sábado, 26 de abril de 2025

posmodernismo e modernismo - Ocidente e Ásia

 José Paulo


A posmodernidade se tornou uma <tradição>, particular, da modernidade da época atual da mundialização do mercantilismo capitalista (Bandeira da Silveira; 2021). A posmodernidade existe na atualidade como um campo de ideologias do passado quase do final do século XX. No Brasil,a posmodernidade é a fonte gramatical e retórica das ideologias que são irradiadas pela telas da TV e do Youtube. Procuro partir dos evangelhos  que autofabricaram o campo de ideologias pós-modernas. Baudrillard se sobressai como um produtor irrevogável  de ideologias muito presentes no Brasil, mas, porém, presentes inconscientemente na prática política do lulismo e do PT. práticas do  posmodernismo romântico neobarroco ingênuo da hiperrealidade movida pelo poder da lógica do simulacro de simulação. (Baudrillard.1981: 177). O lulismo e o PT vivem a política de 2025 como hiperrealidade na qual o real como  hiperreal é mais real do que o proprio real da realidade brasileira ou mundial. Na ideologia econômica, o <desenvolvimentismo nacional> romântico perde o pé na autofabricação de uma nova sociedade industrial da terceira metade do século XXI.  

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Baudrillard fala da substituição do modo de produção capitalista específico por um jogo de códigos da produção do mercantilismo capitalista da multinacional de origem americana. Ele, sobretudo, tece  a lógica gramatical, retórica, ideológica virtual  da globalização liberal americana e europeia.  A lógica de código é a aleatoriedade e a reversibilidade em um processo de comutabilidade das contradições do capitalismo. A estrutura da prática política do mundo deixa de ser dialética materialista, pois, as contradiçõe econômicas deixam de funcionar pela lógica de sentido capitalista, pela lógica de sentido valor-de-troca/valor de uso e o mercantilismo não é mais o não-sentido, pois o sentido capitalista se transforma em outra coisa, assim como o não-sentido mercantilista. Baudrillard viu o <general intellect gramatical> como fenilomenico do mercantilismo capitalista de uma multinacional que ainda não existia na tela cultural da prática política mundial:

“Isso tende toda a estratégia que gira em torno do trabalho; enriquecimento do trabalho, horários variáveis, mobilidade, reciclagem formação permanente, autonomia, autogestão, descentralização do processo de trabalho , chegando à utopia californiana do trabalho cibernetizado feito em casa, ninguém mais os arranca selvagemente da vida para entregá-los à máquina - vocês são integrados aí com sua infância, seus tiques, suas relações humanas, suas pulsões inconscientes e sua recusa do trabalho -, consegue-se para cada um de vocês um ligar em tudo isso, um emprego personalizado ou, à falta de outra coisa, um desemprego calculado de acordo com a equação pessoal - seja como for, vocês nunca serão abandonados, o essencial é que cada um seja o terminal de toda a rede, terminal ínfimo, mas ainda assim termo - sobretudo um grito inarticulado, mas um termo da língua, e no termo de toda a rede estrutural da língua [...] a produção se uni ao sistema de signos de consumo”. (Baudrillard. 1976: 28-29).

Ao general intellect gramatical encontra-se vinculada a língua fenilato-a do mercantilismo capitalista da multinacional em inglês - que se recolhe com a <condição pós-moderna>. (Harvey; 1993).Deleuze e Guattari falam da mais-valia maquínica, mais-valia produzida pelo capital constante. (Deleuze e G. 1972267-288: ). A mais -valia máquina aparece, talvez, com as IA das big techs americana e asiática. Existe hoje uma mais-valia fenilato-a produzida pelo general intellect gramatical que parece poder incluir o senso comum dos povos no Ocidente e Oriente.   

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No inconsciente do discurso globalista liberal a <moeda> da economia política é equivalente geral e não é - ao mesmo tempo? A economia política é e não é - ao mesmo tempo? A moeda é signo e não é - ao mesmo tempo? 

Baudrillard:

“A moeda é a primeira ‘mercadoria’ que passa ao estatuto de signo escapa ao valor de uso. Por isso, é duplicação do sistema de valor de troca num signo visível, e a esse título é o que revela o mercado (e, portanto, também a escassez) em sua transparência. Contudo, hoje a moeda dá um passo a mais: ela escapa até mesmo do valor de troca. Liberta do próprio mercado, ela se torna simulacro autônomo, sem lastro, de nenhuma mensagem e de nenhuma significação de troca, tornada ela mesma mensagem e trocando-se em si mesmo. Logo, ela já não é uma mercadoria, porque já não há nela nem V.U. nem V.T. Ela já não é um equivalente geral, isto é, ainda a abstração mediadora do mercado”. (Baudrillard.1976: 41)  

A moeda se torna uma língua sem referente, sem ancoragem na realidade da lógica de sentido capitalista. Todavia, como língua do simulacro de simulação  ela acaba por criar a ilusão referencial na tela cultural da prática política mundial pós-modernista. Ele cria e recria a ilusão referencial do sentido e ela é, ao mesmo tempo, o não sentido do mercantilismo nas relações econômicas entre nações , sob a estrutura de dominação gramatical do mercantilismo da multinacional e do capital financeiro como simulacro de simulação:

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    “Ela é o que circula com maior rapidez do que todo o resto, e sem medida comum com resto. Claro que podemos dizer que ela sempre o foi, que desde a alvorada da economia de mercado é ela o que circula mais rapidamente , e que ela envolve todos os outros setores nessa aceleração. E, ao longo da história do capital, há a distorção entre os diferentes níveis (financeiro, industrial, agrícola, mas também bens de consumo etc.) de acordo com a velocidade de circulação. Ainda hoje persistem essas distorções, há, por exemplo, resistência das moedas nacionais (ligadas a um mercado, a uma produção, a um equilíbrio local) à moeda especulativa internacional; Mas é desta a ofensiva, por ser ela que circula com maior rapidez, que fica à deriva, que, que flutua: um simple jogo de flutuação pode abalar qualquer economia nacional”. (Baudrillard. 1976: 41-42)    

  • não selecionada

    A distinção entre moeda internacional especulativa e moeda local de mercado nacional significa na tela cultural uma distinção entre um real virtual e um real territorial. A tela cultural da prática política mundial é feita da sobredeterminação da moeda territorial pela moeda virtual. Trata-se de um campo político de luta entre a retórica da moeda virtual e a gramática ideológica da moeda territorial. Na relação entre as nações, o dólar é a moeda retórica de não-sentido e as moedas nacionais da lógica de sentido do valor-de-troca fazendo pendant com o valor de uso:

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    “Segundo uma velocidade de rotação diferencial, todos os setores são então levados por essa flutuação ao auge, que, longe de ser um processo epifenomenal e barroco (‘para que serve a Bolsa’?), é a mais pura expressão do sistema, cujo cenário encontramos em toda parte: inconvertibilidade das moedas em ouro ou dos signos em seu referencial - convertibilidade flutuante e generalizada das moedas entre si ou dependência, jogo estrutural indefinido dos signos - mas também flutuação de todas as categorias da economia política de vez que perdem seu referente-ouro, a força de trabalho e a produção social: trabalho e não-trabalho, trabalho e capital, tornam-se reversíveis, toda a lógica se desintegra, - bem como a flutuação de todas as categorias da consciência a partir do momento em que o <equivalente mental do padrão-ouro>,  o sujeito, se perde”. (Baudrillard. 1976: 42). 

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    A lógica da moeda virtual como hiperrealidade flutuante faz desaparecer da tela cultural da prática política mundial a fenomenologia hegeliana da CONSCIÊNCIA. Assim, a consciência necessária para se ter acesso à realidade desaparece, ela não consegue lidar com a economia política como ilusão referencial. Os economistas burgueses passam a usar modelos matemáticos - como uma simulação de ciência econômica - bem condizentes com a realidade da economia virtual como simulacro de simulação. Usam os modelos como estrutura de dominação ideológica do Banco e da sociedade do rico, principalmente, em países subdesenvolvidos industriais. Os modelo matemáticos cumprem a função de garantir e legitimar retoricamente a apropriação do mais-gozar (plus-de-jouir) [ou mais-valia fiscal nas mãos do Estado nacional territorial] pelo capital especulativo do MERCADO - como é dito pelo jornalismo brasileiro. O flutuante significa mutabilidade nos jogos da moeda-signo virtual: transmutabilidade, inconstância, destempero, inconsistência, infixidez, insolidez, instabilidade, equilíbrio instável, mutação, inquietação. Esta última é o fenilato-afeccional da língua pósmodernista da globalização liberal.                                                                

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A moeda internacional tinha como ilusão referencial o padrão-ouro:

“Nada de instância de referência sob a jurisdição da qual os produtores podiam trocar seus valores de acordo com equivalência controladas: é o fim padrão-ouro. Nada de instância de referência sob cuja égide sujeito e objetos podiam se trocar dialeticamente, trocar suas determinações em torno de uma identidade estável segundo regras seguras: é o fim do sujeito da consciência. É-se tentado a dizer: é o reino do inconsciente., Consequência lógica: se o sujeito da consciência é  equivalente mental do padrão-ouro, é o <inconsciente o equivalente mental da moeda especulativa e dos capitais flutuantes>. Hoje, com efeito, os indivíduos, desinvestidos como sujeitos e despojados de suas relações de objeto, vagam à deriva uns com relação aos outros num modo incessante de flutuações transferenciais: fluxo, ramificações, desconexões, transferência/contratransferência - toda a sociabilidade pode ser descrita com muitos propriedade em termos de inconsciente deleuziano ou de mecânica monetária [...] Por que haveria um privilégio do inconsciente (mesmo órfâo e esquizofrênico) ? O inconsciente é a estrutura mental contemporânea da atual fase, a mais radical, da troca dominante, contemporânea da revolução estrutural do valor”. (Baudrillard. 1976: 42). 

O fim da subjetividade moderna (Cascardi; 1995)é o fim da <ilusão de sujeito> da história gramatical regendo a tela cultural da prática política mundial da posmodernidade. Bem! O inconsciente do discurso posmoderno não é equizo e sim barroco, pela dominância do tempo barroco louco no mercantilismo quase financeiro da globalização liberal: 

“Blanchot não nomeia aqui Shakespeare, mas não posso entender ‘desde Marx’, desde Marx, sem entender, como Marx, ‘desde Shakespeare’ [...]. O que se diz, então, do tempo é válido também, por conseguinte, ou por isso mesmo, para a história, mesmo se esta última pode consistir em consertar, nos efeitos de conjuntura, e se trata aqui do mundo, a disjunção temporal: <The time is out of joint>, o tempo está desarticulado, demitido, desconjuntado, deslocado, o tempo está desconcertado, consertado, e desconcertado, desordenado, ao mesmo tempo desregrado e louco. O mundo está fora dos eixos, o mundo se encontra deportado, fora de si mesmo, desajustado. Diz Hamlet”. (Derrida. 1993: 41-42). 

O tempo barroco é um fenilomenco da tela cultural de uma prática política mundial <paraconsistente>. (Newton da Costa; 2008).         

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A condição posmoderna fala do inconsciente como hiperealidade:

“Que pode fazer o psicanalista com a reiteração dom inconsciente num discurso de simulação que nunca mais pode ser desmascarado, já que também não é falso? 

A lógica gramatical do verdadeiro e do falso se torna uma retórica hiperbólica do verdadeiro e do falso. Assim, o tribunal superior militar do exército perde o pé no juízo se o oficial da polícia secreta é ou não é um assassino assalariado do aparelho de Estado:

“Que pode fazer o exército com os simuladores? Tradicionalmente desmascara-os e pune-os, segundo um princípio claro de localização. Hoje o exército pode dar como incapaz para o serviço militar um bom simulador como sendo incapaz exatamente análogo a um homossexual, a um cardíaco ou a um louco <verdadeiros>.Até mesmo a psicologia militar recua diante das claridades cartesianas e hesita em fazer a distinção do falso e do verdadeiro, do sintoma <produzido> e do sintoma autêntico. <Se ele imita tão bem um louco é porque o é>. E não deixa de ter razão: neste sentido todos os loucos simulam e esta indistinção é a pir das subversões. É contra ela que a razão clássica se armou com todas as suas categorias. Ela hoje em dia de novo as ultrapassa e submerge o princípio de verdade”. (Baudrillard. 1981;13-14).     

O sintoma do simulacro de simulação é um cancelamento do <sinthoma> lacaniano? (Lacan. Livro 23, 2007). Lacan trabalha com a verdade como estrutura de ficção. (Lacan. S. 16:186)) que um <sujeito> suporta. (Lacan. S. !6: 67). A globalização liberal pósmodernista procurou desintegrar a lógica gramatical, retórica, ideológica da subjetividade da modernidade. Daí Lacan falar do verdadeiro como realidade da tela cultural da prática política do mais-gozar do romantismo, neobarroco, fascista - pós-modernista racial:

“É divertido que isso tenha assumido a forma de uma idealização da raça, isto é, da coisa que estava menos implicada na ocasião. Podemos descobrir de onde provém esse caráter de ficção. Mas o que convém dizer, simplesmente, é que não há nenhuma necessidade dessa ideologia para que se constitua um racismo: basta um mais-gozar que se reconheça como tal”. (Lacan. S. 18: 28-29; Zizek, 2024). 

A verdade só é verdadeira na junção da gramática com o mais-gozar. na lógica gramatical, retórica, de gosto do mais-gozar, que aí sim será verdadeiamente seguida pela multidão romântica, neobarroca, fasciasta posmodernista:

‘Se a experiência analítica se acha implicada, por receber seus títulos de nobreza do mito edipiano, é justamente por preservar a contundência da enunciação do oráculo e (...) porque a interpretação permanece sempre nesse mesmo nível. Ela só é verdadeira por suas consequências, tal como o oráculo. A interpretação não é submetida à prova de uma verdade que se decida por sim ou não, mas desencadeia a verdade como tal. Só é verdadeira na medida em que é verdadeiramente seguida:

‘Si potrebbe schizzare un quadro della <grammatica normativa> che opera a spontaneamente in ogni società data, in quanto questa tende a unificarsi sia come territorio, sia como cultura, cioè in quanto vi esiste un certo dirigente la cui funzione sia riconosciuta e seguita”. (Gramsci 1977.  V. 3: 2343). 

A língua fenilato-afeccional ilumina a parte escura da condição posmodernista: 

“O fenil[ato]capital habita a tela cerebral do homem e a tela social da política/sociedade/Estado…Na tela cerebral, ela é a mais-valia gramatical e a fenil[ato] -mais-valia. Assim , a reprodução ampliada do capital ocorre em ambas as telas. Capital e Estado desenvolvem o cérebro como gramática, ideologia, ciência, retórica, técnica e gosto tanto quanto a língua desenvolve a tela cerebral e a tela social. A língua não é apenas um instrumento de comunicação entre homem, mulher e criança. Ela é potência e ato em fenilato do logos linguístico. A civilização começa com o desenvolvimento da língua que cria e recria, [ao mesmo tempo que é criada e recriada] o capital, o Estado, a política, a sociedade, a técnica, as linguagens”. (Bandeira da Silveira. 2025. cap. 1, parte 11).                 

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O governo Trump 2025 quer investir no capital de transporte marítimo de mercadorias nos mares e oceanos. Com golpes de machado de taxas absurdas sobre o transporte marítimo chinês, Trump revela o segredo da mundialização do mercantilismo capitalista asiático. A globalização pósmodernista liberal decretou o fim da acumulação ampliada de capital através da mais-valia relativa. Bem! A China investiu capital público na fabricação de uma frota de navios cargueiros para o transporte de mercadorias chinesas e se for o caso de outras nações. Assim, A China fez da <mais-valia mercantilista> o departamento do mercantilismo capitalista da reprodução ampliada  do capitalismo mundial asiático. Trum descobriu esse segredo chinês e se desesperou, pois, os EUA investiram tudo nas big techs com sua mais-valia fenilato gramatical das IAs americanas:

“É por demais evidente que a mercadoria, para se deslocar, deve aumentar de preço ao longo da viagem. A isso chamarei a <mais-valia mercantil> [...] Porque, ao preço de compra de uma mercadoria, junta-se o preço de seu trans, que outrora era particularmente oneroso”. Braudel: 142). 

Baudel estudou a gramática das trocas como lógica gramatical, retórica, ideológica de sentido (capitalismo) e não-sentido econômico: mercantilismo. (Braudel: 7-8):

“Seja como for, o problema permanece o mesmo aos olhos do mercado: é preciso que a mercadoria que chega até ele, transportada por veleiro de carga, carroça ou animal, se valorize no final do trajeto de tal maneira que ele possa pagar, além das despesas imprevistas, o preço da compra aumentado pelo transporte, aumentado ainda pelo lucro com que conta o mercador”. (Braudel: 143). 

O que os chineses fizeram foi ir contra a maré ocidental que cancelou “O capital”, de Marx, como lógica gramatical, retórica, ideológica da economia de troca capitalista da terceira década do século XXI. A elite chinesa voltou à <crítica da economia política, restaurando a <crítica> e  <economia política e uma nova época de mundialização do mercantilismo capitalista asiática. Assim, a Ásia se transformou do polo mais dinâmico de acumulação ampliada de capital mercantilista/capitalista. 

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Xi Jinping aplica uma parágrafo de “O capital”, da lógica gramatical da língua fenilato-a criada e recriada por Marx, do livro Segundo da edição francesa na tela cultural da pratica política nercantilista/capitalista asiática; 

“Le masses de produits n’augmentent pas par de leur transport. Même si celui-ci modifie parfois leurs propriétés naturelles, il faut y voir, à quelques exceptions près, non un effet utile voulu, mais un mal inévitable. Cependant la valeur d’usage des objets ne se réalise que lors de leur consommation, et celle-ci peut rendre nécessaire leur déplacement, donc le procès productif additionnel qui est celui de l’industrie de transport. Le capital productif engagé dans cette industrie ajoute ainsi de la valeur aux produits transportés, eu parti parce qu’il s’opère un transfert de valeurs à partir des moyens de transport, eu parti parce qu’il s’accomplit une addition de valeur moyennant le travail du transport. Cette dernière se décompose, comme dans tout production capitaliste, en remplacement de salaire et en plus-value”. (Marx.1977 :131)   

Xi Jinping reverteu todo processo de desaparecimento da economia política e da crítica da economia politica; Essa reversão trouxe para a Ásia a sociedade industrial mercantilista (território nacional) e a lógica gramatical, retórica, ideológica do novo capitalismo asiático desenvolvido e, portanto, como primeiro mundo geográfico planetário sob hegemonia de uma grande potência mundial - como acumulação ampliada de capital asiático por meio da mais-valia econômica de uma outra globalização - pelos mares e oceanos e portos.                      

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Donald Trump-2025 fez da sociedade de consumo territorial fenilato-a de apetite americana, uma máquina de guerra mercantilista de procura no choque da relação dos EUA com as outras nações. Assim, a gramática procura e oferta é restaurada no mercantilismo capitalista mundial. Trump começa com uma estratégia e táticas unilaterais para restaurar a sociedade industrial do capital ´produtivo de mais-valia relativa tal como exite na China. Ele procura copiar o modelo chiinês mercantilista de sociedade de consumo territorial desenvolvido que era uma sociedade de consumo subdesenvolvida do terceiro mundo:

“Dito isto, deixa de haver inconvenientes, penso em separar momentaneamente a procura em si do contexto que, na atualidade, sec debruçam sobre o caso dos países subdesenvolvidos. Ragnar Nurkse é categórico: é o cordão da procura que se deve puxar quando se quer dar partida ao motor. Pensar apenas em aumentar a produção levaria a falhas do motor. Bem sei que o que é válido para o Terceiro Mundo atual não é, <ipse facto>, para os economias e para as sociedades do <Ancien Régime>. Mas a comparação leva a refletir, e nos dois sentidos. Esta observação de Quesnay (1766): nunca  faltam ‘consumidores que não podem consumir tanto quanto gostariam: aqueles que só comem pão preto e só bebem água gostariam de poder comer pão branco e beber vinho; aqueles que não podem comer carne gostariam de poder comê-la; aqueles que só tem roupas ordinárias gostariam de ter boas [...] - será válido apenas para o passado? Aliás, essa massa de consumidores não pára de aumentar. Eu diria que há sempre ,mutatis mutandis>, uma ‘sociedade de consumo’potencial. Só o volume de suas rendas, de que ela devora regularmente e com facilidade noventa por cento, limita-lhe o apetite”. (Braudel: 150). 

Celso Furtado foi um gramático do subdesenvolvimento do terceiro mundo. ele diz:

“‘A forma como evolui a procura é, portanto, fator fundamental na orientação das novas inversões. Por seu turno, a forma como envolve a procura em função do crescimento da renda, é, em boa parte, determinada por fatores institucionais. Se os aumentos da renda se concentram totalmente em mãos de pequenos grupos fechados, o processo de desenvolvimento, iniciado por pressão externa, não criará dentro da economia reações que tendam a intensificá-lo. Este fenômeno se observa em algumas economias subdesenvolvidas onde existe um grande excedente de mão-de-obra e nas quais o estímulo vindo de fora é relativamente débil; os benefícios resultantes do comércio revertem totalmente em favor dos pequenos grupos que buscam boa parte dos bens que consomem [Furtado. 1961: 94-95]. (Bandeira da Silveira.2019 :146). 

Coisas tão elementares de se dizer é parte da lógica gramatical, retórica, ideológica de formações sociais territoriais subdesenvolvidas do terceiro mundo:

“Os economistas que se interessam pelo mundo prá-industrial estão de acordo num ponto: nele a oferta desempenha um papel reduzido. Falta-lhe elasticidade; ela não é capaz de se adaptar depressa a qualquer procura. Mas há que distinguir entre a oferta agrícola e a oferta industrial”.

“O essencial da economia, nessa época, é a atividade agrícola. Por certo em algumas regiões do globo, particularmente na Inglaterra, a produção e a produtividade dos campos aumentaram ‘revolucionariamente’ graças a certos fatores técnicos e sociais conjugados. Mas, mesmo na Inglaterra, os historiadores verificaram com frequência que foi o ocaso de sucessivas bos colheitas dos anbos 1730-1750 que contou muito por ocasião do progresso econômico da ilha. Em geral, a produção agrícola é o domínio da inércia”. (Braudel: 163).    

Os EUA tem um modelo de economia rural exportador inercial para manter uma sociedade capitalista desenvolvida. As big techs são multinacionais que não desenvolvem uma sociedade industrial territorial, Trump verificou que a mais-valia fenilato-a gramatical das big techs não são um fator de organização das cidades e profissões urbanas. Ele teve uma visão clara e uma imagem textual da decadência dos EUA a partir da economia territorial. E decidiu recorrer,como os chineses à sociedade industrial multinacional territorial da velha mais-valia relativa. A sociedade industrial territorial evita o subdesenvolvimento do terceiro mundo atual de países desenvolvidos tecnologicamente no setor agrícola, como Brasil e a Argentina. 

O problema dialético da atualidade consiste na restauração, parcial, do mercantilismo? 

Marx:

“Como concebiam os mercantilistas a mais-valia? Vejamos à luz de algumas citações de Ch. Davenant.”

“Inglaterra deve enriquecer mediante a exportação de nossos próprios produtos. Para que a balança comercial nos seja favorável, é necessário que possamos comprar ao extrangeiro por meio de nossos produtos exportados todo o que necessitamos para nosso consumo e que esta operação nos deixe um remanescente de de metais preciosos ou mercadorias que possamos vender a outros países; este remanescente constitui o lucro líquido que a nação obtém do comércio. Seu volume se faz em razão inversa da frugalidade natural do povo exportador e ao baixo preço do trabalho e dos produtos manufaturados, que permite a este povo vender seus produtos ao extrangeiro a preços subtraídos  a toda possibilidade de concorrência”, (Marx.1974:  15). 

A gramática mercantilista clássica ou a de Trump ou a da mundialização do mercantilismo asiático são o barroco do não-sentido econômico. A China pôs e repôs como aspecto dominante de sua lógica gramatical, retórica, ideológica de sentido o valor-de-troca capitalista no seu modelo exportador.        

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A globalização liberal pós-modernista procurou desintegrar a lngua economia inventada na Europa a partir do significante capital:

“<Capital> só se imporá definitivamente depois do lento desgaste das outras palavras, o qual pressupõe a instauração de conceitos renovados, uma ‘ruptura do saber’, diria michel Foucault> Condillac (1782) diz com mais simplicidade: ‘Cada ciência requer uma língua própria porque tem ideias que lhe são próprias. Parece que se deveria começar por fazer essa língua; mas começa-se por falar e escrever e a língua fica por fazer. A língua espontânea dos economistas clássicos será falada ainda por muito tempo depois deles. J. B. Say confidência (1828) que a palavra <riqueza> é ‘um termo mal definido nos nossos dias’, mas utiliza-a. Sismondi fala sem reservas de ‘riquezas territoriais’ (no sentido de fundiárias), de riqueza nacional, de riqueza comercial, servindo esta última expressão até de título ao seu primeiro ensaio”.

“Entretanto, a palavra <capital> via-se impondo aos poucos. Já em Forbonnais, que fala de ‘capital produtivo’; em Quesnay, que afirma : ‘Todo o capital é um instrumento de produção’. E já, sem dúvida, na língua corrente, uma vez que é utilizada como metáfora: ‘O senhor de Voltaire vive, desde que está em Paris, do capital das suas forças’; seus amigos deveriam ‘desejar que vivesse apenas da sua renda’. diagnosticava justamente o Dr. Tronchin, em fevereiro de 1778, alguns meses antes da morte do ilustre escritor. [...]”. Depois “o sentido de <capital> designa o patrimônio, a riqueza de uma nação. Já não se trata da palavra tradicional para uma soma de dinheiro, para o montante de uma dívida, de um empréstimo ou de um fundo comercial [...] Substituí-lo pela noção de dinheiro produtivo, de valor trabalho, requererá muito tempo [...] um empurrãozinho, e chegaríamos ao ‘sentido que Marx dará explicitamente (e exclusivamente) à palavra: o de meio de produção’”. (Braudel: 204-205).

A metáfora de capital transforma o vocabulário da economia em uma língua que vai se desenvolvendo como lógica gramatical, retórica e ideologia. O significante <capitalista> faz parelha com aquele de capital como um espécie de prática econômica:

“Capitalista equivale cada vez mais a manipuladores de dinheiro e a fornecedores de fundos. Um panfleto escrito na França em 1776 intitula-se;<Uma palavra aos capitalistas sobre a dívida da Inglaterra>.; não são o fundos ingleses, <a priori>, negócio de capitalistas? Em julho de 1783, na França, procura-se dar plena liberdade aos mercadores para desempenharem o papel de atacadistas. Por intervenção de Sartine, então chefe da polícia, Paris fica excluída dessas medidas. Senão, diz-se, seria expor a capital à ‘avidez de um grande número de capitalistas [que] iria fazer açambarcamentos e tornar impossível a vigilância do magistrado da polícia sobre o abastecimento a Paris’. bem se vê que a palavra, que já tem má reputação, designa as pessoas providas de dinheiro e prontas a empregá-lo para obterem ainda mais”. (Braudel: 304-305). 

A avidez é uma palavra que pode ser vista como amor ao dinheiro ou <auri sacra fames>. Este é um fenilato-a que vem de tempos remotos. A linguagem da economia, assim, é uma língua fenilato-a: 

“O tom, como se vê, nunca é amistoso. Marat, que desde 1774 adotou o estilo da violência, chega a dizer: ‘Nas nações comerciantes, os capitalistas e os que vivem de renda [fazem] quase todos causa comum com os arrematantes de impostos, os financistas e os agiotas. Com a Revolução, sob o tom,. Em 25 de novembro de 1790, na tribuna da Assembléia Nacional, o conde de Custine se exalta:’A Assembleia, que destruiu todos os gêneros de aristocracia, fraquejará contra a dos capitalistas, esses cosmopolitas que só conhecem a pátria onde possam acumular riquezas?’. Cambon, na tribuna da Conveção em 24 de agosto de 1793, é mais categórico ainda: ‘Há nesse momento uma luta de morte entre todos os mercadores de dinheiro e a consolidação da República [...]”. (Braudel: 205). 

A República é e não é a Nação:

“Le territoire, L’État, Le patrimoine: le deuxième volume rassemble, au contraire,le plus  matériel de la nation, ses représentations les plus fortement enracinées dans le sol, les plus attachées au pouvoir, les plus comptables des richesses mobilières du passé. Thèmes qui renvoient à des réalités lourdes, consubstantielles à l’identité même de la nation [...]”. (Nora. II, 1: XIII). 

A nação tem no território sua lógica gramatical, retórica ideológica da tela cultural da prática política fenilato-a. O capitalista aparece como desterritorialização da riqueza nacional. Sociólogo paulista, Octavio Ianni faz uma metonímia entre capitalista e fábrica como lisonja a globalização liberal - como desterritorialização total.  A retórica uspiana de naiv de Ianni foi gramaticalizada pela universidade, acriticamente:

“Neste sentido é que o mundo parece ter-se transformado em uma imensa fábrica. Tanto assim que já lhe cabe a metáfora de fábrica global. Uma fábrica em que se expressam e sintetizam as forças produtivas atuantes no mundo; e agilizadas pelas condições e ´possibilidades abertas tanto pela globalização dos mercados e empresas como pelos meio de comunicação baseados na eletrônica. A partir da eletrônica, compreendendo a telecomunicação, o computador, o fax e outros meios, o mundo dos negócios agilizou-se em uma escala desconhecida anteriormente, desterritorializando coisas, gentes e ideias”. (Ianni: 15). 

O marxismo ingênuo universitário não percebeu que o globalismo era, sobretudo, a desintegração da língua fenilato-a da economia política e de ‘O capital”  de Marx - no Ocidente.       

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Em mais de uma página de sua volumosa obra, Lacan fala de Deus como Grande Outro: campo simbólico. Por isso, ele diz que Marx não faz uma concepção de mundo ou ideologia. Marx fez um Evangelho (Lacan. S. 20: 32-33). O que é um Evangelho e uma ideologia?:

“Au cours du XIII° siècle, la théologie devint à la fois une discipline distincte et un métier réservé, deux caractères qu’elle ne possédait pas  antérieurement. Avant les XII° et XIII° siècles, le terme de <théologie> état ambivalent: il désignait, d’une part, la parole de Dieu, les Ecritures, d’autre part, la parole sur Dieu, c’est-á-dire toute forme de discours sur de questions relative à Dieu!”. (Funkenstein:2). O discurso de Marx é um evangelho como palavra do campo simbólico e que fala desse campo simbólico como modo de produção capitalista industrial da modernidade:

“Alexandre Gerschenkron: ‘Capitalism, that is the modern industrial system’. Já disse que o capitalismo de ontem (ao contrário do de hoje) ocupava apenas uma estreita plataforma da vida econômica. Então, como é que se falaria, a seu respeito, de ‘sistema’ extensivo ao conjunto social? Nem por isso deixa de ser um mundo em si, diferente, até estranho em relação à globalidade social e econômica que o rodeia. E é em relação a esta última que se define ‘capitalismo’, não apenas em relação às novas formas capitalistas que surgirão mais tarde. Com efeito, ele é o que é em relação a um <não-capitalismo> de prporções imensas. E recusar admitir esta dicotomia da economia de ontem, a pretexto de que o ‘verdadeiro’ capitalismo dataria do século XIX, é renunciar a compreender o significado, essencial para a análise desta economia, do que se poderia chamar a topologia antiga do capitalismo. Se há lugares onde ele se implantou por eleição, não por inadvertência, é, com efeito, porque estes eram os <únicos favoráveis à reprodução do capital>”. (Braudel: 207).   

O que está em questão é a tela cultural capitalistas da prática politica mundial moderna. Por analogia com o discurso do economistas, o capitalismo é uma língua econômica, apenas? Este sujeito gramatical foi objeto de debate - profundo e intenso. Tratava-se de estabelecer na estrutura da língua do  capitalismo a natureza dela. Weber falou das diferentes espécies de capitalismo em diversas civilizações. Ele diz que a língua do capitalismo moderno não é uma língua fenilato-a, língua com objeto afeccional. A língua do capitalismo moderno deixava de ser a língua com  afecções de Aristóteles. (Aristoteles. 1982:109). Braudel diz que a língua do capitalismo tem afeccção olfativa - como objeto da superfície reprofunda heteróclita diabólica, na lingua fenilato-a cristã. Hoje, o capitalismo seria análogo ao odor de enxofre do fascismo romântico neobarroco:

“De todos, os historiadores foram os mais seduzidos pela palavra nova, numa época em que ela ainda não cheirava muito a enxofre [...]!”. (Braudel: 206). 

Sobretudo Weber, sociólogos retiraram o enxofre do capitalismo, seu fenilato-a, que ao menos no Brasil, faz parelha com furiosos e emocionais ataques ao capitalismo:

“Chamamos racionalidade <formal> de uma gestão o grau de <cálculo> tecnicamente possível e que ela realmente aplica. Ao contrári, chamamos de racionalidade <material> o grau em que o abastecimento de bens de determinados <grupo> de pessoas (como quer que se definam), mediante uma ação social economicamente orientada, ocorra conforme determinado <postulados valorativos (qualquer que seja sua natureza) que constituem o ponto de referência pelo qual este abastecimento é, foi ou poderia ser julgado [...]”. (Weber. 1984: 64). 

No discurso weberiano, <valores> de bens econômicos são fenilatos-a de uma língua econômica de um capitalismo tradicional em contraposição com o capitalismo da modernidade. o capitalismo é língua fenilato-a em Lacan? A língua fenilato com objeto afeccional - da junção do real com a ilusão de referente aristotélico? 

A língua fenilato-a é R. S. I [Real, Simbólico, Imaginário]. O que é a esfera de junção do R.S. I? 

Na língua do fenilato-a, o objeto-a refere-se ao Real como vida do homem. Em um tradução não-oficial ,mas muito verídica, Lacan escreve:


“Pequeno a, escrevi, seja no imaginário mas também no Simbólico, inscrevo a função dita do sentido. As duas outras funções, que têm a ver como o que se deve definir, a partir do ponto central que permite acrescentar aí três outros pontos, algo que, em se definindo, trás-nos gozo. Poderiamos definir um desses dois gozos, mas qual? Gozar a vida, se o Real é a vida, somos levados a aí referí-lo, mas é claro se o Real é a vida, embora ela participe do Imaginário do sentido,, o gozar a vida, para dizer tudo, é algo que podemos situar nisto que não é menos ponto que o ponto central, o ponto dito objeto a, já que ele conjuga, na ocasião, três suprfícies que igualmente se cruzam”. (RSI: 7).

 O objeto a é da lógica gramatical, retórica, ideológica da língua fenilato-a do sentido, como gozar a vida; e a vida não gozável é o não-sentido, pois fora da lìngua fenilato-a em geral. 

Habermas faz a distinção entre língua fenilato-a do capitalismo e mundo?

Habermas:

“Ao aplicar regras aritméticas ou gramaticais geramos objetos simbólicos, como são contas e orações. Porém estes não possuem existência autossuficiente. Mediante as contas e as orações estamos normalmente realizando outras ações, por exemplo, exercícios escolares e mandatos. Os produtos gerados mediante operações podem ser considerados em si mesmos como mais ou menos corretos, podem ser considerados juízos desde o ponto de vista de sua conformidade ou não conformidade com as regras. Porém não são accessíveis, como as ações , a uma crítica desde o ponto da verdade, da eficácia, da retidão ou da veracidade. Só como infraestrutura de outras ações guardam uma relação com o mundo. <As operações não tocam o mundo>“. (Habermas. 1987: 142). 

As operações da língua fenilato-a geram produtos que podem estar ou não em conformidade com a gramática. Ora, as operações da língua não tocam o mundo da tela cultural da prática política mundial? A crítica da lógica gramatical, retórica, ideológica não é passível de falar da verdade ou da veracidade dos efeitos da gramática sobre o mundo? A língua fenilato-a não é o mundo [da tela cultural da prática política ] como potência e ato em fenilato-a? 

Heidegger diz que Weber fala, especificamente, da língua do capitalismo moderno:

“a moderna administração estatal com sua organização racional de funcionários, que opera sobre a base de um direito estatuído e positivado; se refere também a calculabilidade e previsibilidade do comércio social regulado por o direito privado, e a empresa capitalista, que trabalha com vistas ao lucro, que supõe a separação da <hacienda> doméstica e o negócio, isto é, o deslinde entre o patrimônio pessoal e o da empresa, que dispõe de uma contabilidade racional, que organiza o trabalho formalmente livre desde o ponto de vista de sua eficiência, e que utiliza os conhecimentos científicos para a melhora dos dispositivos de produção e de sua própria organização interna; finalmente, se refere à ética econômica capitalista que é parte de um modo racional de vida [...], <pois o racionalismo econômico depende em sua origem tanto da técnica racional e de do direito racional como da capacidade e disposição dos homens para determinadas formas de governar-se racionalmente na <prática> de suas vidas”. (Habermas. 1987: 214).     

Weber fala do capitalismo moderno ocidental que foi hegemônico na tela cultural da prática política mundial até ontem. A globalização liberal acabou por desintegrar essa língua do capitalismo moderno - levando à decadência hegemônica do Ocidente sobre a Ásia. Com a Ásia hegemônica temos a passagem de uma língua capitalista sem fenilato-a para uma língua mercantilista capitalista com fenilato-a - com bens econômicos públicos mercantilistas que se transformam em mercadoria capitalista - e vice-versa.

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Passamos da forma de governo da telecracia (Virilio. 1993: 172) para a forma de governo da telacracia. a primeira corresponde à  prática política informacional:

“Ora, hoje tendo a INFORMAÇÃO como a última dimensão da matéria-espaço-tempo, é grande a tentação para os especialistas em informática de identificar esta profundidade de tempo sem nenhum espaço como a profundidade da <informação não mais restrita mas generalizada, isto é, uma INFORMAÇÃO-MUNDO em que a física e a informática se chocam inteiramente”. (Virilio. 1993:181). O mundo informacional define a realidade apenas como relação entre fenômenos (Idem: 178) desvinculados completamente de fatos e ou artefatos, sem lógica gramatical retórica, e campo de ideologias:

“Daí não somente o ‘revisionismo’ ou negacionismo de sinistra memória que cobrem de nulidade o acontecimentos ocorridos depois da Segunda Guerra Mundial nas, mais ainda insidiosamente, esta desrealização informática cujo efeito hoje é a derrota dos fatos, já que a informação a partir de então se sobrepõe à realidade do acontecimento”. (Virilio. 1993: 184). 

Bem! o mundo informacional é um capitalismo que já não é capitalismo daí se falar de sociedade pós-capitalista (Drucker; 1993), pois, pós-industrial. Com efeito, O Ocidente e aliados orientais viveram o fim do capitalismo na telecracia de uma prática política mundial pósmodernista:

“‘O CIBERESPAÇO  é o resultado de um trabalho cooperativo entre o motor da realidade informática do laboratório e o motor de realidade do cérebro. Assim definido, o presente-vivo caro aos filósofos não é nada mais do que um CINEMA-VIVO”. (Virilio. 1993: 192).

À forma de governo telacracia corresponde o mercantilismo capitalista asiático de subsunção real da cibernética à telacracia-IA das big techs americana e asiática. O capitalismo asiático aparece como potência e ato em fenilato, isto é, como língua fenilato/afeccional de um capitalismo em conciliação barroca com o mercantilismo da terceira década do século XXI. Depois do fim do capitalismo ocidental, um capitalismo é restaurado na China como barroco iluminismo. Ele se instaura como uma forma de governo virtual barroco iluminista da nova modernidade capitalista - esta como aspecto secundário da dialética materialista que tem como aspecto principal o mercantilismo das grandes potências asiática e americana.               


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