econômica, política e cultural) sobredeterminada por um significante. Este é a junção da cultura totalitária com a cultura oligárquica. Os leitores do PCPT já sabem que a interseção do totalitarismo com o oligárquismo se define na episteme política “Engenho de cana de açúcar”. Tal episteme nasceu no Nordeste brasileiro e seu maior interprete continua sendo Gilberto Freyre? Trata-se da dialética senhor versus escravo metamorfoseada em dialética entre o inconsciente político ariano e o inconsciente político mestiço. [Gilberto concebeu o Engenho pela dialética senhor ariano e escravo (negro)].  Trata-se do discurso do senhor do engenho como modelo da episteme política que tem articulado a nossa história política, desde o Brasil colonial. Sim! Caio Prado Jr sempre teve razão! A história brasileira é a repetição (diferente e lúdica) do modelo Brasil colonial! Ele só não podia saber o quanto esta verdade é verdadeira! Caio Prado diz que a revolução brasileira ou se faz por uma ruptura radical com o Brasil colonial, ou não se faz!
Agora, a Crise Brasileira está se transformando na lógica do desmoronamento das classes sociais subalternas urbanas: classe operária e classe média. Na imprensa, o recatado sacerdote do jornalismo independente Juan Arias já escreve sobre a necessidade de uma ruptura política, antes que seja tarde demais. Este jornalista espanhol-brasileiro representa os interesses das classes subalternas e do país na nossa cultura. Ele é o movimento das contradições do passado, presente e futuro na cultura. No entanto, Dilma Rousseff diz para todos os presidentes das Américas – reunidos para encerrar o fim da Guerra Fria no continente americano-  que não há crise no Brasil. Ela é o avestruz que enterra a cabeça sob a terra para deixar a tempestade de areia passar na Austrália ou em algum desenho animado norte-americano da minha infância! Só falta os petistas substituírem o marketing de João Santana por cantigas de nina! O PCPT está esperando ansioso!                 

DIALÉTICA E POLÍTICA
Engels foi severamente reprovado por sua dialética da natureza. Ele tentou conceber a NATUREZA por uma episteme política ignorada pela comunidade científica e odiada pela filosofia positivista. Hegel concebeu a NATUREZA como impossibilidade epistêmica. Engels não devia ter ignorado este axioma do mestre da dialética moderna. Vanguarda das máquinas de guerra de pensamento capitalista, a filosofia positivista sempre considerou a dialética materialista uma pseudofilosofia e um método científico naïf. Ela ignorou que Lenin usou a dialética materialista para fazer a Revolução Russa em um país semicapitalista. Os positivistas consideram a Revolução Bolchevique algo da lógica fáctica, da lógica dos fatos. Lenin que sabia que a dialética é a lógica artefatual dos fatos foi além do conceito de revolução marxista impossível na Rússia semicapitalista e dominantemente feudal. O conceito dizia: só se pode fazer revolução socialista nos países capitalistas desenvolvidos. Então, Lenin transitou do conceito para a Ideia de revolução. No “Cadernos sobre a dialética de Hegel”, ele concebeu a Ideia de revolução, ou seja, o contraconceito de revolução: “O conceito não é ainda a noção mais alta; ainda mais alta é a “Ideia” = unidade do conceito e do real”. Essa episteme materialista dialética contida na episteme global RSI (Real/Simbólico/imaginário) de Lacan diz que o REAL é a lógica fáctica. Mas, ele é, essencialmente, o buraco negro do conceito dialética materialista. Mas não do contraconceito dialética materialista. O conceito europeu de revolução social pode cair no buraco negro oriental europeu (e depois asiático) e ser liberado como contraconceito Revolução Russa (e Revolução chinesa). Diante destes fatos históricos, o positivismo é apenas uma máquina de guerra ideológica capitalista niilista!
O contraconceito de CRISE BRASILEIRA é parte da episteme (contraepisteme) da física da política. Na lógica da contraepisteme desta física, o conceito de crise brasileira está sendo atraído pela gravidade da energia narcísica do buraco negro (= REAL). Por canais misteriosos, Dilma Rousseff sabe que o Real pode tragar a multidão na rua. Então, ela espera isso, ou seja, isso que para ela é um fenômeno misterioso. Ela deve se achar um personagem do filme Hobbit. O Real brasileiro deve ser visto como a estrutura que sustenta a distância absoluta entre a superfície política do mundo-da-vida (RUA) e a política institucional. Trata-se de uma estrutura totalitária. Nesta estrutura, o partido é e não é partido. A física da política pensa o partido como força. E Lenin diz que “a força é a unidade negativa na qual é resolvida a contradição do todo e da parte”. Um partido como instituição política é uma força constituída para levar para a política institucional a lógica da multidão, se esta representa a maioria da população: força numérica (todo). Assim. o partido resolve a contradição entre si (parte) e o todo (Nação).
O partido deixa de ser um partido quando a sua lógica passa a ser apenas a lógica da parte desligada do todo: privatismo político. Ele deixa de ser um partido e passa a agir como máquina de guerra política de uma cultura política totalitária-oligárquica. Nessa contraepisteme política,  a dialética materialista é a dialética do inconsciente político. A política não é um agir orientado pelas consciências. Isso é o mínimo que uma política do homem poderia almejar! Ela é hoje no Brasil o domínio das maquinas de guerra política, mediática, jurídica. Por isso, o leitor não deve se impressionar com a sociedade do espetáculo das máquinas de guerra. Em algum momento, o buraco negro pode também tragar as máquinas de guerra e liberar a revolução brasileira!   
NAÇÃO/ELITE NACIONAL
Um europeu disse que a nação é uma comunidade imaginada. Ele esqueceu de dizer que ela não é apenas da ordem do imaginário. Ela é também um artefato simbólico fabricado na interseção da cultura em si com a cultura política no mundo-da-vida e na política in nuce. A União Europeia tem o lado do desmoronamento da lógica articuladora das nações europeias? Nas duas grandes guerras mundiais, as nações europeias viram e viveram o espetáculo de banhos de sangue de dezena de milhões de pessoas no enfrentamento dessas nações como magnas máquinas de guerras psicóticas. O enfrentamento principal na Segunda Guerra foi entre duas magnas máquinas de guerra psicóticas e totalitárias: Hitler e Stalin. Cansados de tais máquinas de guerra psicóticas, uma elite ilustrada imaginou a União Europeia. O globalismo neoliberal da década de 1990 parece ter atribuído um sentido apenas capitalista a tal projeto de unidade da Europa. Então, a coisa toda é sugada pelo buraco negro simbólico estacionado na política mundial.
O Brasil também foi fabricado como comunidade imaginada e artefato simbólico nacional. Apenas para ficar em um exemplo, o conceito de cultura brasileira de Gilberto Freyre era essa fabulação imaginária e simbólica do Brasil-nação. As religiões afro-brasileiras, o sincretismo religioso, a Semana de Arte moderna, a música clássica de um Vila Lobos e a música popular brasileira - que encantaram brasileiros e até estrangeiros - são – foram – um agenciamento da riqueza narcísica (energia narcísica) para o cultivo e a articulação do Brasil-nação. Isso exigiu uma vontade de saber-poder voltada para a construção da nação e para a sua reprodução. Qual foi o papel da classe política nesse processo cultural em si e cultural político? Nenhum? Entre nós, a classe política não se constitui culturalmente como elite nacional. Os marxistas latinos americanos já baterem suficientemente nesta tecla. O fascínio pela Cuba de Fidel não se encontra no fato de uma ilha do Caribe ter engendrado uma elite como elite nacional ao lado dos USA? Os norte-americanos não têm sua elite nacional como um dos tesouros do Tesouro dos USA? Agora, que o capitalismo constituiu-se como uma máquina de guerra econômica antinacional como devem os latino-americanos (e o Brasil) agir diante desse fato?                                                     
                   

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