quinta-feira, 10 de abril de 2025

FREUD - língua fenilato-a - barroco, grotesco

 José Paulo


A lógica gramatical, retórica, ideológica da hipóstase de Plotino do Uno cria uma concepção substancialista da prática política, irrevogavelmente? Hans Kelson diz que sim:

“Esta propensão para a personificação e a hipóstase, esta tendência para a substancialização [...] Enquanto concepção de substância, à semelhança das ideias de ‘força’ e ‘alma’, a ideia de Estado forma um paralelo com a ideia de Deus. A concordância de estrutura lógica entre as duas ideias é verdadeiramente espantosa, especialmente quando levamos em conta a profunda analogia existente entre os problemas teológicos e políticos e suas soluções”. (Kelsen. 1993: 342). 

Hans Kelsen atribui ao campo freudiano uma ruptura com Plotino:

“Do ponto de vista da crítica do conhecimento, faz-se particularmente necessário remover o método teológico das ciências do espírito e sobretudo das ciências sociais - aniquilar o sistema dualista. E a análise psicológica de Freud prestou um importante serviço preparatório exatamente neste sentido, ao decompor com êxito em seus elementos psicológicos individuais as hipóstases de Deus, da sociedade e do Estado, não obstante a carga mágica de sua terminologia mitológica centenária”. (Kelsen. 1993: 343).

O fenilomonico psiquismo é liberado de sua carga ideológica retórica substancialista da sociologia:

“Freud, com sua investigação psicanalítica, também aqui foi além dos resultados obtidos pela sociologia. Pois Freud não está de modo algum interessado em justificar nenhuma das autoridades sociais, mas única e exclusivamente em explicar os fenômenos psíquicos. Talvez por essa razão, ele se restringe ao domínio da psicologia individual e renuncie a um conhecimento metafísico místico de uma psique coletiva distinta da psique individual”. (Kelsen. 1993: 336). .    . 

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Michel Foucault considerava Freud  perdido para a conjuntura  da prática política cultural do pós Segunda Guerra Mundial: Daí Foucault dizer que Lacan salvou Freud:

“ Je pense que l’hermétisme de Lacan est dû au fait qu’il voulait que la lecture de ses textes ne soit pas simplement une a prise de conscience a des idées. Il voulait que le lecteur se découvre lui-même sujet de désir, à travers cette lecture [...] Quant au <terrorisme>, je ferai simplisment remarquer une chose: Lacan n’exerçait aucun pouvoir institutionnel. Ce qui l’écoutaient voulaient précisément l’écouter. Il ne terrorisait que ceux qui avaient peur. L’influence que l’on exerce ne peut jamais être un pouvoir que l’on impose”. (Foucault. v. 4: 205). 

Lacan retirou Freud do projeto de psicologia científica natural. (Freud. v. 1: 395). Parece que jogou a criança fora da bacia com a água suja? a lógica gramatical, retórica, ideológica do homem natural de Freud tornou seu discurso extemporâneo na conjuntura da linguística de Saussure, que faz da natureza humana um ilusão referencial na gramática científica da ciência do homem. Com o progresso das ciências da mensfenilato, Freud pode ser retomado, parcialmente, a partir de seu projeto de psicologia científica? 

Retórica científica de Freud:

“Aristóteles estabeleceu a fenilideia de retórica científica, retórica da prova empírica. (aristóteles: 2013). A retórica empírica é parte irrevogável de qualquer linguagem científica, A retórica científica de Freud  se apresenta a partir de fenilsignificantes como; eu, recalque, representação, pulsão (Trieb), inconsciente etc. O psiquismo é dito como <mente>, de acordo com a retórica da psicologia científica da época de Freud. Hoje retoma-se o fenilsignificante da tela cerebral de Marx. Engels e Machado de Assis”.

“A retórica de Freud se tornou uma ideologia científica do passado. Ela não é mais uma retórica científica. Ela não é a tela cerebral fenilnarrativa gramatical, retórica, ideológica da atualidade. O trabalho que venho realizando consiste em atualizar a retórica freudiana como tela fenilcerebral fazendo pendant cm a retórica da neurociência, também, reatualizada pelo campo sa ciência política materialista gramatical e da fenilpsicanálise gramatical, retórica, ideológica da terceira década do século 21”. (Bandeira da Silveira; 2025: cap. 1, parte 1).

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O escudo fenilato do senso comum da mensfenilato funciona como proteção às energias invasivas dos objetos afeccionais da prática política cultural:

“Descrevemos como ‘traumáticas’ quaisquer excitações provindas de fora que sejam suficientemente poderosas para atravessar o escudo protetor. Parece-me que o conceito de trauma implica necessariamente numa conexão desse tipo com uma ruptura numa barreira sob outros aspectos eficaz contra os estímulos . Uma acontecimento como um trauma externo está destinado a provocar um distúrbio em grande escala no funcionamento da energia do organismo e a pôr em em movimento todas as medidas de defesa possíveis”. (Freud. v. 28: 45). 

A aplicação da lógica gramatical, retórica e ideológica freudiana na prática política cultural brasileira ilumina o Freud da língua fenilato. O 08/01/2023 provocou um trauma freudiano na democracia constitucional de 1988. O STF age como o escudo fenilato protetor da democracia. O objeto afeccional do golpe de Estado 2023 foi o ódio à democracia, por um lado, e o amor ao líder fascista, por outro. Ambos atacam o senso comum da tela fenilatodemocrática:

“Ao mesmo tempo, o princípio de prazer é momentaneamente posto fora de ação. Não há mais possibilidade de impedir que o aparelho mental seja inundado com grandes quantidades de estímulos; em vez disso, outro problema surge, o problema de dominar as quantidades de estímulo que invadiram, e de os vincular, no sentido psíquico , a fim de delas se possa então desvencilhar”.

A dialética vivo/morto esclarece o escudo fenilato morto bioquímico STF na mensfenilato: 

“Contudo temos mais a dizer sobre a vesícula viva, com sua camada cortical receptiva. Esse pequeno fragmento de substância viva acha-se suspenso no meio de um mundo externo carregado com as mais poderosas energias, e seria morto pela estimulação delas emanadas, se não dispusesse de um escudo protetor contra os estímulos. Ele adquire esse escudo da seguinte maneira: sua superfície mais externa deixa de ter a estrutura apropriada à matéria viva, torna-se até certo ponto inorgânica e, daí, em diante, funciona como um envoltório ou membrana especial, resistente aos estímulos. Em consequência disso, as energias do mundo externo só podem passar para as camadas reprofundas subjacentes seguintes, que permanecem vivas, com um fragmento de sua intensidade original, e essas camadas podem dedicar-se, por trás do escudo protetor, à recepção das quantidades de estímulo que este deixou passar. Através de sua morte, a camada exterior salvou todas as camadas mais reprofundas de um destino semelhante, ao menos que os estímulos que a tinjam sejam tão fortes que atravessam o escudo protetor. (Freud. v. 18: 42-43).     

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O fenilato existe em um relação com o objeto afeccional que gesta o senso comum e o bom senso na prática política cultural em geral. Pode ser, também, a relação com o objeto afeccional que gera o brutalismo. O brutalismo é a relação estética do objeto afeccional [ódio, ira, pathos…} com o fenilato como concepção política de mundo. Já o senso comum é a relação do objeto afeccional [amor, admiração, vaidade, deliberação, coragem, temperança…] como um regime político de fenilato que aparece na relação governante/governado, e em menor intensidade e profundidade na relação representante/representado. Fenilato com objeto afeccional sustenta a lógica gramatical, retórica, ideológica da superfície superficial e a superfície profunda e reprofunda da prática política territorial e mundial. A relação do fenilato com objeto afeccional gera os fenilomenicos como neurose, psicose e perversão na práxis individual que afeta o ser da prática política da democracia constitucional. No regime democrático de 1988, o STF oscila entre uma práxis individual dos 11 juízes: neurótica, psicótica, perversa. Há um juiz como essência  bioquímica perversa por ser na práxis individual um modo de ser psíquico substancial de expressão fenilato ideológico, no discurso jurídico do tribunal, de  ódio evangélico à democracia constitucional de 1988. O STF produz fenilato ideológico, retórico e gramatical de tribunal no direito brasileiro de validade e de faticidade (Habermas; 1997) - como produção de um regime de fenilideias e de fenilimagens textual e/ou audiovisual. 

A relação elite/massas obedece a uma forma de governo democrática sustentada pela relação do objeto afeccional (reunião dos fenilatos da vida contra a morte) com o regime de plurivocidade de fenilato na prática política territorial. A tela gramatical, retórica, ideológica existe e subsiste a partir do regime político mensfenilato de agenciamento dos objetos afeccinais. O regime político brutalista se constitui na exposição desencapada dos objetos afeccionais em sua relação com os fenilatos do pathos e do ethos, do desagradável e do agradável ao mesmo tempo. 

“Algumas coisas são agradáveis por natureza, e destas umas são irrestritamente agradáveis, enquanto outras o são em relação a determinadas classes de animais ou de pessoas; por outro lado, outras não são naturalmente agradáveis, mas algumas destas se tornam agradáveis por causa de aberrações, outras por causa de hábitos e outras ainda por causa de taras. Sendo assim, é possível descobrir em relação a cada uma das espécies da segunda classificação disposições de caráter similares às identificadas a respeito do primeiro caso; refiro-me às disposições bestiais, como no caso da mulher que, segundo dizem, abria o ventre das mulheres grávidas e devorava os fetos, ou das coisas com que, de acordo com certos relatos, algumas das tribos selvagens do litoral do mar Negro costumavam deleitar-se - com alimentos crus u carne humana, ou com a troca de crianças entre as tribos para serem usadas sexualmente em suas festas - ou como na história que se narra de Fálaris”. (Aristóteles. 1992: 137).  

O brutalismo é a imagem hiperbólica textual, definitiva, da mulher que abre o ventre de outras mulheres e devora os fetos delas.   

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A relação de fenilato-afeccional (ou caráter instintual com a prática política cultural monárquica) foi tratada por Machado de Assis como um estado infantil de uma sociedade carioca que não é tradicional ou moderna. Uma sociedade carioca que vive segundo a manifestação da compulsão à repetição de buscar demandas e favores do governo monárquico:

“As manifestações de uma compulsão à repetição (que  descrevemos como ocorrendo nas primeiras atividades da vida infantil, bem como entre eventos do tratamento psicanalítico) apresentam em alto grau um caráter instintual e, quando atuam em oposição ao princípio de prazer, dão a aparência de alguma força demoníaca. No caso da brincadeira, parece que percebemos que as crianças repetem experiências desagradáveis pela razão adicional de poderem dominar uma impressão poderosa muito mais completamente de modo ativo do que poderiam fazê-lo simplesmente experimentando de modo passivo”. (Freud. V. 18: 52). 

Uma camada de homens brancos espremida entre os escravos e homens pretos vive segundo a brincadeira da compulsão à repetição a cada ministério que assume o governo monárquico. A comédia “Quase ministro” foi encenada em um sarau literário, não em um teatro - em 1862. O jovem Machado e sua dramaturgia não caíram nas graças dos estudiosos machadianos. Ora! A peça encena a relação entre o objeto fenilato-afeccional e o modo de ser psíquico da camada média sem profissão, sem o mundo da modernidade das profissões. Assim, essa camada média vivia dos favores governamentais e por isso desenvolve toda uma retórica hiperbólica de falar com o quase ministro e de lisonjear o poder monárquico: 

“que se repete é a fileira daqueles que se dirigem ao quase ministro para obter favores, privilégios e financiamento governamental para suas encenação teatral. Como um fenilato-afeccional alegria, a capital aparece como uma voz anterior a tela jornalística na propagação de notícias. o demandante Pacheco diz:

“Na cidade não se fala em outra coisa. É uma alegria geral. Mas, por que não está decidido? Não quer aceitar?”. (Machado: 245).

A imagem textual da alegria da cidade é peça da cultura fenilato-afeccional retórica monárquica. A fenilatocultura é um regime de hipérboles  despejado sobre o quase ministro e seu primo:

“É o que lhe digo. Depois dos meus artigos, principalmente o V, não é lícito a ninguém recusar uma pasta, só se absolutamente não quiser servir ao país”. (Machado: 245). 

Ideias hiperbólicas são apresentadas ao quase ministro e seu primo, como a ideia do suplicante Pacheco:

 “Mas em resumo é isso, trato dos meios de obter uma renda três vezes  maior do que a que temos sem lançar mão de empréstimos e mais ainda, diminuindo os impostos”. (Machado: 249). 

Pacheco fala de criar um milagre hiperbólico na gestão do mais-gozar ou mais-valia fiscal da forma de governo monárquico/parlamentarista. Outro suplicante, Mateus, maneja uma retórica a partir da qual a monarquia aparece como uma brincadeira infantil, como na compulsão à repetição da fala da lógica gramatical, retórica, ideológica  de glorificação da monarquia:

"A minha ideia é simples como água. Inventei uma peça de artilharia; coisa inteiramente nova; deixa atrás de si tudo o que até hoje tem sido descoberto. É um invento que põe na mão do país, que o possui, a soberania do mundo”. (Machado: 261). 

A lisonja é o fenilato-afeccional que faz o infantil  Mateus se expressar ao quase ministro; resume a prática política da cultura hiperbólica da forma de governo monárquica de gabinete que produz a única novidade do contexto geral da compulsão à repetição do mesmo: a troca de governo. 

“O país tem acompanhado os passos brilhantes da carreira política de V. Exa. Todos contam que, subindo ao ministério, V. Exa vai dar à sociedade um novo tom. Eu penso do mesmo modo. Nenhum dos gabinetes anteriores compreendeu as verdadeiras necessidades da pátria. Uma delas é a ideia que eu tive a honra de apresentar há cinco anos, e para cuja realização ando pedindo um privilégio. Se V. Exa. não tem agora muito a fazer, vou explicar-lhe a minha ideia”. (Machado:260)  

 O compadrio governamental é um fenilato-afeccinal da compulsão à repetição em atos de Pereira:

“É meu costume, quando sobe um ministério, escolher o ministro mais simpático, e oferecer-lhe um jantar. E há uma coisa singular: conto os meus filhos por ministérios. Casei-me em 50: daí para cá, tantos ministérios, tantos filhos. Ora, acontece que de cada pequeno meu é padrinho um ministro, e fico eu  assim espiritualmente aparentado com todos os gabinetes. No ministério que caiu, tinha eu dois compadres. Graças a Deus, posso fazê-lo sem diminuir as minhas rendas”. (Machado: 267).  

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A relação entre o objeto fenilato-afeccional com o princípio de prazer e  repetição na prática política mundial existe? 

Deleuze:

Freud não compreende, absolutamente, exceção ao princípio de prazer. Todas as exceções aparentes que ele cita: os desprazeres e os desvios que a realidade nos impõe [...] todas essas exceções são citadas como aparentes, e realmente conciliáveis com o princípio de prazer”. (Deleuze: 120). 

O objeto fenilato barroco define a relação do princípio de prazer com a repetição desse princípio a partir da conciliação barroca entre as exceções aparentes ao princípio e o princípio de prazer:

“Aqui há de novo a particularidade de que as forças centrífugas de um simbolismo que quer gozar a vida, e de uma espiritualização, ao contrário, distante do mundo, confluem num primeiro tempo artificialmente e depois naturalmente, segundo as leis barroca da conciliação do que é em aparência inconciliável (lei que opera de modo lento)”. (Hatzfeld: 61). 

Na prática política mundial, o objeto fenilato-afeccional barroco aproxima, cria e recria a narrativa a partir da intriga retórica (Ricoeur: 10, 56; Benjamin: 98) na [crítica] economia política mundial feita de sociedade de consumo territorial, multinacional, Banco, big techs. O objeto fenilato barroco é capaz de gerar o <cesarismo barroco negro> de um governo Donald Trump como repetição do princípio de prazer na prática política mundial? 

Deleuze:

“Deve-se compreender que a repetição, tal como Freud a concebe nesses textos de gênio, é nela mesma a síntese do tempo, síntese ‘transcendental’ do tempo.Ela é simultaneamente repetição do antes, do durante e do após. Ela constitui no tempo o passado, o presente e mesmo o futuro”. (Deleuze: 123). 

Mas de qual tempo se trata? do tempo barroco da conciliação do antes, do durante e do depois? o que é o tempo barroco da intriga na prática política mundial? 

Derrida:

Blanchot não nomeia aqui Shakespeare, mas não posso entender ‘desde Marx’, desde Marx, sem entender, como Marx, ‘desde Shakespeare’ [...] O que se diz aqui do tempo é válido também, por conseguinte, ou por isso mesmo, para a história, mesmo se esta última pode consistir em consertar, nos efeitos de conjuntura, e se trata aqui do mundo, a disjunção temporal: ‘The time is out of joint’, o tempo está desarticulado, demitido, desconjuntado, deslocado, o tempo está desconcertado, consertado e desconcertado, desordenado, ao mesmo tempo desregrado e louco. O mundo está fora dos eixos, o mundo se encontra deportado, fora de si mesmo, desajustado. Diz Hamlet”. (Deleuze. 1993: 41-42).

O cesarismo barroco negro é o fenilato-afeccional do tempo louco na prática política mundial.      

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         CESARISMO MERCANTILISTA CAPITALISTA MUNDIAL

O título desse texto corresponde a um modelo de economia política mundial hoje. Ele foi uma escolha do eletor americano que elegeu Donald Trump. A soberania popular americana tem uma percepção de que a Ásia se tornou o primeiro mundo desenvolvido do planeta. A hegemonia da China (no capital mercantil produtivo de transporte de marcadorias nos mares)  é uma prova da uma nova prática política hegemonica de economia política asiática no mundo. Isso vai além da Ásia como primeiro mundo geográfico capitalista mundial.

O golpe de governo trumpista na economia política mundial é o velho choque de hegemonia entre Oriente asiático e Ocidente. Daí Elon Musk falar de tarifa zero no comércio entre EUA e EUROPA. Trump e Musk sabem que a classe politica europeia ainda não gramaticalizou o choque fenilato-afeccional entre o Oriente e  Ocidente. Parece que estes se chocam pelo fim do Ocidente ou permanência do próprio Ocidente como civilização que inventou o mercantilismo dos reis barrocos e o capitalismo a burguesia industrial modernista. As revoluções asiáticas criam e recriam a lógica gramatical retórica, ideológica de mercantilismo capitalista barroco-iluminista como objeto-língua fenilato-afeccional mundial. Então, o trumpismo do partido republicano criou o cesarismo mercatilista barroco do sol negro como aparências de semblância (Arendt: 31) planetária...                                                                                                               

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O Brasil viu uma prática política gramsciana barroca infantil surgir a partir da tradução do livro “Cadernos do Cárcere”, de Carlos Nelson Coutinho, professor da UFRJ? 

Freud:

Cada nova repetição parece fortalecer a soberania ou supremacia que buscam. Tampouco porém as crianças têm as suas experiências agradáveis repetidas com frequência suficiente, e elas são inexoráveis em sua insistência de que a repetição não seja idêntica. Posteriormente, esses traços de caráter desaparecem. Se um chiste é escutado pela segunda vez, quase não produz efeito; uma produção teatral jamais cria, da segunda vez, uma impressão tão grande como da primeira; com efeito, é quase impossível persuadir um adulto que gostou muito de um livro de ler um livro, a relê-lo imediatamente. A novidade é sempre a condição de [gozo], deleite, mas as crianças nunca se cansam de pedir ao adulto que repita um jogo que lhes ensinou ou que com eles jogou, até ele ficar exausto demais para prosseguir. E, se contarmos a uma criança uma linda história, ela insistirá em ouví-la repetidas vezes, de preferência a escutar uma nova, e sem remorsos estipulará que a repetição seja idêntica, corrigindo quaisquer alterações de que o narrador tenha a culpa, embora, com efeito, estas possam ter sido efetuadas na esperança de obter um nova aprovação. Nada disso contradiz o princípio de prazer: a repetição, a reexperiência de algo idêntico, é claramente, em si mesma, uma fonte de prazer.”. Freud. v. 18: 52-53). 

O barroco infantil é a repetição de princípio de prazer com o mesmo, com a tradição; o barroco da maioridade kantiana é o novo que advém  do processo da lógica gramatical, retórica, ideológica da prática política barroca do hegemonikon de conciliação da tradição com  modernidade.  O STF é o aparelho de Estado como princípio da dominação de uma forma de governo da democracia constitucional de 1988. A repetição da organização da cultura fenilato-afeccional  como princípio de prazer aparece como articulação da hegemonia tardia 1988 - nas universidades federais. A hegemonia barroca infantil não chega a estabelecer um hegemonikon (Elorduy: 26) ou fenilato-afeccinal hegemônico no campo da prática política territorial cosmopolita/nacional-popular. Enquanto a hegemonia barroca não transitar da sua infância para a maioridade kantiana, a compulsão à repetição da prática política do exército poderá emergir do real como golpe de Estado e objeto fenilato-afeccional ditatorial. O exército se define pel fenilato-afeccional de amor à ditadura militar e pelo objeto fenilato ódio à democracia 1988.      

A transição da menoridade para a maioridade na prática política gramsciana barroca requer uma evolução do trabalho da nova inteligência barroca nas instituições universitárias combinado com seu modo de ser psíquico de expressão nas telas gramatical, retórica, ideológica:

“No caso de uma pessoa na análise, ao contrário, a compulsão à repetição na transferência dos acontecimentos da infância evidentemente despreza o princípio de prazer sob todos os modos. O analisando age de modo puramente infantil e assim nos mostra que os traços de memória recalcados de suas experiências primevas não se encontram presentes nele em estado de assujeitamento, mostrando-se elas, com efeito, em certo sentido, incapazes de obedecer ao processo secundário”. (Freud. v. 18: 53).  

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Trabalho no campo da prática política mensfenilato-afeccional. Há uma incerteza, no campo da psicanálise, sobre o conceitos de Trieb, instinto, pulsão:

“Mas como o predicado de ser ‘instintual’ se relaciona com a compulsão à repetição? Nesse ponto, não podemos fugir à suspeita de que deparamos com a trilha de um atributo universal dos instintos e talvez da vida orgânica em geral que até o presente não foi claramente identificado ou, ao menos, não explicitamente acentuado. Parece, então, que um instinto é um impulso, inerente à vida orgânica, a restaurar um estado anterior de coisas, impulso que a entidade viva foi obrigada a abandonar sob pressão das forças perturbadoras externas (...)”. (Freud. v. 18: 53-54). 

Pode-se aplicar o raciocínio acima na prática política fenilato-afeccional? O instinto é um impulso inerente à vida política  que visa restaurar um estado anterior de coisas, impulso que a prática política é obrigado a abandonar sob pressão dos objetos fenilato-afeccionais externos à prática política da democracia constitucional representativa de representante/representado, governante/ governado. O fascismo surge como um objeto fenilato-afeccional exterior à democracia representativa e obtém sucesso em tomar o poder territorial. Por quê?

“A ordem simbólica é organizada mediante a referência básica à morte. Como afirma Lacan [...] a ordem simbólica é organizada pela representação, e a representação implica a morte da coisa”. (Fink: 130). 

A relação representante e representado implica a morte da democracia constitucional:

“A morte está sempre ligada à ordem simbólica. É por isso que a pulsão definida por essa ordem é a pulsão de morte; para Lacan, a libido é um nome da pulsão de morte. Isto é um paradoxo. Uma vez produzida a libido como representação da vida indestrutível, pode-se defini-la apenas como correlacionada com a morte, precisamente, por ser uma pura representação”. (Feldstein: 130). 

Há libido como representação à vida indestrutível da prática política fenilatroafeccional? a libido se encontra na soberania popular no lugar do representado. E essa representação é indestrutível e destrutível, ao mesmo tempo o tempo todo:

“Toda a obra de Lacan destaca o fato de não haver uma base comum entre instinto e pulsões. Um instinto nasce, é momentâneo; a pulsão é constante, porque o consumo do objeto não pode reduzir a força ou impulso da pulsão. A satisfação não implica em mudança na força pulsional; ela permanece constante, o que é um tanto paradoxal”. (Idem: 128). 

A pulsão de morte é e não é constante se ela é a relação entre representante e representado. Assim, chega-se a um beco sem saída para a explicação da conservação ou desintegração da forma de governo democrático representativo:

“Desde o começo, a civilização freudiana é FENILCIVILIZAÇÃO. Ela é a LÍNGUA COMO potência e ato em fenilato, com descoberta e invenção de aparelhos psíquicos na tela cerebral e aparelho de Estado e o capital como máquina de guerra de coerção - no campo das relações das afecções de sensibilidade gramatical, retórica, [ideológica] de gosto com os objetos da realidade externa. Exemplifico com a afecção/escopofilia:

“A escopofilia do homem realiza a sua satisfação - como fenildesejo- pelo olhar das partes pudendas da fêmea e do macho. Procissões dionisíacas gregas carregavam estatuais com a imagem visual do homem com o pênis duro de madeira. Outras festas, em outras civilizações, criavam a imagem visual da vagina em estátua de barro. Hoje, a afecção da escopofilia se tornou a base do funcionamento da tela digital da publicidade capitalista, dos aparelhos de espionagem de governo ou privado. Note, que a escopofilia é o olhar sobre um corpo sexual vestido, e, então, despido. O pornô já é o grau zero da afecção da escopofilia por não ser afecção fenilomenica, gramatical, retórica, ideológica de gosto”> (Bandeira da Silveira. 2025, cap. 1, parte 4). 

O Congresso brasileiro é um objeto pornô e não um objeto fenilato-afeccional. Ele é o corpo político nu da corrupção na prática representação política governante e governado. 

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A camada de determinismo biológico faz do texto de Freud algo irrecuperável para a atualidade? 

Freud:

“Os atributos da vida foram, em determinada ocasião, evocados na matéria inanimada pela ação de uma força de cuja natureza não podemos formar conceito. Pode ter sido um processo de tipo semelhante ao que posteriormente causou o desenvolvimento da consciência num estrato particular da matéria viva. a tensão que então surgiu no que até aí fora, uma substância inanimada , se esforçou por neutralizar-se e, dessa maneira, surgiu o primeiro instinto: o instinto a retornar ao estado inanimado”. (Freud. v. 18: 56). 

Na filosofia europeia, Nietzsche se encontra no mesmo campo o qual o domínio freudiano iria evoluir:

“O sumcubir se apresenta como um se-fazer-sucumbir, como uma instintiva seleção daquilo que destroi necessariamente. Sintomas dessa autodestruição dos enjeitados: a autovivissecção, o envenenamento, a embriaguez, romantismo, antes de tudo a instintiva urgência para ações com as quais se fazem, dos poderosos, inimigos mortais (- como que aprimorando seus próprios verdugos), a <vontade de destruição> como vontade de um instinto ainda mais profundo, o instinto de autodestruição, a <vontade de cair no nada>”. (Nietzsche. 1999: 435)

O fenilato-affecional em questão é o fenilato grotesco de Bakhtin. A retórica não é o principal do texto de Bakhtin:

“O exagero (hiperbolização) é efetivamente um dos sinais característicos do grotesco (sobretudo no sistema rabelaisiano das imagens: mas não é a mais importante. É ainda mais inadmissível considerá-lo como a natureza intrínseca da imagem grotesca”. (Bakhtin. 1987: 268).

a lógica gramatical ideológica é a essencia da imagem do fenilato-afeccional grotesco:

“é preciso baixar os olhos, a fim de repousar a vista que olhou demais para cima. E efetivamente, o autor destrona as imagens da <Eneida> transpondo-as para a esfera material e corporal; a de comer, de beber, da vida sexual e dos acontecimentos corporais relacionados. Essa esfera tem um valor positivo, é o baixo que dá a luz. Assim, as imagens da <Eneida> não são apenas destronadas , mas também renovadas”. (Bakhtin. 1987: 270).   

Olhar para baixo quem olhou em demasia para o céu dos céus do fenilato-affrecional barroco. (Vieira:72-77); sair do senso comum do mesmo tradicional (Pai) que se repete para o bom senso (Filhos) daquilo que é a modernidade em Rabelais por Bakhtin.   

A propósito! Freud e Nietzsche falam 

do mesmo fenilato-affecional? Marx põe o problema da tradição [como afenilato-afeccional] como relação do passado (tradição ou senso comum como o morto) com o presente (a modernidade ou bom senso como vivo) e o futuro que se define pela atualidade do passado no presente.

Marx:

“A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. (Marx. 1974: 335).

Na relação entre o morto (passado ou tradição no presente) e o vivo,isto é a atualidade na língua fenilato-afeccional: 

“De maneira idêntica, o principiante que aprende um novo idioma traduz sempre as palavras deste idioma para a sua língua natal; mas, só quando puder manejá-lo sem apelar para o passado e esquecer sua própria língua no uso da nova, terá gramaticalizado o espírito desta última e poderá produzir [criar e recriar] livremente nela. (Marx. 1974: 335). 

A língua fenilato-afeccional se encontra no horizonte freudiano? 

“Naquela época, era ainda coisa fácil a uma substância viva morrer; o curso de sua vida era provavelmente breve, determinando-se sua direção pela estrutura química da jovem vida. Assim, por longo tempo, talvez, a substância viva esteve sendo constantemente criada de novo e morrendo facilmente, até que influências externas decisivas se alteraram de modo a obrigar a substância ainda sobrevivente a divergir mais amplamente de seu original curso da vida e a efetuar <détours> mais complicados antes de atingir seu objetivo  de morte. Esses tortuosos caminhos à morte, fielmente seguidos pelos instintos de conservação, nos apresentariam hoje, portanto, o quadro dos fenômenos da vida. Se sustentarmos com vigor a natureza exclusivamente conservadora dos instintos, não poderemos alcançar a nenhuma outra noção quanto à origem e ao objetivo da vida”. (Freud. v. 18: 56).                                                          

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É inatual traduzir <affectio societatis> por sociedade de afeto, como faz Miller? A tradução de affectio por afeto leva a conclusão que o discurso do direito não é afetado pelo affectio (Miller; 551-552). No dicionário de Latim, <affectatio> é desejo ardente, paixão; <affectio> é modo de ser [psíquico], amor. (Saraiva: 47). Miller também aproxima affectio de objeto affeccional:

“O estatuto fala a linguagem do universal. entretanto, o <affectio societatis> introduz um elemento suplementar que indica a falta que fica no nível do universal. O próprio direito sente, podemos dizer, que o universal não consegue captar o que se passa no vínculo social. Por isso, Freud usa a palavra Eros - quer dizer que ele mesmo pensava que aquilo que se passa num grupo deve ser entendido no nível da pulsão e não no nível do discurso. Por isso apresentou o fator coesivo do grupo a partir da noção de identificação”. (Miller: 554).

o objeto fenilatoafeccção (fenilato-a) aparece em Aristóteles:

“parece que todas as afecções da alma estão ligadas ao corpo; a ira, a educação, o medo, a piedade, a valentia, a alegria, assim como o amor e o ódio, já que quando estas afecções aparecem, também o corpo é afetado”. (Aristoteles. 1982: 109). 

Freud vê o instinto ou pulsão vinculados ao objeto fenilato-a:

“A psicanálise, que não podia deixar de fazer alguma suposição sobre os instintos, ateve-se primeiramente à popular divisão de instintos tipificados na expressão <fome de amor>”. (Freud. v. 18: 71).

Fome de amor é um objeto fenilato-a no senso comum do homem simples análogo ao objeto fenilato-a fome de ouro ou <auri sacra fames> na tela cultural da prática política, por exemplo. Outro fenilato-a aristotélico é a educação como um direito fixado na nossa Constituição de 1988, no Capítulo III, da educação, da cultura e do desporto. Art. 210, 2°:

“O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem”. (Constituição: 139). 

O objeto fenilato-a aparece como parte necesária do aparelho de hegemonia do Estado territorial nacional e plurilinguístico. Art. 208, 2°:

“O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente”. (Constituição: 130). 

O aparelho de hegemonia da classe dirigente é a virtual constitucionalização de um sistema territorial de universidades federais. A Constituição contém uma lógica gramatical, retórica, ideológica da articulação da hegemonia territorial nacional, que o governo Lula tornou uma realidade da tela cultural da prática política da língua fenilato-a cosmopolita nacional popular:  

Art. 207. As universidades gozam da autonomia didático-científica, administrativa, e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

1° É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros na forma da lei”. (Constituição: 129).                            

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A analogia entre o campo freudiano puro e os fenilomenico da tela cultural da prática política mundial fenilato-a pode fazer de Freud um TEXTO da atualidade da revolução barrioca/iluminista com cores do grotesco renascentista?   

Freud puríssimo malte em autonomia relativa ao campo lacaniano:

“O passo seguinte foi dado quando a psicanálise sondou de mais perto o caminho no sentido do ego psicológico, que primeiramente fora conhecido apenas como órgão repressivo e censor, capaz de erguer estruturas protetoras e formações reativas”. (Freud. v. 18: 71). 

O ego aparece como aparelho de Estado penal e hegemonikon, ou melhor, eu político da articulação da tela da cultura da hegemônica como escudo protetor contra o objeto fenilato-a ódio à democracia constitucional representativa ocidental:

“Há muito tempo, espíritos críticos e de visão ampla já haviam, com efeito, feito objeção ao fato de o conceito de libido restringir-se  à energia dos instintos sexuais dirigidos no sentido do objeto, mas fracassaram em explicar como haviam chegado a seu melhor conhecimento, ou em derivar dele algo de que a análise do objeto pudesse fazer uso. Avançando mais cautelosamente, a psicanálise observou a regularidade com que a libido é retirada do objeto e dirigida para o ego (o processo de introversão), e, pelo estudo do desenvolvimento libidinal das crianças em suas primeiras fases, a conclusão de que o ego é o verdadeiro e original reservatório da libido, sendo apenas desse reservatório que ele se estende aos objetos”. (Freud. v. 18: 71-72). 

O hegemonikon é o verdadeiro reservatório da libido fenillato-a e, assim, ele a distribui para a soberania popular com seus objetos fenilato-a:

“A libido que assim se alojara no ego foi descrita como <narcisista>. Essa libido narcisista era também, naturalmente, uma manifestação da força do instinto sexual, no sentido analítico dessas palavras, e necessariamente tinha de ser identificada com os instintos de autoconservação, cuja a existência fora reconhecida desde o início”.


A tela cultural da prática política fenilato-a contempla a sexualidade do campo político mensfenilato-a. Assim, uma patologia da vida cotidiana fenilato-a da plurivocidade de prozis individual que são potência e ato em língua fenilato freudiana pode ser considerada: 

“Acontece simplesmente que a distinção entre dois tipos de instinto, que era originalmente considerada , de certo modo, como qualitativa, deve ser hoje diferentemente caracterizada, isto é, como <topográfica>. E, em particular, é ainda verdade que as neuroses de transferência, o tema essencial do estudo psicanalítico, são o resultado de um conflito entre o ego e a catexia libidinal dos objetos”. (Freud. v. 18: 72). 

Na tela da cultura…, o conflito entre o hegemonikon e a catexia dos objetos fenilato-a  da soberania popular explicam os fenilomenicos extremos contra a forma de governo democrática constitucional de 1988?                    

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Professor da UFRJ de Freud e Marx, em 1974, Carlos Henrique Escobar me disse que eu queria fazer algo impossível, pôr na mesma prática política Freud e Marx:

“Marx não trancou sua obra. Ela é tão aberta quanto sua militância. Da sua obra, da sua vida e da sua militância ficam explícitos no entanto os princípios. Os princípios enquanto a aventura de uma interpretação subvertendo. Nem Kant nem Hegel, nem Freud, como uma filosofia que o sucedeu, são referências esclarecedoras para o ‘marxismo de Marx’. Estas filosofias querem preservar no lugar de destruir. Marx quer destruir e criar”. (Escobar: 143). 

Hoje sei que Freud pensou o fenilato-a como destruição e criação barroca iluminista de um mundo como teatro de uma prática política mundial. Se o instinto de morte é desintegração do objeto fenilato-a, o hegemonikon é o reservatório de pulsões libidinais de fenilato-a que procura criar uma prática política mundial como teatro de operações de um mundo novo, desintegrando e criando, ao mesmo tempo. Essa á a lógica gramatical, retórica, ideológica do modo de ser psíquico da dialética materialista. Mao Tse Tung fez do partido comunista um hegemonikon de um bloco histórico no poder operário-camponês em aliança com os intelectuais. O papel das camadas intelectuais foi fundamental na organização da hegemonia na tela cultural asiática. Na história da revolução socialista:

“Les changements intervenus dans notre régime social et la suppression, pour l’essentiel, de la base économique de l’idéologie bourgeoise font qu’il existe pour la masse de nous intellectuels nom seulement la nécessité mais aussi la possibilité de modifier leur conception du monde”. (Mao: 439). 

Freud sobre desintegração e criação. Ele tece uma dialética materialista do fenilatohegemonikon-a como dialética iluminista barroca da tela cultural da prática política mundial. Há o aspecto dominante (hegemonikon) e o aspecto dominado (fenilato-a): 

“Nossas concepções, desde o início, foram <dualistas> e são hoje ainda mais definidamente dualistas do que antes, agora que descrevemos a oposição como se dando, não entre instintos do ego e instintos sexuais, mas entre instintos de vida e instintos de morte”. (Freud. v. 18: 73). ]

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A propósito! Freud não é estruturalista do corte epistemológico ciência e ideologia; ele, por exemplo, vê a psicologia - não como um campo de ideologias científicas, mas como um campo científico paralelo ao campo freudiano -. 

Agora a <lógica do pior>: a relação do campo lacaniano com a tela cultural da prática política mundial fenilato-a do desejo:

“Assim, é antes a assunção da castração que cria a falta pela qual se institui o desejo. O desejo é desejo de desejo, desejo do Outro, como dissemos, isto é, submetido à Lei”. (Lacan. 1966: 852).

A tela cultural da pratica política territorial é fruto da castração. Assim, o desejo do Outro é o desejo da tela cultural submetida à Lei, isto é, a Constituição. O que é a tela cultural? 

Lacan:

“A gramática decerto serve aí de trave para a escrita e, para tanto, atesta um real, mas um real, como se sabe, que permanece como enigma, enquanto não se salienta na análise sua mola pseudo-sexual; ou seja, o real que, por só poder mentir ao parceiro, se inscreve como neurose, perversão e psicose”. (Lacan. 2003:515).

O real da lógica gramatical, retórica, ideológica atesta um real como fenilato-a não sexual. É o fenilato-a como significante do real da tela cultural gramatical que introduz a mentira nessa mesma tela cultural - ao se inscrever como neurose, perversão e psicose. Vivemos a época das fake news, ou não? 

Lacan:

“‘Eu não amo’, ensina Freud, vai longe nessa série, ao se repercutir ali. Com efeito, é pelo fato de todo significante, desde o fonema até a frase, poder servir de mensagem cifrada (pessoal, dizia o rádio durante a guerra) que ele se destaca como objeto, e que descobrimos ser ele que faz com que no mundo, no mundo do ser falante, há o Um, isto é, elemento, o [...] do grego”. (Lacan. 2003: 515).  

O real fenilato-a da  massas da soberania popular diz ao representante, ao governante ‘eu te amo’, <mas isso é uma mentira pois <eu não te amo>. Te abandono na primeira curva difícil, mas necessária, de mudar de destino. Como significante do real da tela gramatical, retórica, ideológica, estética, o  objeto fenilato-a aparece na posição do Um. A unidade na tela cultural gramatical… só se torna possível com a existência do objeto fenilato-a, Um.    

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No texto “Freud e Lacan, Althusser fala do retorno de em Freud:

“Retorno a Freud quer dizer: retorno a teoria bem estabelecida, bem fixada em Freud mesmo, a teoria madura, refletida, entroncada, verificada, a teoria bastante avançada e instalada na vida (inclusive na vida prática) pra aí ter construído seu habitat, produzido seu método, e engendrado sua prática. O retorno a Freud não é um retorno ao nascimento de Freud, mas um retorno sua <maturidade>. (Althusser. 1980: 112).

Faço o retorno aristotélico a Freud para além da cientificidade da teoria. Um  retorno a ciência de Freud como lógica gramatical, retórica, ideológica do homem gramatical:

“Assim, é uma propriedade do homem o ser capaz de aprender gramática: porque, se A  é um homem, é capaz de aprender gramática, e, se é capaz de aprender gramática, é um homem”. (Aristóteles. 1973: 14).

“A primeira palavra de Lacan é para dizer: em princípio Frud fundou uma ciência. Uma ciência nova, que á a ciência de um objeto novo: o inconsciente”. (Althusser. 1980: 111). 

A ciência freudiana existe a partir não de um logos lógico, mas a partir da língua fenilato da uma razão linguística da lógica gramatical, retórica, ideológica e estética de um tela cultural da prática política mundial territorial/virtual. Lacan viu o campo freudiano como resultado de uma revolução barroca iluminista. Por isso foi chamado de Góngora da psicanálise. (Althusser. 1980: 118). A revolução freudiana iluminista barroca cria e recria a língua fenilato-a como língua do inconsciente:

“Lacan não contestaria que, sem o surgimento de uma nova ciencia: a <linguística>, sua tentativa de teorização teria sido impossível”. (Althusser. 1980: 119).

O homem gramatical aristotélico só aparece com objeto científico psíquico freudiano com a linguística e a semiótica. A tela cultural da prática política freudiana língua fenilato do Pai barroco é posta por Althusser:

“o que é a presença em ato do Pai (que é Lei) portanto da Ordem do significante do homem, quer dizer, da Lei da Cultura: este discurso, condição absoluta de todo discurso presente do alto, quer dizer, ausente em seu abismo, em todo discurso verbal, o discurso da Ordem, este discurso do Outro, do grande Terceiro, que é esta Ordem mesma: o <discurso do inconsciente>”. (Althusser. 1980: 124). 

O desejo é o desejo do Outro da prática política mundial freudiana territorial/virtual. A tela cultural é o Outro, e a prática política da língua fenilato é o desejo do desejo da Tela cultural. Não há prática política fora do discurso do inconsciente da língua fenilato.