sábado, 8 de março de 2025

Freud - tela cerebral, tela social, atualidade

 


 

 

José Paulo

 

 

 

 

 

RETORICA CIENTÍFICA DE FREUD

 

Aristóteles estabeleceu a feniideia de retórica científica, retórica da prova empírica. (Aristóteles; 2013). A retórica empírica é parte irrevogável qualquer linguagem cientifica. A retórica cientifica de Freud se apresenta a partir de fenilsignificantes como: eu, recalque, representação, pulsão (Trieb), inconsciente etc. O psiquismo é dito como <mente>, de acordo com a retórica da psicologia cientifica da época de Freud.   Hoje retomasse o fenilsignificante tela cerebral de Marx, Engels e machado de Assis.

 

A retórica de Freud se tornou uma ideologia científica do passado. Ela não é mais uma retórica científica. Ela não é a tela cerebral fenilnarrativa gramatical, retórica, ideológica da atualidade. o trabalho que venho realizando consiste em atualizar a retórica freudiana como tela fenilcerebral fazendo pendant com a retórica da neurociência, também, reatualizada pelo campo da ciência política materialista gramatical e da fenilpsicanálise gramatical, retórica, ideológica da terceira década do século 21.

 

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    FREUD COM MARX

 

Nas páginas 17-18 do Obras Completas, Imago, Freud fala da tela cerebral narrativa (mente) e da tela da sociedade/Estado. Marx e Engels falam da tela cerebral como tradição e ideologia. A tradição é a ideologia, retórica e gramatical do morto, das gerações do passado, que habita a atualidade. Um exemplo, é a retórica do passado colonial, monárquico do capitalismo escravocrata-senhorial-patriarcal,  que habita a prática política da cultura da atualidade, no Brasil. A gramática do morto é o idioma velho evocado pelo cérebro dos vivos nas telas da cultura do presente. A tela do presente [a atualidade é autofabricada como passado, presente e futuro] contém a moderna sociedade de classes e o Estado territorial nacional.

 

Freud parte de Marx para analisar a civilização capitalista ocidental, a única que ele conhece, especialmente. A fenilcivilização requer a renúncia de uma serie de pulsões, a disciplina da tela cerebral com uma forma de governo fenilcapitalista. Requer a relação complexa entre as pulsões, afecções, paixões e coerção, hegemonia delas no modo de ser psíquico fenilideologico machadiano, retórico e gramatical; requer a relação delas com o capital (coerção sobre o trabalho) e o com o aparelho de Estado - que precisa fazer o indivíduo e a multidão renunciarem as pulsões destrutivas.

 

Há dois modos legítimos de causar a renúncia das pulsões anti-social e anti-ordem gramatical, retórica, ideológica. Um é o campo do discurso argumentativo. Este é o domínio da articulação da hegemonia que estabelece uma forma de governo na tela social e na tela cerebral. Essa forma é o governo dos neurotransmissores (dopamina, serotonina, cortisona, adrenalina etc.), que busca pôr a razão linguística da ordem gramatical no comando da comunidade cerebral e/ou social.  Freud diz que a distribuição da riqueza na tela cerebral e na tela social para ultrapassar a opressão capitalista necessita caminhar para uma distribuição justa da riqueza como ocorreu, mais ou menos, com o regime socialdemocrata europeu, por exemplo. Ele fala em socialismo.

 

Enfim, uma lógica de gramática retórica/ideológica marxista (sub)existe  no próprio campo freudiano. Freud diz mais, ainda...

 

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PLATÃO e a Tela cerebral (alma/corpo)

 

Em Platão, a tela cerebral é análoga à alma/corpo. Em Machado de Assis, a tela cerebral já é fenilideológica, gramatical e retórica literária. Em Freud, a tela cerebral é uma autofabricação da fenilcivilização com sus formas de governo.

 

A tela cerebral gramatical, retórica, ideológica possui formas de governo que fazem a gestão da relação das pulsões, afecções e neuroquímica dos neurônios e neurotransmissores, na superfície de fenillomenicos gramaticais, retóricos, ideológicos.  Forma de governo da fenilafecção da tirania estabelece o <indivíduo soberano> como cesarismo na fenilcivilização ocidental freudiana. O césar é o neurotransmissor dopamina a serviço da forma de governo <indivíduo soberano>. O princípio de fenilprazer funciona para realizar a satisfação dos desejos do pai da horda primitiva, ou do chefe da sociedade fenilpatriarcal. O monopólio do mais-gozar nas mãos do líder fenilpopulista é uma versão atual da forma de governo tirânica.    

 

Na tela cerebral, a forma de governo aristocrática tem o dirigente hegemônico [fenilhegemonikon] como afecção fenilomenico gramatical, ideológico, retórico. Na democracia, representativa, a fenilmultidão da soberania popular constitui a riqueza de minerais raros que são a dopamina, a serotonina, a adrenalina e outros neurotransmissores - que ajudam a escolher os representantes políticos, que Freud identificou como fenifantasmas. A presidência republicana é afecção análoga à do césar, do fenicesarismo. A luta pela riqueza mineral de commodities neurotransmissores faz o equilíbrio gramatical, ideológico, retórico, bioquímico entre os poderes políticos republicanos.  Há um compromisso barroco sobre a distribuição da riqueza bioquímica entre os 3 poderes. Se o compromisso é questionado, a tela cerebral entra em colapso e se instaura a neuroanarquia bioquímica no campo da democracia constitucional...

 

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CIVILIZAÇÃO EM FREUD

 

 DESDE o começo, a civilização freudiana é FENILCIVILIZAÇÃO. Ela é potência e ato em fenilato com descoberta e invenção de aparelhos psíquicos na tela cerebral e aparelho de Estado e o capital como máquina de guerra de coerção no campo das relações das afecções da sensibilidade gramatical, retórica, de gosto com os objetos da realidade externa. Exemplifico com a afecção/escopofilia.

 

A escopofilia do homem realiza a sua satisfação - como fenildesejo - pelo olhar das partes pudendas da fêmea e do macho. Procissões dionisíacas gregas carregavam estatuas com a imagem visual de homem com o pênis duro de madeira. Outras festas, em outras civilizações, criavam a imagem visual da vagina em estatua de barro. Hoje, a afecção da escopofilia se tornou a base do funcionamento da tela digital da publicidade capitalista, dos aparelhos de espionagem de governo ou privado. Note, que a escopofilia é o olhar sobre um corpo sexual involucrado, e então, despido. O pornô já é o grau zero da afecção da escopofilia por não ser afecção fenilomenica, gramatical, retórica, ideológica de gosto.

 

A fenilcivilização capitalista transformou a escopofilia em fenilmercadoria que agita, mobiliza, agencia uma plurivocidade de neurotransmissores da dopamina à cortisona. A civilização sempre foi a ação da coerção e disciplina do funcionamento neurobioquimico da tela cerebral. Hoje, há o apogeu da fenilcivilização freudiana com as big techs virtual e territorial.

 

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EXPERIENCIA FREUDIANA

 

Nas primeiras páginas do ensaio “Futura de uma ilusão”, encontra-se a ideia da fenilexperiência freudiana. A fenilexperiencia é o campo da história da técnica de produção e distribuição da fenilriqueza. Há a riqueza dos valores de uso e a riqueza dos valores-de-troca. Esta é a produção da mais-valia econômica e da mais-valia gramatical do capital constante da multinacional territorial ou virtual. Há ainda a fenilmais-valia cerebral da produção de neurotransmissores: dopamina, serotonina, cortisona, adrenalina etc.

 

A fenilriqueza é o território gramatical, retórico, ideológico, poético, de gosto da acumulação de capital ampliada das big techs virtuais e territoriais, pois, elas se suplementam. A evolução da fenilsociedade capitalista acontece diretamente na relação do fenilcapital e suas fenilmercadorias com as afecções fenilomenicas gramatical, retórica, ideológica, poética, de gosto. Resta tratar do futuro de uma ilusão como fenilafecção da tela cerebral, gramatical, retórica, ideológica, poética, de gosto.

 

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O <discurso social> é constituído por uma plurivocidade de práxis individual regida pela lógica de gramática de sentido e não-sentido retórico, ideológico, de gosto. A filosofia, a literatura, a psicanálise são discurso social. O discurso social tem como unidade de base a gramática como um todo de significação. E a lógica do sentido? O sentido pode ser considerado quer como aquilo que permite as operações da paráfrase ou de transcodificação. A paráfrase é uma operação metalinguistica que consiste em produzir, dentro do mesmo discurso, uma unidade discursiva que seja semanticamente análoga a uma outra unidade produzida anteriormente. )Greimas: 324-325).

 

O discurso social tem passado e presente na sua atualidade. Assim, por exemplo, Lacan atualizou o discurso freudiana no presente da segunda metade do século XX. Om discurso social é determinado pelos cânones cientificas de uma determinada conjuntura ou época histórica. Na lógica de sentido do discurso social a iconização procura vestir as figuras do discurso, torná-las semelhantes {a realidade, criando um a ilusão referencial. Aqui, a retorica cientifica aristotélica cumpre um papel fundamental de persuasão de que o discurso social é o espelho da realidade da prática política da cultura discursiva. Por não operar com a tela cerebral de Marx e Engels, Lacan ignorou a neurociência? Com efeito, a neurociência fracassou como campo transdisciplinar ou interdisciplinar. Chegou a um beco sem saída. Hoje, desenvolvo a relação da retórica científica com os fenilomenicos da tela cerebral gramatical, retórica, ideológica, de gosto. A atualidade do campo freudiano pode ser obtida por sua relação com a ciência política materialista (Bandeira da Silveira; julho/2024) ecom lógica retórica gramatical e/ou com a fenilpsicanálise do livro “Sociologia e psicanálise gramatical”, ebook, amazon.  (Bandeira da Silveira; 2017). A atualidade de Freud requer um laço retórico gramatical, ideológico com a realidade dos neurotransmissores: dopamina, serotonina, cortisona, adrenalina etc., com o funcionamento da tela cerebral na comunidade do modo de ser psíquico individual e da multidão na tela social; sociedade/Estado territorial nacional.            

 

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A comparação entre a ideia de civilização em Weber e Freud aparece na vulgata ideológica como algo ininteligível. Para Weber, a civilização é racional, lógica e intelectual. Para Freud, ela é a renúncia dos desejos pulsionais como matar. A civilização em Weber é aquela civilização ocidental capitalista que começa na antiguidade grega. A civilização capitalista tem o aparelho de Estado penal e o capital como fenilomenicos civilizacionais. A civilização em Freud depende da coerção do aparelho e Estado, mas ela se desenvolve com a cultura da tela cerebral que adquire um supereu, agencia da tela cerebral que age sobre os desejos pulsionais como o do assassino. Weber fala de afecções:

 

“impulsos afetivos (medo, cólera, ambição, inveja, ciúme, amor, entusiasmo, orgulho, sede de vingança, dedicação, apetências de toda espécie) e as reações irracionais (do ponto de vista da ação racional, orientada para um fim) que deles resultam podem se revividos, por nós, emocionalmente e com tanto mais evidência quanto mais sucestíveis sejamos a esses mesmos afetos; em todo caso, porém, mesmo que ultrapassem absolutamente por sua intensidade nossas próprias possibilidades, conseguimos compreendê-los intuitivamente a avaliar intelectualmente seus efeitos sobre a orientação e os meios da ação”. (Weber. 1994. V. 1:5). 

 

O reino das afecções se expressa no agir iilogicamente, é o grau zero do sentido lógico, compreensivamente racional como estrutura de dominação fenilgramatical. A logica de sentido é uma criação da civilização:

 

“Racionalmente compreensíveis, isto é, neste caso, direta e inequivocamente apreensíveis em seu sentido intelectual, são principalmente, e em grau máximo, as conexões de sentido que se encontram na relação de proposições matemáticas entre si. Compreendemos inequivocamente o que significa, quanto ao sentido, quando alguém utiliza, pensando ou argumentando, a proposição 2 s 2 igual a 4 ou o teorema pitagórico, ou quando extrai uma cadeia de conclusões logicas da maneira ‘correta’) conforme nossos hábitos de pensar). O mesmo ocorre quando ele, partindo e ‘fatos de experiencia que consideramos ‘conhecidos’ e de finalidades dadas, tira em sua ação as consequências daí inequivocamente resultantes (conforme nossa experiência) relativas à espécie de meios a serem empregados”. (Idem: 4).

 

A ação social é a práxis individual que faz a junção da tela cerebral com a tela social da prática política gramatical, retórica, ideológica. Em Weber, não há retórica na ação social compreensiva. E contudo, a retórica weberiana constitui a civilização weberiana ocidental capitalista. Falando da comunidade comunista doméstica, Weber sublinha o lugar da mulher em uma forma de governo sexual familial. (idem; 249-250). A mulher é aquisição na comunidade com o homem na posição do dominante. Ela é um objeto de desejo pulsional cujo valor se deve a beleza de seu corpo. Na poliandria, uma mulher casa com vários homens, ela é obrigada a fazer sexo com vários homens. As pulsões se expressam nas afecções do agradável e do desagradável, da aração e da aversão, do belo e do feio. Ela tem que viver a experiência dessas afecções, ao mesmo tempo. Ela não tem escolha. No desenvolvimento da civilização capitalista, trabalho agrícola e a propriedade privada criam uma lógica de gramática de sentido na qual a mulher aparece não mais como brinquedo sexual. O apogeu desse fenilfenômeno é a sociedade do capital capitalista moderno:

 

‘Weber pretende explicar a institucionalização da ação racional com arreglo a fins em termos de um processo de racionalização. E é este processo  de racionalização, que no esquema de explicação  assume o papel de explanans, o que tem como resultado a difusão da ação racional com arreglo a fins. Para a situação de partida da modernização resultam especialmente importantes dois momentos: o modo metódico da vida de empresários e funcionários, orientando conforme a uma ética da profissão, e o meio de organização que representa o direito formal. (Habermas: 226).

 

A globalização liberal desintegrou a modernidade de Habermas. A civilização do capital capitalista não existe mais. os problemas weberianos ficaram no passado. Porém, os problemas da civilização freudiana continuam se atualizando. As novas gerações de trabalhadores intelectuais do capital mercantil da multinacional virtual resistem a renunciar a sua liberdade pulsional. Eles são parte de uma civilização freudiana que exige a renuncia à satisfação de novos desejos pulsionais da época do mercantilismo capitalista virtual das big techs americana e asiática. Essas constituem o primeiro fenilmundo da tela cerebral fazendo pendant com a tela social Estado/sociedade territorial.                    

 

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Nas paginas 40, 41, 42, Freud fala da religião como modelo histórica da ideologia como produção de ideias no cérebro. Claro, que a tela cerebral mobiliza e agencia neurotransmissores nas redes de neurônios para a criação de fenilideias. A ideologia religiosa é o dever de acreditar nas fenilideias. A autenticidade e a verdade da fenilideia não é posta à prova na tela social da prática política gramatical, retórica. Rigorosamente, a retórica religiosa é sofística, isto é, não é retórica cientifica que possui força de direito sobre a realidade da fenilideia. A demanda da fenilideia é um problema difícil. A demanda diz respeito a relação social com o outro na tela social. Assim, o outro é uma imagem ou fantasia, um objeto externo na logica gramatical-retórica estoica (Elorduy. V. 2:33). A retórica é produção de fantasia visual pura ou textual. Não existe demanda do outro na tela cerebral? Não há relação social nessa tela? A imagem retórica como fantasma freudo/estoico existe na tela cerebral, ela é um não-objeto, não-coisa, da <experiencia interior> freudiana, experiencia fantasmática da tela cerebral. Elorduy cita o estoico Crispo:

 

“o fantástico é uma atração ao ar, uma modificação da alma que não é produzida por objeto da fantasia [...]; é algo como o que sucede com aquele que luta com a sombra e lança a mão no vazio; porque a fantasia responde a um objeto da mesma (um...]: porém, o fantástico não responde a nenhum objeto”. (Elorduy. V. 2: 36).

 

O não-objeto é uma fenilimagem retórica na tela cerebral. Ele é a relação social da coisa-criança com a não-coisa. A demanda do “sujeito” se dirige a essa fenilimagem que, na criança, assume a fenilideia da mãe como fantasma fazendo pendant com a fantasia da mãe, objeto da tela social, experiência real que supre a demanda do <real> da criança.    O fantasma da mãe é uma fenilideia freudiana/estoica na fenilpsicanalise. Ele faz funcionar na tela cerebral um plurivocidade de neurotransmissores da demanda/fetichista: dopamina, serotonina, adrenalina etc. Para porá nisso?

 

Na tela cerebral:

 

“Uma relação social definida, estabelecida entre os homens, assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Para encontrar um símile. temos de recorrer à região nebulosa da crença. Aí, os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas que mantém relações entre si e com os seres humanos. É o que ocorre com os produtos da mão humana, no mundo das mercadorias. Chamo a isto de fetichismo, que está sempre colado aos produtos do trabalho, quando são gerados como mercadorias. É inseparável da produção de mercadorias”. (Marx. v. 1. 1977: 69)

 

A lógica gramatical/retórica de sentido e não sentido do fetichismo da mercadoria serve como modelo para se pensar o funcionamento dos neurotransmissores na tela cerebral, como relação fenilsocial entre coisa e não-coisas. .     

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O fetichismo freudiano tem como modelo na tela cerebral a mulher:

“Não é verdade que, depois que a criança olhou a mulher, tenha conservado inalterada sua crença de que as mulheres possuem um phalo. Reteve essa crença, mas também a abandonou”.

A tela cerebral feminina funciona e é estruturada pela lógica gramatical de sentido e não sentido paraconsistente:

“No conflito entre o peso da percepção desagradável (páthos) e a força de seu contradesejo (ethos), chegou-se a um compromisso [conciliação barroca], tal como só é possível sob o domínio das leis inconscientes do pensamento – os processos primários [na tela cerebral]. Sim, em sua mente a mulher <teve> um pênis, a despeito de tudo, mas esse pênis não é mais o mesmo de antes. Outra coisa tomou o seu lugar, foi indicada como seu ersatz, por assim dizer, e herda agora o interesse anteriormente dirigido a seu predecessor. Mas esse interesse sofre também um aumento extraordinário, pois o horror da castração ergueu  um monumento a si próprio na criação desse ersatz. Ademais, uma aversão, que nunca falta no fetichista, aos órgãos sexuais femininos reais, permanece um <stigma indelebile> do recalque que se efetuou. Podemos perceber agora aquilo que o fetiche consegue e aquilo que o mantém. Permanece um indício do triunfo sobre a ameaça da castração e uma proteção contra ela. Também evita que o fetichista se torne homossexual, dotando as mulheres de características que as torna toleráveis como objeto sexuais”. (Freud. v. 21: 181.

Em seguida vou falar da feniloogica tertuliana <credo quia absurdum> e do simulacro desimulação como fenilretírica da tela cerebral e também do funcionamento do supereu cultural como páthos e do hegemonikon (Elorduy. V 2: 26) ou eu político estoico como ethos.   

A fenilogica fetichista freudiana vai além do fetichismo da mercadoria do livro ‘O capital”?    

 

quinta-feira, 6 de março de 2025

MACHADO DE ASSIS - cânone mundial fenilgramatical retorico

 

José Paulo  

Silvio Romero foi u notável crítico e historiador da literatura brasileira da época de Machado de Assis. Era um inimigo gramatical figadal de Machado e mesclou a vida do bruxo do Cosme Velho com a literatura machadiano. Todavia, ele criou problemas de dialética de uma atualidade impressionante. Ele diz que a literatura machadiana e seu autor são pessimistas. Ora, ele diz que o pessimismo é sinônimo de perversão. E discute se se trata de um perverso verdadeiro ou de um falso perverso:

“Há duas espécies de pessimismo, um profundo [que seria o perverso verdadeiro}, irredutível, que é tanto da cabeça co0mo do coração, e aparece quando se dá a conjunção de desmantêlo de sensibilidade com certas tendencias do espírito e da cultura filosófica do indivíduo: é o de Shakespeare, Baudelaire , Leopardi, Flaubert, Byron <et relique>; o outro, só da cabeça, sem grandes raízes, meramente especulativo e sem chegar a tremendas crises que envolvam o coração|: e destra espécie é o de Voltaire e Machado de Assis”. (Romero: 1631).

Com efeito, Silvio não cré que a concepção política de mundo machadiana seja do perverso:

“A questão do pessimismo tem de esmiuçar o problema da sensibilidade e da intelectualidade dos escritores, lado subjetivo do assunto, e, ao mesmo tempo a ação das peripécias, das pressões da sociedade sobre eles, lado objetivo do fenômeno. Só com um estudo, assim completo, sobre cada autor, poder-se-ia conhecer a natureza da sua intuição pessimista ou não sobre o mundo e a existência”. (Romero: 1632).

Ora, Silvio diz que o brasileiro não é pessimista, não é perverso:

“Antes de tudo, uma nota que se nos antolha indispensável; nós os brasileiros não somos em grau algum um povo de pessimistas. Em nossa alma nacional, em nossa psicologia étnica não se encontram s tremendas tendencias do desalento mórbido e de resignação consciente diante da miséria, da mesquinhez, do nada incurável da existência humana”. (Romero: 1630).

Bem!  Machado é pintado como um falso perverso, um pessimista <teórico>:

“há os sofredores, que, por circunstâncias várias da sensibilidade e da inteligência, chegam a certo pessimismo apenas teorético, espécie de protesto para uma mais perfeita organização das cousas”.

“Neste grupo é que se há de colocar o nosso Machado de Assis.”. (Romero: 1632).

Ao contrário do perverso verdadeiro como Shakespeare ou Baudelaire que criam lógica de gramatica de sentido sobre a realidade, Machado é o falso perverso, isto é, um homem gramatical incapaz de criar e recriar a gramática de gramática de sentido [do Bem e do Mal, do ethos e do páthos, da lógica e da paralógica, da sublógica e da infralógica do sentido e do não-sentido, da ordem gramatical ou da sgrmmaticatura ou anarquia gramatical da realidade da pratica política brasileira.   

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No Brasil, o campo da prática política da retórica tem na fundação de uma instituição – a ABL- um ponto de não retorno da alta cultura que não fosse retórica. O capítulo sobre Machado de Assis do livro “História da literatura”, de José Veríssimo, que foi um dos fundadores da ABL. O capítulo pode ser visto como o <Manifesto retórico modernista> da nossa prática política literária.

A prática política da retórica é criada e recriada por uma plurivocidade de práxis individual gramatical, pois, a retórica tem sua própria gramática ou lógica de grmat5ica de sentido do Bem e Mal, do justo e injusto, do ethos (lógica de gramática de sentido do Bem, da ordem gramatical) e do páthos (lógica de gramática se sentido do mal, da anarquia gramatical; afecções) enfim, da ordem gramatical e da anarquia gramatical em relação às afecções. A diferença entre a retórica aristotélica e a sofística aparece como uma guerra civil romana na história da civilização/barbárie do Ocidente:

“Ora, os que até hoje compuseram tratados de retórica ocuparam-se apenas de uma parte dessa arte; pois, só os argumentos retóricos são próprios dela, e todo o resto é acessório. Eles, porém, nada dizem dos entimemas, que são afinal o corpo da prova, antes dedicam a maior parte dos seus tratados a questões exteriores ao assunto; porque o ataque verbal, a compaixão, a ira e outra paixões da alma semelhantes a estas não afetam o assunto, [o objeto], mas sim o juiz. De sorte que, se se aplicasse a todos os julgamentos a regra que atualmente se aplica em algumas cidades, sobretudo, nas bem governadas, aqueles retores nada teriam a dizer”. (Aristóteles. 2012:6-7).

A retórica é uma prática política que é acolhida em determinadas forma de governo, mas não na forma de governo (tirania, oligarquia) da democracia constitucional. A relação entre afecção (ataque verbal, ira, ódio etc.) e práxis individual gramatical na democracia constitucional sofre um corte gramatical na prática da retórica. Um outro problema inadiável diz respeito a modo de ser psíquico do perverso na práxis individual do uso da retórica:

“Pois todos entendem que as leis o devem referir, e alguns adotam mesmo a prática proibindo, que se fale fora do assunto, como também acontece no Areópago, e com toda a razão; pois está errado perverter o juiz incitando-o à ira, ao ódio ou à compaixão. Tal procedimento equivaleria a falsear a regra que se pretende utilizar”. (Aristóteles. 2012: 7).

A retórica sofistica pratica a lisonja como forma de persuasão do juiz que decide: seja ele, um juiz do tribunal, a multidão, a soberania popular, a classe política etc. José Veríssimo faz da lisonja a Machado de Assis a arma de guerra retórica para estabelecer a hegemonia/dominação da retórica academicista (da ABL)nas práticas: jurídica, política, cultural:

“Chegamos agora ao escritor que é a mais alta expressão da nossa literatura, Joaquim Maria <Machado de Assis. No bairro popular, pobre e excêntrico do Livramento, no Rio de Janeiro, nasceu ele, de pais de mesquinha condição, a 21 de Junho de 1839. Nesta mesma cidade, donde nunca saiu, faleceu, com pouco mais de 69 anos, em 29 de setembro de 1908. A data de seu nascimento e do seu aparecimento na literatura o fazem da última geração romântica. Mas a sua índole literária avessa a escolas, a sua singular personalidade, que lhe não consentiu jamais matricular-se em alguma, quase desde os seus princípios fizeram dele um escritor à ´parte [...]. Ninguém na literatura brasileira foi mais, ou sequer tanto como ele, estranho a toda a espécie de cabotinagem, de vaidade, de exibicionismo. De raiz odiava toda a publicidade, toda a vulgarização que não fosse puramente  de seus livros publicados”. (Veríssimo: 343).

Enfim, a eloquência a serviço da ABL faz de Machado um membro da família real brasileira, mas como uma aristocrata de espírito. Portanto, a ABL é a restauração parcial da prática política monárquica na República. O modelo de práxis individual gramatical é a retórica monárquica do direito do sécuo XIX. Daí a aura da classe política academicista [de um José Sarney, de um Gilberto Freyre, de um Cãmat Cascudo, de um Luís Vianna Filho, que foi encerrada com o Estado mercantil/liberal de 1964, mas precisamente como Estado fascista militar de 1969:

“Só a incapacidade de compreender natureza tão finamente aristocrática como Machado de Assis [...}”. (Veríssimo: 343-344).

A práxis individual gramatical pode ser possuído pela sgrammaticatura, falta de gramática. (Gramsci. 1977, v. 3:2341):^

“Simplesmente, na sua maioria, umas pessoas fazem-no ao acaso, e, outra, mediante a prática que resulta do hábito. E#, porque os dois modos são possíveis, é óbvio que seria também possível fazer a mesma coisa seguindo um método. Pois é possível estudar a razão pela qual tanto são bem-sucedidos os que agem por hábito como os que agem espontaneamente, e todos facilmente concordarão que al estudo é tarefa de uma arte”. (Aristóteles. 2012: 6).

A prática política gramatical é feita de inimigo e amigo gramaticais:

“Além disso, é manifesto que o oponente não tem nenhuma outra função senão a de mostrar se o fato em questão é ou não verdadeiro, aconteceu ou não, aconteceu, quanto a saber se ele é grande ou pequeno, justo ou injusto, não havendo uma decisão clara do legislador, é certamente ao juiz que cabe decidir, sem cuidar po que pensam os litigantes”. (Aristóteles. 2012: 7).

O legislador, o juiz e os litigantes apontam para a contradição da contradição complexa na prática política constituída por uma plurivocidade de discurso ou gramática:

“Troca de discurso -isso mexe, isso os, isso nos, isso se atravessa, ninguém marca a batida. Canso de dizer que essa noção de discurso deve ser tomada como liame social, fundado sobre a língua, e parece então não deixar de ter relação com o que na linguística se especifica coo gramática, nada parecendo modificar-se com isto”. (Lacan. S. 20: 21).          

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Maior especialista em barroco brasileiro, o professor da UFRJ Afrânio Coutinho fala de uma nacional-popular do século monárquico e republicano que começa com José de Alencar e tem seu apogeu com Machado de Assis:

“Graças a esse respeito pela tradição e pelo trabalho das gerações anteriores soube aprender a lição sobretudo de José de Alencar. Não só do ponto de vista técnico, senão também quanto ao elemento nacional a caracterizar a ficção, a mensagem de Alencar foi das mais fecundas, pois ele soube adaptar a forma narrativa moderna a elementos populares brasileiros e à temática nacional m dando um impulso definitivo à autonomia de nossa ficção, sobre criar um estilo brasileiro na língua literária, aproximando-a da fala corrente do povo. Recebendo essa herança, responsável pela criação de uma nova tradição compatível com a nova experiência vital que se desenvolvia no Brasil, Machado de Assis levaria muito longe, com seu gênio, a novelística brasileira” . (Machado: 24).

Afrânio Coutinho se referi ao <intelectual< gramsciano nacional-popular. Há de considerar que  a literatura de Machado foi um efeito da história do campo da lógica de gramatica de sentido retórico-sofistico. Então, preciso recorrer a Gramsci para falsificar a ideia de Coutinho, que era uma ideia da ABL:

“- mas, sim, porque o elemento intelectual indígena é mais estrangeiro diante do povo-nação do que os próprios estrangeiros. A questão não nasceu hoje; ela se colocou desde a fundação do Estado italiano, e sua existência anterior é um documento para explicar o atraso da formação política nacional unitária da península [...[. Também a questão da língua, colocada por Manzini, reflete o problema da unidade intelectual e moral da nação e do Estado, buscada na unidade na unidade da língua. Mas a unidade da língua é um dos modos externos, e não exclusivamente necessários, da unidade nacional: de qualquer modo é um efeito e não uma causa”. (Gramsci. 1968:107)  

A literatura popular de Alencar a Machado é popular, e só é nacional-popular na retórica da AB.L Ora, não existia povo-nacão em um país dominada pelo modo de produção capitalista/escravista do negro enquanto existiu o romantismo de Alencar e de uma parte da vida de Machado.  O Estado territorial brasileiro não nasce como um Estado nacional moderno, por causa de que ele não possuía povo-nação. O eleitor até 1930 era 3% da população. Portanto, só na ideologia política retórica da ABL existia cultura nacional/popular sem povo-nação.

O mestiço carioca Lima Barreto fez uma literatura nacional/popular virtual nas primeiras décadas do século XX. Literatura que sofreu com a ditadura dos gramáticos luso-brasileiro da qual fazia parte a ABL  e instituições da cultura luso ligadas a Biblioteca luso-brasileira. Hoje, o intelectual de Gramsci mudou de natureza e se tornou o general intellect de Marx ou o general intellect gramatical de minha ciência política gramatical materialista e dialética. (Bandeira da Silveira; Julho/2024). O general intellect marxista é a força produtiva do capital contante na produção da mais-valia técnica. O general intellect gramatical bandeirante é o trabalho produtivo de mais-valia gramatical e maquis-gozar gramatical de uma revolução barroca/grotesca a Ferreira Gullar, poeta torturado  a mando do general-presidente João Figueredo, que considerou o sei livro “Poema Sujo” um problema de segurança nacional do Estado fascista-militar de 1969. +.  

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Na década de 1950, Raymundo Faoro aplicou Weber na interpretação de sociologia política da história brasileira, retomando o weberianismo do livro “Raízes do Brasil” (Buarque;1988), da década de 1930. No, “Os donos do poder”, Faoro estabelece a gramática do poder brasileiro como tradição colonial que pesa como chumbo no cérebro dos vivos na monarquia do século XIX e na República até Getúlio Vargas. E acrescenta como continuação e reinvenção dessa tradição o cesarismo. Do discurso sociológico weberiano quase marxista/ tropicalista se ergueria o campo das ideologias políticas que só desapareceu com o regime político de 1988. O poder brasileiro é caracterizado como cesarismo monárquico e republicano:

“Há a burocracia expressão formal do domínio racional, própria ao Estado e à empresa modernos, e o estamento burocrático, que nasce do patrimonialismo e se perpetua noutro tipo social, capaz de absor4ver e adotar s técnicas deste, como meras técnicas. Daí seu caráter não transitório. Na conversão do adjetivo em substantivo se trocam as realidades, num jogo de palavras fértil em equívocos. O próprio bonapartismo, em lugar de ser uma expressão política própria, serve par assegurar uma situação permanente, a aparência democrática, cesarista num quadro autocrático, generalização e não participação do poder pelo povo. César – o herói e a caricatura – desce a escada do palácio e se dirige ao povo, para melhor afastar a soberania de baixo para cima, num espetáculo aclamatório, em favor de D. Pedro II, Napoleão III, Bismarck ou Getúlio Vargas”. (Faoro. 1973. V. 2: 738).

Faoro rompe com o campo das ideologias retóricas da ABL e do século XIX dos bacharéis estamentais, ele que foi do nosso mundo jurídico republicano. Em seu livro sobre Machado de Assis, ele posta que há uma gramática machadiana da realidade do final do nosso século XIX:

“A coexistência, na mesma sociedade, da classe e do estamento, tende a configurar, em uma e outro, missões diversas. A classe , como categoria econômica, ocupa-se em se firmar, definir e qualificar, de acordo com  ocupação específica de seus membros. Tolhida, no cume, não se expande pelos próprios meios; serve-se, para governar, dos instrumentos e do aparelhamento estamental. O nosso terceiro estado doura-se com as franjas de ‘une noblesse de robe’, composta de barões, conselheiros e comendadores, bem como de titulares da Guarda Nacional. Os estamentos assumem o papel de órgãos do Estado, as classes permanecem limitadas a funções restritas à sociedade. Esse mundo, Machado de Assis o descreve à meia-luz, sem claridade, às apalpadelas, furtivamente. A camada semi-oculta faz deputados, dá a nota à sociedade e dispõe do poder político. Ligada, muitas vezes, a uma situação de classe, dela independe, se conceitualmente isolado, no seu prestígio e estilo de vida. É a sociedade dos titulares, mas sobretudo do mecanismo além dos titulares, onde eles nascem e crescem”. Faoro.1988:19).

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Harold Bloom descobriu e inventou a gramática de gramática de sentido <cânone ocidental>. A coisa foi muito hostilizada pelos professores da esquerda norte-americana, pois. o “cânone bloom” era eurocentrista e anglo-americano. O nosso Silvio Romero já falara em um cânone literário “0cidental” do qual Machado de Assis não faria parte. O cânone em pauta teria sido ciado pelo verdadeiro perverso como Shakespeare, Baudelaire e poderíamos por analogia incluir Joyce no século XX. O verdadeiro perverso é potência e ato em ato (Narbone: 32) cultura oral e escrita universal de todas as civilizações da espécie humana. Machado de Assis é um perverso falso como criador de uma obra de ficção capaz de acolher as gramáticas do mundo. Faoro indica que Machado é um verdadeiro perverso, pois, transformou em ficção literária as gramáticas da realidade da sociedade e do Estado brasileiro.

Avanço a partir de Bloom e Romero a ideia de que existe um < cânone mundial formado pelos cânones da plurivocidade [de gramática e tela de gosto] de civilização/barbárie [europeia, anglo-americana, latino-americana, asiática, africana etc.] das línguas dos povos que aparecem assim como o general intellect gramatical e de gosto da espécie humana.  Tal campo de significante fenomênico gramatical do homem gramatical e do artista põe e repõe problemas para a formação gramatical cultural de cada povo ou tribo. Faoro tr4atou da relação do artista com a realidade da sociedade e do poder cesarista, especificamente.

A propósito, o cânone mundial é um campo de práxis individual do artista e do gramático que autoproduzem diferentes práticas políticas da cultura. Como é um campo de práticas políticas se põe e repõe o problema da relação de hegemonia e dominação entre os diferentes cânones civilizacionais supracitados. Trata-se de uma história sem relativismo, pois, um cânone civilizatório é, por valor gramatical, hegemônico em relação aos outros. Agora voltemos para Machado de Assis:

“O poeta ou o escritor, pobre4s de outras qualificações, não têm ingresso nessa comunidade que dirige o Estado e distribui migalhas de poder aos famintos. Murat, derrotado nas eleições, inspira algumas reflexões de Machado acerca dos homens de letras, que a política repele., não os aceitando no seu grêmio: Poetas entram (na Câmara), com a condição de deixar a poesia. Votar ou poetar. Vota-se em prosa, qualquer que seja, prosa simples, ruim prosa, boa prosa, bela prosa, magnífica prosa, e até sem prosa nenhuma, como o Sr. Dias Carneiro, para citar um nome. Os versos, quem o fez, distribui-os ´pelos parentes a amigos e faz uma cruz às musas. Alencar (e era dos audazes) tinha um drama no prelo, quando foi nomeado ministro. Co0meçou mandando suspender a publicação; depois fê-lo publicar sem nome de autor. E note-se que o drama era em prosa’ (B. D., 29 de julho). (Faoro. 1988:27).     

Machado fala da práxis política individual gramatical. Bem! No regime de 1988, um gramatico científico da sociedade brasileira e um artista se tornaram presidentes da república: respectivamente, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney. Portanto a posição do gramático e do artista já não é mais a da época de Machado de Assis. A legitimação deles na política tem uma alavanca decisiva com a ABL que criou o cânone luso-brasileiro:

“Nem os grandes – Alencar e Taunay – conseguiram vencer a onda de escárnio que cercava o escritor não ocasionalmente. Mas o maior obstáculo para que sentasse o homem humilde à nessa do estamento, além da própria falta de tradição e nome. Era o exercício passado de um ofício manual, infamante por si próprio, que nenhum título ou lustre lavaria a mancha. Pior do que isso não havia, nem mesmo o passado nos bancos da criminalidade”. (Faoro. 1988: 28). 

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O cânone mundial é um <significante fenilomênico gramatical> (SFG). Fenil é um radical químico que faz pendant com o benzeno na fórmula molecular C6 H5-. Um fenômeno que existe não homem e natureza do animal e vegetal. O SFG faz do fato humano algo q1ue não possui fronteiras inexpugnáveis entre a espécie humana e natureza viva. O cânone mundial é um SFG vivo que abole a contradição homem natureza como fenômeno gramatical dialético materialista. O significante fenilomenico gramatical inclui a fé na gramática de gramática de sentido como forma de governo da vida. (Nietzsche: 54)

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A contradição da contradição dos significante fenilomenicos alcança os modos de produção e circulação do general intellect como capital capitalista. Engels cita Marx:

“Quem se deve agora expropriar já não é o trabalhador independente, mas sim o capitalista [...]. Semelhante expr4oprição efetua-se por efeito de leis imanentes da produção capitalista, as quais conduzem à concentração de capitais. Correlativamente a essa concentração, à expropriação de muitos capitalistas por poucos, desenvolve-se em escala crescente a aplicação da ciência à técnica, a exploração metódica da terra, e conjuntamente dá-se a transformação da ferramenta em instrumentos poderosos destinado apenas a serem utilizados em comum, inicia-se a economia dos meios de produção e estabelece-se o entrelaçamento de todos os povos na rede do mercado mundial de que resulta o caráter internacional imprimido ao regime capitalista. À medida que diminui o número dos potentados do capital que usurpam e monopolizam todas as vantagens desse período de evolução social, aumentam a miséria, a opressão, a escravatura, a degradação e a exploração [...]. A socialização do trabalho e a centralização das suas energias materiais chegam a um ponto em 1que já não cabem no seu invólucro capitalista. Então, esse invólucro estilhaça-se. Soou a hora final da propriedade capitalista. Os expropriadores são por seu turno expropriados”. (Engels. 1975. V. 1:248).

A lógica de gramática de sentido exposto por Marx evoluiu até as multinacionais industrias de commodities territoriais e virtuais, como as big techs nos EUA e China. A contradição gramatical da contradição entre o general intellect do capital constante e o general intellect gramatical fenilomenico resultou em um Estado feudal da democracia do dominante nos EUA. Engels cita Marx:

“A apropriação capitalista, semelhante ao modo de produção capitalista, const5itui a primeira negação da propriedade privada que não passa do corolário do trabalho independente e individual. Mas a própria produção capitalista engendra a sua negação com a fatalidade que preside às metamorfoses da Natureza. É a negação da negação”. (Engels. 1975. V. 1: 249).

Da contradição gramatical da contradição capitalista, ergue-se as big techs como Estado feudal virtual com um general intellect gramatical industrial de produção de mais-valia gramatical:

“Ao Estado de exceção burguês-feudal corresponde uma crise política da gramática do campo político da democracia feudal moderna. Com  a região da extrema direita habitada pelo fascismo pós-modernista, no Brasil, o fascismo quer desintegrar o Estado nacional virtual da Constituição de 1988, em uma guerra civil que faz da contrarrevolução o aprofundamento da forma capital-feudal subdesenvolvido – em uma época mundial do mercantilismo do capital feudal asiático como paradigma das relações internacionais. A conciliação barroca capital e feudalismo existiu na Revolução francesa estudada por Alex de Tocqueville) Tocqueville; 1967). Não é um raio em um céu azul da atualidade. (Bandeira da Silveira. Novembro/2024: 622).

O problema é a combinação na acumulação ampliada de capital da mais-valia marxista com a mais-valia gramatical correspondente, respectivamente, ao território com a multinacional industrial de commodities mercantilista e a multinacional industrial mercantilista big techs virtual da IA. Cabe observar uma aceleração na transformação acelerada do planeta em três mundos: o primeiro mundo do capital mercantil gramatical virtual da IA com seu re4spectivo Estado mercantilista/capitalista como significante fenilomenico gramatical. o segundo mundo de Estados feudal-burgueses -mercantilistas sob a hegemonia da multinacional industrial de commodities territorial do campo e d cidade. O terceiro mudo dos Estados subdesenvolvidos industriais precários e povos sem Estado territorial.  Então trata-se e pensar a situação do sobretrabalho:

Engels cita Marx:

“O sobretrabalho -  trabalho par além do tempo necessário à manutenção do operário – e a apropriação do produto desse sobretrabalho por outrem – a exploração do trabalho – são, pois, comuns a todas as formas sociais do passado, na medida em que estas evoluíram através das contradições de classes. Mas somente no dia em que o produto do sobretrabalho tomou a forma de mais-valia, em que o proprietário dos meios de produção pôde dispor do operário livre – livre de vínculos sociais e livre de tudo o que lhe poderia pertencer – como objeto de exploração e em que o explorou com a finalidade de produzir <mercadorias> - somente então, segundo Marx o meio de produção tomou o caráter específico de capital. Mas isso só operou em grande escala a partir dos fins do século XV e princípios do século XVI. (Engels. 1976. V. 2:115).

Na atualidade o sobretrabalho da acumulação e capital combina a produção da mais-valia econômica de Marx com a produção da mais-valia gramatical. Ambas são recolhidas como mis-gozar fiscal nas mãos do Estado territorial nacional, da economia publica da riqueza como significante fenilomenico gramatical.              

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Na ficção “Memórias póstumas de Brás Cubas” é necessário começar com a <Nota ao leitor> do narrador/morto:

“Obra de finado. Escrevia com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio”.

O narrador-finado introduz o problema de dialética do morto, do fantasma do passado na literatura brasileira: “a tradição pesa como chumbo no cérebro dos vivos”. O narrador fala de uma gramática de gramática de sentido do passado que não quer morrer. Faoro narra o que é o passado da formação social territorial como patrimonialismo, estamento, aristocracia e família real como poder tutelar da monarquia através do poder moderador da Constituição de 1924, de d. Pedro I e que foi a forma de governo de d. Pedro II. O passado não quer morrer e dar passagem para a moderna sociedade classes sociais europeias nos trópicos. O narrador-cadáver não é <perinde ac  cadaver>? (Lacan). Ou o narrador/morto é uma fratura com a retórica do barroco jesuítico de um padre Antônio Vieira?

Lacan:

“O risco de vida, é aí que está o essencial do que podemos chamar de ato de dominação, e o seu garante não é outro senão aquele que, no Outro, é o escravo, como o único significante perante o qual o senhor se sustenta como sujeito. O apoio que nele encontra o senhor não é outra coisa senão o corpo do escravo, no que ele é <perinde ac cadaver>, digamos, para empregar uma formulação que não chegou à toa ao primeiro plano da vida spiritual. Mas o escravo, assim, está apenas no campo em que sustenta o senhor como sujeito”. Lacan. S. 16: 370)           

O cadáver não corre risco de vida, ele não é o senhor colonial luso-brasileiro da estrutura de dominação como gramática do capitalismo/estamental escravista colonial monárquico; ao contrário do que diz um crítico de Machado a narrativa não é uma “estilização de uma conduta própria à classe dominante”. (Schwarz: 18). Todavia, o narrador-defunto é um significante fenilomenico gramatical que é o morto que fala do morto, do passado que não morrer e nem sai de cima da nação. O narrador-finado não é o escravo da lógica de gramática de sentido da <classe dominante> luso-brasileira.    O narrador trata da crise da modernidade estamental e patrimonialista luso-brasileira?

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Gramsci fala da crise da modernidade europeia pós-Primeira Guerra Mundial como colapso do campo das ideologias científica, política e cultural:

“O aspecto da crise moderna que se lamenta como ‘onda de materialismo’ está ligado ao que se chama de ‘crise de autoridade’. Se a classe dominante perde o consenso, ou seja, não é mais ‘dirigente’, mas unicamente ‘dominante’, detentora da pura força coercitiva, isto significa exatamente que as grandes massas se destacaram das ideologias tradicionais, não acreditam mais no que antes acreditavam etc. A crise consiste justamente no fato de que o velho morre e o novo não pode nascer; neste interregno, verificam-se os fenômenos monstruosos mais diversos”. (Gramsci. 2014:187).

 Os fenômenos heteróclitos incluem os fascistas como classe política que governa o capital mercantilista-colonial, europeu que provoca a Segunda Guerra Mundial. Todavia, há uma outra crise europeia, especificamente italiana - que é o <lorianismo italiano:

“Sobre alguns aspectos deteriorados e bizarros da mentalidade de um grupo de intelectuais italianos e, portanto, da cultura nacional (Falta de organicidade, ausência de espírito crítico sistemático, negligência no desenvolvimento da atividade científica, ausência de cent6ralização cultural, frouxidão e indulgência ética no campo da atividade-científica-cultural, etc., não adequadamente combatidas e rigorosamente condenadas: irresponsabilidade, portanto, uma face da formação da cultura nacional), aspectos que podem ser descritos sob o título geral de <lorianismo>”. (Gramsci. 2000: 257).

O <lorianismo> é crise de articulação da hegemonia na formação gramatical territorial/virtual. Como significante universal das civilizações, ele é a crise como fenilomenico gramatical geral, sem generalização, pois há exceções. O “Brás Cuba” contém o conceito da crise permanente do Brasil independente na pratica política monárquica e na práxis individual do rei como poder moderador constitucional. A crise monárquica é a crise da democracia representativa, pois, é estruturada e funciona peal lógica do simulacro natural. (Nabuco. 1997. V. 2:988; Baudrillard. 1981: 177). A crise gramatical fenilomenica é o colapso, sobretudo, do romance como forma de governo da prática política da cultura aristocrática-estamental retórica e da cultura moderna literária europeia. 

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A relação entre retórica e forma de governo aristotélica é:

“O maior e mais de todos os meios para se poder persuadir e aconselhar bem é compreender as distintas formas de governo, e distinguir os seus caracteres, instituições e interesses particulares. Pois todos se deixam persuadir pelo que é, pois, conveniente, e o que preserva o Estado é conveniente”. (Aristóteles. 2012 :43).

A forma de governo retórica requer uma reunião de significantes fenilomenicos gramatical (SFG) como: classe dirigente fenilomenica, aparelho de hegemonia de governo, discurso político gramatical e tela gramatical fenilomenica. Entre as formas de governo, a aristocracia é o paradigma do SFG como prática política em geral:

“A aristocracia é uma forma de governo em que elas se atribuem com base na educação. Chamo educação a que é estatuída por lei, pois os que permanecem fiéis às leis são os que governam na aristocracia; eles parecem necessariamente os melhores, e daí que esta forma de governo recebeu o nome [...]ora, como as provas por persuasão não procedem só de discurso epidictico mas também do ético (pois depositamos confiança no orador na medida em que ele exibe certas qualidades, isto é, parece que é bom. Bem-disposto ou ambas as coisas), será necessário que dominemos os caracteres de cada forma de governo; pois o caráter [relação da afecção com a lógica da gramática de sentido da prática política] de cada forma de governo é necessariamente o elemento mais persuasivo em cada uma delas. E estes caracteres conhecer-se pelos mesmos meios; pois os caracteres manifestam-se segundo a intenção e a intenção é dirigida a um fim”. (Aristóteles. 2012: 44-45).

A intenção dirigida a um fim da aristocracia é a educação e as leis. A monarquia é a estrutura de dominação <discurso do maître>. (Lacan. S. 17:31)):

“A monarquia é, como o nome indica, a forma de governo em que um só é senhor de todos; e, dentre as monarquias, a que exerce o poder sujeita a uma certa ordem é reino, e a que exerce sem limite é tirania”. (Aristóteles.2012: 44).

A monarquia se separa em monarquia/reino pelo exercício do poder do soberano regido por uma gramática de gramática de sentido da práxis individual do rei - fazendo pendant com a prática política fenilomenica governamental, da coroa. A tirania é a monarquia sgrammaticatura  - como falta de gramática de sentido e não-sentido, seja na práxis individual do rei, seja na pratica governamental.

Qual é a forma de governo retórica do “Brás Cubas”?

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 Continuo com a “nota ao leitor:

“Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio”.

A melancolia e a zombaria pelo escárnio, ironia etc. são antinomias, uma contradição que define a ficção de prosa machadiana como uma prática política da cultura paraconsistente? A melancolia remete para dor, para o sofrimento do narrador ou da narrativa? O narrador-morto se autodefine como perverso?  Verdadeiro ou falso? A narrativa é perversa verdadeira ou falsa? A gramática de gramática de sentido da nossa história é perversa falsa ou verdadeira? Em relação a tela gramatical narrativa da forma de governo que a prática política de nossa cultura letrada urbana?

Brás Cubas:

“Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual; ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião”.

O auditório de leitores ou estima o livro ou ama o livro como prática política da forma de governo gramatical que já não é propriamente um romance ao pé-da-letra. A estima é da ordem do sério, do ethos, e o amor é uma afecção da práxis individual do leitor reunido no conjunto leitor frívolo. Este encontrará no obrar as aparências de romance. Aparências de semblâcia de romance?  O leitor frívolo ama ou odeia a                          obra]. Por rechaçar o romance que já não é romance da estrutura gramatical criada na Europa. Estima ou amor são dois significante fenilomenicos de todo campo político em geral da opinião letrada, se exceção:

“Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explicito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos cousas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas <Memórias>, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, paga-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus”

“Processo extraordinário” é uma figura de linguagem da retórica barroca de Brás Cubas. O < pago-te com um piparote, e adeus> é uma frase de retórica vivíssima de uma lógica de gramática de sentido do Bem e MAL, ao mesmo tempo, {pois, “fino leitor”] que zombará, lisonjeará a “audiência” de leitores, do além, que não se agradar a prosa ou não do ficcional cubasiano de memória de um morto, de uma fantasia como objeto gramatical e de gosto externo ao leitor.

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Para ler Machado é preciso estabilizar a relação entre afecção e discurso gramatical [discurso declaratório aristotélico] que não é o mesmo que gramática de discurso. (Aristóteles. 213: 7). Começo pela afecção:

“parece que todas as afecções da alma estão ligadas ao corpo; a ira, a educação, o medo, a piedade, a valentia, assim como o amor e o ódio, já que quando estas afecções aparecem, também o corpo fica afetado”. (Aristoteles. 1982: 109).

A discurso gramatical:

“É a simples declaração com som articulado e significativo a respeito do seguinte: se alguma coisa subsiste ou não subsiste [em outra coisa] conforme os intervalos do tempo”. (Aristóteles. 2013: 9).

O discurso gramatical é composto pela declaração afetada por afecção em seu funcionamento gramatical:

“Nas palavras compostas , a silaba tem significado, mas não por si mesma, conforme já tinha dito. Todos os discursos são significativos, não como ferramenta, mas como já tinha sido dito, por convenção; nem todo discurso é declaratório, mas apenas aquele que subsiste o ser verdadeiro ou o ser falso. Com efeito, [o ser verdadeiro ou o ser falso] não subsiste em todos. Por exemplo, a prece é discurso, mas não é nem verdadeira nem falsa. Deixemos os outros discursos, poia, o exame deles é mais próprio da retórica e da poética. Porém, o declaratório é próprio deste estudo”. (Aristóteles. 2013: 7). 

O que é a afecção?

“são precisamente idênticos os objetos de que essas afecções são as imagens”. (Aristóteles. 2013: 3).

Sigo com “...Brás Cubas":

  “a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor”. (Machado: 513).

A interpretação mais óbvia é “não se trata de autor morto, e sim de um morto que é autor. O morto autor é livre para descontraidamente e sem  qualquer espécie de constrangimento articular o discurso e produzir a sucessão de fatos”. Estes é um problema de dialética entre a afecção e a gramática de gramática de sentido do Bem e Mal, ethos e páthos, sentido e não-sentido etc. O Texto do defunto autor é desprovido de afecções e não é condicionado pelas gramáticas da sociedade e do Estado? O finado autor não faz um discurso gramatical? o extraordinário consiste em que o Texto do morto pode ser análogo ao Texto do autor morto.  

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Do Partido Comunista Brasileiro, o gramático da história brasileira, intrépido, inteligentíssimo e culto general Nelson Werneck Sodré desvendou o enigma da conjuntura gramatical de Machado:

“A oratória, a que a função unilateral do púlpito dera uma predominância absoluta em época passada, continua a encontrar um largo campo de expansão. A inocuidade de certas formas de erudição desinteressada, por outro lado, não era percebida ainda, ganhando força desmesurada os exemplos de conhecimento especializado, particularmente humanista, que conferiram a determinadas pessoas uma auréola inconfundível”. (Sodré: 490).

O historiador monarquista Oliveira Lima fala das ciências com menoscabo. Ele considera que há uma sobredeterminação da prática política retórica sobre a ciência exercida no Brasil:

“A Academia Militar foi instalada no largo de São Francisco de Paula [...]. Os professores da instituição fluminense gozavam dos mesmos privilégios, indultos e franquezas que possuíam os lentes de Coimbra, eram tidos e havidos como membros da faculdade de matemática da Universidade [...]. Estudavam-se no primeiro ano aritmética, trigonometria retilínea e desenho de figura; no segundo, álgebra, cálculo diferencial e integral e geometria descritiva; no terceiro, hidráulica e desenho de paisagem; no quarto, trigonometria esférica, ótica, astronomia, geodésia e física; no quinto, tática e fortificação de campanha, química, filosofia [...]; no sétimo, artilharia, minas militares, teorias da pólvora da artilharia, zoologia, botânica e desenhos de máquinas de guerra. Todo isso, afora os exercícios práticos, as línguas francesa e inglesa e a esgrima”. (Lima.1996 :162-163).

A Academia praticava um ensino hiperbólico, exagerado, amplificado, de exaltação da ciência, de supervalorização, e sobre-exagero,    orgulhoso, enfim sob o efeito da <dopamina retórica>, do principio de prazer do texto científico:

“A organização e regulamento desta Academia Militar, com toda a sua exibição de conhecimentos matemáticos e indigestão das matérias acumuladas no programa extenso, copioso, e vistoso, são d lavra do próprio Linhares, cujo fraco consistia em passar por homem de ciência, como de fato o era no meio de uma nobreza na sua grande maioria de uma deplorável ignorância. Nada contudo melhor justifica do que quele pomposo projeto alcunha de <Doutor Trapalhada> ou <Doutor Barafunda> que lhe pusera a espirituosa rainha Dona Carlota. Depois, onde achar gente suficiente e assaz habilitada para dar imediata execução a um plano assim grandioso? Tudo por isso ficava incompleto e falho, sem correspondência exata entre o resultado prático e a concepção criadora”. (Lima.1996: 163).

Nesse contexto de retórica hiperbólica, navegava Machado:

“Na segunda fase, todavia, desmentindo mais uma vez a sua propalada omissão, quando se realiza artisticamente, define as suas posições e opina, muitas vezes com veemência. Espelha a realidade, sem dúvida, mas está claro que a realidade não agrada ao seu sentimento, nada nela o seduz. [...]. Daí ter parecido cético, pessimista, descrente da vida e dos homens. [...]. Quando afirma a literatura como ‘mais do que um passatempo e menos do que apostolado’, compreende que a arte não se destina a preencher os ócios, como era aceito naquele tempo e em muitos meios, mas tem missão a cumprir e deve ensinar aos homens as coisas da vida [...]. Assim, realiza a sua obra, a mais alta já elaborada em nosso país e aquela em que está mais presente o Brasil, numa fase característico de seu desenvolvimento”. (Sodré.: 501).             

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Machado é a <Esfinge sem segredo> carioca. Ele não passou por educação formalde engenheiro, como Euclides da Cunha. Todavia se encontra entre as três mentes mais disciplinadas da segunda metade do século XIX. Seu segredo consiste no estudo de gramática do português luso-brasileiro e outras línguas. Como suplemento, estudou as gramáticas de gramática de sentido da cultura brasileira e europeia. Por isso, a antinomia do termo autor-defunto/defunto autor aparece como um significante gramatical fenilomenico. A ciência politica materialista fenilomenica é produção de ideias gramaticais fenilomenicas como: General intellect fenilgramatical, Estado mercantil fenilgramatical, Estado capitalista fenilgrmatical...Uma filosofia fenilgarmatical encontra-se nas margens do meu discurso fenilgramatical. A fenillógica só poderia aparecer na época atual na qual certas IAs são estruturadas por lógica paraconsistente e com conteúdo neobarroco e pós-modernista. Daí a at65smofera das IAs de um simulacro de simulação barroca homem/máquina,

Retomando o fio da meada, os campos gramatical, retórico e ideológico da monarquia tinha as aparências de semblância (Arendt: 31) de    classe dirigente que a República não terá. Um historiador da UFRJ, um monarquista da república, fez descrições sobre a organização de quase engenharia dos campos da prática política monárquica fenilomenica:

“Elemento poderoso de unificação ideológica da política imperial foi a educação superior. E isto por três razões. Em primeiro lugar, porque quase toda a elite possuía estudos superiores, o que acontecia com pouca gente fora dela: a elite era uma ilha de letrados num mar de analfabetos. Em segundo lugar, porque a educação superior se concentrava na formação jurídica e fornecia, em consequência, um núcleo homogêneo de conhecimento e habilidades. Em terceiro lugar, porque se concentrava, até a Independência, na Universidade de Coimbra e, após a Independência, em quatro capitais provinciais, ou duas, se considerarmos apenas a formação jurídica. A concentração temática e geográfica promovia contatos pessoais entre estudantes das várias capitanias e províncias e incutia neles uma ideologia homogênea dentro do estrito controle a que as escolas superiores eram submetidas pelos governos tanto de Portugal como do Brasil”. (Carvalho: 55).

A profissão qualificada foi um aspecto da unidade da prática política monárquica:

“À educação superior veio somar-se outro fator que contribuiu para a unidade à elite imperial – a ocupação. A ocupação, principalmente se organizada em profissão, pode constituir importante elemento unificador mediante a transmissão de valores, do treinamento e dos interesses materiais em que se baseia. Na medida em que o recrutamento de uma determinada elite política se limite aos membros de algumas poucas ocupações, aumentarão os índices de homogeneidade ideológica e de habilidades e interesses. Estaremos aqui preocupados sobretudo com o possível impacto da ocupação sobre a orientação da elite com referência ao Estado, assim como fizemos com exame da educação superior [...]”. (Carvalho: 83).

Uma estrutura de dominação monárquica fenilgramatical se antagoniza com o capitalismo escravista colonial?  Bem! A princesa Isabel fez a Lei Áurea, aboliu a escravidão, que segundo os historiadores deve ser arrolada na galeria da causalidade que derrubou a monarquia.    

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Um enigma da Esfinge carioca que os estudiosos universitários da literatura não conseguiram resolver:

“Morri de uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a pneumonia , do que uma ideia grandiosa e útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor não me creia, e todavia é a verdade. Vou expor-lhe sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo ”. (Machado:514)

“Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volantim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te”. (Machado: 514-515).

Ora, a narrativa cubasiana só conhece a ideia sem predicado? Esta não é capaz de matar o portador dela. Hoje conhecemos com os avanços das ciências da língua a ideia gramatical, que, também , não mata nem uma mosca. O progresso da ciência fenilgramatical mudou a paisagem. A fenilideia gramatical existe em uma tela fenilgramatical do cérebro que afeta as afecções, afetos, emoções e podem provocar a produção de mais-gozar feniilgramatical, e este pode levar o modo de ser psíquico do indivíduo ao colapso total. Bem, o <trapézio> é a tela fenilgramatical do cérebro, a fenilideia gramatical pode ser um corpo com brações e pernas, em autonimia relativa em relação ao eu, à consciência e ao supereu:

“Essa ideia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-hipocondríaco , destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade [...]”.

O remédio era uma fenilideia gramatical irônica, orgulhosa, capaz de transformar o homem perverso em homem gramatical:

“Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, que estou cá do ouro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas de remédio, estas três palavras: <Emplasto Brás Cubas>. Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de lágrimas. Talvez os modestos me  arguam                                                                                                                                                                                         esse defeito;                                                                                                    fio,                                porém, que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha ideia trazia duas faces, como as medalhas,  uma virada para o público, a outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro lado, sede de nomeada , Digamos – amor à glória”. (Machado: 514-415).  

A fenilideia gramatical cubasiana seria um mergulho no abismo orgulhoso da prática política da afecção retórica/hiperbólica. Bem! a fenilideia gramatical é uma lógica de gramática de sentido e não-sentido, do Bem e mal e do ethos e pathos, estes dois fenilomenicos ao mesmo tempo:

“Um tio meu, cônego de prebendas inteira, costumava dizer que o amor a glória temporal era a perdição das almas, que só devem cobiçar a glória eterna. Ao que retorquia outro tio, oficial de um dos antigos terços de infantaria, que o amor da glória era a cousa mais verdadeiramente humana que há no homem, e, conseguintemente, a sua mais genuína feição”.

“Decida o leitor entre o militar e o cônego; eu volto ao emplasto”. (Machado: 515).    

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O capítulo 7 é sobre um delírio de Brás Cubas. O capitulo 8 sobre a saída do delírio. Este delírio individual tem a estrutura universal do delírio? O que diferencia o delírio machadiano do sonho barroco? parece que Platão cunhou o vocábulo delírio para a prática festiva dionisíaca. No dicionário analógico, delírio pode ser <não dizer coisa com coisa>. Então o delírio seria sinônimo de insanidade, e esta caracteriza-se por ser o grau zero da gramática de sentido e não sentido. O delírio gramatical consiste na invasão na estrutura da oração pelo anacoluto:

“É a quebra da estruturação lógica da oração”. (Bechara: 330).

O delírio seria um furo na lógica da gramática de sentido? Celso Cunha parece dizer que a lógica de sentido da oração não é afetada pela máquina de guerra retórica ANACOLUTO. (Celso Cunha: 613). O delírio de Brás Cubas é narrado por ele como se fosse um sonho. No despertar a consciência é capaz de descrever o sonho sem necessariamente interpretá-lo. O sonho é feito de imagens visuais e sonoras e de ideia gramaticais. O delírio machadiano é feito de fenilideias gramaticais como esta:

“um nevoeiro cobria tudo, - menos o hipopótamo que ali me trouxera, e que aliás começou a diminuir, a diminuir, a diminuir, até ficar do tamanho de um gato. Era efetivamente um gato. Encarei-o bem; era o meu gato <Sultão>, que brincava à porta da alcova , com uma bola de papel”. (Machado: 524)

Capítulo 8:

“JÁ O LEITOR compreendeu que era a razão que voltava à casa, e convidava a Sandice a sair, clamando, e com melhor jus, as palavras de Tartufo:

<La Maison est à moi, c’est à vous d’en sortir>. (Machado: 524)

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O fundo do delírio literário fenilgramático de sentido e não-sentido se apresenta como ordem gramaticaorao l, anarquia retórica do anacoluto e foraclusão lacaniana (Lacan. 1966: 551), que liga a Oração [unidade mínima do discurso] ao Outro, ou a conjuntura fenilgramatical de sentido e/ou não sentido.

A estruturação, articulação, funcionamento da tela supracitada se faz por ordem gramatical norma culta,  anacoluto e foraclusão. A ordem da lógica gramatical é a sequência de termos na oração como: sujeito, predicado, objeto direto, objeto indireto...agente da passiva;

“<Oração é a unidade do discurso>”

“A oração encerra a menor unidade de sentido do discurso com propósitos definidos, utilizando os elementos de que a língua dispõe de acordo com determinados modelos convencionais de estruturação da oração”. (Bechara: 194)

 No anacoluto, um termo perde a função sintática de sentido restaurada pelo agente da passiva? O anacoluto é um furo na lógica de sentido (Deleuze:1974), furo de sintaxe na tela fenilgramatical de sentido e não-sentido. Este aparece na foraclusão dos jogos de sentido da oração. O agente da passiva tem como função sintática garantir a lógica de sentido da oração, mesmo com o furo sintático do anacoluto como quebra furo da lógica de sentido. O agente da passiva:

“Na voz passiva o termo que exprime quem pratica a ação sobre o sujeito se diz, em sintaxe, <agente da passiva> (cf. pág. 104), iniciado pelas proposições <de> e <per> (por):

O livro foi escrito pelos alunos”. (Bechara: 213).

Pelos alunos é o agente da passiva. Assim, no <delírio literário>, de Brás Cubas, o agente da passiva é o hipopótamo que arrebata o narrador levando em uma viagem que apresenta a B. C. “a história do homem e da terra”. Outro agente da passiva é a Natureza ou Pandora. Ambos articulam a lógica de sentido e não-sentido na tela feniloracional da n narrativa delirante. A foraclusão dos significantes fenilgramatical de sentido é atenuada (Bosi: 11) pelo agente da passiva hipopótamo cair na realidade do narrador como seu gato Sultão, trazendo o narrador do real como foraclusão dos significantes da tela fenilgramatical narrativa. Esta tela é um dos olhares narrativos ao lado do olhar de B.C e do próprio Machado que aparece como narrador, na figura da Natureza:

Cap. 7:

‘Primeiramente, tomei a figura de um barbeiro chines, bojudo, destro, escanhoando um mandarim, que me pagava o trabalho com beliscões     

 Os significantes fenilgramatical de sentido são: <barbeiro inglês> e a <Summa theologica> de S. Tomas de Aquino.  O barbeiro chinês é a personificação da Ásia (Oriente) e a Summa a tela gramatical literária da fundação do Ocidente cristão ilustrado. Há foraclusão desses significantes literários de sentido faz com que Oriente e Ocidente percam o próprio sentido em relação ao grande Outro que é, talvez, Pandora [agente da passiva], que apresenta a passagem dos séculos do início ao fim, aos olhos de B.C. Retomando:

“Passiva: a forma verbal que indica que a pessoa recebe a ação verbal. A pessoa, neste caso, diz-se paciente da ação verbal”. (Bechara: 104).

A tela fenilverbal faz da pessoa de B.C. [e do leitor, pacientes da forma verbal que restaura a lógica de sentido da relação da pessoa com o Outro, furada pela foraclusão ou, sobretudo, pelo buraco negro do sentido da sintaxe do anacoluto. Qual a forma do delírio como furo gramatical e/ou sintático na tela literária? Qual termo do discurso perdeu o sentido na oração?

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Ora! Talvez, Machado tenha descoberto e inventado o delírio psicótico literário, como característica da classe senhoria urbana do SOBRADO gilbertiano, mesmo que seja na forma arquitetural de sítio carioca. É um absurdo completo dizer que Brás Cubas pode ser um desejo de Machado de fazer parte da classe senhorial urbana do sobrado carioca. Com efeito, a realidade da narrativa machadiana é a classe senhorial urbana. Machado é o criador de uma aristocracia do espírito brasileiro como uma tela fenilgramatical de sentido e não-sentido narrativa da falta de classe dirigente gramsciana monárquica, mais próxima de Oliveira Lima do que de José Murilo de Carvalho, os dois maiores historiadores monarquistas.

A psicose delirante literária é algo que fala da exclusão do significante fenilgramatical e estético como o intelectual do aparelho de hegemonia do Estado monárquico. Talvez, sobretudo, também, se refira a extração, negação absurda do povo como escravo e negro da sociedade monárquica na época da modernidade europeia – exclusão, literalmente, do negro como cidadão, negado, hiperbolicamente, pela realidade econômica do capitalismo escravocrata colonial - no século XIX.  O retorno à realidade é a volta para a sua casa, recepcionado pelo seu gato Sultão, Sultão é a casa, o familial, a âncora da vida cotidiana, pois, B.C. não tem esposa nem filhos. O essencial é a relação entre a pessoa literária e a casa senhorial?   

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Alfredo Bosi tem posto a distinção entre personagem e pessoa no texto machadiano. A pessoa é a imagem textual mais real do que o próprio real, pois, com potência e ato em ato capaz de resistir ao destino social e paixões de ascensão social, enfim, a uma espécie de determinismo social:

“Pergunto-me se isso é tudo, se não há pra nosso observador infatigável algum outro objetivo digno da sua contemplação. A busca não é vã. Há personagens que melhor se chamariam pessoas e que resistem tanto às suas paixões quanto à comum tentação de subir na hierarquia do meio que lhes foi dado viver”. (Bosi: 43).  

 Em Machado, além da pessoa temos o indivíduo literário? O defunto autor não é um indivíduo literário? O indivíduo faz parelha com o cesarismo:

“Quando <os costumes se corrompem> é o momento em que surgem esses seres a que se dá o nome de <tirano>: são os precursores, são por assim dizer as precoces guardas-avançadas do indivíduo [..]. Quando aparece o indivíduo, em geral, é no momento da sua maturidade perfeita, estando a <cultura> por consequência no zênite da sua fecundidade;...mas não é graças a ele, não é por via do tirano, se bem que as pessoas de cultura muito grande gostem de lisonjear o César, fazendo-se passar por obra sua”. (Nietzsche. 1982:73).

B. C é da época da corrupção do regime monárquico, quando um individualismo econômico faz surgir tipos sociais cesaristas na sociedade. (Nabuco. V.2: 988). A autofabricação do indivíduo senhorial, ficcional B.C, urbano, carioca, é um dos momentos sublimes do “...Brás Cubas”, na prática política da literatura. Em Gilberto Freyre, a pessoa sociológica está contida na antinomia casa senhorial/rua. Como a casa é o reino da mulher, o individuo não aparece como o senhor no livro “Sobrados e Mucambos”. A mulher senhorial é um significante fenilgramatical extraordinário:

“Em São Vicente, no Recôncavo da Bahía, em Pernambuco – os pontos da colonização portuguesa do Brasil que mais rapidamente se policiaram – a presença da mulher europeia é que tornou possível a aristocratização da vida e da casa. E, com esta, a relativa estabilização de uma economia que tenha sido patriarcal nos seus principais característicos, não deixou de ter patriarcal nos seus principais característicos, não deixou de  ter alguma coisa de ‘matriarcal’: o materialismo criador, que desse o primeiro século de colonização europeia reponta como um dos traços característicos da formação do Brasil”. (Freyre. 1985. V. 1: 33)

A imagem textual do Sobrado como aristocrático não resiste as condições do gosto do perfume pestilento que era a atmosfera olfativa da casa e da rua, com os barris de merda guardadas na casa e a rua como se fosse um esgoto a céu aberto. A imagem retórica de Gilberto Freyre:

“Mas que haviam de fazer as senhoras de sobrado, às vezes mais sós e mais isoladas que as iaiás dos engenhos? Quase que só lhes permitiam uma iniciativa: inventar comida. O mais tinha de ser o rame-rame da vida de mulher patriarcal”. (idem:36).    

A casa-grande urbana mantinha uma distância fidalgal da rua, ela mantinha o princípio de prazer aristocrático, sua dopamina diária, em torno da comida:

“Não que nas casas-grandes de sítio e nos sobrados a mesa de jantar, também quase sempre de jacarandá [...], não fosse também grande., comprida, para se sentarem em volta dela famílias enormes. O pai, a mãe, os filhos, os netos, os parentes, as visitas de passar o dia, os hóspedes, os compadres do interior. Mais de cinco vezes dois metros. Mas nas cidades e nos subúrbios, a vida, era, em certo sentido, mais retraída e menos exposta aos hóspedes que nos engenhos”> *Idem: 37).

O modo de ser psíquico senhorial urbano tinha como eixo a casa-grande aristocrática antagônica à rua e aos mucambos. Mas uma descrição real do Rio é capaz de encerrar toda a retórica de uma vida aristocrática da classe senhorial urbana. O Rio de Machado era uma cidade capaz de um determinismo urbano irrefreável:

‘Sua cidade natal, o Rio de Janeiro, era um burgo medíocre, desprovido das mais elementares condições de conforto, sem esgoto, sem transporte, sem iluminação, constantemente visitado pelas epidemias. O ensino, ainda precário, mal começara a criar condições capazes de evitar a migração da juventude brasileira para a Universidade de Coimbra e para outros centros de ensino da Europa, onde só os ricos poderiam formar-se. Nas escolas de direito, à época em que Machado de Assis se fizera rapazinho, nem mesmo havia ainda as cadeiras de direito romano e de direito administrativo”. (Magalhães JR..1955: 4-5).

O indivíduo real vivia em um ambiente cultural determinista retórico cosmopolita contra a ideia de homem gramatical ilustrado nacional-popular - em que se tornaria Machado. B. C. pode ser Machado se se considerar a autofabricação do indivídu gramatical como efeito da práxis individual machadiana - na pratica política literária como cânone mundial fenilgramatical:

“A própria imprensa engatinhava. Os jornais eram pequenos, de feição gráfica paupérrima, pouco noticiosos e geralmente prolixos, ao tratarem de assuntos políticos, aos quais quase somente davam atenção, preferindo as longas tiradas doutrinarias, abundantes em frases feitas e com generalizações precipitadas, à simplicidade dos fatos, dos dados concretos, da informação positiva. Viam mais o que se passava no exterior do que o que acontecia no próprio país. O ambiente político estava saturado de romantismo. O que então se estimava para os homens públicos era a capacidade de fazer discurso, de falar bonito, era o brilho coruscante da oratória, recheada de flores de retórica, de alusões à mitologia grega e à historia antiga. Aí de quem fizesse um discurso sem falar pelo menos nos filhos de Saturno, no sonho de Cambises, na espada de Breno, ou no chão estéril em que pisava o cavalo de Átila. Só quando surgiu uma inteligência fecunda e um espírito realista como o de Tavares Bastos, impondo o exame dos problemas brasileiros com olhos brasileiros, é que começa a se operar a necessária e já tardia reação contra os velhos padrões de oratória parlamentar e as soluções arbitrariamente transplantadas para nosso meio”. (Idem: 4-5)

Parece que um modo de ser psíquico do indivíduo fenilgramatical de sentido ilustrado, nacional-popular, ocorre com a literatura de Machado:

“Machado de Assis, operário de si mesmo, vai modelando o seu espírito, ao impulso de uma vontade superior, de uma vigorosa força íntima, de um autodidatismo tenaz, enquanto o próprio Brasil é também modelado pelas forças vivas e tumultuosas do seu povo que só o instinto de nacionalidade haveria de disciplinar nas horas das grandes crises”. (Idem: 5).

O <instinto de nacionalidade> é uma afecção do povo que evoca uma espécie de fenilnacionalismo gramatical? 

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No capítulo 2, “O Emplasto”, já tratado aqui, Machado é o narrador oculto, agente da passiva que faz o verbo fazer ciência produzir fenilefeitos no cérebro de Brás Cubas. Brás Cubas tem uma fenilideia gramatical de explorar um remédio para a cura da perversão do homem. O que, com efeito, é posto é a ilusão de B.C. de que faz ciência natural aplicada, na área da indústria farmacêutica. Assim, Machado fala de um simulacro literário de ciência natural. Existindo a partir de um pastiche de codificação literária científica do narrador oficial B.C. O pastiche de ciência natural simulada é coisa de uma concepção política senhorial luso-brasileira de mundo aristocrática. Baudrillard fala da sociedade capitalista como simulacro/fetiche de concepção política de mundo aristocrática:

“De certo modo, uma fatalidade está ligada ao termo <feiticismo>, que faz com que, em vez de designar o que quer dizer (metalinguagem sobre o pensamento mágico), se volte sub-repticiamente contra aqueles que o empregam e designe nas suas obras a utilização de um pensamento mágico. Ao que parece, só a psicanálise saiu do círculo deste círculo vicioso, ligando o feiticismo a uma estrutura perversa, a qual estaria talvez no fundo de todo o desejo”. (Baudrillard.1981b: 95).

O fetichismo é um fenômeno da língua natural ou de linguagens artificiais da aristocracia e/ou de pastiche/simulacro de lógica de gramática de sentido e não-sentido de sociedade capitalista aristocrática?

Baudrillard:

“Mesmo o simulacro de código diferencial aristocrático age ainda poderosamente como fator de integração, de controle, como participação na mesma <regra do jogo. O prestígio assombra por toda parte as nossas sociedades industriais, cuja cultura (burguesa) nunca é mais que o fantasma de valores aristocráticos. Por toda parte se reproduz coletivamente, para além do valor econômico e a partir dele, a magia do código, a magia de uma comunidade eletiva e seletiva, soldada pela mesma regra do jogo e pelos mesmos sistemas de signos”. (Idem: 138).

A linguagem natural da sociedade capitalista aristocrática funciona e é estruturada  como modo de ser psíquico do indivíduo na prática política da literatura, mesmo com o invólucro de crítica da crítica de sociologia marxista ocidental:

“No entanto, o arbitrário do signo, no fundo, é insustentável. Tal como o valor de troca, o valor/signo não pode reconhecer-se na sua abstração redutora. O que ele nega e recalca, vai tentar exorcizá-lo e integrá-lo na sua operação: tal é o estatuto do <real>, do referente, que nunca é mais do que o simulacro do simbólico, na sua forma reduzida e captada pelo signo. Através desta miragem do referente, que é sempre o fantasma daquilo que o próprio signo recalca na sua operação, o signo tenta iludir: permite-se aparecer como totalidade, apagar os traços da sua transcendência abstrata e dar-se como o princípio de sentido”. (Idem: 204).

Como grande Outro simbólico, a linguagem natural nacional territorial/virtual faz do princípio de realidade, não o referente como o real da realidade capitalista, pois o capital capitalista é uma tela fenilomenica gramatical de sentido e não-sentido, ordem fenilgramatical e pura anarquia gramatical: sgrammaticatura neuroquímica no cérebro humano:

“A significação, organização funcional e terrorista do  controle do sentido sob o signo da positividade e do valor, tem, assim, algo de reificação. Ela é o lugar de uma objetivação elementar que se repercute através dos sistemas ampliados de signos até ao terrorismo social e político de enquadramento do sentido. Toda a estratégia repressiva e redutora dos sistemas de poder está já na logica interna do signo, como está na lógica interna do valor de troca e da economia política. É toda uma revolução, teórica e prática, que deve restituir o simbólico a expensas do signo e do valor. Também os signos devem arder”. (Idem: 205).

 Há uma relação natural entre a língua luso-brasileira oficial e o terrorismo violento do aparelho de Estado contra a população das classes baixas, especialmente, dos negros jovens das periferias das capitais. A língua luso-brasileira cosmopolita da ditadura dos gramáticos cria e recria um <modo de ser psíquico individual terrorista>  nos agentes de Estado, sejam eles brancos, mestiços ou negros. Através de B. C.,  Machado faz a crítica da gramatica de gramática de sentido do pastiche de aristocracia luso-brasileira como cópia falsa da aristocracia hereditária europeia através do fenilindividuo literário luso/cosmopolita brasileiro Brás Cubas:

“E foi assim que desembarquei em Lisboa e segui par Coimbra. A universidade esperava-me com as suas matérias árduas; estudei-as muito mediocramente, e nem por isso perdi o grau de bacharel.; deram-me com a solenidade do estilo, após anos da lei; uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades, - principalmente de saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um acadêmico estróina, superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras, fazendo romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e das constituições escritas. No dia em que a Universidade me atestou, em pergaminho, uma ciência que eu estava longe de trazer arraigada no cérebro, confesso que me achei de algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o diploma era uma cata de alforria; se me dava a liberdade, dava-me a responsabilidade. Guardei-o, deixei as margens do Mondego, e vim por ali fora assaz desconsolado, mas sentindo já uns ímpetos, uma curiosidade, um desejo de acotovelar os outros, de influir, de gozar, de viver, - de prolongar a Universidade pela vida adiante...”.  (Machado: 542).

Bem! a Universidade luso era o paraíso artificial das ideologias cientificas/retóricas, ilustradas, pombalinas, cosmopolitas, da classe senhorial luso-brasileira? (Falcon;1993. Faoro; 1994)         

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A relação entre retórica e discurso gramatical se encontra em Aristóteles. A retórica sofistica é autotélica. Ela não é um modo de ser psíquico do indivíduo que beba na fonte da experiência viva [fala ou escrita] da língua como prova retórica. A retórica é a experiencia da criação e vivência de imagem textual ou visual, ou sonora na práxis individual contida em uma prática política particular/territorial ou virtual/universal. A matemática nasce como utopia de um discurso sem retórica, porém, há sempre um resíduo de retórica nela. A ciência natural e a ciência do homem aristotélicos são uma combinação de retórica, ideologia e gramática. A afecção encontra-se presente no discurso gramatical e na ideologia – como imagem – através da retórica:

“também são precisamente idênticos os objetos de que essas afecções são as imagens”. (Aristóteles. 2013: 3).

As afecções são imagem de objetos, de fenilomenicos como a práxis individual e a prática política gramatical. Qualquer discurso científico possui sua retórica gramatical, retórica da prova das afecções como experiencia na linguagem da língua natural, para tornar a coisa mais iluminada. Para pensar a filosofia como sistema ideológico, estabeleço uma rede de lógica de gramática de sentido e não-sentido entre Machado de Assis, Marx, Engels e Aristóteles a partir do capítulo CXVII, o Humanitismo.

Machado descobre e inventa a fenilideologia, a fenilmetafísica, a tela fenilmetafísica da ideologia moderna. Ele faz funcionar na tela fórmulas que são uma codificação literária retórica da ideologia <humanitas., como: <o indivíduo que estripa e é estripado>, <todos os sentimentos belicosos são os mais adequados à sua felicidade>, <a inveja é uma virtude>, <adorar-se a si próprio> etc.

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John Gladson fala da ideologia machadiana como <formação mental>. (Gladson:142). Eu digo que a ideologia é modo de ser psíquico fenilgramatical, ou tela finilgramatical narrativa. A fenilideologia gramatical existe no cérebro, ou como tradição (ideologia do passado no presente), ou como ideologia que se organiza na própria atualidade no cérebro:

“A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. (Marx. 1974: 335).

A filosofia é fenilideologia, isto é, fenilfilosofia retórica gramatical:

“as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em resumo, as formas ideológicas pelas quais os homens tomam consciência deste conflito e o conduzem até o fim” (Marx. 1974: 136).

A fenilideologia existe na tela gramatical narrativa do cérebro:

“Toda ideologia, todavia, uma vez que nasce, desenvolve-se em ligação com a base material das ideias existentes, desenvolvendo-a e transformando-a por sua vez; se não fosse assim, não seria uma ideologia, isto é, um trabalho sobre ideias conhecidas como entidades dotadas de substância própria, com um desenvolvimento independente e submetidas tão apenas às suas próprias leis. Os homens, em cujo cérebro esse processo ideológico ocorre, ignoram forçosamente que as condições matérias da vida humana são as que determinam, em última instancia, a marcha desse processo, pois, se não o ignorassem, ter-se-ia acabado toda ideologia”. (Engels. Sem data: 203).

A fenilideologia faz pendant com as relações técnicas de produção. Então, como pensa a <ideologia humanitas> Machado de Assis, pela boca de Quincas Borba no capitulo 117?

“Nada disso acontecerá com o Humanitismo. Nesta igreja nova não há aventuras fáceis, nem quedas, nem tristezas, nem alegrias pueris. O amor, por exemplo, é um sacerdócio, a reprodução um ritual. Como a vida é o maior benefício do universo, e não há mendigo que não prefira a miséria à morte (o que é um delicioso influxo de Humanitas), segue-se que a transmissão, longe de ser uma ocasião de galanteio, é a hora suprema da missa espiritual. Porquanto, verdadeiramente, há só uma desgraça: é não nascer”. (Machado: 615).

Humanitas é a tela fenilgramatical metafísica narrativa além da metafisica europeia milenar. O sexo é a relação sexual como imagem/afecção da prática do princípio de prazer e desprazer, ao mesmo tempo, ele é, por analogia, prática fenilideológica gramatical do fazer a vida em sua singularidade:

“- Imagina, por exemplo, que eu não tinha nascido, continuou o Quincas Borba; é positivo que não teria agora o prazer de conversar contigo, comer esta batata, ir ao teatro, e para tudo dizer numa só palavra: viver. Nota que eu não faço do homem um simples veículo de Humanitas; não, ele é ao mesmo tempo veículo, cocheiro e passageiro; ele é o próprio Humanitas reduzido; daí a necessidade de adorar-se asi próprio. [..}. Contempla a inveja. Não há moralista grego ou turco, cristão ou mulçumano, que não troveje contra o sentimento da inveja. O acordo é universal, desde os campos da Iduméia até o alto da Tijuca. Ora bem; abre mão dos velhos preconceitos, esquece as retóricas rafadas, e estuda a inveja, esse sentimento tão subtil e tão nobre”.

A lógica de gramática de sentido e não sentido é um domínio do bem e do mal, do ethos e do páthos, do sentido como ordem retórica gramatical e do não-sentido como anarquia retórica gramatical:

Sendo cada homem uma redução de Humanitas, é claro que nenhum homem é fundamentalmente oposto a outro homem, quaisquer que sejam as aparências contrarias”.

A essência faz dos homens um modo de ser psíquico fenilomenico da identidade. Porém, na superfície das aparências de semblância da prática fenilpolitica, há a diferença entre eles na plurivocidade de práxis individual fenilgramatical. A lógica de gramática de sentido e não-sentido machadiano é paraconsistente:

“Assim, por exemplo, o algoz que executa o condenado pode excitar o vão clamor dos poetas; mas substancialmente é Humanitas que corrige em Humanitas uma infração da lei Humanitas. O mesmo direi do indivíduo que estripa a outro; é uma manifestação da força de Humanitas. Nada obsta (e há exemplos) que ele seja igualmente estripado. Se entendeste bem, facilmente compreenderás que a inveja não é senão uma admiração que luta, e sendo a luta a grande função do gênero humano, todos os sentimentos belicosos são os mais adequados à sua felicidade. Daí que a inveja é uma virtude”. (Machado: 615). 

Todo <indivíduo>, tomado pela afecção inveja, é, ao mesmo tempo, estripador estripado, pois ele possui uma essência perversa. Freud e Lacan concordam com essa fenilideia retórica/gramatical da fenilmetafísica de Quincas Borba. A afecção inveja é a imagem de um objeto. Qual? Há a fenilguerra civil permanente no indivíduo, na sociedade e no Estado, individuo. Então, o que se tem como maior felicidade é a paz estabelecida na prática política do modo de ser psíquico retórico/gramatical/ideológico?       

 

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