9 Crisis - república parlamentarista e revolução republicana agrária
A questão agrária no Brasil é herdeira do poder d’ars do latifúndio senhorial, colonial-feudal. No regime parlamentarista, ela aparece através da Ligas Camponesas. No regime de 1988, ela aparece com o movimento camponês MST (Movimento sem Terra). No governo lula de 2023, há a questão agrária como reforma agrária no aparelho de Estado. O Congresso é dominado por uma bancada de grande proprietários de terra ou agraristas que são contra a reforma agrária. Nota-se, que o MST não faz parte de uma consciência republicana nacional de solução, na prática política 1988, do mercado interno de produção e venda de bens de consumo perecíveis. Ora! é uma preocupação de hoje o desaparecimento da consciência nacional republicana - que criou a Constituição republicana de 1988. Os constituintes de 1987-88 apareceram como a mais avançada consciência republicana nacional revolucionária para o espanto da sociedade conservadora, de então.
Em 1961-62, há uma consciência republicana nacional da questão agrária. Tal fato se deve ver na relação entre as relações técnicas de produção do poder d’ars da comunicação e a formação de uma consciência nacional possível. António Damásio descarta a consciência nacional:
“A consciência é um fenômeno inteiramente privado, de primeira pessoa, que ocorre como parte do processo privado, de primeira pessoa, que domina a mente. A consciência e a mente, porém, vinculam-se estreitamente a comportamentos externos que podem ser observados por terceiras pessoas. Em todos nós ocorrem estes fenômenos - mente, consciência na mente e comportamentos - e sabemos muito bem como eles se correlacionam entre si, primeiro graças à auto-análise, segundo em razão de nossa propensão a analizar os outros. Tanto a sabedoria como a ciência da mente e do comportamento humano baseiam-se nessa incontestável correlação entre o privado e o público - mente de primeira pessoa, de um lado, e comportamento de terceira pessoa de outro”. (Damásio: 29).
Nas ciências das telas, há a tela da mente estética que faz pendant com a práxis individual e prática política de massas analíticas ou do homem comum. Assim, a consciência nacional republicana é uma prática política em uma tela da mente estética territorial/virtual. Em 1961-62, há uma consciência nacional republicana que acolhe a questão agrária dos de baixo, dos camponeses Hoje, a questão agrária dos de baixo não faz pendant com uma consciência nacional republicana, existente virtualmente, na Constituição de 1988, porém que foi desintegrada pelas relações técnicas de produção do pode d’ars mass media do capitalismo comercial cesarista cyberpunk do regime de 1988. O Estado republicano de 1988 se transformou em um Estado extrarrepublicano do dominante, que tem com seu comitê central o Congresso de Brasília. Como o MST não é nacional-popular republicano, e sim latino-americano internacionalista, desse mato não sai cachorro. O único movimento organizado de massas no Brasil vive a partir de uma vivência de uma luta econômica da revolução democrática cosmopolita.
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De um platô (Deleuze. 1980), observa-se as ciências das telas (Bandeira da Silveira. Julho/2025: cap. 5) das big techs. o que elas são como gramática das ciências das telas? Qual a relação delas com a consciência nacional republicana? Elas são um novo Estado, um Estado virtual extraterritorial?
Newton da Costa:
“edificam teorias cujo escopo vai muito além do que os dados pareciam autorizar, assemelhando-se mais a criadores do que a descobridores, onde o gênio e a inspiração despontam, lembrando o ato criador do artista. Em síntese: Não haveria ciência empírica se os cientistas procurassem empregar formas válidas de inferências”. (Newton da Costa. 2019: 24).
As big techs são as ciências das telas digitais de qual fenilatofenômeno? Indo direta ao ponto. Elas são o novo Estado tecno-feudal do mercantilismo da mundialização do capitalismo comercial digital cesarista. Elas são um Estado virtual sem território geográfico? Ora! elas são, ou americanas, ou chinesas. O Brasil tem esse Estado tecnofeudal americano dentro do Estado brasileiro. Um Estado tecnofeudal capitalista que é o verdadeiro Estado estadunidense da atualidade. Assim, há a subsunção da soberania do Estado territorial nacional à soberania do Estado do capitalismo comercial digital cesarista americano, nos EUA e no Brasil. Donald Trump é um fantoche cyberpunk da mundialização do Estado do capitalismo comercial, digital, cesarista cyberpunk. Por quê cyberpunk? Porque ele luta no território da plurivocidade gramática-ideológica-retórica contra o republicanismo do Estado territorial-nacional, que aparece como uma imagem textual do sistema mundial a ser desintegrado. O poder d’ars cyberpunk digital faz a história da terceira década do século XXI, sem que homens e mulheres percebam como isso é feito. O Estado tecnofeudal capitalista comercial faz a história, mas não sabe que a faz e como a faz e porque a faz?
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A espécie humana caminha para o fim do homem em um milenarismo irrevogável, aparentemente. Duas gramáticas ideológicas promovem esse milenarismo macabro: o niilismo nietzschiano, e a pulsão de morte freudiana. Assim, é posto a relação da gramática com o sujeito na época do capitalismo comercial digital cyberpunk. Este tem a gramática antropofágica e relação ao sujeito: revela meu segredo ou te devorarei, diz a gramática para o sujeito. Então, resolvi partir do “Manifesto antropofágico (1928) com a gramática do sujeito lacaniana. A gramática antropofágica é aquela do Estado tecnofeudal do capitalismo comercial digital cesarista cyberpunk (EFCCDCC) sem César. Começo:
“Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente”
“Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz”.
“Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago”. (Andrade. 1987:353).
A antropofagia une o general intellect gramatical das big techs. ùnica lei do mundo da mundialização do capitalismo comercial digital cyberpunk devorador do mundo do sujeito homem. Há essa gramática antropofágica do EFCCDCC devoradora do homem gramatical, da língua fenilato, do Estado geográfico nacional:
“Tupy, or not tupy that is the question”. Andrade. Idem: 353). Deve-se continuar no caminho da conciliação barroca do homem com a máquina? eis a questão!
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A consciência republicana brasileira:
“Foi porque nunca tivemos gramática, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-mundi do Brasil”. (Andrade. idem: 354).
Uma consciência sem gramática e tradição, sem geografia urbana e/ou rural para existir como um poder d’ars da prática política republicana:
“Uma consciência participante, uma rítmica religiosa”.
Onde está o sujeito republicano:
“Contra o mundo reversível e as ideias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vítima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores”. (Andrade. Idem; 355).
O indivíduo vítima do sistema. Eis uma versão vitimológica do sujeito lacaniano?
Lacan:
do sujeito que um discurso sujeita como tal à produção, desse sujeito que há matemáticos que lhe qualificam como <criativo>. Resta deixar claro que é realmente de sujeito que se trata, o que é corroborado pelo farto de que, na minha lógica, o sujeito se exaure ao se produzir como efeito de significante, mantendo-se tão distinto deste, é claro, quanto um número real de uma sequência cuja convergência é racionalmente assegurada”. (Lacan. S. 19: 166).
O sujeito republicano é um efeito da gramática da tela da mente estética republicana. Mas ele é divisão entre consciência republicana e inconsciente da gramática do Estado cyberpunk do capitalismo comercial digital cesarista:
“A luta entre o que se chama incriado e a Criatura-ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor quotidiano e o modus vivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo - a inveja, a usura, a calúnia, o assassinarto. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos”. (Andrade. Idem: 359).
A antropofagia é a gramática do sujeito general intellect gramatical, das massas analíticas soberanas da prática política em geral. Porém, o sujeito republicano é antropofagia sem poder d’ars cyberpunk como o general intellect gramatical da mundialização do Estado cyberpunk do capitalismo comercial digital cesarista, sem César:
‘Contra as histórias do homem, que começam no Cabo Finisterra. o mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César”. (Andrade. Idem: 357).
Um general intellect gramatical cesarista sem César é uma invenção de sujeito da gramática do Estado cyberpunk digital além do Cabo Finisterra.
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A gramática-ideológica-retórica do poder d’ars republicano é uma criação e recriação da civilização política greco-romana. Na modernidade europeia, americana ele brasileira ela aparece como revolução republicana. Portanto, o sujeito republicano pode ser restaurado em 2025?
O que transformou o sujeito republicano em um fenilatofenômeno sem consciência republicana nacional? Há uma subsunção do sujeito republicano um inconsciente político? Ele é um sujeito exaurido enquanto gramática republicana revolucionária para sempre? Vive-se o fim do sujeito republicano?
John Rawls:
“Também não quero defender a ideia de que seria aconselhável a um egoísta, em meio a uma sociedade justa, transformar-se em homem justo, dados os seus objetivos. Antes, o que me interessa é avaliar o bem de um estabelecido desejo de seguir o ponto de vista da justiça. Suponho que os membros de uma sociedade bem estruturada já possuam esse desejo? A questão é se esse sentimento regulador é coerente com o bem das pessoas. Não estaremos examinando a justiça ou o valor moral das ações a partir de determinados pontos ede vista; estaremos, sim, avaliando o bem associado ao desejo de adotar-se um ponto de vista particular, a saber, o da justiça. Precisamos avaliar este desejo não do ponto de vista egoísta, seja qual for, mas à luz da teoria estrita do bem”. (Rawls. 1981:412).
O sujeito republicano é a lingua fenilato (Bandeira da Silveira. março/2025) feita de desejos como afecção (Hobbes. cap. 5) ou sentimento: afecção do justo, por exemplo, na forma de governo republicana. A língua fenilato regula a forma de governo como gramática e prática em uma tela da mente republicana. Bolsonaro e Trump procuraram destruir a língua quimilato republicana. Eles encarnaram e Trump encarna a contrarrevolução extrarrepublicana. Porém, que coisas são parte do extrarrepubklicano?
Wolton:
“On retrouve ici l’idéologie moderne évoqué précédemment. Au lieu d’intégrer les techniques de communication dans des visions de la société plus vaste, on suppose que ce sont les techniques qui modifieront les visions de la société. Comme si la communication instantanée et interactive d’un bout du monde à l’autre avait une seule fois réduit les problèmes politiques, la violence et le risque de guerre…L’époque contemporaine découvre même avec horreur, de la guerre du Golf à la Somalie, dela Tchétchénie au Rwanda et à la Yougoslavie, que l’ont peut avoir toutes les informations sur une situation politique sans pour autant éviter les guerres. On a longtemps cru que les conflits existaient d’autant plus qu’on les ignorait. Et de manière complémentaire, on a supposé que plus il y avait d’images et d’information, moins il serait possible de faire des guerres. Hélas! En trente ans on vient de découvrir le contraire. Le schéma est plus compliqué. Hier on tuait parce qu’il n’y avait pas de caméras. Aujourd’hui on peut aussi bien tuer avec de caméras toutes proches”. (Wolton. 1997:53).
As relações técnica de produção da tela da mente estética do capitalismo comercial mass media funcionam com o olho do espectador que vê o acontecimento, o fato, a cena da guerra sem mediação simbólica - sem reflexão da consciência republicana? Sem passar pelo grande Outro:da civilização greco-romana republicana?
Wolton:
L’idéal de la transparence a une autre conséquence, celle de créer l’idée, fausse, selon laquelle il peut u avoir une société sans distance symbolique. Touts les sociétés jusqu’à aujourd’hui ont été officiellement et légitimement hiérarchisées. Seule la société démocratique prône l’égalité. De là à crore que la communication généralisée augmentera la transparence, et atténuera la hiérarchie, il n’y a qu’un pas, franchi par beaucoup. Or la réduction des distances symboliques rencontre rapidement une limite. D’abord, tout le monde ne peut vivre au même niveau de compréhension des problèmes d’une société. Ensuit, à supposer que cela soit possible, il subsiste cette évidence: tout collctivité a besoin de distances symboliques entre les ordres économique, militaire, politique, judiciaire, religieux. Que vaut une société si tous les codes, les vocabulaires, les rites se trouvent d’un seule coup sur un pied d’égalité? (Wolton. 1997: 53).
No capitalismo comercial mass media eletrônico, todas as gramáticas-ideológicas-retóricas têm o mesmo valor na explicação do fato, do acontecimento. A transparência da simultaneidade igualitária mass media é algo sem efeito na tela da mente estética republicana? Não há a passagem em ato da consciência republicana do vê do campo simbólico para um outro campo não-simbólico? O capitalismo comercial mass media eletrônico transforma em taxa de lucro o quê, exatamente? Qual mais-gozar?
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O capitalismo comercial mass media eletrônico produziu uma transformação na língua fenilato plástica. A língua plástica é algo de Wittgenstein:
“E quem pinta não deveria pintar algo - e quem pinta algo, não pinta nada real? - Sim, o que é o objeto do pintar: a figura do homem (por exemplo) ou o homem representado pela figura?”
519. Diríamos: uma ordem é uma imagem da ação, que foi executada segundo a ordem; mas é também uma imagem da ação, que deve ser executada segundo ela”.
“520. ‘Mesmo quando se concebe uma frase como imagem de um estado de coisas possível e se diz que ela mostra a possibilidade do estado de coisas, então, no melhor dos casos, a frase podev fazer o que faz ua imagem pintada ou plástica, ou um filme; e ela, em todo caso, não pode colocar o que não se dá. Portanto, depende inteiramente de nossa gramática o que é (logicamente) dito possível o que não é, - a saber, o que ela autoriza’”. (Wittgenstein. 1975: 148).
A tela da mente plástica linguística como um filme é quem autoriza o fato. O capitalismo comercial mass media eletrônico faz da da pulsão como afecção escópica taxa de lucro:
“Esse lembrete é o bastante para justificar que tinhamosinsistido preferencialmente na pulsão escópica em em seu objeto imanente: o olhar”. (Lacan. 2003: 224).
A passagem para o capitalismo comercial mass media digital faz funcionar um poder d’ars que já não se baseia na pulsão escópica da de um mais-gozar da transparência na tela dos fatos de hoje. Ele faz a passagem do simbólico para uma outra coisa distinta da transparência. Ele faz funcionar as aparências de semblância (Arendt. 1992:31)na tela da mente estética digital como campo do heteróclito reprofundo:
“Alors que l’intelligence décompose les sens, le mythe le compose. C’est pourquoi il ne saurait être compris d’après une supposée valeur explicative; le mythe n’est pas une science des primitifs mais un moyen de compréhension immédiate du reel. L’opposé du sym-bolique, c’est, proprement, le dia-bolique”. (1998:732).
Com o capitalismo comercial digital surge um Estado tecnofeudal capitalista do poder d’ars cyberpunk no campo das ideologias que se torna mitológica. No Youtube pode-se observar essas fenilatoideologias que praticam a compreensão do real da prática política da língua fenilato como um filme. Isso bloqueia o aparecimento do sujeito republicano, definitivamente? Olhe-se para sujeito-massas americana de 2025 <No Kings>.
Esse sujeito diz que Trump representa uma mundialização de uma monarquia eletiva no território americano. As massas funcional como uma tela da mente cinematográfica na terra do cinema. A monarquia trumpsta é movida por um poder d’ars cyberpunk? É, logo, uma monarquia comercial digital, cesarista, cyberpunk? E as massas No kings que lutam contra essa monarquia cyberpunk? Na história, há a monarquia e a republica como formas de governo da civilização política ocidental. Porque aas massas analíticas do general intellect gramatical americano não se definem como uma revolução republicana da terceira década do século XXI? o republicanismo é propriedade nominal do Partido Republicano. Porém esse partido hoje é extrarrepublicano e contrarrevolucionário mundialmente. Ele se tornou o partido cyberpunk dominante da monarquia eletiva-digital cyberpunk trumpista. Se as massas N.K. se identificam esteticamente com a democracia capitalista militarista do Partido Democrata, então, elas não têm como fazer a passagem ao ato à revolução republicana contra o partido falso republicano e o poder d’ars cyberpunk do Estado do capitalismo comercial digital cyberpunk: monarquia cyberpunk.
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A questão agrária é um elemento da crise brasileira eterna. A república parlamentarista teve que tratar com ela enfrentando o movimento das massas camponesas daa Ligas Camponesas. A ação dos EUA sobre as Ligas Camponesas na tentativa de desarticulá-las acabou sendo o fio condutor da ação do aparelho de Estado do parlamentarismo. Ora! se este foi o resultado, ele se teceu numa trama complexa que envolveu a relação das elites políticas com o próprio movimento das Ligas, trama esta medida por movimentos políticos: como o movimento republicanista nacional-popular - que tinha no sindicalismo republicano trabalhista um pilar -, pelos partidos políticos e pelo próprio governo de Tancredo Neves.
Com efeito, no início da década de sessenta, a questão agrária orbitava em torno de um referencial empírico: as lutas camponesas do Nordeste pela propriedade familiar da terra. Aos poucos, as classes sociais com algum poder de intervenção na conjuntura política foram assumindo posições concretas em torno do problema das Ligas, e aí aparece a ideia de reforma agrária radical. O movimento social rural deste período não se reduzia às Ligas Camponesas. Por exemplo, no I° Congresso dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, em Belo Horizonte, em maio de 1961, congresso da unidade das lutas dos dominados no campo, participaram As Ligas e a ULTAB (União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil). No Rio Grande do Sul, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MASTER), que iniciou em 1960, organizou cerca de 100.000 camponeses e mais de 1.000 associações. No Nordeste, se dava o início do movimento da Igreja pela sindicalização no campo. (Elide Rugai Bastos. As Ligas camponesas. Petrópolis: Vozes, 1984: 80-81).
Bem!. Uma concepção que leve em consideração os vários aspectos produzidos pela presença das luta de classe camponesas naquele momento deve partis, me parece, da inserção destas lutas na sociedade de classes atualizado na conjuntura política do republicanismo parlamentarista. Porém, uma coisa é a relação dessas lutas com as frações de classe que compunham o bloco no poder; outra, a relação destas lutas com os grupos sociais subalternos rurais e urbanos. O ponto de partida para a leitura do impacto das lutas camponesas, certamente, deve ser o de uma revolução social que abarca relações internas e externas à própria luta de classe.
Apesar da ruptura na representação política do movimento camponês provocada pelas lideranças das Ligas, ruptura esta que indicava claramente o aspecto da alienação política interna ao movimento do campesinato, com efeito, parece que para as Ligas o problema consistia em transformar o campesinato em um poder d’ars realista realista que desse autonomia em relação às outras lutas sociais presentes na situação concreta. Eis a declaração de Francisco Julião em reunião do Conselho Estadual da Paraíba das Ligas Camponesas:
“(...) achamos que é viável a tomada do poder através do campesinato por ser um país essencialmente agrícola (...). (Elide Rugai Bastos, op cit p. 84). Este dito de julião no contexto da discussão com o PCB procurava pôr a questão da autonomia histórica das lutas camponesas em relação à gramática ideológica do PCB, partido que defendia a aliança dos movimentos populares com a burguesia industrial ‘Nós desejamos libertar o povo como o PC também deseja, mas, a essa altura, não é possível fazer aliança com a burguesia nem pensar em conquistar o poder político pelos caminhos pacíficos”. (Elide Rugai Bastos, op cit: 84)
Hoje, a liberdade de expressão dos artistas da luta de classe não aparece como algo ininteligível? A luta de classe tinha uma relação com a forma de governo republicano parlamentarista sem que houvesse um <recalque> feito pelo poder d’ars republoicano parlamentarista aos discursos dos “atores” naquele momento. Todo o cerco ao MST de hoje feito pela plurivocidade de poder d’ars do dominante do regime de 1988 parte da memória no dominante do choque e pânico que ele viveu em 1961-1964.
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Francisco Julião foi tratado como um porralouca pelo PCB e mass media impressa. Ele, ao contrário, é o nosso sujeito, um advogado, um escritor, do general intellect gramatical do dominado. Como se trata de desfazer a imagem textual que o dominante produziu sobre o dominado sintetizado em Julião, terei que seguir um caminho gramatical ideológico pouco comum às ciências do homem.
Lacan:
O pai, como o nome e como aquele que nomeia, não é o mesmo. O pai é esse quarto elemento - evoco aí alguma coisa que somente uma parte de meus ouvintes poderá considerar - esse quarto elemento sem o qual nada é possível no nó do simbólico, do imaginário e do real. Mas há um outro modo de chamá-lo. É nisso que o que diz respeito ao nme-do-Pai, no grau em que Joyce testemunha isso, eu o revisto hoje com que é conveniente chamar de sinthoma.. Na medida em que o inconsciente enoda ao sinthoma, que é o que há de mais singular em cada indivíduo, podemos dizer que Joyce, como ele escreveu em algum lugar, identifica-se com o <individual> Ele é aquele que privilegia ter chegado ao ponto extremo de encarnar nele o sintoma, através do qual ele escapa a toda morte possível, deixa de se reduzir a uma estrutura que é aquela mesma do uom, se vocês me permitem escrevê-lo bem simplesmente como um <u.o.m> (Lacan . S.22: 163).
A luta de classes se dirige para o poder d’ars na produção do sinthoma como nome-do-Pai da forma de governo existencial da vida. Julião aparece como sinthoma - Nome-do-Pai- da luta política de classe, pois trata-se do campesinato tomar o poder brasileiro. O Nome-do-Pai é o hegemonikon estoico que realiza as condições de possibilidade da identificação estética das massas populares com a revolução republicana agrária. Julião poderia ser o artista da luta de classe, ele que não tinha cultura acadêmica, retórica que fosse? Julião artista nos remete para um poder d’ars do dominado na luta política para tomar o poder brasileiro?
Lacan:
“Em que o artifício pode visar expressamente o que se apresenta como sintoma? Em que arte, o artesanato, pode desfazer, se assim posso dizer, o que se impõem do sintoma? A saber, a verdade [...] Nesse caso, onde está a verdade? Disser que, no discurso do mestre, ela estava como que suposta no sujeito, S barrado. Este como dividido, está sujeito à fantasia. É em S barrado, no nível da verdade, que devemos considerar o meio-dizer”. (Lacan. S. 23: 23-24).
A verdade de Julião é o campesinato como significante do desejo <revolução republicana agrária>, Aí, o significante do desejo é recalcado com sintoma (Juranville; 242).
Para Julião, o sintoma social do PCB define o compromisso histórico do dominado com o dominante, com a burguesia nacional dirigindo as classes populares em direção à uma revolução democrático-burguesa. Como Nome-do-Pai, Julião se define sintomaticamente como A liga Camponesa como vanguarda da revolução republicana do trabalho contra o latifúndio e o capitalismo corporativo mundial. Aí habita Julião como proprietário de um poder d’ars?
Lacan:
“Em todo caso, é a partir de Joyce que abordarei esse quarto termo, uma vez que ele completa o nó do imaginário, do simbólico e do real. O problema todo reside nisto - como uma arte pode pretender de maneira divinatória substancializar o sinthoma em sua consistência,mas também em sua ex-sistência e em seu furo?”. (Lacan. S. 23: 38).
Julião aparece como o sinthoma ou Nome-do-Pai para a tela da mente dos mass media do dominante. Ele, de maneira, divinatória quer substancializar o sinthoma revolução republicana do trabalho, do ponto de vista do dominado, e não do ponto de vista do dominante, isto é, revolução republicana trabalhista. Aliado de Leonel Brizola chegou a se filiar ao PDT, em 1986. A revolução republicana do trabalho, de Leonel Brizola, e a revolução republicana das massas camponesas ainda estão por ser estudas como sinthoma da história da prática política de 1061-regime de 1988. A época do <pobre de direita encontra-se em um caminho contrário ao de Julião e Brizola. O caminho da contrarrevolução extrarrepublicana do capitalismo comercial mass media digital cesarista-cyberpunk. O <pobre de direita> seria o lumpesinato político cesarista de Marx na periferia subdesenvolvida do capitalismo mundial? Seria esse pobre de direita ligado ao fenomeno da gramática popular do linchamento no Brasil, estudada por José de Souza Martins? Uma guerra civil popular extrerrepublicana e contrarrevolucionária de uma prática subpolítica dos mais de baixo,heteróclita, do Brasil reprofundo, nas ruas do Rio, por exemplo?
O pobre de direita apareceu como “classe-apoio” do governo de Bolsonaro:
“O governo de Bolsonaro não é um raio em um céu azul na política nacional. Ele não é, diretamente, um produto da luta de classes da sociedade formal. Ele não é um efeito da história capitalista formal e legal. Ele é consequência da evolução da economia urbana informal, aberta às ilegalidades, em todo o país, mas, especialmente no Rio de Janeiro. (Bandeira da Silveira. 07/2021:14).
O governo de Bolsonaro conduziu o pobre de direita e a classe media urbana bolsonarista por ser proprietário do primeiro poder d’ars cyberpunk no Brasil. A sua voz contra o sistema é o signo maior desse poder cyberpunk carioca.
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Qual a diferença entre o Brasil de Julião e o Brasil reprofundo carioca. Deve-se buscar na diferença entre o poder d’ars realista realista de Julião e o poder d’ars realista fantástico do Brasil reprofundo. Vivar aqui é como viver eternamente em um congresso heteróclito cyberpunk:
“Mas aquele instante de lucidez foi apenas um relâmpago que iluminou os abismos. Logo perdi o sentido do quotidiano, a lembrança precisa de minha existência real e a consciência que estabelece as grandes e decisivas divisões em que o homem deve viver: o céu e o inferno, o bem e o mal, a carne e o espírito. E também o tempo e a eternidade; porque ignoro, e nunca o saberei, quanto durou aquele diabólico congresso, pois naquele antro não havia noite nem dia e tudo foi uma única e infernal jornada”. (Sábato: 395).
Como é o poder realista fantástico do Rio?
“E como e mediante quais meios aquela mulher poderia ser o Castigo, que desde épocas imemoriais, a Seita Sagrada havia imaginado, sadicamente preparado, e agora lançava contra mim? Com pavor, e ao mesmo tempo com uma esperança que devia chamar de negra (a esperança que há de existir no inferno), vi como aquela serpente se dispunha a deitar-se comigo. Na escuridão das noites tropicais eu havia visto desprender-se da ponta dos mastros aquela espectral eletricidade dos fogos de San Telmo; assim via agora como aquela fluorescência magnética que irradiava o quarto se despendia da ponta dos dedos, de seus cabelos, de suas pestanas, das vibrantes pontas de seus peitos: desejosos como bússolas de cálida carne ante a proximidade do poderoso imã que os haviam atraído através de territórios escuros e delirantes”.
‘Serpente Negra possuída pelos demônios e no entanto dotada de alguma sagrada sabedoria”.
“Imóvel, quieto como o pássaro sob o olhar paralisante, via como se aproximava lenta e voluptuosamente. E quando por fim seus dedos tocaram minha pele, foi como a descarga elétrica da Grande Arraia Negra que habita nas profundezas submarinas”.
[...]
Não duvido de que aquele <ser> tinha a faculdade de manejar comos poderes inferiores; que, se é que não criam a realidade, são de qualquer forma capazes de construir terríveis simulacros fora do tempo e do espaço, ou, dentro deles, transformando-os, invertendo-os ou deformando-os. Assiti a catástrofes e a tortura, vi meu passado e meu futuro (minha morte), senti que meu tempo se detinha conferindo-me a visão de eternidade, tive idades geológicas e percorri as espécies: fui homem-peixe, fui batráquio, fui um grande pássaro pré-histórico> Mas agora tudo é confuso e me é impossível rememorar exatamente minhas metamorfoses. Tampouco é necessário: sempre voltava, obsessiva, monstruosa, fascinadora e lúbrica, a mesma e reiterada união”.
“Creio recordar uma turbulenta e quente paisagem dessas que imaginamos em períodos arcaicos de nosso planeta, entre gigantescas coníferas; uma lua turva e radioativa iluminava um mar de sangue que lambia praias amarelentas. E Além da praia se estendiam imensos pântanos nos quais flutuavam aquelas mesmas vitórias-régias que havia visto em meu sonho. Como um centauro no cio corri por aquelas areias ardentes, até uma mulher de pele negra e olhos violetas que me esperava uivando para a lua. Sobre seu corpo enegrecido e suado vejo ainda sua boca e seu sexo, abertos e sanguinolentamente vermelhos. Entrei furiosamente naquele ídolo e então tive a sensação de que era um vulcão de carne, cujas fauces me devoravam e cujas entranhas chamejantes chegavam ao centro da terra”. Sábato: 395-396).
No poder d’ars realista fantástico cyberpunk do Rio, habitam as criaturas aparentemente normais da classe média que fazem jogos de sedução com a Serpente Negra do subterrâneo da prática política da cidade, quando se identificam esteticamente com esse sinthoma da meia-noite sem luzes.
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O populismo acadêmico se caracteriza em dizer que não há separação entre ciência e ideologia científica, como em Gramsci:
“A questão mais importante a ser resolvida com relação ao conceito de ciência é a seguinte: se a ciência pode dar, e de que maneira, a ‘certeza’ da existência objetiva da realidade exterior. Para o senso comum, esta questão nem sequer existe; mas de onde se originou a certeza do senso comum? Essencialmente da religião (pelo menos do cristianismo, no Ocidente); mas a religião é uma ideologia, a ideologia mais enraizada e difundida, não uma prova ou uma demonstração. É possível demonstrar que é um erro exigir da ciência como tal a prova da objetividade do real, já que esta objetividade é uma concepção de mundo, uma filosofia, não podendo ser um dado científico [...]. ‘Objetivo’ significa precisamente e apenas o seguinte: que se afirma ser objetivo, realidade objetiva, aquela realidade que é verificada por todos os homens, que é independente de todo ponto de vista que seja puramente particular ou de grupo. Mas, no fundo, também esta é uma concepção particular do mundo, uma ideologia”. (Gramsci. 2015. v. 1: 173).
A forma de governo é uma realidade objetiva ou uma ideologia? Há ideologia e ideologia:
“Recordar a frequente afirmação de Marx sobre a <solidez das crenças populares> como elemento necessário de uma determinada situação. Ele diz mais ou menos isto: ‘quando esta maneira de conceber tiver a força das crenças populares’ [4] etc. Outra afirmação de Marx é a deque uma persuasão popular tem, com frequência, a mesma energia de uma força material, ou algo semelhante, e que é muito significativa. A análise destas afirmações, creio, conduz ao fortalecimento da concepção de <bloco histórico>, no qual precisamente, as forças materiais são o conteúdo e as ideologias são a forma, distinção entre a forma e o conteúdo puramente didática, já que as forças materiais não seriam historicamente concebíveis sem forma e as ideologias seriam fantasias individuais sem as forças materiais”. (Gramsci. Idem: 238).
A forma de governo é análoga ao bloco histórico, pois, ela é plurivocidade de ideologia e de força material. Porém, ela é ideologia distinta da ideologia como fantasia individual. Como?
“Poder-se-ía esboçar um quadro da ‘gramática normativa’ que opera espontaneamente em toda a sociedade determinada na medida em que ela tende a unificar-se, seja como território, seja coomo cultura, isto é, na medida em que nela existe uma classe dirigente cuja função seja reconhecida e seguida”. (Gramsci. 1977. v. 3: 2343).
A forma de governo é essa gramática ideológica com a ideologia como força material, ou seja, a ideologia como um fenilatofenômeno de uma língua quimilato. A realidade objetiva encontra-se na tela a mente material- estética da língua fenilato. Assim, temos a passagem em ato das ciências do homem para as ciências das telas materiais. Sobretudo, Gramsci também fala da gramática ideológica que está além da ideologia científica. A gramática ideológica existe a partir do exercício de um poder d'ars na tela da mente linguística plastica, com um filme. Michel Foucault diz que a verdade é produção, é construção da história, não existe verdade metafísica, a não ser como construção de massas analíticas da filosofia secular ou religiosa. Se as massas analíticas do general intellect gramatical (GIG) criam a verdade da prática política, elas criam essa verdade a partir de uma gramática de um poder d'ars hegemônico na sociedade/Estado como forma de governo. Não é a classe dominante que impõe sua verdade, na medida em que a classe dominante é econômica. O dominante que cria a verdade é um hegemonikon estóico em uma luta gramatical-ideológica-retórica em uma conjuntura. São homens e mulheres do GIG que estabelecem a verdade de uma conjuntura política? Bem. estamos esquecendo o papel do capitalismo comercial mass media na produção da verdade. Primeiro, o mass media da Galáxia de Gutenberg, depois o mass media eletrônico audiovisual e finalmente o mass media digital. O capital comercial mass media cria a verdade a partir de seu poder estético dominante. A verdade pode ser criada no território da hegemonia ou da dominação. No primeiro, intelectuais hegemônicos de papel criam a gramática ideológica de unificação de uma prática política territorial e cultural como forma de governo. Aí o debate de ideias articula o espaço público procedural fora do alcance de poderes coativo de censura de ideias, como o aparelho de Estado brasileiro que judicializa e criminaliza a produção de ideia. Não nos encontramos mais nessa época? A universidade criou um espaço institucional de produção de ideias no qual uma hierarquia atribua valores superiores e inferiores dependendo do poder institucional do autor e das massas analíticas. Isso não é um espaço de um poder d’ars hegemônico. O exercício dessa gramática institucional de criação de ideias acabou por fazer das ciências do homem o lugar do <mandarinato> que produz ideologias científicas autorizadas pela gramática hierárquica do poder da instituição, Assim, as ciências do homem se transformaram em um campo de ideologias científicas legitimando o populismo acadêmico de Gramsci: fim das ciências do homem. Com o fim das ciências do homem, nos EUA abre-se as comportas para um poder d'ars cyberpunk do americanismo trumpista fazer a guerra ideológica à universidade, pois, então, inexiste espaço público procedural hegemônico, mas só relação dominante(elite oligárquica mass media)/dominado (consumidor) na veiculação das ideias, das ideologias como fantasia individual de quem é soberano do falar no audiovisual.
O espaço público procedural da gramática ideológica… pode atravessar universidade e telas dos mass media em geral. Porém, as telas técnicas do capital comercial mass media eletrônico e digital criaram um simulacro de simulação de espaço público procedural da tela da mente freudiana material da hegemonia:
“Simulacros de simulação, baseados na informação, no modelo, no jogo cibernético - operacionalidade total, hiperrealidade, objectivo de controle total”. Baudrillard. 1991: 151).
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Agora é necessário fazer crítica da sociologia paulista das Ligas Camponesas. Para ela as condições objetivas internas ao movimento social indicavam uma incapacidade dos intelectuais orgânicos do campesinato de transformá-lo em um partido político camponês revolucionário bolchevique. Neste caso, a interpretação sociológica evoca a categoria de <alienação política> (João Carlos Brum Torres. “identidade e representação”. in: Filosofia política 3. LP&M/ Unicamp /UFRGS. Porto Alegre/Campinas, 1996; Maurice Duverger> Os partidos políticos, cap. 3, item 1. RJ: Zahar, 1980; Franz Neumann. Estado democrático e Estado autoritário. RJ: Zahar, 1969, p. 247). A alienação política é um aspecto constitutivo das relações entre representante e representado nas classes do dominado, um poder que age contra o movimento camponês, cujo resultado foi a pasteurização da prática política camponesa na tela da mente material do poder d’ars da forma de governo republicana de 1946.
A concepção ideológica da sociologia paulista não sabe o que é uma prática política de um grupo social com massas analíticas e base social do trabalho camponês. (Elide Rugai Bastos. op. cit. p. 54; Octavio Ianni. A utopia camponesa. in: Revista da Universidade de São Paulo, n° 2. SP: USP, 1986, p. 106). A sociologia paulista não sabia que toda prática política exigia uma gramática ideológica…para se tornar inteligível. Evoco a gramática ideológica freudiana para alcançar a liga Camponesa como práxis revolucionária republicana na prática politica da forma de governo republicana-1946.
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Francisco Julião era parcela individual de uma massa analítica:
“se inscreve e se determina através dos efeitos que resultam da massa analítica, isto é, da massa dos analistas, no estado atual de sua constituição e de seu discurso”. (Lacan. S. 8: 325).
O indivíduo Julião da massa analítica camponesa existe na gramática ideológica freudiana?
Freud:
“Cada indivíduo é uma parte componente de numerosos grupos, acha-se ligado por vínculos de identificação em muitos sentidos e construiu seu ideal de ego segundo os modelos mais variados. Cada indivíduo, portanto, partilha de numerosas mente grupais - as de sua raça, classe, credo, nacionalidade etc. - podendo também elevar-se sobre elas, na medida em que possui um fragmento de independência e originalidade”. (Freud. Livro 18. Psicologia de grupo e análise do ego: 163).
O indivíduo habita uma plurivocidade de tela da mente grupal como prática política. Lacan diz que se deve cancelar a palavra mente. Ora, nisso sigo o Freud:
“é facil encarar os fenômenos surgidos sob essas condições especiais como expressões de uma pulsão especial que já não é redutível - a pulsão social (‘herd instinct’, ‘group mind’), que não vem à luz em nenhuma outra situação”. (Freud. Idem: 92).
O amor é a afecção de uma gramática freudiana do grupo:
“Tentaremos nossa sorte, com a suposição de que as relações amorosas (ou, para empregar expressão mais neutra, os laços emocionais) constituem também a essência da mente grupal. Recordemos que as autoridades não fazem menção a nenhuma dessas relações”. (Freud. Idem: 117).
Tomando o exército e a Igreja (A Liga camponesa não é um grupo artificial?) como massas analíticas, isto é, grupos artificiais:
“É de notar que nesses dois grupos artificiais, cada indivíduo está ligado por laços libidinais por um lado ao líder (Cristo, o comandante-chefe) e por outro aos demais membros do grupo)”. (Freud. Idem: 121).
Nesses grupos da economia política libidinal de uma língua fenilato institucionalizada:
“só o amor atua como fator civilizador, no sentido de promover a modificação do egoísmo em altruísmo. E isso é verdade tanto do amor sexual pelas mulheres, com todas as obrigações que envolve de não causar às coisas que são caras às mulheres, quanto do amor sexual, dessexualizado e sublimado, por outros homens, que se origina do trabalho em comum”. (Freud. Idem: 130).
A civilização do grupo institucionalizado como aparelho de Estado (exército) ou aparelho de hegemonia de Estado (Igreja) é parte da história universal. As Ligas Camponesas é uma prática política de sublimação das relações sexuais entre homem e mulher. Nela, a mulher aparece como um ser da revolução republicana do trabalho camponês e o homossexualismo dos homens é sublimado na luta de classe. A identificação com o poder d’ars passa pela relação massas produtivas/líder:
“O que aprendemos dessas três fontes pode ser assim resumido: primeiro, a identificação constitui a forma original de laço emocional com um objeto; segundo, de maneira regressiva, ela se torna sucedâneo para uma vinculação de objeto libidinal. isto é, por meio da introjeção do objeto no eu; e, terceiro, pode surgir com qualquer nova percepção de uma qualidade comum partilhada com alguma outra pessoa que não é objeto de pulsão sexual. Quanto mais importante essa qualidade comum é, mais bem sucedida pode tornar-se essa identificação parcial, podendo representar assim o início de um novo laço”. (Freud. Idem: 136).
Julião é o líder, isto é, o hegemonikon estoico, o <eu político> do trabalho revolucionário republicano comum, como objeto amoroso de identificação (laço estético) das massas como poder d’ars sublimatório barroco de governar essas massas na luta de classe contra o dominante. O dominante é o poder político da tradicional-colonial classe senhorial do latifundiário. Bem! A Liga Camponesa se encontra em um determinado contexto histórico de uma sociedade de classes sociais e do capital .
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Qual a relação das Ligas Camponeses e de Julião com o contexto histórico mundial?
Marx:
“A sociedade burguesa é a mais complexa e desenvolvida organização histórica da produção. As categorias que expressam suas condições e a compreensão de sua organização permitem ao mesmo tempo compreender a organização e as relações de produção de todas as formas de sociedade passadas, sobre cujas ruínas e elementos ela foi edificada e cujos vestígios, ainda não superados, continuam arrastando, uma vez que meros indícios prévios têm desenvolvido nela sua significação plena etc. A anatomia do homem é uma chave para a anatomia do macaco? Ao contrário, os indícios das formas superiores nas espécies animais inferiores podem ser compreendidos só quando se conhece a forma superior. Porém não certamente ao modo dos economistas, que cancelam todas as diferenças históricas e veem a forma burguesa em todas as formas de sociedade. Se pode compreender o tributo, o dízimo etc. quando se conhece a renda da terra. Porém, não há porque identificá-los. Ademais, como a sociedade burguesa não é em si mais que uma forma antagônica de desenvolvimento, certas relações pertencentes á formas de sociedade anteriores aparecem nela só de maneira atrofiada ou até disfarçada”. (Marx: 26. 1982).
Com as Ligas camponesas de Julião, trata-se da relação da sociedade camponesa com a sociedade burguesa brasileira; esta não é a forma da sociedade burguesa mais desenvolvida, completa, como a sociedade burguesa europeia ocidental ou americana. Estas passaram por revoluções republicanas e edificaram telas de direitos republicanos na relação dominante/dominado. A revolução republicana agrária estabelece a propriedade da terra para o camponês como uma afecção., como parte da <justiça> de uma língua quimilato republicana:
A injustiça na ordem republicana da propriedade privada na distribuição da riqueza funciona como tabu estabelece o par igualdade/desigualdade:
“A igualdade como forma de seguro social exibe semelhanças com um conjunto bastante difundido de crenças e práticas que podemos convenientemente agrupar sob o rótulo de ‘o tabu do cão da manjedoura’. A essência desse tabu é a crença de que a retenção pessoal ou privada, sem utilização, de recursos cujo suprimento é escasso e dos quais outros necessitam é de alguma modo imoral, constituindo uma violação dos mais elevados direitos da comunidade”. (Moore Jr: 66-67).
O latifúndio improdutivo - como propriedade senhorial-colonial da terra - é um vestígio da sociedade colonial do Brasil profundo da terra. Essa propriedade torna a terra escassa a terra para o restante da população da sociedade camponesa. Daí a injustiça aparecer na tela da mente do poder d’ars realista-barroco republicano-camponês como injustiça natural:
“O autor iniciou as reflexões que levaram a este livro após presenciar num porto da costa do Maine uma amarga altercação entre dois proprietários de barcos de cruzeiro. Um capitão navegava em direção ao porto para reclamar seu atracadouro - uma mercadoria em falta nesse porto - depois de tê-lo deixado sem muso e vago por um longo período, durante o qual o outro iatista se apossara dele. Somente após expressar vividamente o seu senso de injustiça o <posseiro> renunciou ao atracadouro. O sentimento local, até onde pude julgar, não favorecia a propriedade privada no que de outro modo seria uma cidadela dessa crença”. (Moore Jr: 67).
A analogia é óbvia. A propriedade privada da terra improdutiva no regime republicano de 1946 era protegida pelo Estado republicano-democrático em uma clara sustentação da injustiça moral contra a sociedade camponesa. Assim, para a revolução republicana agrária, o Estado aparecia como extrarrepublicano e contrarrevolucionário:
“Neste sentido, Edmond Cahn parece correto quando salienta o significado da empatia para com o senso [<comum>] de injustiça indignada. O que faz do tabu do cão na manjedoura um fato tão aceito é que alguma forma de escassez é muito provavelmente, de tempos em tempos, em quase todas as sociedades”. (Moore Jr: 67).
A revolução republicana agrária lutava pela hegemonia - como diz Julião - na prática política nacional. Ela fazia jogos de significantes (Lacan. 1966:551) com a empatia da sociedade nacional e do Estado territorial do Brasil-nação. Ela queria fazer do significante do desejo reforma agrária um fenilatofenômeno de um Estado verdadeiramente repulicano. A revolução republicana camponesa punha em xeque-mate o contexto da sociedade capitalista subdesenvolvida brasileira (Bandeira da Silveira. 12/2019) e seu Estado-1946 extrarrepublicano e contrarrevolucionário. Assim, a sociedade camponesa se transforma em um tabu. Pode-se afirmar que o golpe de Estado de 1964 e a ditadura militar decorrente dele foram fatos históricos para bloquear a revolução republicana agrária brasileira
Freud:
“O tabu é uma proibição primeva forçosamente imposta (por alguma autoridade) de fora, e dirigida contra os anseios mais poderosos a que estão sujeitos os seres humanos. O desejo de violá-lo persiste no inconsciente; aqueles que obedecem ao tabu têm uma atitude ambivalente quanto ao que o tabu proíbe. O poder mágico ambivalente [de amor e ódio, de amigo e inimigo] atribuído ao tabu baseia-se na capacidade de provocar a tentação e atua como um contágio porque os exemplos são contagiosos e porque o desejo proíbido no inconsciente desloca-se de uma coisa para outra. O fato da violação de um tabu poder ser expiada por uma renúncia mostra que esta renúncia se acha na base da obediência ao tabu”. (Freud. vol. 13: 55).
A propriedade senhorial da terra como tabu para o homem do campo se sustenta a partir de um poder realista fantástico [mágico] do inconsciente político de propriedade da propriedade privada latifundiária. Esse poder mágico do inconsciente político latifundiário é um dispositivo de poder político do Estado territorial da contrarrevolução extrarrepublicano eterna no Brasil.
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O governo do general Geisel da “abertura democrática” assassinou o politburo do PCB e torturou o chefe do SNI, o general João Figueiredo, torturou o poeta Ferreira Gullar. A ditadura militar torturou o advogado Francisco Julião. Tais atos são a barbárie da crise brasileira eterna da contrarrevolução extrarrepublicana dos generais. A violência terrorista de Estado foi constitutiva da forma de governo, pois, ela tomou como objeto dirigente políticos da prática política pacífica do dominado; essas pessoas não foram da luta armada da guerrilha urbana ou rural:
“As mesmo tempo, ao lado das ligas camponesas, multiplicaram-se osw <sindicatos rurais>. Paralelamente à atividade política de Francisco Julião, que se apoiava principalmente no PSB, alguns grupos católicos, o PTB eo PCB procuravam expandir as suas atividades entre os camponeses e os assalariados do campo. Aliás, em pouco tempo Julião não era mais o único líder das massas rurais, nem das ligas.Á sua capacidade de liderança e ao seus carisma, os outros partidos, grupos e líderes opunham maior capacidade de organização, maior experiência política e maiores recursos financeiros. Essas eram as condições em que estava ocorrendo a redefinição política das relações de classe no campo. Isto é, pouco a pouco, verificava-se a metamorfose política do lavrador em camponês. Esse foi o contexto político diretamente responsável pela criação da SUDENE [...] A tecnocracia estatal que passou a funcionar no Nordeste, ao criar a SUDENE, correspondia a uma nova estrutura de poder, por sobre as estruturas estaduais e municipais preexistentes. Esse foi o preço político provisório que aqueles grupos [do dominante] tiveram de pagar, para evitar que as massas da cidade e do campo tomasse o poder, ou ameaçassem o equilíbrio na região”. (Ianni, 1984 : 212-13).
O Nordeste se transformou na região mais avançada da revolução republicana de massas urbano e rural, no desenvolvimento desigual e combinado dessa revolução de massas do dominado. Daí a violência terrorista do Estado militar-1964 sobre a região. A luta de massas da revolução republicana do trabalho definiu a forma de governo militar-agrária da <ditadura do grande capital> (Ianni; 1981). O general Golbery fez a concepção política de mundo dessa forma de governo, uma ideologia com vontade de poder (Heidegger. 2000: 133). É uma gramática ideológica-retórica que tinha no Nordeste ameaçador e no poder d’ars realista fantástico grotesco vulgar que começou a destruir a Floresta Amazônia, regiões do elo mais fraco da contrarrevolução extrarrepublicana, regiões passiveis de desenvolver a stásis da revolução republicana de massas latino-americanas:
“Em tais considerações, baseamo-nos, fundamentalmente, na inquestionável realidade plasmadora do meio físico sul-americano que orienta, condicionando-a em suas grandes linhas, através dos obstá-los que apresenta e das vias de acesso, que propicia, como dos recursos de toda ordem que, aqui e acolá, oferece, a expansão forçosa dos vários pólos de irradiação humana que, historicamente implantados nom isolamento de algumas brechas mais favoráveis do perímetro litorâneo, de um e outro lado das abruptas cumeadas andinas, da Hiléia impenetrável e agressiva, do sertão adusto do Nordeste, da exsida planície central do Chaco e do pampa interminável ou das castigadas plataformas patagônicas do Sul, foram e continuam aos poucos se ampliando, destacando tentáculos, projetando rebentos ao longe e soldando-se por anastomoses, numa talvez desordenada mas, nem por isso, menos efetiva e vigorosa ocupação paulatina do habitat imenso que a onda explosiva de um crescimento demográfico incomparável febrilmente e sem cessar impulsiona. Não tardará muito, pois - na perspectiva mais ampla da vida das nações -, que as vagas de povoamento, provindas de quadrantes diversos e que, no têrço inferior dos capitais platinos, já atestam em crescente pressão, acabem por defrontar-se e cerrar mais intimamente umas contra as outras, no restante de uma fronteira que hoje é pouco ais ainda do que mera definição cartográfica. E ,então, tudo leva a crer, mesmo sem exagerados pessimismos, que problemas novos de antagonismo surgirão, velhas controvérsias, de conteúdo dantes quase teóricos e livrescos, venham a ressurgir ao acicate de interesses reais, polarizam-se de fato as tensões ainda imprecisas em zonas de fricção hoje, por assim dizer, submersas no grande vazio do indiferentismo bilateral que a distância e o deserto, afinal, plenamente justificam”. (General Golbery: 173).
Nesse texto rococó moderno encontra´se a apresentação do poder d’ars da forma de governo militar agrária da ditadura do grande capital. Essa forma de governo, sobretudo, introduz na crise brasileira eterna a imagem textual do inimigo interno virtual, imagem que têm como modelo empírico maior Francisco Julião:
“Il s’agit donc de montrer pourquoi la notion d’inimitié est inhérente au concept du politique, c’est-à-dire pourquoi il ne saurait y avoir de politique sans un ennemi <actuel ou virtuel> (Freund: 478).
Para a forma de governo militar agrária do capitalismo corporativo mundial no país subdesenvolvido, o inimigo virtual é o general intellect gramatical. Por isso, pode-se, talvez falar o fim da forma de governo militar agrária com a criação de uma estrutura legal/constitucional do sistema de universidade pública federal no fim do governo Figueiredo. Aí, o GIG deixou de ser um inimigo virtual na crise brasileira eterna. Prepara-se o terreno para o governo do GIG que aconteceu com o governo de FHC no regime de 1988. O que se abole, então, é a gramática ideológica… golberyana da prática política da tela da mente estética dos generais, gramática restaurada, parcialmente, pelo governo de Jair Bolsonaro - com Lula da Silva no lugar do inimigo ideológico Francisco Julião [Lula nasceu no Sertão do Nordeste], sem que Lula significasse a restauração da revolução republicana do trabalho de ,massas analíticas:
“On ne fait de politique qu’avec l’autre , encore faut-il que celui-ci représente une puissance rivale. Au demeurant, cette dernière proposition n’est pas tout à fait exacte. Une rivalité entre personnes singulières ne devient politique qu’à la condition de s’appuyer, d’un côte comme de l’autre, sur des partisans et des groupements particuliers plus ou moins organisés qui forment l’assise de la puissance. C’est donc que par analogie que l’ont peut parler avec Marx Weber de la politique d’une femme habile au sein de son ménage,. Toute politique suppose d’une part une pluralité de groupements, au moins deux (cités, partis, classes etc. ) et d’autre part une rivalité de puissance ou une volonté de domination entre groupements. De ce point de vue, la politique déterminé les relations de puissance à la fois entre les unités politiques indépendantes, chaque groupement ou unité politique se définissant par la particularité de ses intérêts, de son programme d’action et de son but, bref par la particularités de sa raison d’être”. (Freund : 478-9).
Jair Bolsonaro significa a antecipação da procura de uma forma de governo teológica militar agrária do capitalismo comercial digital mundial. Uma forma de governo como novo bloco histórico da história da mundialização do mercantilismo capitalista cibernético na formação social territorial do Brasil.
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Para tratar com a história conjuntural é preciso partir da relação entre povo e formação social territorial ou país. Um país pode ser subdesenvolvido cypunker - como os EUA - e ter um povo desenvolvido como lógica gramatical ideológica como mostram as massas <No Kings>. Como isso é possível? A relação entre lógica gramatical e massas analíticas do general intellect gramatical foi descoberta por Lenin:
“45. A lógica se assemelha à gramática em que para o principiante é uma coisa, e outra distinta para o conhecedor da língua (e das línguas) e do espírito da linguagem”. (Lenine. v. 38: 96).
Parece enigmático a ideia de Lenin? é que faltam alguns “conceitos” na estrutura da gramática leninista. Por exemplo, falta o povo como homem gramatical aristotélico, ou seja, como massa analítica do general intellect gramatical. Falta, sobretudo, a história da construção de um povo gramatical. Nos EUA e França, o povo gramatical é criado e recriado no ESPÍRITO da língua fenilato da revolução republicana. O Espírito da língua é a tela da mente estética da revolução republicana gramatical que cria os artistas plásticos na prática política nacional/mundial, territorial/virtual.
“A linguagem é mais rica entre os povos em estado primitivo, subdesenvolvido - a linguagem se empobrece com o avanço da civilização no desenvolvimento da gramática”. (Lenine. v 38: 294).
A gramática como civilização da norma culta empobrece a lógica gramatical ideológica de um povo? O estado do povo gramatical subdesenvolvido obedece à lógica gramatical ideológica-retórica da revolução republicana por uma plurivocidade de poder d’ars que nada tem a ver com norma culta. Aí, temos a civilização/barbárie da história republicana de um povo eternamente subdesenvolvido como homem gramatical da prática política. O homem gramatical subdesenvolvido eterno é: bem e mal, o ethos e o pathos, eros e tanatos. Assim, há uma contradição entre gramática norma culta de uma língua nacional e povo republicano subdesenvolvido como obra de arte revolucionária da língua quimilato. Etsa faz da língua nacional um estado perpétuo de subdesenvolvimento gramatical ideológico-retórico- quimilato, Esse é um problema paraconsistente. A revolução republicana produz artistas plásticos da prática política e não cientistas, gramáticos da linguagem artificial científica. Lula da Silva tem o segundo ano do primário e, porém, é o maior artista plástico da língua fenilato/alquilato do regime de 1988. Ele não é consequência da gramática ideológica-retórica da revolução republicana brasileira? Ele se define como <democracia comercial>, como efeito da gramática ideológica…do capitalismo comercial mass media eletrônico da escola do sindicalismo. Ele é o produto da gramática ideológica…republicana, ele cresceu ideologicamente na república revolucionária da Constituição de 1988. Mas ele também é um efeito da gramática…da contrarrevolução extrarrepublicana de 1964. Assim, ele aparece como um efeito da dialética revolução versus contrarrevolução, republicanismo versus extrarrepublicanismo. Então, Lula da Silva é um sujeito estético (um artista plástico) como desvio da revolução republicana, pois um <sinthoma> lacaniano da tela da mente estética, um compromisso social entre a revolução republicana barroca, tropicalista e a contrarrevolução extrarrepublicana de um Jair Bolsonaro como forma de governo militarista-agrária-teológica. Em costumes, Lula da Silva é um conservador cristão. Ele é o sintoma-1964/1988 da crise eterna da história da dialética republicanismo versus extrarrepublicanismo.
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No fim de outubro de 2025, a gramática-ideológica-retórica do poder d’ars da crise eterna brasileira criou um novo fato. Há a produção de uma fração extrarrepublicana na Suprema Corte (STF). Esta fração legalizou o nepotismo como prática política no Estado republicano constitucional de 1988. Como gritou um jornalista, a Corte criou o Estado como expressão do poder familial indo contra a gramática do historiador Sérgio Buarque de Holanda:
“O ESTADO NÃO É UMA ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas, vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição. [...] Só pela transgressão da ordem doméstica e familiar é que nasce o Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão, contribuinte, eleitor, elegível, recrutável e responsável,ante as leis da Cidade. Há nesse fato um triunfo geral sobre o particular, do intelectual sobre o material, do abstrato sobre o corpóreo e não uma depuração sucessiva, uma espiritualização de formas mais naturais e rudimentares, uma procissão de hipóstases, para falar na filosofia alexandrina. a ordem familiar, em sua forma pura, é abolida por uma transcendência. (Holanda. 1988: 101).
O STF criou uma gramática…do homem extrarrepublicana como técnica política de transformação da forma de governo republicano. O STF é uma Corte de uma certa prática política. A técnica é a reforma da physis da forma de governo realmente existente (Ortega y Gasset: 28-29). Na gramática… de O.y G A técnica política: “faz possível o <bem-estar no mundo> e a superfluidade”. (O y G: 34). A técnica em geral é a produção do supérfluo e do homem técnico. Os juízes da fração extrarrepublicana criam o supérfluo no Estado a caminho de substituir o general intellect gramatical republicano? Sim. Eles criam o GIG extrarrepublicno, um GIG familial no governo da prática política Estado. Eles criam o homem técnico familial do Estado brasileiro de 2925:
“o homem historicamente tem concretado seu ser: o bodhisatva hindú, o homem agonal da Grécia aristocrática do século VI, o bom republicano de Roma e o estoico da época do Império, o asceta medieval, o fidalgo do XVI, o <Homme de bonne compagnie de Francia> no século XVIII, a <schöne Seele> dos fins do século XVIII na Alemanha o <el Dichter und Denker dos começos do século XIX, o <gentleman de 1850 na Inglaterra etc.” (O y G: 58):
“as maneiras do gentleman: seu espírito de justiça, sua veracidade, o pleno domínio de si fundado no prévio domínio do que o rodeia, a clara consciência do que é seu direito pessoal frente aos demais e do dos demais frente a ele; isto é, de seus deveres. Para ele não tem sentido a <trampa>. O que se faz há que fazê-lo bem e não preocupar-se de mais. O produto industrial inglês se caracteriza por estas qualidades: é todo en él bueno, sólido, acabado,, a matéria-prima e a mão de obra”. (O. y G.: 64).
O homem técnico familial do GIG familial faz pendant com o capitalismo brasileiro comercial cyberpunk: alta tecnologia e miséria do funcionamento da máquina. O homem técnico familial do Estado é a prática política cyberpunk: mistura e formação universitária com miséria de funcionamento da res pública na prática política do Estado extrarepublicano.
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No livro “A República” e em Lacan encontra-se o tópico da forma de governo nepotista:
“Na <República>, os oradores concordam em que, em uma sociedade ideal, as crianças deveriam ser criadas pelo Estado, a fim de reduzir a preferência nepotista por parentes. No entanto, isso nunca poderia ocorrer na realidade, admitem eles, uma vez que os pais ainda assim teriam condições de identificar os filhos e sem dúvida encontrariam meios de favorecê-los. A conclusão de Platão talvez seja uma censura sútil a Péricles cuja famosa <Oração Fúnebre> tentava fazer que a ligação principal dos atenienses fosse não com a família, mas com a cidade. Essa visão bem-intencionada era inspiradora, mas não podia mesmo se realizar - Strauss lembra o fracasso da democracia ateniense em instituir a separação entre o público e o privado, que para nós é corriqueira”. (Bellow:187).
Platão e Péricles discutem sobre o homem gramatical aristotélico republicano. Este deveria ser uma gramática ideológica retórica de um poder d’ars republicano da Polis. Daí emerge do real o significante do sujeito Alcebíades e seu pai simbólico Péricles, pai político original do general intellect grammatical do Ocidente greco-romano:
“Péricles foi, em muitos sentidos, o filho ideal da política. Sua mãe era sobrinha de Clístenes, que fundara a democracia, e o pai dele, Xantipo, não só combatera em Maratona como expulsara os persas de uma vez por todas no ano seguinte, em Mícale. Péricles instruiu-se com os melhores professores da Grécia e se distingui pelo intelecto brilhante e diligente. Além do mais, era dotado de sensatez e seriedade notórias”. (Bellow: 181).
Péricle também encontra-se na origem, talvez, do Estado lacaniano da mais-valia pública investida na pólis obra-de-arte e na política obra-de-arte de um artista plástico da prática política da tela da mente do poder d’ars ateniense iluminista:
“Depois de ter ajudado a expandir o império como soldado, dedicou-se à tarefa de preservá-lo. Deu fim à expansão imperial e, durante os trinta anos seguintes, aplicou uma política de moderação e diplomacia no exterior e de melhoramento na cidade. Construiu vários prédios e monumentos importantes e promoveu as artes e as ciências, tornando Atenas centro do primeiro grande iluminismo ocidental. Acima de tudo, ampliou sobremaneira a democracia, permitindo que membros da classe mais baixa participassem da vida pública pela primeira vez”. (Bellow: 183).
Alcebiades aparecerá como o primeiro artista plástico da política populista cyberpunk do filhotismo nepotista?
“Alcebíades tornou-se eminente por causa do vazio que se estabeleceu na política ateniense após a morte de Péricles, em 429 a. C. Ele não só explorou, agravando-a ainda mais, como veio a ser seu símbolo. O vazio resultou de vários fatores, mas, acima de tudo, parece ser exemplo do modelo que vimos na casa bíblica de Davi, pelo qual as virtudes da geração de fundadores, preservadas pelos conscienciosos filhos da segunda, podem ser maltratadas pelos mimados e despreocupados integrantes da terceira. Os jovens da geração de Alcebiades não eram os homens de Maratona, em cuja sombra os pais deles cresceram. A segunda geração fora de cidadãos resolutos, sensatos, que, todavia, não conseguiram transmitir aquelas virtudes aos filhos. O espírito de Atenas da época era de questionamento, indisciplina e agressividade e se caracterizava pela veneração da novidade e pela tolerância com as indiscrições dos jovens [...] Alcebíades [...] Depois da morte de Péricles, ele assumiu papel preponderante na política e na diplomacia, embora estivesse na faixa dos vintes anos. [...} entretanto, por lhe faltarem a experiência, a sabedoria e o caráter doo tio Péricles, não conseguiu superá-lo e fracassou”. (Bellow: 185).
O populismo nepotista cyberpunk de Alcebíades da antiguidade é a ruptura com as virtudes aristocráticas das grandes famílias fundadoras do poder d’ars iluminista do império democrático?
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A prática política do general intellect gramatical (GIG) pode funcionar sem o virtual? Se o GIG for falso GIG funcionará certamente sem o virtual, como no parlamento brasileiro de 2025. O que isso pode significar? Que este GIG é um efeito da massa analítica sem virtudes da lógica econômica do capitalismo comercial mass media das bets, por exemplo:
“A filosofia é a teoria das multiplicidades. Toda multiplicidade implica elementos atuais e elementos virtuais. Não há objeto puramente atual, todo atual rodeia-se de uma névoa de imagens virtuais. Essa névoa eleva-se de circuitos coexistentes mais ou menos extensos, sobre os quais se distribuem e correm as imagens virtuais”. (Alliez:49).
Para Deleuze, o homem gramatical é inconcebível sem o eu virtual. Na prática política, o eu virtual se atualiza como hegemonikon estoico, eu político de uma conjuntura:
“De um lado, a criança ultrapassa as excitações ligadas em direção à posição ou à intencionalidade de um objeto, a mãe, por exemplo, como alvo de um esforço, termo ao qual se procura ativamente reunir-se ‘na realidade’, termo em relação ao qual a criança mede seus fracassos e sucessos. Mas, por outro lado e ao mesmo tempo, a criança constitui para si um outro objeto, um outro tipo de objeto, objeto ou foco <virtual> que vem regrar ou compensar os progressos, os fracassos de sua atividade real”. (Deleuze. 1988: 169-170)
Na forma de governo da prática política, a república existe como o virtual que se atualiza na revolução republicana eterna:
“A palavra virtual vem do latim medieval <virtualis>, derivado por sua vez de <virtus>, força, potência”. (Lévy:15).
A prática política determinada pela lógica econômica pura da tela técnica virtual tem virtudes de uma gramática ideológica… que fazem a prática política ser potência e ato em ato? (Narbonne: 31). Este faz da prática política um UNO com autonomia relativa em relação à lógica econômica. A prática política do capitalismo mass media eletrônico ou cibernético não tem a gramática plotiniana da potência e ato em ato que a faz uno universal. (Plotino: 115). A prática política da tela da mente estética republicana greco-romana era plotiniana?
“Le livre correspondant de la <République>, à savoir le livre IV, s’accorde parfaitement, quant à son contenu, avec le cadre thématique de la cité idéale représente bien, en un certain sens, une réponse anticipée à la question posée dans le <Protagoras> de l’unité des vertus. Le fait que le cadre en soit à présent la <politeia>, l’organisation de la Cité, signifie de prime abord qu’il va de l’unité dans la multiplicité. La multiplicité des <classes>, comme celle des <parties de l’âme est organisée en vue de produire l’unité et la concorde. Au livre IV, on trouve d’abord l’organisation de la cité en classes puis, à partir de là, l’organisation des <vertus> de l’âme, Ce sont les traditionnelles <vertus cardinales>”. (Gadamer.1994:62).
Alcebíades é o símbolo da antiguidade de uma prática política sem <vertus cardinales>? Uma prática política populista cyberpunk universal?
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A crisis mundial faz pendant com a crise eterna brasileira? Não emergiu do real do Brasil um bloco histórico como forma de governo da vida em geral? da Suprema Corte O juiz Fux aparece como um policial da prática política de uma sociedade de Corte/ (Elias; 1987). O juiz Fux defendeu os golpistas do golpe de Estado bolsonarista contra o Lula recém eleito presidente da República, Quando a sociedade civil começou uma campanha para mudar o conteúdo do artigo 142 da Constituição de 1988, o Juiz Fux fez uma intervenção - como relator - de uma validação do artigo 142, e assim, adquiriu a hegemonia institucional no Tribunal. Agora, ele foi o relator de um empreendimento que torna o NEPOTISMO um fenilatofenomeno da Constituição de 1988.
Artigo 142:
“As Forças Armadas [...] são instituições nacionais permanentes e regulares [...] e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. (Constituição:92).
O artigo 142 é um efeito da gramática ideológica, sem retórica, da contrarrevolução extrarrepublicana de 1964. O juiz Fux é um simples efeito dessa gramática-1964? Há mais, ainda. O juiz Fux não aparece como o policial-mor dominante da prática política cyberpunk nepotista? A prática política cyberpunk nepotista é psicótica e de um poder d’ars non sense, sem sentido no mundo da política?
“o sentido não é, necessariamente, conforme ao modo que dele aparece no mundo, ou seja, a significação. Embora fora do significado, o psicótico não está, de modo algum, fora do sentido [...] tal com o sintoma, na neurose, e o fetiche, na perversão, a <alucinação> deve aparecer como o fenômeno característico da psicose” (Juranville. 1987: 237). O juiz Fux fez um voto para inocentar Bolsonaro de golpe de Estado. Os juízes consideraram o voto sem pé nem cabeça. O voto não obedeceu ao princípio da não-contradição do poder d’ars realista realista. Mesmo derrotado, os mesmos que o derrotaram votaram na lei do nepotismo de Fux. Isso é o universal, pois tem a ver com a mudança da forma de governo republicana de 1988 para uma forma de governo extrarrepublicana como a de 1964. O juiz Fux não fundou uma fração extrarrepublicana de juízes no STF. Como o Brasil teve monarquia, na nossa história, essa monarquia de d. Pedro II é, e isso é discutível, a forma de governo extrarrepublicana universal, esta foi desintegrada pela revolução republicana pura do nosso Benjamin Constant. Este pôs a gramática ideológica do homem republicano como o céu dos céus do republicanismo barroco-ilustrado nos Trópicos.
Então temos a prática política cyberpunk nepotista psicótica da nova direita além do Bolsonaro; o artigo 142, é o símbolo constitucional dessa prática psicótica cyberpunk nepotista da dominação ideológica, política e econômica no Congresso do capitalismo comercial cyberpunks das bets? Um poder d’ars cyberpunk policial surgiu através da Corte Suprema e do Congresso? Este quer desintegrar a burocracia pública, por essa ser uma burocracia res publicana?
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O STF é uma corte de justiça, um tribunal como prática política de conservação ou mudança da forma de governo republicano democrático? Uma forma de governo extrarrepublicana se define pela não separação entre o público e o privado, como a forma de governo monárquica:
“A distinção entre o público e o privado é uma distinção intrínseca ao direito burguês, e válida nos domínios (subordinados) onde o direito burguês exerce seus <poderes>. O domínio do Estado lhe escapa, pois este está ‘além do Direito’: O Estado, que é o Estado da classe dominante, não é nem público nem privado, ele é ao contrário a condição de toda distinção entre o público e o privado”. (Althusser. 1976: 84).
A revolução republicana criou a separação entre o público e o privado no direito burguês, este como forma de governo da vida republicana. A forma de governo da vida republicana pode ser do dominante ou do dominado; na URSS foi forma de governo da vida republicana do dominado, assim como a forma de governo republicana da China de hoje. A práxis política do STF de mudança de uma forma de governo pública para uma forma de governo privada-nepotista se define como cyberpunk. Alcebíades é o paradigma da práxis individual cyberpunk:
“Parece que, se Atenas perdeu a guerra do Peloponeso, foi na medida em que experimentou a necessidade de chamar Alcebíades, em pleno curso das hostilidades, para fazê-lo relatar uma história obscura, aquela dita da mutilação de Hermes, que nos parece tão inexplicável quanto louca, vista à distância, mas que comportava certamente, no fundo, um caráter dee profanação e, falando propriamente, de injúria aos deuses”.
“Também não podemos, absolutamente, absolver a memória de Alcebíades e de seus companheiros. Sem dúvida, não foi sem razão que o povo de Atenas lhe pediu contas. Ali há uma prática evocadora, por analogia, de uma espécie qualquer de missa negra. Não podemos deixar de ver sobre que fundo de insurreição, de subversão das leis da polis, surge um personagem como o de Alcebíades - um fundo de ruptura, de desprezo pelas formas, pelas tradições, pelas leis, e sem dúvida pela própria religião”. (Lacan. S. 8: 30).
A ideologia republicana da separação entre o público e o privado existe como uma religião, como fenilfenômeno de uma língua ideológica quimilato da tela da mente estética da política. A fração extrarrepublicana fux é uma práxis política cyberpunk por sua insurreição contra a religião da forma de governo republicana:
“É bem isso que tal personagem arrasta atrás de si de perturbador. Arrasta também, por onde quer que passe, uma sedução muito singular, e depois dessa demanda judicial do povo ateniense ele se passa, nem mais nem menos, para o inimigo, para Esparta, esta esparta onde contribuiu de alguma maneira para o fato de que seja inimiga de Atenas, já que anteriormente fizera tudo para que as negociações de acordo fracassassem”. (Lacan. S. 8: 30).
A pólemos entre Atenas e Esparta é uma guerra entre formas de governo antagônicas. Guerra entre a monarquia militar de Esparta e a república democrática de Atenas:
“Portanto, lá está ele passando para Esparta, e logo em seguida não encontra nada melhor, mais digno de sua memória, do que fazer um filho na rainha, bem à vista de todos. Porém, se sabe muito bem que o rei Agis não dormia há mais de dez meses com a rainha, por razões que lhes poupo. A rainha, pois, tem um filho de Alcebíades. Não é por prazer que fiz isso, diz ele a Oreste, mas porque me pareceu digno de mim assegurar um trono para a minha descendência, e honrar, desse modo, o trono de Esparta com alguém de minha raça”.
“Esse tipo de coisa, concebe-se, pode cativar por algum tempo, mas não é facilmente perdoado. E vocês sabem, é claro, que Alcebíades, depois de haver contribuído, com este presente e algumas ideias engenhosas, à condução das hostilidades, levanta acampamento rumo a outras paragens, não deixando de passar ao terceiro campo, o dos persas. dirigi-se à pessoa que representa o poder do rei da Pérsia na Ásia Menor, a saber, Tissaferno, que, conta Plutarco, não gosta dos gregos, detesta-os para ser franco, mas fica seduzido por Alcebíades”
“É a partir daí que Alcebíades vai se dedicar a reverter a sorte de Atenas. Ele o faz mediante condições cujo histórico também é muito surpreendente, já que isso aparece se dar em meio a uma rede de agentes duplos e de uma traição permanente. Todas as suas mensagens de aviso aos atenienses são imediatamente, através de um circuito, enviadas a Esparta, e aos próprios persas, que as transmitem àquele da frota, ateniense que passou a informação, de modo que Alcebíades é, por sua vez, informado de que já se sabe perfeitamente, nas altas esferas, que ele traiu (Lacan. S. 8: 30-31).
O regime 1988 tem uma sistema de espionagem estatal que é também privado digital, e que funciona para a contrarrevolução extrarrepublicana. Como práxis cyberpunk este sistema de espionagem serve ao governo e à oposição ao governo. Ele faz um jogo duplo para não ser dissolvido pelo governo. Porém, no essencial é uma pratica política de destruição da forma de governo republicana da Constituição de 1988:
“Enfim, esses personagens se viram cada um como pode. O certo é que, em meio a tudo isso, Alcebíades restabelece a fortuna de Atenas. E em consequência, sem que possamos estar absolutamente certos dos detalhes, que variam conforme as narrativas dos historiadores antigos, não é de se admirar que Alcebíades volte a Atenas com as marcas de um triunfo inusitado que, apesar da alegria do povo ateniense, será o começo de uma mudança de opinião. Pois estamos em presença de alguém que não deixa, a cada instante, de provocar o que se pode chamar de doxa”. (Lacan. S. 8: 31).
Alcebiades representa qual poder d’ars? o poder d’ars do realismo realista?
Murilo Rubião sobre o poder d’ars realista fantástico do dragão João:
“Sob o desapontamento do pessoal da companhia e os aplausos dos espectadores, João desceu ao picadeiro e realizou sua costumeira proeza de vomitar fogo”
“Ja no dia seguinte, recebe várias propostas para trabalhar no circo. Recusou-as, pois dificilmente algo substituiria o prestígio que desfrutava na localidade. Alimentava ainda a pretensão de se eleger prefeito municipal”.
“Isso não se deu. alguns dias após a partida dos saltimbancos, verificou-se a fuga de João”.
“Várias e imaginosas versões deram ao seu desaparecimento> Contavam que ele se tomara de amores por uma trapezista, especialmente destacada para seduzi-lo; que se iniciara em jogos de cartas e retomara o vício da bebida”.
“Seja qual for a razão, depois disso muitos dragões têm passado pelas nossas estradas. E por mais que eu e meus alunos, postados na entrada da cidade, insistamos que permaneçam entre nós, nenhuma resposta recebemos. Formando longas filas, encaminham-se para outros lugares, indiferentes aos nossos apelos”. (Murilo Rubião: 50-51).
“ .
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O pós-modernismo é a grande crise da linguagem moderna. Nela, é cancelado “fenômenos” como poder e consciência entre outros. Cancela-se, portanto, Kant, Hegel, Marx e Michel Foucault (Baudrillard; 1984). O pós-modernismo foi uma revolução na cultura ocidental que criou um novo campo de conhecimentos e modos de ser psíquicos. Ele faz pendant com o surgimento do capitalismo comercial mass media eletrônico e depois digital. Mundialização do capitalismo exportador de mercadorias mass media. No Brasil, os marxistas continuariam no território da linguagem moderna. Há um poderoso bloco ideológico, entre nós, marxista com suas editoras, gramáticos e artistas como Walter Salles, Kleber Mendonça e Wagner Moura. Porém, o ponto de partida é a revolução pós-modernista que inclusive criou um marxismo pós-modernista (Jameson:1996). Minha crítica do pós-modernismo não é especulativa. Ela mostra que as época pós-modernista foi superada pela restauração da modernidade como uma nova época moderna. Tenho vários livros sobre isso. Então, a restauração significa retomara linguagem moderna em um outro platô. Retomar conceitos como consciência e poder, por exemplo para estudar a conjuntura de países e conjuntura mundial. Retomar a consciência em relação ao poder d’ars e ao poder estético. O pós-modernismo cancelou o poder d’ars iluminista barroco de Kant (Rawls: 2005:121-122) e Hegel. Ora, na nov modernidade, restaura-se o poder d’ars iluminista barroco. Restaura-se também a consciência iluminista barroca. Qual é o problema da consciência então?
E Marx, a consciência é forma ideológica (Eagleton, 1997; Zizek; 1996):
“as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em resumo as formas ideológicas pelas quais os homens tomam consciência deste conflito e o conduzem até o fim”. (Marx. 1974: 136).
Bem, os marxistas resolveram ignorar que tal linguagem da consciência foi cancelada irrevogavelmente. Para as pessoas razoáveis, se tratava de criar uma nova linguagem moderna na terceira década do século XXI,. Estou entre essas pessoas, mas não ingenuamente. O problema da consciência teria que ser posto na relação civilização e barbárie. A consciência é um fenilatofenomeno da civilização que quer criar uma fronteira no território das estruturas existenciais de Freud e Lacan. Jacques-Alain Miller sugeriu esse caminho retirando Freud de sua relação com o homem em geral. A civilização começa com o homem gramatical (Aristóteles. 1973: 14). Com a consciência do homem gramatical e mais ainda. Ela desenha uma fronteira no homem gramatical em relação a perversão como um poder d’ars da barbárie:
“É muito raro, nas mulheres, a perversão. A perversão é um traço masculino, uma acentuação do desejo masculino, ,porque a constituição mesma do desejo está do lado masculino”. (Miller. 1997: 175)
Cria-se o aparelho de Estado para controlar o poder d’ars perverso do homem gramatical? no Brasil, o aparelho de Estado é o exercício do poder d’ars perverso contra as classes baixas e negros das favelas. Com não se trata de fazer teoria, e sim descobrir e inventar as gramáticas ideológicas retóricas da relação entre poder d’ars e consciência restaura-se Kant, Hegel e Marx com Heidegger. Estou fazendo um esforço republicano a mais para os marxistas me entenderem. O aristocrata se apoia em uma gramática ideológica,
retórica para a autofabricação da consciência extrarrepublicana eterna?
Sade:
“Um dos primeiros vícios desse governo consiste numa população excessivamente numerosa, e tais supérfluos estão longe de se constituir em riquezas para o Estado. Esses seres supranumerários são como ramos parasitas que, só vivendo às custas do tronco, acabam sempre por exauri-lo. Lembrai-vos de que todas as vezes que, num governo qualquer, a população for superior aos meios de existência, esse governo definhará. Examinai atentamente a França, vereis ser isso o que ela vos oferece. O que resulta disso? Nós o vemos. O chinês, mais sábio que nós, evita se deixar dominar assim por uma população demasiada numerosa. Nada de asilo para os frutos vergonhosos de seu deboche: abandonam-se esses horríveis resultados como os resultados de uma digestão. Nada de casas para a pobreza; não a conhecem na china. Lá, todo mundo trabalha: Lá, todo mundo é feliz; nada altera a energia do pobre, e cada qual pode aí dizer, como Nero: <Quid est pauper>?” (Sade. Sem data: 45-46).
A revolução francesa cria uma república do dominante enquanto a revolução na URSS e na China cria a república do dominado.
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Lacan, Deleuze e Guattari, Michel Foucault e John Rawls desenvolveram um trabalho gramatical-ideológico-retórico antes da época pós-modernista. Pierre Bourdieu e Paul Virilio e um certo Derrida (Derrida; 1993) se juntaram a eles na fabricação de um poder d’ars da nova modernidade. Este poder d’ars realista iluminista barroco foi o inimigo do pós-modernismo que teve em Jameson um trânsfuga grandioso da nova linguagem moderna para a linguagem pós-modernista. A crise da linguagem moderna clássica seguiu assim duas estradas: a pós-modernista e o novo pós-modernismo parisiense-americano. Restaura, parcialmente, essa linguagem modernista do poder d’ars iluminista barroco no século XXI (Bandeira da Silveira: Julho/2024; 08/2024).
Simmel pensou a consciência individual do dever a partir de Kant. ele queria saber se essa consciência possuía uma gramática individual ou só uma gramática universal:
“Pour Kant l’action conforme à la loi est empruntée à la loi universelle de la moralité par elle l’homme devient l’archétype de l’être humain raisonnable, et l’éthique kantienne méconnaît qu’il y ait une <loi individuelle>, qui se développerait exclusivement à partir de l’être spécifique de cet individu (sans rien perdre pour autant de son idéalité et de sa rigueur, ou de l’éventuel accord de son contenu avec la loi universelle). (Simmel. v. 1: 287).
Bem. A consciência individual tem uma gramática territorial individualista e outra virtual universalista. Assim, avançamos em direção a Hegel:
“Realidade = realidade revelada = verdade = conceito = Logos. A realidade da qual falamos implica o nosso discurso (logos) já que também ele é real. Falar de uma realidade que não o implica (objeto sem sujeito) é falar de uma abstração, é falar (filosofar) abstratamente. Ora, o objeto que implica o sujeito é Espírito, <Geist>. O Ser concreto é, pois, Espírito”. (Kojève. 1947: 45).
<Geist> é mente em Freud. Partindo daí chegamos a tela da mente estética da nova modernidade nas ciências das telas. A Consciência aparece com:
‘ENTENDIMENTO (conhecimento de coias como manifestação de FORÇAS e como aparência - <Erscheinung> - governada por leis)”. (Inwood: 79).
E o objeto ou coisa em relação à consciência:
“la <chose> pour ce qu’elle est, dans sa complexité intrinsèque: ce faisant, la conscience en vient à prendre l’objet selon sa vérité: < Wahr-nehmung>”. (Labarrière: 76).
Nas ciências da tela, a consciência se relaciona com a verdade da coisa na tela da mente estética moderna clássica ou na nova modernidade da terceira década do século XXI. A verdade é a verdade de uma conjuntura gramatical-retórica-ideológica de um poder d’ars na prática política da civilização grego-romana. Na barbárie pós-modernista não há verdade no objeto e, sobretudo, não há objeto como COISA, não há coisificação da realidade objetal da economia política da libido., do novo moderno Lyotard.
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Há relação da consciência do homem gramatical com o mundo na experiência de conhecimento de si do hegemonikón?
Karl Löwith:
“L’homme ne se connaît soi-même que dans le mesure où il connaît le monde; il prendre conscience du monde uniquement en soi-même, et de soi-même uniquement dans le monde. Chaque objet nouveau que nous examinons bien, ouvre un nouvel organe en nous”. (Löwith: 26).
A consciência se encontra no processo de produção da subjetividade do hegeminikón ba tela da mente da plurivocidade de poder d’ars:
“A dialética é o processo de produção da subjetividade do sujeito absoluto e, enquanto tal, a sua ‘necessária ação’. De acordo com a estrutura da subjetividade, o processo de produção temtrês níveis. Primeiro, o sujeito, enquanto consciência, se refre imediatamente ao objeto. O que é imediato e, contudo,, é representado de maneira indeterminada, é designado por Hegel também por ‘o ser’ , o geral, o abstrato. Pois nisto ainda se abstrai da relação do objeto com o sujeito. Somente através desta retro-referência, que é a reflexão, o objeto é representado <enquanto> objeto para o sujeito e este para si mesmo, e isto quer dizer, enquanto se referindo ao objeto. Enquanto, todavia, só distinguirmos objeto e sujeito, ser e reflexão, opondo-se um ao outro, e nos fixarmos nesta distinção, o movimento do objeto em direção do sujeito ainda não manifestou a totalidade da subjetividade <para> ela. O objeto, o ser, está, não há dúvida, mediado pela reflexão com o sujeito, mas a própria mediação ainda não está representada <enquanto> o mais íntimo movimento do sujeito <para> este. Somente quando a tese do objeto e a antítese do sujeito são descobertas em sua necessária síntese está o movimento da subjetividade da relação objeto-sujeito plenamente em marcha. A marcha é partida da tese, avanço em direção à síntese e passagem para dentro da síntese e desta, como totalidade, o retorno da posição posta, a si mesma. Esta marcha recolhe a totalidade da subjetividade em sua unidade desdobrada. Desta maneira, ela con-crescem, <con-crescit>, torna-se concreta. de tal modo a dialética é especulativa. Pois <speculari> quer dizer procurar ver, receber dentro do campo visual, compreender, con~ceber. Hegel diz, na introdução à <Ciência da Lógica> (Ed. Lasson, vol. I, pág 38): a especulação consiste ‘no compreender o oposto em sua unidade’. A caracterização hegeliana da especulação toma contornos mais precisos, se atentarmos para o fato de que na especulação não é apenas importante a compreensão da unidade, a fase da síntese, mas que antes e sempre importa o compreender ‘do que se opõe’ enquanto tal. Disto faz parte o compreender do aparecer da oposição e imbricação do que é oposto - como tal impera a antítese, que é exposta na ‘lógica a essência’ (Quer dizer, a lógica da reflexão). Do aparecer reflexivo, quer dizer, do espelhar recebe o <speculari> (<speculum>: o espelho) sua suficiente determinação. Pensada assim, a especulação é positiva totalidade daquilo que a ‘dialética’ quer aqui significar: não um modo de pensar transcendental, criticamente restritivo ou mesmo polêmico, mas o espelhamento e unificação do que se opõe como processo de produção do próprio espírito”. (Heidegger. 1973 :405).
O trabalho da consciência do hegemonikón em relação ao mundo é speculari, espelho da realidade realmente existente na tela da mente do poder d’ars da subjetividade paraconsistente (Newton da Costa. 2008:170).
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O usuário do computador vive uma guerra cotidiana com a Microsoft? Que forma de guerra? Não é uma guerra territorial geográfica com a guerra napoleônica, mas é uma guerra cesarista no território virtual cyberpunk das big techs:
“É assim que ela se apresenta pouco mais ou menos por toda parte, e poder-se-ia duvidar da realidade da nossa noção, da sua essência absoluta, se não tivéssemos visto nos nossos dias a guerra real na sua perfeição absoluta. Depois da curta duração introdução da Revolução Francesa, o impiedoso Bonaparte depressa a conduziu até a esse ponto. Com ele, a guerra era conduzida sem perder um momento até o esmagamento do inimigo, e os contragolpes sucediam-se quase sem remissão. Não é natural e necessário que este fenômeno nos tenha reconduzido ao conceito original da guerra com todas as suas rigorosas deduções?”. (Clausewitz:708).
Qual consciência singular é a de Napoleão Bonaparte em relação ao poder d’ars realista fantástico na tela da mente estética universal?
Hegel:
“Dans la pensée embrassée par elle, que la conscience <singulière> est <en soi> essence absolue, la conscience malheureuse <l’être-en-soi> est <l’au-delà> d’elle-même. Mais voici ce cette conscience, dans son mouvement, a accompli en elle-même; elle a posé la singularité dans, son développement complet, ou elle a posé la singularité, qui est <conscience effectivement réelle>, comme le <négatif> d’elle-même, c’est-à-dire comme l’extr~eme <objectif>, ou encore elle a arraché de soi-même son être-pour-soi, et en fait un être: dans ce développement est aussi venue á l’être pour la conscience son <unité> avec cet universel, unité qui pour nous, parce que le singulier supprimé est l’universel, ne tombe plus en dehors d’elle, et qui, puisque la conscience se maintienne elle-même dans cette négativité sienne, constitue, dans la conscience comme telle, son essence. Sa vérité est ce qui, dans le syllogisme, dont les extrêmes se présentaient absolument séparé l’un de l’autre, se manifeste comme le moyen terme qui annonce à la conscience immuable que l’être singulière a renoncé à son soi, et annonce à l’être singulière que l’immuable n’est plus un extrême pour lui, mais est réconcilié avec lui. Ce moyen terme est l’unité qui qui a un savoir immédiat des deux extrêmes, et les met en rapport; il est la conscience de leur unité, unité qu’il annonce à la conscience, e t par là s’annonce à <soi-même>; il est la certitude d’être tout vérité”. (Hegel.v. 1. 1941: 195).
A consciência maravilhosa é a conciliação barroca com o eterno na forma do poder d’ars realista fantástico da guerra como a verdade do uno cesarista da história universal. O cancelamento pós-modernista da consciência maravilhosa deixou na escuridão os fenilatofenômens da contemporaneidade?
Vejam a consciência econômica,maravilhosa, singular de Galbraith:
“A segunda conclusão é que o inimigo do mercado não é a ideologia e sim o engenheiro. Na União Soviética a nas economias do tipo soviético, os preços são francamente dirigidos pelo Estado. A produção não responde à demanda do mercado, mas é determinada pelo planejamento global. Nas economias ocidentais, os mercados são dominados pelas grandes corporações. Estas estabelecem os preços e procuram garantir uma demanda para o que têm para vender. Assim, os inimigos do mercado são bens visíveis, embora, em questões sociais, raramente tenha havido um tal caso de erro de identidade. Eles não são socialistas. Nos dois casos, os amigos são a tecnologia adiantada, a especialização e a organização de homens e processos que ela requer e o resultante investimento do tempo e capital. Eles é que fazem o mercado funcionar mal quando se necessita de maior segurança - quando o planejamento é fundamental. A grande empresa moderna do Ocidente e o atual aparelho do planejamento socialista são acomodações variantes da mesma necessidade. É permitido a todo homem livre detestar essa acomodação. Mas ele tem de dirigir seu ataque à causa. Não deve pedir que aviões a jato, usinas de energia nuclear ou mesmo os automóveis modernos, no volume atual, sejam produzidos por corporações sujeitas a preços indeterminados à demanda não dirigida. Ele deve pedir, como se disse, que não sejam produzidos”. (Galbraith: 37).
O poder d’ars cesarista cyberpunk realista fantástico do mercantilismo capitalista aboliu o mercado liberal da economia política de preços. Trata-se de um poder d’ars das relações técnicas de produção que agora se tornou poder d’ars da guerra cesarista digital contra o usuário, individual ou massa analítica, público ou privado dos países do subdesenvolvimento capitalista.
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A crise de uma polis é um “fenômeno” da antiguidade greco-romana. O Rio vive uma crise distinta da crise greco-romana. No dia 28/10/2025, o exército policial cinza do governador foi prender traficante em duas comunidades de centenas de milhares de pessoas pobres, muitas trabalham no asfalto para a classe média. O governador enviou um relatório para o governo Trump falando em narco-terrorismo. Ele acusou o governo federal de se negar a participar da operação nas <favelas>. Bem! O governador deu uma coletiva de imprensa e relatou 64 mortos de suspeitos e quatro militares e policiais. Depois, os moradores recolheram cerca de 70 mortos na mata vizinha ao complexo da Penha. Eles ordenaram os cadáveres nas ruas e gritavam: “chacina”. “covardia”. O governador não sabia dos 70 cadáveres? Uma moradora relatou a degola do sobrinho dela de 19 anos. Jornalistas falaram em execução com tiro na nuca, em massacre O jurista-colunista de uma emissora da TV e Youtube descreveu o governador como assassino e o aparelho de Estado como terrorismo de Estado. A liberdade de expressão da imprensa permite a ela pôr questões sobre a natureza do conflito entre o Estado e a sociedade dos pobres cariocas. Especialistas de segurança pública falam em guerra civil, do povo em armas. Eles não conhecem a distinção que Platão faz entre pólemos e stásis, guerra entre povos e nações e guerra entre partes da população da pólis. (Platão. 1950. v. 1:1047-1049):
“ Schmitt y rappelle l’insistance de Platon sur la distinction <liée> (<verbunden>) à celle des deux types d’ennemi (<polémios et akhthrós>), à savoir la distinction entre <pólemos> (<la guerre>) et <stásis> (<émeute, soulèvement, rébellion, guerre civil>. Et il ajoute : <Aux yeux de Platon, seule une guerre entre Grecs e Barbares (‘ennemis de nature’) est effectivement une guerre [...], alors que les luttes (die Kämpfe) entre Grecs sont l’ordre de la <stásis> (de querelles intestines). L’idée qui domine ici est qu’une peuple ne peut se faire la guerre à lui-même et qu’une <guerre civile> n’est jamais que déchirement de soi mais ne signifierait peut-être pas la formation d’un État nouveau, voire d’un peuple nouveau”. (Derrida. 1994:110-111).
O século imperial-monárquico brasileiro viveu uma crise geográfica-territorial com a experiência de províncias procurando se transformarem em nações soberanas. No Pará, a <Cabanagem> inventou o poder d’ars realista grotesco:
“Ele é - mesmo no disfarce ‘realista de sua vestimenta de músico deserdado - um demônio, o demônio do engodante, embriagante e devorador elemento abismal que se encontra debaixo de qualquer ordem humana. A irrupção das potências sinistras se manifesta em sua aparência exótica e caricaturesca, sobre a qual Vrenchen ainda consegue rir”. (Kayser: 97).
O poder d’ars realista grotesco do governador-músico gospell de rua criou a cena macabra descrita acima na comunidade dos pobres. Mas qual é a natureza do conflito entre o governador gospel e o povo dos pobres da polis carioca?
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Nas ciências das telas da mente, a <crisis> se atualiza em cadeias de significantes que se cruzam e fazem nós lacanianos ( Real/Simbólico/Imaginário): forma, Uno, conflito, poder d’ars. Isso é o céu dos céus das ideias barrocas do Padre António Vieira:
“O Céu que vemos é o Céu da terra; o Céu onde está Deus é o Céu do Céu: <Caelum Caeli Domino [...]. E isto é o que ponderava, e admirava Davi na voz da sua Oração: <Voce mea ad Dominum clamavi, et exaudivit me de monte santo suo>”. (Vieira: 45).
“Em V.5.12, Plotino fala da prioridade do Uno em poder em relação à estrutura política de poder monárquico, evocando o sentido aristotélico de prioridade do poder [...]. Mas o tipo de poder em questão é claramente muito diferente e maior, na medida em que diz respeito à constituição da realidade Plotino também fala de uma ‘potência’ do Uno e distingue sua absoluta anterioridade como poder da anterioridade como ordem [...]”. (Gerson (org). 2017:102).
Qual a natureza desse poder que é o Uno? Ora, ele é o poder d’ars que na forma de poder d’ars realista mágico é pura magia, ou branca, ou negra. Há várias formas de poder d’ars em relação à existência do Uno como poder anterior à Ordem. No poder d’ars do realismo mágico da forma asiática pretérita.
Marx:
‘O déspota surge, aqui, como o pai das numerosas comunidades menores, realizando, assim, a unidade comum de todas elas”. (Hobsbawm: 67).
No Pai, se condensa o Uno como poder d’ars realista mágico branco da forma de governo asiática. Há outras formas de governo do poder do Uno.
Hobsbawm:
“Este sistema, baseado na grande extensão territorial, exigia unidades políticas relativamente grandes, no interesse da nobreza proprietária de terras e das cidades: as monarquias feudais, satisfazendo esta exigência, tornaram-se, assim, universais”. (Hobsbawm: 31).
A propriedade da terra latifundiária eterna e da polis faz pendant com a aristocracia como poder‘ars realista mágico. A monarquia feudal eterna é a forma de governo da vida política que não é, simplesmente, superestrutura, mas estrutura da vida da <formem>, da formação territorial e cultural. Para o leitor não permanecer na escuridão, há luzes nessas ideias barrocas de Marx nas ciências - das telas.
No Brasil, a formação territorial-cultural é propriedade das latifundiários do capitalismo de commodities, nacional e multinacional. Estes latifundiários se constituem como uma aristocracia de um poder d’ars realista mágico de uma forma de governo monárquica da vida brasileira, estruturalmente falando. Essa gramática latifundiária cria uma prática política local e nacional aristocrática da cultura política e dos mass media que restaura, parcialmente, a sociedade corte de d. Pedro II. Há, assim, uma contradição entre o século XIX aristocrático e o regime republicano da Constituição, virtualmente, republicana de 1988 na atualidade. Eis, o kid da crise eterna do Brasil independente na atualidade. O século imperial-monárquico viveu a crise territorial do Uno, seja como território (dominação gramatical), seja como cultura política, isto é como hegemonia do poder d’ars barroco-iluminista a José de Alencar (Bandeira da Silveira. Julho/2025: caps 2 e 3).
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A história mundial da form ade governo universal começa com a forma de governo da cultura da vida política e chega hoje a forma de governo mass media. Esta é uma forma da tela técnica audiovisual. Esta é movida por um poder d’ars realista fantástico policial no governo das massas (de diversas classes sociais de cima, do meio e de baixo como mostrei no caso do Rio de Janeiro. O poder dars policial realista fantástico cria fenilato-ideologias machadianas (Bandeira da Silveira. março/2025: cap 2). Ideologias que são força material de estruturação do aparelho de Estado. No Brasil, o aparelho de Estado é possuido por uma fenillato-ideologia que põe as comunidades religiosas pobres como inimigo do Estado e da sociedade do rico e da sociedade das classes médias. o uso da violência estatal sem limite sobre o pobre aparece como o meio de realizar a mais-valia como propriedade do rico e das classe média. Como mostrei, o 28/10/2025 é uma manifestação desse poder realista fantástico policial macabro.
A forma de governo da cultura da vida política é estruturada e movida pelo poder d’ars realista mágico. Pode-se ver esse poder na história da China e outras sociedades sem história civilizatória e nem barbárie:
“Parece, que desde a invasão dos Tchou, e, talvez, inclusive antes, se foi formando uma burocracia de Estado e da sociedade de corte. Esta burocracia estava todavia irmanada , enquanto as personas e em enquanto aos quefazeres, com o mando de linhagens nobiliários e com o das estirpes do feudalismo que se derivava destes. Talvez aqui cresceu também o impulso das necessidades da canalização. E uma vez que esteve por completa desenvolvida, então foi rodeada de cerimônias, tradições, ritos, livros antigos,; em suma, foi revestida de todo aquele aparato adequado a natureza das coisas”. (Weber. 1991: 48).
O poder d’ars realista fantástico chinês nasce com o primeiro general intellect gramatical da história da forma de governo civilizatório. Na atualidade, a história da forma de governo da vida cultural chinesa se transformou em uma forma de governo da vida da cultura cibernética chinesa. As big techs chinesas são diferentes das big techs americanas como form a de governo das massas. As primeiras são formas de governo do poder d’ars realista mágico hegemônico e as segundas são formas de governo das massas pelo poder d’ars realista fantástico policial, isto é, dominação digital do usuário e da sociedade civil digital em geral.
“
 
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