HISTÓRIA VEROSSÍMIL DO ESTADO
O Estado não é uma substância, um <Deus Mortal> como em Hobbes (Hobbes. SP: Abril Cultural: 110, 1974). Ele é um significante mestre de uma cadeia de significantes que emerge do real da prática política em geral: sociedade dominante/dominado, indivíduo cesarista, língua fenilato (Bandeira das Silveira; março/2025). A civilização do Estado é aquela da plurivocidade de Estado em um território. O Estado moderno tem esse texto romanesco RSI (Real/Simbólico/Imaginário) do monopólio legitimo, ou seja, monopólio política da força física da violência legítima do aparelho de Estado sobre a sociedade, o indivíduo e a lingua phenylato. O monopólio político da violência política sobre a língua phenylato cria a nação e o Estado nacional. No Brasil, a língua lusa é imposta contra a lingua geral tupi-guarani e uma plurivocidade de línguas tribais. Aí se encontra a autofabricação do Estado nacional e da nação luso-brasileira do Brasil independente. Isso é o aparecer do parecer da verdade nacional como Estado territorial. A história da civilização do Estado em território brasileiro é uma história verossímil da plurivocidade de Estado territorial/virtual. Porém, devagar com o andor, pois o santo é de barro nessa procissão guiada por um poder d’ars realista barroco.
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“A República” é o primeiro romance RSI sobre o Estado. É um texto dialético paradoxal como romance RSI. Ele parte da diferença entre essência e aparência, ele estabelece a verdade filosófica como estratégia de combate contra os sofistas. Pela leitura de Marx a filosofia é uma forma ideológica (Marx. 1974: 136). Assim, o primeiro livro sobre o Estado seria uma interpretação ideológica dialética da realidade objetiva da prática política universal. Há duas espécies de ideologia. Uma é a ideologia como teoria e a outra a ideologia como teoria e prática. Essa última é a phenylato-ideologia. Gramsci tem uma ideia dela como ideologia popular, como tradição:
“Validade das ideologias. Recordar a frequente afirmação de Marx sobre a ‘solidez das crenças populares’ como elemento necessário de uma determinada situação. Ele diz mais ou menos isto: ‘quando esta maneira de conceber tiver a força das crenças populares’ [4] etc. Outra afirmação de Marx é a de que uma persuasão popular tem, com frequência, a mesma energia de uma força material, ou algo semelhante, e que é muito significativa. A análise destas afirmações,creio, conduz ao fortalecimento da concepção de <bloco histórico>, no qual, precisamente, as forças materiais são o conteúdo e as ideologias são as formas, distinção entre forma e conteúdo puramente didática, já que as forças materiais não seriam historicamente concebidas sem forma e as ideologias seriam fantasias individuais sem as forças materiais”. (Gramsci. 205, v. 1: 238).
“A República” é romance RSI dialético como gramática histórica normativa (Gramsci. 1968: 168-171) e como phenylato-ideologia. A dialética filosófica estabelece a verdade, a exatidão do texto que fala da realidade da essência da forma de Estado e das formas de governo. No texto romanesco abandona-se a metáfora da relação entre superfície do mar e sua profundidade. Esta profundidade é a de uma tela gramatical da prática política, na qual a profundidade se encontra na forma de Estado profunda da própria superfície lunar. (Nietzsche. 1977:15). Na profundidade da gramática da superfície se encontra a phenyilato-ideologia platônica na qual o governo da justiça, justo, não parece ser a lógica do interesse do mais forte, do dominante e sim a lógica do interesse do mais fraco, do dominado:
“Portanto, se alguém afirma que a justiça consiste em dar a cada um o que lhe é devido, entendendo com isso que o que se deve aos amigos é o bem e aos inimigos o mal - não foi sábio quem tal disse, pois não é verdade se, como demonstramos claramente, o dano causado a outrem não pode ser justo em caso algum”. (Platão. Sem data: 24). A forma republicana de Estado é a forma da justiça em todas as formas de governo? Na tirania, o governo obedece a lógica do interesse do mais forte?
Platão:
“E assim, Trasímaco - disse eu - ninguém que tenha governo, na medida em que é governante, considera ou ordena o que convém a sim mesmo, mas sim o que convém ao governado e sujeito à sua arte: e tudo quanto faz ou diz tem em mira unicamente isso”. (Platão. Sem data; 33). Ou a tirania é o modo de governar segundo a gramática de interesse do dominado, ou, então, ela é uma forma de extragoverno? A tirania é uma forma de governo justa do romance RIS republiano? Ou ela é o grau zero do romance RSI rrepublicano; o furo, a exceção da generalização de que toda forma de governo é republicana? A gramática dialética fala de uma totalidade com furo? Aí, a verdade é o parecer da verdade da essência da superfície profunda nas aparências de semblância (Arendt. 1992: 33) da (re)superfície?
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Põem e compõem o Estado: população, território, poder; instituição, comunidade, aparelho, grupo, prática política; língua nacional e língua phenylato; ideologia, gramática, retórica; O Estado faz o bem e o mal? Ele parece ser eros e tanatos, ethos e pathos? Alma, corpo, subjetividade?
<Instituo> parece ser por em um território, por exemplo; estabelecer, construir, ordenar, fabricar, instituir, formar (Saraiva: 619), formação, fundar uma polis-Estado, um Estado territorial nacionl, caminho como fixar-se em um pensamento, pensar o gravíssimo do mundo (Heidegger. 1972: 13, 15). <Comune> parece ser povo, comunidade, Estado, república, riqueza pública (Saraiva: 256). A lingua nacional do Estado faz pendant com a língua phenylato? Platão diz:
Ce qui suit sa naissance, ce sont, je le pense en effet, fêtes, joyeuses parties, bombances, courtisantes, chez lui et ses amis; bref tout de que font, en ce font, en ce genre, ceux au-dedans de qui réside le tyrant Amour: pilote qui gouverne toust les mouvements de son âme [...] les désir, et spécialement par celles d L’Amour, qui commande en persone [...]”. (Plato. 1950. v. 1: 1178).
Um regime de desejos parecem expressão da afecção Amor. Amor à comunidade, amor à instituição, amor ao poder, amor à riqueza pública como aura sacra fame, amor à lingua nacional de Estado, território gramatical e do poder estético da língua quimilato - de um romance RSI (Real, simbólico, Imaginário).
Aristóteles:
“parece que todas as afecções da alma estão ligadas ao corpo: a ira, a educação, o medo, a piedade, a valentia, a alegria, assim como o amor e o ódio, já que quando estas afecções aparecem, também o corpo parece ser afetado”. (Aristoteles. 1982: 109).
Dominação e hegemonia fazem parelha, respectivamente: ditadura e hegemonia, aparelho de coerção e aparelhos de hegemonia (cultural, político, econômico), governo ou Estado em um sentido estrito e Estado integral, dominação e direção…(Buci-Glucksmann: 1975. A Dominação ex-siste na relação com o controle das afecções da língua fenilato; a hegemonia (Gramsci. 1977. v. 3:2342-2344) faz o laço entre a língua nacional e a língua phenylato, a expressão dos desejos de Amor com a classe do hegemonikón (Elorduy. v. 2: 26). Platão:
“chegou mesmo a ocasionalmente admitir que o verdadeiro Estado só poderia ser erigido com o emprego da violência - ou seja, pela via da ditadura. E ademais, na consatituição desse Estado, concentra uma tal gama de poder no governo, que este só pode ser o de um monarca, o que, no contexto efetivo da Grécia, só poderia ser o de um ditador, de um tirano”;. (Kelsen. 1995: 155; Engels. 1974: 120; Neschke-Hentschke: 68).
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O texto poético “gramática expositiva do chão (1966)” é uma gramática que não fosse semblância? gramática das redes de significantes do real de uma lingua nacional? O livro “Poesia Completa” é um romance RSI em versos? Os significantes em verso e reverso emergem em uma realidade objetiva de uma língua nacional como expressão artística de uma outra língua: LÍNGUA PHENYLATO?
“Prenderam na rua um homem que entrara na prática do limo”
[...]
“a - 29 escritos para conhecimento do chão através de São Francisco de Assis
b - protocolo vegetal
c - retrato do artista quando coisa”. (Manoel de Barros: 121).
A referencia a São Francisco de Assis, talvez seja a filiação do artista ao santo barroco? O protocolo vegetal é um alinhamento com o “Manifesto antropofágico (1928)” ?
Oswald de Andrade:
“Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.
Nunca fomos catequizados. fizemos o carnaval. O índio vestido de Senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de alencar cheio de bons sentimentos portugueses.
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Já tinhamos o comunismo. já tinhamos a língua surrealista. A idade do ouro.
Catiti Catiti
Imara Notiá
Notiá Imara
Ipejú
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A magia e a vida. tinhamos a relação e a distribuição dos bens físico, dos bens morais, dos bens dignitários. E sabiamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais” (Teles:356).
No manifesto se encontra a imagem textual do poder estético realista mágico em formas gramaticais? O Manifesto antropofágico não evoca “um discurso que não fosse semblante” de ariano luso-brasileiro? O texto sem semblância retórica é uma máquina de guerra poética de um poder d’ars modernista barroco rés do chão realista grotesco em combate com o barroco gótico, celestial, fundador da língua portuguesa de um Padre Antonio Vieira da nossa elite que vegeta à sombra do trono? (Vieira: 2015).
A prática do limo da gramática phenylato expositiva do chão das afecções são o reverso poético dos sentimentos aristocráticos luso-brasileiro do século XIX, século dominado pela retórica imperial no campo das ideologias celestiais, trabalhadas como pérolas barrocas por José de Alencar e Machado de Assis.
O <artista coisa> lança o suplicante da gramática phenylato na relação com a poesia como mercadoria, como lógica da mercadoria:
“ C’est seulement un rapport social déterminé des hommes entre eux qui revêt ici pour eux la forme fantastique d’un rapport des choses entre elles”. (Marx. v. 1. 1977: 69).
O poder realista fantástico da lógica fetichista da mercadoria faz do artista uma coisa, um regime de desejos estéticos como expressão do amor à língua nacional:
“por meio de ser árvore podia advinhar se a terra era fêmea e dava sapos”.
“via o mundo como a pequena rã vê a manhã de dentro de uma pedra”
[...]
“a esse tempo lê Marx”. (Manoel de Barros: 124).
Nao se trata da uma visão de mundo ideológica e sim da emergência do significante-mestre agente da passiva na realidade objetiva como um Evangelho que não fosse retórico?
“ 2”
‘“Descrição da tela pelo Dr. Francisco Rodrigues de Miranda, amigo do preso”.
“o artista recolhe neste quadro seus companheiros pobres do chão: a lata a corda a borra vestígios de árvores etc. “(Manoel de Barros: 122).
Afinal o que o arrtista recolhe do chão em um contraponto aos bens celestiais?
“[...]”
“seu amor o levara a pedra
estava estropiado de árvore e sol
estropiado até a pedra
até o canto
estropiado no seu melhor azul
procurava-se na palavra rebotalho
por cima do lábio era só lenda
comia o ínfimo com farinha
o chão viçava no olho
cada pássaro governava a árvore”. (Manoel de Barros: 125).
<Cada pássaro governava sua árvore>. É o parecer de uma forma de governo da passarinhada da árvore que parece ser a verdade de uma regime político da afecção amor que petrifica?
“o que sua mãe era de pedra”. Manoel dew Barros:127).
O amor à mãe pátria língua luso-brasileira petrifica o artista?
“O homem de lata
é armado de pregos
e tem natureza de enguia
O homem de lata
está na boca da espera
de enferrujar
O homem de lata
se relva nos cantos
e morre de não ter um pássaro
em seus joelhos”. Manoel de Barros: 127).
O “homem de lata” manoelesco é o homem gramatical aristotélico (Aristóteles. 1973: 14)na língua nacional desprovido da língua phenylato?
“ - Ainda que seu corpo permanecesse ardendo, o amor o destruiria “. (Manoel de Barros: 135).
O amor celestial se expressa por desejos de um poder estético gótico que fazem o corpo arder. Isso não evita que o amor/afecção res publicano do chão não destrua o corpo da língua nacional do campo das ideologias formais da nação luso-brasileira?
“Chico Miranda (<na rua do Ouvidor>).
“ - O poeta é promíscuo dos bichos, dos vegetais, das pedras. Sua gramática se apoia em contaminações sintáticas. Ele está contaminado de pássaros, de árvores, rãs” (Manoel de Barros: 137).
O poder realista barroco mágico evoca bichos, vegetais, pedras que estão fora do mundo da mercadoria do capital comercial dos mass media.
“Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma
e que você não pode vender no mercado
como, por exemplo,o coração verde dos pássaros,
serve para a poesia”. (Manoel de Barros:146).
Há o alem da contradição entre civilização e barbárie de um Fernando Pessoa? (Bandeira da Silveira; novembro/2024). A gramática phynilato não é o paraíso perdido do artista além da civilização e da barbárie?
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A gramática expositiva do chão das afecções do romance RSI de Manoel de Barros funciona como gramática plástica a Wittgenstein?
“518 [...] E quem pinta não deveria pintar algo- e quem pinta algo, não pinta nada real? - Sim, o que é o objeto do pintar: a figura do homem (por exemplo) ou o homem representado pela figura?
519. Diríamos: uma ordem é uma imagem da ação, que foi executada segundo a ordem; mas é também uma imagem da ação, que <deve> ser executada segundo ela.
“520.’Mesmo quando se concebe a frase como imagem de um estado de coisas possível e se diz que ela mostra a possibilidade do estado de coisas, então, no melhor dos casos, a frase pode fazer o que faz uma imagem pintada ou plástica, ou um filme; e ela, em todo caso, não pode colocar o que não se dá. Portanto, depende inteiramente de nossa gramática o que é (logicamente) dito possível e o que não é, - a saber, o que ela autoriza?’”. (Wittgenstein. Investigações filosóficas. SP: Abril Cultural. 1975: 148).
A gramática plástica é gramática phenylato que constitui uma língua nacional? Essa autoriza logicamente ou não o dizer no filme [romance RSI] com produção de mais-valia estética. É a gramática do poder estético que autoriza ou não o dizer de um discurso sem semblância:
“Tudo aquilo que nossa
civilização rejeita, pisa e mija em cima,
serve para a poesia”. (Manoel de Barros: 146).
O que é pisado e mijado? a gramática do phynilato?
“As coisas jogadas fora
têm grande importancia
como um homem jogado fora”. (Manoel de Barros: 1470.
O homem jogado fora como detrito da civilização capitalista da produção de mais-valia econômica, como inútil, tem seu lugar na produção de mais-valia estética do romance RSI manoelesco, como a criançada:
“Então - os meninos descobriram que amor
Que amor com amor [...]”. (Manoel de Barros: 149).
<Amor com amor> é a forma de governo da língua phenylato sob domínio da língua do capital, o regime político das afecções de um e outro, forma como expressão de desejos ardentes, de vida. Tal imagem textual põe e repõe o problema da superioridade da civilização ocidental sobre os bárbaros e outas civilizações? Chegamos ao âmago do complexo de vira-lata do Brasil-nação?
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Há dois aspectos da relação da língua phenylato com a antropologia. Primeiro nessa língua do romance RSI da antropologia não há separação entre natureza e cultura, ao contrário da antropologia estruturalista (Lévi-Strauss. 1976: 44). O segundo aspecto refere-se à hierarquia entre civilizações:
“Longe de ficarem encerradas em si mesmas, todas as civilizações reconhecem, uma após outra, a superioridade de uma delas, que é a civilização ocidental. Não vemos todo o mundo tomar-lhe empretado progressivamente as técnicas, seu gênero de vida, suas distrações e até suas roupas? Do mesmo modo que Diógenes provava o movimento caminhando, é o próprio caminhar das culturas humanas que, desde as vastas massas da Ásia até as tribos perdidas na selva brasileira ou africana, prova, por uma adesão unânime sem precedentes na história, que uma das formas da civilização humana é superior a todas as outras: o que os países <insuficientemente desenvolvidos> censuram aos outros nas assembleias internacionais, não é que os estejam, ocidentalizando, mas de não lhes darem, como bastante rapidez, os meios de se ocidentaliuzarem”. (Lévi-Strauss. 1989: 349-350).
A mundialização do Ocidente não acabou por produzir civilizações na Ásia como a região de relações técnicas de produção mais desenvolvida com território geográfico do planeta? Assim, a relação de hierarquia entre Ocidente e Ásia se inverteu. Outro problema lógico é o da relação entre as línguas nacionais:
“La logique ressemble á la grammaire en ceci que pour le débutant c’est une chose, et pour celui qui connaît la langue (et des langues) et l1esprit de la langue, c’en ’est une autre [...] Alors la logique donne <l’essence de cette richesse> [...], <la nature intérieure de l’esprit et du monde>. (Lenine. v. 38: 96).
A lógica gramatical expositiva do chão, isto é, a lógica gramatical phenylato desfaz a aparência de que a língua franca da civilização dominante é superior às outras línguas, estabelecendo o complexo de vira lata nas outras línguas das civilizações dominadas:
‘La langue est plus riche dans un état des peuples peu développé, primitif, - la langue s’appauvrit avec la civilization et la formation de la grammaire”. (Lenine. Idem: 294).
A gramática norma culta da língua nacional subsume a língua quimilato? Ao subdesenvolvimento da gramática normativa não corresponde um alto desenvolvimento da língua phinylatyo? Então é necessário conhecer o espírito da língua phenylato. O línguia quimilato como uma tela plástica habitando a tela gramatical da língua nacional:
“La constitution d’un Etat avec sa religion…, sa philosophie, ses idées, sa culture, ,,ses puissances extérieures’ (le climat, les voisins…) forment ,,une seule substance, un seul esprit’...”. (Lenine. idem: 293).
O Estado é constituído como tela cultura religiosa ou secular de ideias plástica em um território geográfico de clima e vizinhos:
“Repetir repetir - até ficar diferente.
Repetir é um dom do estilo
“[...]’
“As coisas que não têm nome são mais pronunciadas por crianças”. (Manoel dee Barros: 300).
A gramática expositiva do phynilato se desenvolve nos atos de fala da repetição pela repetição do poder estético que a instaura e a conduz como realidade vitalista. Qual a relação do poder estético da (re) repetição com o enigma?
O poder estético mais completo do romance RSI costuma trabalhar como agente da passiva com o enigma:
“Hoje eu desenho o cheiro das árvores”
X
“Não tem altura o silêncio das pedras”. (Manoel de Barros: 301).
Eis enigmas manoelescos:
“No descomeço era o verbo.
só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: <Eu escuto a cor dos passarinhos>.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
E pois.
Em poesia que é a voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio”. (Manoel de Barros: 301).
A gramática norma culta funciona pelo princípio da não contradição entre o ouvir e o ver. “Eu ouço o som da imagem sonoro textual, e vejo a imagem gramatical do significante. Então, Ver o som e ouvir a imagem gramatical só poder ser o enigma para o senso comum da ação da linguagem norma culta. Ora! na língua phenylato se pode ouvir a imagem do desenho gramatical e ver o som da imagem sonora das afecções como amor, ódio,, tristeza e alegria criancice do <Eu escuto a cor dos passarinhos” .
“”Lagartixas têm odor verde”. (Manoel de Barros: 333).
“O enigma pertence, sobretudo, à arte da palavra, mas também pode achar lugar nas artes plásticas, na arquitectura, na jardinagem ou na pintura. Pelas origens históricas, pertence ao oriente e àquela época de transição do simbolismo confuso e vago para a sabedoria e a generalidade mais consciente. Houve povos e épocas inteiras cujas delícias foram praticar e cultivar este género”. (Hegel. 1993: 226).
O poder estético realista mágico produz uma tela de romance RSI com o enigma da lógica gramatical da língua quimilato:
“O enigma tem, pois, um sentido que é conhecido e nada há de misterioso na sua significação> Mas esta caracteriza-se, também, por ser composta com traços de caracteres e de propriedades que fazem parte do undo exterior onde existem num estado disperso e que foram intencionalmente reunidos de maneira disparatada para impressionarem à primeira vista. falta-lhes, por isso, unidade sintética subjectiva e a sua justaposição ou aproximação intencional é desprovida de sentido; por outro lado, exprimem, porém, uma tendência para a unidade e, graças a isso, os traçõs mais hetrogêneos adquirem de novo um sentido e uma significação”> (Hegel. 1993: 226)
A afecção enigmática é desprovida de sentido para o senso comum da gramática normativa da língua nacional. Porém na língua phenylato/alquilato, o enigma é vivido como sentido e contrasentido de plurivocidade de pode d’ars de governar o mais-gozar da vida comum e da vida da prática política da história verossímil universal do Estado.
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