Psicanálise, Cultura Política, Totalitarismo (PCPT)
Endereço do grupo Psicanálise. Cultura Política, Totalitarismo no Facebook: https://www. facebook.com/groups/ psicanalise.culturapolitica. totalitarismo/?fref=ts
José Paulo Bandeira e Almir Pereira.
O Grupo PCPT (Psicanálise, Cultura Política, Totalitarismo) é um campo de pensamento transdisciplinar. Trata-se do campo contraciência freudiana da política. Tal campo está aberto às múltiplas e diversas intervenções disciplinares das ciências humanas (sociologia, ciência política, antropologia, direito, economia, historiografia, geografia), das ciências da comunicação, da psicanálise, do marxismo, da psicologia, da metapsicologia, das neurociências, da filosofia e da literatura. Também está aberto às intervenções das ciências ambientais, da biologia e da física. A ideia é articular a história da natureza à história política universal!
O Grupo não aceitará que seja veiculado qualquer tipo de publicidade, seja econômica, seja política ou de cunho ideológico. Espera que seus integrantes não se deixem alienar - em sua participação -, ou pela lógica da mercadoria, ou pela lógica política do simulacro de simulação. Espera também que a reflexão possa ser metabolizada como cultura contratotalitária.
José Paulo Bandeira e Almir Pereira.
O Grupo PCPT (Psicanálise, Cultura Política, Totalitarismo) é um campo de pensamento transdisciplinar. Trata-se do campo contraciência freudiana da política. Tal campo está aberto às múltiplas e diversas intervenções disciplinares das ciências humanas (sociologia, ciência política, antropologia, direito, economia, historiografia, geografia), das ciências da comunicação, da psicanálise, do marxismo, da psicologia, da metapsicologia, das neurociências, da filosofia e da literatura. Também está aberto às intervenções das ciências ambientais, da biologia e da física. A ideia é articular a história da natureza à história política universal!
O Grupo não aceitará que seja veiculado qualquer tipo de publicidade, seja econômica, seja política ou de cunho ideológico. Espera que seus integrantes não se deixem alienar - em sua participação -, ou pela lógica da mercadoria, ou pela lógica política do simulacro de simulação. Espera também que a reflexão possa ser metabolizada como cultura contratotalitária.
REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL/AUSCHWITZ
hhttp://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/18/politica/1429310629_943954.html
hhttp://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/17/politica/1429304117_352824.html
O Congresso brasileiro discute a
redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Esta é uma questão prática que
põe 87% da população a favor da mudança na lei. “A preocupação das pessoas, que
é a disseminação da violência no cotidiano, é correta. Mas a solução é
equivocada. O número de menores infratores responsáveis por crimes violentos é
inferior a 1% do total”, segundo uma pesquisa da USP”. Os partidos se dividem
com a esquerda contra e o PSDB e o DM a favor. O PMDB racha. Então se apenas 1%
dos menores matam, por que transformar os 99% em possíveis candidatos da
população carcerária para adultos, ou seja, para maiores de 18 anos?
A mudança é puxada pela “bancada
da bala” constituída por delegados e policiais deputados. Eles representam a
vontade da maioria da população nesta questão da violência associada à
segurança. A política tem várias dimensões e esta é uma dimensão do
mundo-da-vida. “As pessoas têm opiniões cristalizadas com base em sentimentos
de medo e de raiva. Justiça não rima com vingança”. Certamente, a opinião da
maioria está alicerçada no campo dos afetos, principalmente da cólera da
população contra o cotidiano violento. Mas podemos ir além dessa superfície
para pensar essa questão prática da política do mundo-da-vida?
Por que a esquerda assume uma
posição no campo do liberalismo político e a direita assume uma posição
totalitária? Interrogação complexa que deveria ser respondida por uma
investigação empírica sobre a articulação entre pensamento político e prática
política dos partidos. Mas não é preciso fazer nenhuma investigação profunda
para chegar à conclusão que a bancada da bala é uma formação política
totalitária no Congresso Nacional. Como efeito de um estado de guerra
permanente freudiano, a violência física sobre o corpo da população é um
exercício do poder das máquinas de guerra estatais e criminais em uma
superfície política do mundo-da-vida. Esta colossal aplicação de força sobre o
significante população (matéria e espírito) a transforma em uma massa (em uma
opinião pública majoritária) disponível, abstratamente, para a cultura política
totalitária. Então, ergue-se um campo de batalha no qual os partidos vão
decidir se a população juvenil vai virar cliente da prisão brasileira. Entre
nós, a prisão é um artefato totalitário sagrado (da cultura política
totalitária brasileira), intocável, exterior à reflexão e simbolização no
espaço público procedimental. A maioria abstrata totalitária parece “legitimar”
a prisão brasileira como o recurso para solucionar a questão da violência. Isso
não amarra as mãos do parlamento e da comunidade jurídica do campo do
liberalismo político brasileiro? Com efeito, a verdadeira questão deve ser
posta na mesa. A prisão brasileira é um artefato totalitário porque ela é um
CAMPO DE CONCENTRAÇÃO para uma raça brasileira formada por mestiços, negros e
brancos pobres. Uma questão prática não é apenas um problema empírico, pois ela
é parte da cultura política de um país!
MÚSICA/FÍSICA
Assistindo Caetano Veloso, Seu
Jorge, Xande de Pilares e a banda Dônica (Tom Veloso?) não resisti a fazer o
primeiro texto sobre música no campo da física da história. A música popular do
século XX está associada à lógica do valor, à lógica da mercadoria. Ela é um
artefato importante na cultura industrial de massas capitaneada pelos USA no
mundo-da-vida mundial. Mas é só isso? Através da lógica do valor o que a música
organiza (articula) como mundo? A cultura totalitária da ditadura militar no
Brasil gerou um ambiente opressivo na política em si e no cotidiano do
mundo-da-vida. A cultura totalitária da ditadura foi um vórtice monstruoso de
desintegração da energia narcísica no mundo-da-vida. Isso tornou a vida mais
triste nestes Tristes Trópicos. A história destes é a história do monopólio da
RIQUEZA NARCÍSICA (energia narcísica) nas mãos da elite oligárquica-totalitária
do Engenho de cana-de-açúcar. A ditadura militar é a ditadura do Engenho de
cana-de-açúcar militarizada, é o dominus do discurso do Engenho militarizado.
Neste dominus sombrio, Caetano, Gil, Chico, Milton, Lô Borges e uma comunidade
de músicos antitotalitários fizeram o bom combate ao totalitarismo brasileiro
colonial na sua versão militar. Tal comunidade continua seu combate em um
refluxo da música popular brasileira. Esta cabe inteiramente no conceito libertário
de cultura brasileira de Gilberto Freyre. Como contraconceito, tal comunidade antitotalitárias
de músicos constituem parte de uma luta pela organização da dupla energia
(pulsão de morte e narcisismo) que organizam (articulam) o mundo na história
política universal natural. Tal comunidade liga o Brasil à história universal.
Por quê? A música erudita era a música do mundo aristocrático, uma música que,
com raras exceções, é um artefato, logicamente, ligado ao inconsciente político
ariano. A música popular brasileira mestiça é uma música que por fios
invisíveis se liga à Canudos, é um artefato simbólico do inconsciente político
mestiço. Em um campo global de forças mundial, a música popular brasileira é um
significante sonoro-poético que não deixa morrer a dialética inconsciente
político mestiço versus inconsciente político ariano:
“Agora não pergunto mais pra onde
vai a estrada
Agora não espero mais aquela
madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter de ser,
vai ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé,
faca amolada”
TELEVISÃO E NARCISISMO
A Corporação de Ofício Freudiana
se fecha no uso técnico da linguagem freudiana inacessível ao leigo. Mas ela é
impotente para analisar a lógica do narcisismo na cultura, especialmente,
industrial. Durante 24 horas por dia, a televisão transmite a propaganda com celebridades
(Papa Francisco, Obama etc.) e finaliza com o dizer: “todo mundo tem algo a
falar. Ligue para nós” (telefonema pago pelo espectador). O Papa e o presidente
dos USA estão no espelho televisivo. Eles são a imagem do espectador que crê na
mensagem. Trata-se da lógica do valor, pois a televisão é uma empresa
capitalista interessada em vender uma mercadoria. O que este veículo eletrônico
está vendendo além da ligação paga do espectador? Ele vende a energia narcísica
que é um significante que estrutura o mundo-da-vida. O espectador é narciso
fascinado com sua imagem no espelho d’água: Francisco (energia narcísica
sagrada); Obama (energia narcísica laica). A energia narcísica é um
significante mais universal do que o universal da história universal
No Brasil colonial, o Padre José
de Anchieta (canonizado em 2014 pelo papa Francisco) ficou, ao mesmo tempo,
maravilhado e horrorizado com uma prática das tribos indígenas brasileiras.
Trata-se da prática dos índios usarem veneno de bicho para engrossarem o pau
(pênis). Isso encantava as índias mais bonitas e com uma disposição sexual
anárquica. Este investimento narcísico no falo não é algo que se remeta para o
inconsciente freudiano. Com efeito, tal narcisismo é um significante de um
inconsciente político primitivo. Tal articulação não tem a ver com a energia
narcísica mitológica grotesca? A sociedade primitiva se define por evitar o
Urstaat. Mas ela não é capaz de viver sem a energia narcísica grotesca - o gozo
corporal narcísico que inscreve a sexualidade primitiva no Grande Outro, no
campo do Simbólico.
Tal gozo narcísico pode ser um
gozo espectral? um gozo sexual sem corpos materiais envolvidos? Isso não é o
que a televisão e o espectador compartilham no “todo mundo tem algo para
falar”? São corpos espectrais do imaginário de uma determinada cultura política
cultural, industrial e totalitária. Esta distribui energia narcísica, a conta
gota, para o espectador. Como evocação obcedante (e obcecante) o gozo narcísico
inscreve uma certa sexualidade imaginária do espectador no Grande Outro. Na
sociedade do espetáculo industrial, a necessidade desse consumo de energia
narcísica cotidiana não é algo equivalente à necessidade de oxigênio em um
ambiente rarefeito de tal energia?
EUROPA/IMIGRAÇÃO
O estado de guerra freudiano
permanente em regiões da África e do Oriente Médio é a liberação de energia mítica
(pulsão de morte) do buraco negro simbólico estacionado sobre a Terra. Isso não
é um fenômeno da física teórica, mas um contraconceito da física da história
universal. A desintegração de países e principalmente de povos milenares tem
como efeito funesto a dissolução das epistemes políticas orientais. Isso não é
similar a uma catástrofe ambiental ciclópica? “Segundo o Ministério Público da
Itália, entre 500 mil e 1 milhão de pessoas estariam na Líbia aguardando o
momento de cruzar o Mediterrâneo”. A Europa está entrando em um estado psíquico
permanente de horror e pânico com a invasão em massa das “hordas hunas”. (A
estética do grotesco se tornará a estética natural do planeta?) E os imigrantes
ilegais morrendo em massa no mar! Trata-se de um fenômeno milenarista! Assim,
não estamos próximos da subsunção da razão europeia às energias míticas (pulsão
de morte e narcisismo)? A lógica do
inconsciente político não irá dissolver no ar a cultura política liberal europeia
(e o humanismo) modelada pela razão moderna? O buraco negro simbólico está
tragando a organização das sociedades orientais por antigas culturas políticas
e suas respectivas epistemes políticas. Qual o significado (em termos de
potência) do Terrorismo islâmico diante da Imigração? Esta não é a bomba de
Hiroshima e o terrorismo a guerra de guerrilha cubana? Tal espetáculo
humanitário e político assustador pode ser atribuído a geopolítica dos USA para
as regiões em desintegração. Até quando esta brincadeira de criança vai
continuar nos meios intelectuais, políticos e da cultura industrial de massas?
A Imigração significa, em última
instância, a desintegração da energia narcísica que a Europa vem acumulando e
consumindo em larga escala que sustenta a razão moderna e a episteme política
europeia como algo distinto da episteme capitalista. A Europa foi capaz de
manter uma episteme cultural fazendo pendant com a episteme capitalista na
articulação política de muitos países do continente. Trata-se do conceito concreto
hegemonia gramsciano. O último artefato político desta episteme da hegemonia
foi o modelo oligarquia política híbrida em um processo acelerado de desmoronamento.
O que é preciso fazer para mostrar que o conceito CRISE (política, econômica,
cultural) foi tragado pelo buraco negro simbólico e liberado em uma escala de
fenômenos sem solução política no horizonte de eventos? Hegel (não Marx)
formulou a seguinte ideia: o homem só formula problema passível de solução, ao
menos teoricamente. A produção do contemporâneo parece estar associada a um fantasma
do futuro: o fim da história universal. Isso é a visão do contemporâneo moldado
pelas velhas linguagens articuladas principalmente em torno do discurso da
universidade. Estão cegos? Não veem que o discurso da universidade está
subsumido à lógica do desmoronamento? Que ele não é mais capaz nem de articular
o capitalismo mundial e nem a política mundial? Nem de conceituar sobre tais
fenômenos? O velho mundo está morrendo e o novo mundo está sendo anunciado! Não
conseguem ver isso?
CUBA
Estive em Cuba, como turista, na
década de 1990. Conheci cubanos a favor e contra o regime, a favor e contra a
revolução. Constatei que mesmo só tendo ração alimentar para 3 dias na semana,
a maioria da população apoiava o poder fidelista. Confesso que fiquei intrigado
e achando que a ideologia política (socialismo fidelista) tinha um poder
material e espiritual para além de minha vã ciência política marxista. Minha
ida à Ilha fortaleceu minhas convicções de que o totalitarismo marxista estava
com os dias contados! No Brasil, Lula e o PT faziam profissão de fé
antitotalitária. Isso me dava uma certa tranquilidade espiritual! Quanta
ingenuidade!
Mas o que é o socialismo
fidelista? Ele não é, certamente, aquela civilização superior ao capitalismo em
termos materiais e espirituais. Então, os cubanos são energúmenos prolixos? Não
há riqueza material e cultural para distribuir em Cuba como há nos USA. Os
cubanos ignoram isso? A fé cega em Fidel (e Guevara) jogou um véu opaco sobre a
realidade realmente existente do povo cubano? Eles metabolizaram o discurso
fidelista de que miséria material e da cultura intelectual da vida cubana é
causada pelos USA? A esquerda totalitária latino-americana repeti este truísmo
ideológico há décadas. Muito emprego depende disso na América Latina! Por
razões da geopolítica norte-americana, Obama parece quere pôr um fim nesta
versão totalitária da esquerda latina e, consequentemente, causar um desemprego
em massa da esquerda.
Então, Cuba é creio porque é
absurdo? Credo quia absurdum? Lógica que Freud disse fazer funcionar a cultura
política cristã, em geral. Não quero defender Cuba, mas a física da história
política universal me põe em uma posição da qual não posso escapar. Em termos
de riqueza energética (energia narcísica), a Revolução Cubana significou uma
distribuição da RIQUEZA NARCÍSICA por toda a população. A sexualidade anárquica
de uma parte da população é a expressão desta democratização da energia
narcísica. Cuba foi o paraíso sexual “tropical” da década de 1990 para,
principalmente, os canadenses da terceira idade. É claro que a elite se
apossou, e se apossa, da parte mais requintada, luxuosa do narcisismo do país.
Fidel tem duas ilhas (dois paraísos naturais bucólicos) para viver e gozar a
vida. A episteme do engenho é a episteme do marxismo cubano. Cuba é certamente
uma Ilha como um senhor de Engenho: Fidel Castro (agora fazendo pendant, no
poder, com o irmão Raul). Há décadas, o discurso fidelista do senhor de Engenho
é soberano na Ilha. No entanto, o apoio do povo cubano ao regime é uma adesão
baseada na crença de que a cultura política socialista desfez o laço absoluto
elite/massa, em termos de distância social. O homem do povo vê sua imagem
refletida em um espelho d’água que tem a imagem de Fidel no outro lado do
espelho. A televisão cubana passa o dia inteiro dizendo que essa é a verdade
cubana. Meninos, eu vi!
PSICANÁLISE/GRAMSCI
A crítica de Gramsci à
psicanálise se resume na ideia do pensamento de Freud ser uma inimaginável -
até então – concentração de energia narcísica em um significante: homo clausus.
Por isso este marxista considerou Freud o último ideólogo da ilustração do
século XVIII. Hoje está ficando claro que a ligação de Freud – na maturidade –
com o Romantismo alemão salvou a psicanálise, se esta ligação transforma o
pensamento freudiano em física freudiana da história. Nesta borda, não existe
psicanálise ou psicanalista!
O marxismo de Gramsci é muito
ligado à filosofia do sujeito. No entanto ao abordar a questão sexual a partir
da literatura psicanalítica, Gramsci estabelece um esboço de modelo de história
dos instintos que pode surpreender o leitor desprovido de preconceitos
ideológicos em relação seja à Gramsci, seja a Freud. Gramsci estabelece uma
dialética entre a cultura política rural patriarcal e a cultura política civil
(ética-civil). Parece que a mulher é o objeto a partir do qual a violência
física e simbólica sobre o corpo e o espírito dela sofre uma mutação quântica na
passagem do campo para a cidade. O campo concentra na Itália rural uma taxa de
crimes sexuais monstruosos, realização de desejos bestiais dos homens e o
incesto em 30% por cento das famílias. A civilização citadina italiana parece
resolver este quadro de violência sobre a mulher de um modo descontínuo. A
civilização deve ser entendida pelo conceito de hegemonia que não depende para
existir e funcionar apenas da ideologia como um artefato superestrutural. O
modelo americano de hegemonia implica a expansão da elite como “força motriz de
uma expansão universal, de um desenvolvimento de todas as energias nacionais”.
A hegemonia é um fenômeno como “unidade de fins econômicos e políticos, mas
também unidade cultural e moral”. Gramsci diz que a vida instintual
(inconsciente) deve ser regulada pela racionalização da produção e do trabalho
(racionalização instrumental do modelo americano). Portanto, na esfera da
estrutura econômica também! De qualquer ângulo que se observe não se trata de
inconsciente freudiano articulado como homo clausus. A hegemonia é uma expansão
da classe dominante através da cultura e do Estado: aparelhos de hegemonia. A
hegemonia remete para o inconsciente da sociedade de classes! A hegemonia
significa um agenciamento das massas (como uma forma de população da
civilização industrial) pela razão moderna (ciência). Tal agenciamento
significa direcionar a energia nacional (pulsão de morte e narcisismo) para a
construção da nação capitalista. Em Gramsci, nota-se um esforço impressionante
de transformar o marxismo em uma física da política: ciência marxista da
política. E no horizonte dessa física não está a superposição do inconsciente
freudiano com o inconsciente político? Em uma carta de 15 de fevereiro à Tania,
ele escreve: “Eu não tenho conhecimentos vastos e precisos sobre a psicanálise”!
PSDB/EPISTEME DO ENGENHO
“Na semana passada, o presidente da Câmara foi
obrigado a recuar e adiar por uma semana a votação das emendas para evitar que
um requerimento apresentado pelo PSD, para retirada da matéria de pauta, fosse
aprovado com apoio do PT e de parte do PSDB. Depois da intervenção do
presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), os tucanos voltaram a apoiar o texto-base
do projeto”.
O PSDB não é um saco de gatos
famintos. Em algumas questões práticas chegou a agir como um partido pautado
pela lógica do liberalismo político. Mas na questão estratégica da
terceirização do trabalho se decidiu pelo modo de produção flexível do
capitalismo de Engenho mineiro de cana-de-açúcar. O discurso do senhor de
Engenho se fez atualizar pela voz ativa do presidente do PSDB, o mineiro do
“Grande Sertão: veredas” Aécio Neves. De uma família que funde oligarquia
social (são latifundiários) e oligarquia política (ele é sobrinho do
indefectível, para a ideologia dominante, Tancredo Neves (Never), nosso Napoleão
Bonaparte do sertão mineiro), Aecinho sabe agir como um agente da política
oligárquica, ele que é a maior parte do tempo, na vida público-privada, um playboy
de Belo Horizonte. A vocação para a política oligárquica lhe foi ensinada pelo
Tio.
Com efeito, a presidência nas
mãos de Aecinho significa que o PSDB minerou no sentido de transforma-se em uma
máquina de guerra política do Engenho. Agora, o modelo arcaico (simbólico) do
PSDB é a máquina de guerra freudianas que fundou o Brasil: as bandeiras. Esta caçava,
capturava e matava os índios seja para escraviza-los, seja pelo prazer de matar
o bugre. Os banhos de sangue como os corpos da sociedade primitiva brasileira é
o significante a partir do qual se ergue o Brasil oligárquico. As bandeiras
eram o Engenho que caminha em direção ao sertão (ao interior do Brasil). Ela
trazia a casa (Engenho) nas costas. Para o PSDB real, os trabalhadores estão no
lugar dos índios (e depois dos escravos afro-brasileiros). A repetição do
discurso do senhor (Aécio Never) de Engenho significa pôr os trabalhadores no
lugar de um objeto colonial: o escravo (amarelo, negro, ou mestiço). Quando
chegou ao poder, a esquerda passou a ser um instrumento – uma máquina de guerra
política totalitária – a serviço da Dama. Trata-se de um caso de amor cortês, e
a Dama é a classe oligárquica. Para servir à Dama, a esquerda ajudou a desintegrar
o significante REVOLUÇÃO BRASILEIRA. Lula disse para uma jornalista: “minha
filha, não existe esse negócio de oligarquia no Brasil. Você devia arrumar um
psicanalista” (versão livre da fala de Lula). O PT glorificou Sarney como
campeão da fundação da República Democrática de 1988. E no entanto, Sarney é
mais oligárquico que a própria oligarquia brasileira. Sarney não vem de uma
família oligárquica e começou sua vida como funcionário do Banco do Brasil. Sua
biografia autorizada é uma empulhação que não joga um fiapo de luz se quer para
iluminar esse grande mistério da política brasileira: o oligarca ex nihilo. Com
o PSDB de Aecinho, a condensação de energia narcísica do Engenho mineiro na política
nacional conduz o país por qual deserto?
Para o bonapartismo oligárquico
do “Grande Sertão: veredas” do Rosa?
OS 7 ERROS DE FHC QUE ABALARAM O
BRASIL
1) Quando professor de sociologia
escreveu o livro “Capitalismo dependente e associado” que defendia este modelo
econômico como a via de desenvolvimento para o Brasil (e países da América
Latina) pós-capitalismo colonial. Ele jamais imaginou que um dia este modelo seria
corretamente apresentado como uma forma de capitalismo de Engenho, portanto,
uma espécie de capitalismo colonial. 2) Influenciado por este modelo econômico
criou (a partir do governo Itamar Franco) o modelo de capitalismo neoliberal
autárquico na época do globalismo do capitalismo corporativo mundial. Isso
define a crise estrutural e orgânica da economia brasileira. 3) Desfechou um
golpe de Estado branco na Constituição da República Democrática de 1988 (dizem
que até com compra de votos) para implementar os 8 anos seguidos de mandato
para a presidência da República. Ele queria se reeleger. Este golpe encerrou a
vida do modelo oligarquia política híbrida. 4) Impediu que o Congresso
começasse o processo de impeachment de Luís Inácio LULA da Silva com o
argumento que o PSDB deveria deixar Lula sangrar até o fim do mandato. Lula se
reelegeu em 2006 e ainda elegeu, em 2010, Dilma Rousseff: um poste político. 5)
impediu que o Congresso começasse o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Agora a imprensa a esta glorificando como a mãe-salvadora da Petrobrás e vestal
petista. 6) Entregou o PSDB para Aécio Neves. Este está transformando o PSDB em
uma máquina de guerra do Engenho de cana-de-açúcar de Minas Gerais. Isso
significa que o PSDB vai desmoronar como possibilidade de partido político e de
um partido orientado pelo liberalismo
político. 7) Se autodeclarou o Príncipe da Sociologia brasileira nos tempos de
professor da USP, ele que fez apenas uma sociologia modelada pela episteme
política do Engenho. Com efeito, deveria ter se declarado o barão da sociologia
brasileira!
BIANCA RAMONEDA/GLÓRIA PEREZ
Bianca entrevistou Glória na
televisão acompanhadas de um público seleto formado por professores e
estudantes da PUC e artistas da Globo. Glória fez uma formulação de um velho
problema filosófico como algo de uma filosofia espontânea pop: “não há sentido
no cotidiano; a ficção (novela) atribui sentido às ações do cotidiano” (versão
livre da fala e glória). Trata-se da separação absoluta entre ficção e sociedade;
separação absoluta entre linguagem (toda linguagem é uma ficção) e ação no
mundo-da-vida. No campo freudiano, Freud estabeleceu uma linguagem (chiste, ato
falho etc.) associada ao desejo: inconsciente freudiano. Esta linguagem aparentemente
tomada pelo nonsense é plena de sentido. Abreviando, o desejo é um significante
que atribui sentido à realidade externa: “desejo, logo existo”. Ele é um
significante de uma linguagem natural que, inclusive, organiza o cérebro contra
o espontâneo caos cerebral. Assim não há a partir do campo freudiano uma
separação absoluta entre ficção (linguagem) e vida cotidiana. A linguagem
(ficção) é constitutiva da vida cotidiana.
As pessoas com sorte na vida
nascem e se desenvolvem em alguma família ou em algum tipo de associação
social. Gramsci pensou um conceito marxista de “família” a partir da literatura
psicanalítica. O taylorismo e a racionalização em geral são os novos métodos
organizando o mundo-da-vida. “Estes novos métodos requerem uma rígida
disciplina dos instintos sexuais (do sistema nervoso), isto é, um reforçamento
da “família” em sentido amplo (não no sentido de tal ou qual forma de sistema
familiar) da regulamentação e estabilidade das relações sexuais”. Isso é a “família”
como laço social ou sociedade. Taylorismo, fordismo, toyotismo, enfim, aquilo
que se pode considerar como a racionalização do mundo pela linguagem
capitalista, em geral, constituem o cotidiano. Tal racionalização do mundo
moderno pela ciência significa que várias linguagens (da física, da química, da
engenharia, da medicina etc.) estruturam e atribuem significados (ou então
significações) ao mundo-da-vida. O indivíduo entra em uma pharmácia e os
frascos e embalagens dos produtos (remédios e outras mercadorias) contém o
sentido do mundo criado pela ciência moderna. Isso independe do indivíduo saber
que tais linguagens (ficção) estruturam o mundo.
O maior físico moderno fez esta
fórmula ainda não entendida inteiramente: “A tradição pesa como chumbo no
cérebro dos vivos”. A tradição é o discurso do mestre articulada no mundo por
culturas política totalitárias em tantas épocas históricas. A tradição é
constituída por ideias-força que agem no cérebro humano. Ela é linguagem quase
orgânica como coerção (violência simbólica cerebral) que articula massa
cerebral e sentido. Claro que não se trata de substituir a separação absoluta
entre ficção e sociedade pela identidade absoluta entre linguagem e realidade exterior ou interior (segundo o
velho vocabulário freudiano). Ficção e realidade mantém uma autonomia relativa
que define suas especificidades. Se não for assim, caímos novamente na episteme
política totalitária. A plateia letrada na alta cultura burguesa da escola de
comunicação da PUC/RJ poderia ter problematizado a fórmula supracitada de Glória
Perez?
PRÉ-FÍSICA DA COMUNICAÇÃO
INDUSTRIAL/MUNIZ SODRÉ
Comecei minha vida universitária
na EcO (Escola de Comunicação da UFRJ) na década de 1970. Nessa escola fiz o
primeiro curso de Freud com o filósofo althusseriano Carlos Henrique Escobar.
Não tive a oportunidade de fazer cursos com Muniz Sodré, então um jovem
intelectual com maior projeção na indústria cultural do que na universidade. Na
década de 1980, Sodré se tornaria o marxista pós-moderno especialista em
cultura pós-industrial no jargão preferido da comunidade cultural de
comunicação. Sodré sempre buscou uma formação transdisciplinar. Além de
jornalista e literato fez cursos de graduação e pós-graduação em direito,
sociologia da comunicação e Letras. Mas para o que importa aqui, ele é o
primeiro intelectual a fazer uma pré-fisica da sociedade de comunicação
industrial. Seu livro “A máquina de narcísico” é quase a obra de um físico
freudiano da política. Ele pensa a telerrealidade a partir dos conceitos de
máquina e de narcisismo. Quanto ao conceito de máquina não cabe nesta postagem
uma discussão mesmo que seja breve. Mas em relação ao conceito de narcisismo,
ele já o pensa a partir da ideia de energia psíquica (14), se aproximando de um
contraconceito de narcisismo como energia mítica. Sodré também parece quase
conceber a história a partir das epistemes política balbuciando sobre um
conceito de episteme pós-moderna que funcionaria pela lógica do simulacro narcísico
(25, 28, 40). No entanto, sua pré-fisica nunca se desenvolveu pela falta de
significantes como cultura política, máquina de guerra freudiana, discurso
(Lacan), episteme política (Lacan/Bandeira da Silveira), inconsciente político
e outros contraconceitos. Talvez sua leitura equivocada da história do Brasil
(como dialética entre brancos e negros) tenha bloqueado seu percurso em direção
à física freudiana da política. Se tivesse feito a boa leitura de Gilberto
Freyre saberia que a dialética brasileira tinha como principal significante o
inconsciente político mestiço, a espiritualidade mestiça como disse Gilberto no
“Casa-Grande e Senzala”. A física da política poderia ter sofrido uma influência
decisiva da ECO, na figura de Muniz Sodré. Mas eu jamais fui convidado para
participar de qualquer evento naquela instituição universitária. Então, esta
postagem não é aquele tipo de ajuste de contas feito por Marx em relação à filosofia
europeia no magistral “A ideologia alemã”. É só uma pontuação sobre a história
intelectual do Rio de Janeiro do meu ponto-de-vista!
CÂNCER/MITO/LULA
“A preocupação com a imagem
aparece em outra iniciativa recente do ex-presidente. Nas últimas semanas, ele
lançou página especial para desmentir "mitos" sobre ele, como o de
que teria saído na capa da revista Forbes como um dos homens mais ricos do
Brasil. O "mito 3" desmente justamente que o ex-presidente, que agora
exibe sua rotina saudável, tenha tido um recaída do câncer”.
Em trinta anos 40% da população
mundial terá câncer. A ciência capitalista é o discurso que organizou e
articulou a vida especialmente a partir da segunda metade do século XX. Ela
mantém Lula vivo! O organismo de Lula
programou a morte do ex-presidente e todos os tipos de câncer começam devido ao
crescimento anormal e fora de controle das células. As células cancerosas
também podem invadir outros tecidos, algo que as células normais não fazem. O
crescimento fora de controle invadindo outros tecidos é o que torna uma célula
em cancerosa. O câncer na laringe tem um potencial fatal alto. Mas a família
esperava que o mais velho morresse primeiro, e, no entanto, morreu o mais
jovem.
A medicina não perde tempo com a
causa (ou causas) que produz tal doença. Como uma ciência moderna, ela descarta
a ação das forças mitológicas (as energias pulsão de morte e narcisismo) no
organismo humano. Culturas medicinais antigas da Ásia sempre se preocuparam com
a busca do equilíbrio do organismo frente ao caos que as energias supracitadas significam
para o corpo humano. Com sua inteligência e cultura sertaneja, Lula parece
saber que o mito move a história e joga (brinca no sentido de Walter Benjamin)
com isso. Ele parece querer usar o mito (o seu carisma que é uma energia
mítica) contra a fusão das energias míticas (pulsão de morte e narcisismo) que
programou a morte anunciada de seu organismo, pois depois da sua biografia
política ele continuará vivo espiritualmente para além de seu corpo físico. A
medicina mantém Lula vivo, a política o manterá vivo espiritualmente nas
próximas décadas. Ele não quer morrer como Sade que inclusive não queria túmulo
para não ser cultuado na posteridade. Isidoro Eduardo poderia falar disso
melhor do que eu! Mas Lula não é o Marquês de Sade, pois este articulou a
máquina de guerra sadiana através da sua escritura. Qual a obra realizada por
Lula? Onde se encontra a materialidade de seu carisma? O Carisma é a
condensação em uma biografia individual de uma grande concentração de energia
narcísica. Se o amor é um significante que condensa energia narcísica, o amor
ao mestre é a relação narcísica entre o líder e as massas. Estas amam o mestre
como imagem de si no espelho político. Mas afinal o que as massas amam no
líder? Exatamente o fato de ele ter deixado de ser um membro da massa (um ser
político vulgar) e ter se tornado um elemento da aristocracia. O amor ao
mestre, não se trata de um amor vulgar (a massa não abraça o baixo, o
inferior), pois a massa ama o superior, o que está no alto: o aristocrata! Para
as massas do sertão, Lula é um Príncipe da linhagem da família real brasileira;
ele vem depois de Pedro I e de Pedro II na linhagem dinástica política
brasileira.
EPISTEME POLÍTICA CAPITALISTA OU
PARADIGMA CAPITALISTA?
Benjamin Franklin fez um manual
do discurso do capitalista antes do modo de produção especificamente
capitalista existir no século XIX. Seu axioma “time is Money” pode muito bem
fazer parte da episteme política capitalista. Mas foi Marx que produziu o
contraconceito episteme política capitalista. Thomas Khun fica próximo do
contraconceito de episteme política com seu conceito de paradigma? Ele diz: “Um
paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente,
uma comunidade científica consiste em homens que partilham um paradigma”. A
episteme política não é algo que possa ser inscrita no conceito sociológico de
comunidade. Como contraconceito, ela foi criada a partir da articulação entre o
discurso do mestre e a filosofia ex-sistindo e funcionando em uma cultura
política determinada, isto é, a cultura política grega da antiguidade. O
discurso do capitalista é uma versão moderna do discurso do mestre da
antiguidade. Assim como este não articula qualquer comunidade na antiguidade,
ou seja, a comunidade de senhores e escravos, o discurso do capitalista não
articula a comunidade capitalista constituída por burgueses e operários. O
significado mínimo de comunidade no Houaiss é: “conjunto de habitantes de um
mesmo Estado ou qualquer grupo social cujos elementos vivam numa dada área, sob
um governo comum e irmanados por um mesmo legado cultura e histórico”. Essa
ilusão sociológica (ou talvez antropológica) do laço social como comunidade é
claramente idealista e antidialética. A episteme política se refere ao laço
social (sociedade) na história universal que é dialética e materialista. Ela
implica o conceito de guerra. A episteme política é articulada, nas diferentes
épocas históricas, por máquinas de guerra de pensamento e por máquinas de
guerra políticas em uma determinada cultura política.
O capital é o centro da episteme
capitalista. Ele é uma relação social (Marx), um laço social ou sociedade
(Lacan), ele é uma máquina de guerra econômica (física freudiana da política). Na
sua forma acabada, o capital ex-siste na dialética com o trabalho assalariado
do qual ele expropria a mais-valia (riqueza da sociedade) para a reprodução
ampliada do próprio capital. Trata-se, portanto, de um contraconceito materialista
e dialético do maior físico da história econômica universal. E o que é a
mais-valia? Ela é condensação da energia pulsão de morte e da energia narcísica
desviada para o processo de produção que tem como significante referencial o
trabalho excedente. No processo de produção capitalista, a classe operária é
abstratamente separada da história mítica (definida pelos motores míticos
energia narcísica e pulsão de morte) e mergulhada em uma história prosaica que
Max Weber designou como o fenômeno moderno de desencantamento do mundo. A luta
de classes não põe e repõe a classe operária como uma linha de força da
história universal? esse breve comentário é suficiente para mostrar o quanto o
conceito de paradigma está obsoleto?