METAMATERIA
A metafísica de Plotino prepara o terreno da ciência política materialista fazendo pendant com o Romance RSI (Real/simbólico/Imaginário)? A <matéria> não é um raio em um céu azul. Ela é capaz de estruturar o eu político, o hegemonikon, da prática política através da forma de Estado e forma de governo. O hegemonikon é feito de uma matéria que pode fazer o Bem ou o Mal, ou os dois, ao mesmo tempo.
Plotino:
“le mal ne réside pas dans n’importe quel sorte de manque, mais dans le manque absolu; ainsi donc ce qui manque un peu de bien n’est pas mauvais, car il peut être parachevé selon le niveau de sa nature. Mas ce qui est manque absolu - et cela est matière - celui-là est réellement le mal et n’a aucune part au bien”. (Narbonne: 120).
No romance RSI, a matéria e o ser inteligível, a alma e o corpo, o geral e o individual, são fenilomenicos (fenilatofenomenos) do poder estético da prática política. O poder estético pode ser o processo de sublimação da <Alma> em direção ao mais elevado, ao geral. ou processo de queda para uma região estética mais baixa, direção ao particular da matéria: pode ser o poder estético barroco-gótico ou o poder estético barroco-grotesco:
“A Alma cuida do Mundo de duas maneiras: supervisionando o geral, conduzindo-o à ordem mediante um incessante comando de sua soberania real; e cuidando do individual, o que implica em uma ação direta, em um contato imediato, no qual ela se contamina com a natureza do objeto sobre o qual age”. (Plotino:80).
A prática política de um Estado pode se encontrar sob o comando de um poder estético gótico ou grotesco, como absolutos universais. A forma da matéria do Estado grotesca é o mal absoluto, onde falta a o Estado fazer o bem. O Estado despótico oriental é essa matéria plotiniana absoluta do mal:
“Por outro lado, o corpo da Alma do Mundo é perfeito, cabal e autossuficiente, e nada há nele que seja contrário à sua natureza, de modo que lhe basta, poderíamos dizer, receber uma breve palavra de comando, e sua Alma está sempre num estado conforme o seu querer natural, uma vez que está isenta de paixões e apetites, pois ao Mundo (<kósmos>) ‘nada é subtraído e nada é negado’”. (Plotino: 80).
“O corpo da Alma do mundo”. Esta é a tela de um poder estético que comanda a forma de Estado republicana lacaniana (Bandeira da Silveira. Caps 12, 16. Agosto/2022). Trata-se de um Estado que usa a mais-valia fiscal, o mais-gozar público, na autofabricação de uma realidade objetiva política como obra-de-arte. Então, a matéria que faz o bem e o mal é que espécie de matéria? Ela é uma matéria química da natureza viva. Ela é a metamatéria quimilato, pois, ela faz a química da vida das afecções ser território phenylato ou alquilato.
A metamatéria quimilato é <potência e ato em ato> (Narbonne:31) na fabricação da forma de Estado. Toda forma de Estado era forma de Estado oriental despótica até a emergência do Estado republicano como potência e ato em ato na prática política ocidental. No entanto, a forma de Estado republicana é uma prática política paraconsistente (Newton da Costa; 2018), pois ele se encontra em processo de movimento que implica mudança.
Wagner:
“Aristóteles torna axiomático para a sua análise do movimento que ‘na medida em que toda mudança é algo para algo, algo dele deve subsistir no consequente da mudança’. Os termos usados por Aristóteles para designar o movimento como ‘do que’ ‘para que’ referem-se aos <extremos> ou <termos> e assume o axioma que implica a realidade do movimento como aquilo que em realidade procede de um certo modo quanto o que em realidade é um movimento de um certo tipo, sendo explicado poe seus <termos>. Isso conduz Aristóteles a responder em termos mais gerais a Zenão que ‘nenhuma mudança deve [em realiade] ser infinita em qualquer uma as vias em que a mudança pode existir; pois, na medida em que toda mudança deve ser algo para algo, uma mudança existe porque um par de termos existe, e tais termos serão vinculados um ao outro com contraditórios, contrários’”. (Gerson: 169).
A prática política universal e geral republicana não é uma totalidade fechada, pois, ela possui exceção, furo produzido por um poder estético da metamatéria da língua phenylato (Bandeira da Silveira. Março/2025) no processo sem fim da mudança da forma de governo. A forma de governo pode ser republicana ou despótica. A isso corresponde que a forma de Estado é republicana com seu furo extrarrepublicano, furo que é o Oriente no Ocidente. Não há Ocidente separado do Oriente na história verossímil do Estado do romance RSI.
A metamatéria quimilato é apenas o jundo sensível?
Philonenko:
“A questão evolui. Sabe-se o que é a sensação e, por conseguinte, não se ignora o que são os dados da vista, do ouvido e sabe distinguir-se o som e o sentido; o exemplo alegado, que prova a possibilidade de isolar a sensação, é <a língua dos bárbaros> (163B). Porém, talvez por associação de ideias, se o raciocínio se inverter, se distinguirmos a língua e a sensação, a gramática levar-nos-á ao sentidosem ensinar o que é sensação”. (Philonenko. 1997: 150).
A metamatéria é a gramática da matéria quimilato da prática politica universal mais geral que compreende o Estado como forma e Estado republicana e extrerrepublicana, ao mesmo tempo. Ocidente e Oriente, ao mesmo tempo na prática política da história verossímil do Estado a partir da antiguidade greco-romana? Ou o Oriente sempre carregou o Ocidente em alguma das civilizações asiáticas?
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À passagem do Texto de Hegel para o Texto de Marx corresponde uma mudança na forma de governo do hegemonikon no <espaço público procedural> mundial. O romance RSI do Estado hegeliano (Hegel; 1995) cede seu lugar para o Romance RSI do capital capitalista (Marx: Le capital; 1977). O Brasil foi um romance RSI do Estado getulista até o golpe de Estado que fundou o Estado militar-1964. Então, o Texto economicista do capital no Brasil se tornou o hegemonikon do espaço procedural público subdesenvolvido e dependente. O Romance RSI do capital capitalista subdesenvolvido, entre nós, foi o hegemonikon até entrar em colapso o discurso do economista universitário com Maria da Conceição Tavares e José Serra e outros menores no plano cultural. O fim da hegemonia do texto técnico economicista - de economistas profissionais e marxistas brasileiros - vem sendo uma região da minha invest romanesca RSI. O profissional da economia universitária [que trabalham para o capitalismo subdesenvolvido da elite do rico brasileiro de São Paulo e Rio] exauriu-se como hegemonikon, se degradou, apodreceu com a bananeira do fundo do quintal de minha casa (casa do Exército) em Belém do Pará. A podridão da bananeira hegemonikon evoca o poder estético <bruitagem>; hoje o economista do dominante existe a partir de ruídos “poderes poderes”, que eles fazem na tela técnica dos mass media.
A globalização liberal dos EUA procurou destruir de vez o romance RSI do Estado nacional territorial nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos. O que é o poder d’ars <bruitagem>? (Souriau. 1990. Paris. PUF: 277-280). Ele é o furo no espaço público procedural do hegemonikon mundial. Ele é o oder estético como exceção que não para de não funcionar, mas persiste falando na tela do discurso do universitário e, de vez em quando, fortuitamente, no Youtube. O poder estético <bruitagem> tem esse modo de parecer psíquico fungível, de falar e não falar sobrea arealidade de fazer sentido e não sentido, pois ele está de costas para o romance RSI da realidade objetiva obra-de-arte da atualidade; ele é <um chover no molhado> ou um <fode, mas não sai de cima> de seu parecer fungível>.
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O, “A Grande Transformação” é um livro sobre uma história institucional da civilização capitalista. As instituições são: o equilíbrio de poder entre as grandes potências, o padrão ouro, a economia auto-regulada e o Estado liberal. Estudei esse livro em um curso de pós-graduação em economia agrícola. Polanyi diz que o gênero da obra é ciência historiográfica. Ora, trata-se de uma história heterodoxa do capitalismo depois do romance RSI “O capital”. marx tomou a Inglaterra como objeto virtual empírico e Polanyi toma a Inglaterra como objeto positivo atual. Hoje, é possível tratar tal livro como o romance RSI historiográfico verossímil da civilização capitalista do Estado liberal e do capital capitalista do século XIX com seu passado estético inglês:
“Mas existe uma diferença muito grande entre evitar ocasionalmente as guerras, quer pelo esclarecimento oportuno da situação de poder, quer pela coação aos pequenos estados, e o fato concreto da Paz dos Cem Anos. O desequilíbrio internacional pode ocorrer por inúmeras razões - desde um romance dinástico até o aterro de um estuário, desde uma controvérsia teológica a uma invenção tecnológica. O simples crescimento da riqueza e da população, ou eventualmente, o seu decréscimo, pode pôr as forças políticas em movimento e o equilíbrio externo refletirá o interno, invariavelmente. Mesmo um sistema organizado de equilíbrio-de-poder só pode assegurar a paz , sem a ameaça permanente da guerra, se puder atuar diretamente sobre esses fatores internos e impedir o desequilíbrio <in status nascendi>. Uma vez que esse desequilíbrio tome impulso, só a força poderá endiretá-lo. É apenas senso comum afirmar que para se garantir a paz deve-se eliminar as causas da guerra; entretanto, nem sempre se compreende que, para fazê-lo, o fluxo da vida tem que ser controlado na sua fonte”, (Polanyi: 28).
O que parece esse <poder> do <equilíbrio de poder> entre as grandes potências? Jean Baudrillard mostrou que o termo <poder> tinha se exaurido com o uso excessivo dele na obra de Michel Foucault. (Baudrillard. 1984: 68-69). No além da pós-modernidade, o termo poder é restaurado como poder d’ars e poder estético (Bandeira da Silveira; julho/2025). Enquanto romance RSI, o “ A Grande transformação” tem no equilíbrio de poder entre as grandes potências um poder estético realista realista da crença quimilato ideológica do progresso econômico espontâneo?
“A crença no progresso espontâneo pode cegar-nos quanto ao papel do governo na vida econômica. Este papel consiste, muitas vezes, em alterar o ritmo da mudança, apressando-o ou diminuindo-o, conforme o caso> Se acreditarmos que tal ritmo é inalterável ou, o que é pior, se acreditamos ser um sacrilégio interferir com ele, enquanto não existe mesmo campo para qualquer intervenção. Os cercamentos oferecem um bom exemplo. Em retrospecto, nada pode parecer mais claro do que a tendência do progresso econômico da Europa Ocidental, o qual objetivava eliminar uma uniformidade artificial das técnicas de agricultura, faixas de cultura entrelaçadas e a instituição primitiva das áreas comuns no campo. no que se refere a Inglaterra, é certo que o desenvolvimento da indústria lanígera foi um recurso para o país levado, como o fez, ao estabelecimento da indústria têxtil - o veículo da Revolução Industrial”. (Polanyi: 54).
Polanyi parece admitir o papel do poder estético realista realista do progresso espontâneo das relações técnicas de produção capitalista que assegura uma autonomia da esfera econômica em relação ao governo na Inglaterra?
“Além disso, é claro também que o incremento da tecelagem doméstica dependia do aumento do fornecimento doméstico de lã. Esses fatos são suficientes para identificar a mudança da terra arável para a pastagem e o movimento de cerceamento que a acompanhou como a tendência do progresso econômico. Entretanto, não fosse a política consequente mantida pelos estadistas Tudors e os primeiros Stuarts, o ritmo desse progresso poderia ter sido ruinoso, transformando o próprio desenvolvimento em um acontecimento degenerativo, ao inves de construtivo. Justamente desse ritmo dependia, principalmente, saber se os despojos poderiam ajustar-se as condições modificadas sem danificar fatalmente a sua substância humana e econômica, física e moral; se eles encontraram empregos nas àreas de oportunidades indiretamente ligadas à mudança; e se os efeitos do incremento de importações, induzido pelo aumento das exportações, permitiria àquele que perderam seus empregos com a mudança encontrar novas fontes de subsistência”. (Polanyi: 54-55).
Marx fala da mudança para o modo de produção especificamente capitalista como obra de um poder realista fantástico que expulsa as massas camponesas do campo e as transforma em trabalhador assalariado urbano. Governos ingleses estavam preocupados com os efeitos da mudança para o capitalismo em nome de uma ideologia do progresso econômico? Tratava-se de governos dinásticos movidos por um poder estético realista realista da ideologia do celebrado empirismo governamental inglês?
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Polanyi segue a análise dialética de Marx que fala do capital movido por um oder realista fantástico perverso que estrutura a relação social de força entre o capital industrial e o trabalho assalariado?
Marx:
“O ‘Bury Guardian’ observou com tristeza que, após a conclusão do acordo de comércio anglo-francês, poderiam ser empregados 10.000 trabalhadores adicionais e, em breve, mais de 30.000 ou 40.000. Em 1860, depois de os agentes e subagentes de tráfico humano terem pecorrido praticamente em vão os distritos agrícolas, ‘uma delegação de fabricantes dirigiu-se ao senhor Villiers, presidente do Poor Law Board (departamento de assistência aos pobres) com o fim de obter o fornecimento de órfãos e crianças internados nos asilos de trabalho [workhouses]”. (Marx. 1977: 199-200).
Polanyi:
“Quanto à fonte política, a reforma parlamentar de 1832 realizou uma revolução pacífica. A estratificação social do país foi alterada pelo Poor Law amendment de 1834, e alguns dos fatos básicos da vida inglesa foram reinterpretados ao longo de linhas radicalmente novas. A New Poor Law aboliu a categoria geral de ,pobres>, o ‘pobre honesto’ ou ‘pobre trabalhador’ - termos contra os quais Burke já havia investido,. Os <pobres> anteriores se dividiram agora em indigentes fisicamente desamparados, cujo lugar era nos albergues, e trabalhadores independentes que ganhavam sua vida com o trabalho assalariado. Isto criou uma categoria de pobres inteiramente nova, o desempregado, que fez sua aparição no cenário social. Enquanto o indigente deveria ser atendido por uma questão humanitária, o desempregado não deveria ser assistido, em favor da indústria. Não importava o fato de que o trabalhador desempregado não era responsãvel pela sua própria sorte. O ponto não era se ele podia ou não encontrar trabalho, caso tentasse, mas que o sistema salarial sofreria uma derrocada, atirando a sociedade na miséria e no caos, a não ser que ele se sentisse ameaçado pela fome, tendo como alternativa apenas o destetado albergue. Reconhecia-se que isto significava castigar um inocente, mas a perversão da crueldade consistia precisamente em emancipar o trabalhador com o objetivo concreto de fazer da fome uma ameça efetiva de destruição. É justamente este procedimento que torna inteligível aquele melancólico sentimento de desolação que as obras dos economistas clássicos nos transmitem. Assim, fechando as portas aos excedentes que se encontravam agora aprisionados dentro dos limites do mercado de trabalho, o governo se colocou sob um estatuto que negava a si mesmo, pos - nas palavras de Harriet Martineau - fornecer qualquer assistência às vítimas inocentes passou a ser uma ‘violação dos direitos do povo’, por parte do Estado”. (Polanyi: 222).
O romance RSI do capital capitalista de Polanyi é um capítulo do romance RSI de “O capital”? O Estado teria deixado de ser a Alma do Mundo plotiniano, e aparece, em Marx como uma nova prática da política sem a metafísica do Bem e do Mal da língua quimilato metamatéria : aparelho de Estado e poder de Estado (Balibar: 94-95).
Marx sobre o poder d’ars realista fantástico perverso do capital:
“A experiência mostra geralmente ao capitalista que existe uma população excedente, excedente em relação às necessidades momentâneas do capital de expandir valor. essa superpopulação, entretanto, se compõem de gerações humanas atrofiadas, de vida curta, revezando-se rapidamente, por assim dizer prematuramente colhidas. Mas, ao observador inteligente, a experiência também mostra outras coisas, a saber, a rapidez e a profundidade com que a produção capitalista, que historicamente falando apenas data de ontem, tem atacado, nas suas raízes, as forças vitais do povo [..]”. (Marx. 1977: 200)
O povo como língua quimilato perde sua vitalidade natural com a prática política do capital como língua quimilato da busca do lucro.
Marx:
“a degenerescência da população industrial, retardada pela absorção contínua dos elementos novos precedentes das zonas rurais, e a situação dos trabalhadores rurais que já começaram a fenecer, apesar do ar livre e do princípio de ‘seleção natural’ tão poderoso entre eles e que só permitem sobreviverem os indivíduos mais fortes. O capital que tem tão ‘boas razões’ para negar os sofrimentos da geração de trabalhadores que o circundam, não se deixa influenciar, em sua razão prática, pela perspectiva de degenerescência futura da humanidade e do irresistível despovoamento final. [...] <Après moi le déluge> é a divisa de todo capitalista e de toda nação capitalista. O capital não tem por isso a menor consideração com a saúde e com a vida do trabalhador, a não ser quando a sociedade o compele a respeitá-la. À queixa sobre a degradação física e mental, morte prematura, suplício do trabalho levado até à completa exaustão responde : por que devemos sofrer com esses sofrimentos, se aumentam nosso lucro? De modo geral, isto não depende, todavia, da boa ou má vontade de cada capitalista. A livre competição torna as leis imanentes da produção capitalista leis externas compulsórias para cada capitalista individualmente considerado”. (Marx. 1977: 200).
O capitalista é um artista da reprodução ampliada do capital? Ele é movido por um poder lógico realista realista? a superpopulação não é um phenylatofenomeno de uma língua do capital realista fantástica? Hoje, o mercantilismo capitalista da multinacional cibernética aparece como um a língua phenylato de produção de mais-valia quimilato pelo trabalho digital. A busca do lucro continua ditando a lógica gramatical do capital como um poder d’ars realista fantástico cibernético aquém e além da vontade do capitalista. A língua quimilato do capitalsta não parece considerar se a língua phenylato do capital pode fazer o mal, ser pathos e Tanatos para o trabalho assalariado. Enfim, o capitalista é um efeito da gramática do poder estético do capital da sociedade industrial.
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