SENHORA - JOSÉ DE ALENCAR
A história da literatura se tornou uma prática política mundial milenarista; a literatura tal como é conhecida e praticada encontra-se no fim dos tempos da civilização do livro. Ela pode ser restaurada a partir das obras-de-arte do passado estético do Brasil? Para restaurar a história da literatura, ela tem que ser a história do general intellect gramatical barroco-iluminista? O general intellect gramatical funciona como artista plástico de uma plurivocidade de poder d’ars (e pode estético) no campo da literatura. Este texto aqui tem como fonte gramatical meu do poder d’ars meu outro texto: “República parlamentarista e revolução republicana agrária”.
2
No capítulo 1 do romance “Senhora”, é posto as relações entre forma de governo literário e poder d’ars?
Alencar:
“Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de suas ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolos dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro.; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio dos deslumbramentos que produzira o seu fulgor”. (Alencar. Senhora: 7).
Balthazar Gracián faz o juizo de gosto do senso comum do poder d’ars barroco como aquilo que repeli o hiperbólico. Então, o exagero na descrição de Aurélia é a ponta do umbigo de um romance, do romantismo tropicalista, de um outro poder d’ars não-baroco? José de Alencar trabalha com uma plurivocidade de poder d’ars em suas obras-de-arte, ao longo de sua exuberante vida cultural. Ele foi no século imperial o maior artista do general intellect gramatical aristocrático seguido por seu discípulo e dileto amigo carioca mulato Machado de Assis:
“Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muitos coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-laos noveleiros.
Aurélia era orfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade.
Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda,para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda uma certa emancipação feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações com entendesse.
Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida a julgar pelo caráter da pupila não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta.
A convicção geral era que o futuro da moça dependia exclusivamente de suas inclinações ou de seu capricho; e por isso todas as adorações se ima prostrar aos próprios pés do ídolo”. (Alencar. Idem: 7).
O romance fala da jovem urbana imperial, da sociedade de corte de D. Pedro II. Jovem orfã, sem estar assujeitada ao poder patriarcal de uma família rica. Jovem determinada a viver a vida da língua fenilato imperial para a mulher da aristocracia. Parece que ela via a sociedade corte como o paraíso perdido da carne? Ela era uma fêmea da aristocracia moderna moderna a Europa? uma jovem de um cosmopolitismo da sociedade corte das relações perigosas cortesãs?
O Brasil imperial era modernidade do homem europeu gramatical urbano?
Baudelaire:
“Assim ele vai , corre, procura. O quê? Certamente esse homem, tal como o descrevi, esse solitário dotado de uma imaginação ativa, sempre viajando através do <grande deserto de homens>, tem um objetivo mais elevado do que a de um simples <flanêur>, um objetivo mais geral, diverso do prazer efêmero da circunstância. Ele busca algo, ao qual se permitirá chamar de <modernidade>, pois não me ocorre melhor palavra para exprimir a ideia em questão. Trata-se, para ele, de tirar da moda o que esta pode conter de poético no histórico, de extrair o eterno do transitório”. (Baudelaire: 859).
A nossa jovem senhorial Aurélia sonhava com a modernidade cosmopolita parisiense? A vida é sonho? Utopia virtual em uma geografia masculina alem do territorial extrafeminino? Aí se encontra um conflito a Simmel entre jovem mulher e jovem homem na sociedade aristocrática brasileira? Aurélia é uma forma de governo feminino da vida das afecções quimilatos que quer se mover pelo princípio de prazer de um poder d’ars do maravilhoso, do paraíso perdido da carne carioca?
3
Nenhum comentário:
Postar um comentário