segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

ROMANCE RSI - José de Alencar e Lacan

 ROMANCE R.S.I - José de Alencar com Lacan


O livro  “Teoria do romance” é feitura da gramática, ideológica-retórica do romance moderno, A gramática combina teoria e prática, análise concreta de uma prática política como  obra-de-arte concreta (Lenine. v. 3: 20).  O livro ‘“Assalto à razão” é estudo das gramáticas da filosofia e da sociologia na alemanhã do periodo do mercantilismo capitalista europeu fascista. O livro é um romance R.S. I da filosofia e da sociologia considerada por Lukacs sinthoma de uma época. Meus livros [“Lingua Fenilato”, “Poder d’ars, poder estético, realismo fantástico” e o “Romance do poder estético”] são todos de 2025 como texto/sinthoma do romance RSI da atualidade: 

“Mas, no próprio Hegel, o resultado é simplesmente tornar a arte problemática: para ele, <o mundo da prosa> - definição estética deste estado - corresponde precisamente ao facto de o espírito se ter atingindo a ele mesmo no pensamento e na práxis social-Estata. A arte torna-se assim problemática na medida em que a realidade cessa de o ser. Aparentemente análoga, a concepção que sustenta a <Teoria do Romance> é completamente oposta; aqui a problemática da forma romanesca é o reflexo de um mundo deslocado. É por isso que o caráter <prosaico> da vida não passa de um sintoma, entre muitos, do facto de de agora em diante a realidade só fornecer à arte um c ampo desfavorável, de modo que o problema central para a forma romanesca consiste em que a arte deve terminar com as formas totais e fechadas que nascem de uma totalidade em si acabada, com todo o unverso de formas em si imanentes e perfeitas. E isto por razões de modo algum artísticas, mas histórico-filosóficas”. (Lukács. sem data: 15). 

O romance RSI não é uma obra-de-arte com superfície textual sem furo; a generalização nele do geral tem exceção, tem furo por onde se expressa os modos de ser psíquico das afecções como poder estético em uma tela hegemônica romanesca republicana; a exceção ou furo advém da forma de governo extrarrepublicana - que já não é propriamente uma forma de governo, e sim o grau zero da forma de governo republicano.    

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O romance R.S. I (Real, Simbólico, Imaginário) precisa funcionar em telas plásticas como gramática-fílmica de uma língua fenilato (Bandeira da Silveira; março/2025):

“E quem pinta não deveria pintar aolgo - e quem pinta algo, não pinta nada real? - Sim, o que é o objeto do pintar: a figura do homem (por exemplo) ou o homem representado pela figura?

519. Diríamos: uma ordem é uma imagem da ação, que foi executada segundo a ordem; mas também uma imagem da ação, que deve ser executada segundo ela.

520. ‘Mesmo quando se concebe a frase como imagem de um estado de coisas possível e se diz que ela mostra a possibilidade do estado de coisas, então, no melhor dos casos, a frase pode fazer o que faz uma imagem pintada ou plástica, ou um filme; e ela, em todo caso, não pode colocar o que não se dá. Portanto, depende inteiramente de nossa gramática o que é (logicamente) dito possível e o que não é, - a saber, o que ela autoriza?’”. (Wittgenstein. 1975:148). 

Um Romance fílmico R. S. I wittgensteiniano da atualidade brasileira passa nas telas da comunicação de massas (Wolton: 1995). Ele trafega entre a Galáxia de Gutenberg (MacLuhan. 1972) e o audiovisual da TV e Youtube. O Romance fílmico consiste no combate de um clã (família de Bolsonaro) com o Estado jurídico territorial-nacional-virtual. No fundo da tela, há o hegemonikon republicano enigmático como narrativa-fingida (Ricoeur. 1994: 10), retórica, ideologia de um poder d’ars e outro poder estético em uma tela <Para -nós>:

enquanto que o ser <mentado> por a posição esytética é sempre o mundo fdo homem. Sabemos, certamente, por anteriores reflexões,que tampouco no reflexo artístico pode falar-se de uma subjetividade arbitrária, e ainda menos de um capricho subjetivo. Também aqui se tem um processo de purificação do sujeito - intimamente relacionado com a concepção estética do En-si -, porém esse processo não chega a <cuajar> na tendência a eliminar a subjetividade dentro do possível a fazer do sujeito um mero órgão receptor da realidade objetiva; no estético o processo purificador tem só a intenção de superar o meramente particular doo sujeito. Porém não com abstrata radicalidade, senão mais bem - posto que também certos rasgos particulares da personalidade humana estão a menudo muito intimamente vinculados com sua essência - com uma intensa tendência preservadora, isto é, sem eliminar mais que o que realmente é mera particularidade. Cézanne tem compreendido exemplarmente este processo quando fala do artista como de um <órgão, receptor, um aparelho registrador de sensação>, o qual é sem dúvida um órgão <bom, sensível, complicado>. E quando o artista se mescla nesse esquema, quando, insensato, ousa imiscuir-se com a vontade no processo de tradução, mete nele sua própria irrelevância particular, e a obra perde valor…”(Lukács. 1982: 306). 

O romance R. S. I em questão é a realidade política como obra-de-arte de um hegemonikón republicano em combate, <kampf> (Simmel. v. 2: 189) com um pastiche paródico grotesco de hegemonikón extrarrepublicano na tela da hegemonia da língua quimilato wittgensteiniana. O artista plástico ou cineastas, então: 

“Sua vontade tem que calar. O artista tem que reduzir ao silêncio em seu interior todas as vozes do preconceito…> A análise dessas atitudes, acusadas precisamente nos grandes artistas, contém uma clara alusão ao modo de manifestação do En-si na esfera estética. O que o reflexo desantropomorfizador científico e depurado se apresentava como como abstração do Em-si é aqui uma omnipresença de difícil captação conceitual imediata: o Em-si está presente em todas partes e em nenhuma no ato do encadeamento estético, determina imperativamente cada momento singular e fica ao mesmo tempo sempre recoberto e escondido pela atividade criadora, até a imperceptibilidade muitas vezes”. (Lukács. Idem: 306).
A gramática plástica wittgensteiniana [da narrativa, da fenilato ideologia, da retórica da  realidade objetiva republicana em combate eterno com o extrarrepublicano] é obra de uma plurivocidade de poder estético e poder d’ars em várias telas da hegemonia wittgensteiniana.     

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Como obra-de-arte, a realidade objetiva habita a tela de economia política libidinal (Lyotard; 1974) como um poder estético realista realista? O Banco funciona como um hegemonikon econômico libidinal em uma tela capitalista subdesenvolvida (Bandeira da Silveira; 2019);

“No Brasil, os banqueiros ou seus intelectuais orgânicos assumiram frequentemente a diretoria dos bancos públicos ou nela puderam interferir ao assumir o governo estadual, A Secretária de Fazenda dos estados ou então os ministérios do governo federal. Na prática, isso significa uma ,centralização de mando> sobre capitais públicos e privados. Incrementa-se, dessa forma, o <poder de determinação > de um banco ou de um grupo de bancos ou banqueiros sobre recursos bancários e financeiros e sobre a política a ser adotada para o setor. Seria ingênuo supor que uma política dessa ordem pudesse ser antagônica ou conflitante com o próprio fortalecimento dos bancos privados ou, em particular, com o grupo que estivesse no comando. A análise da centralização-concentração ficaria incompleta sem uma consideração desta interpenetração do setor bancário privado com o público. Um estudo empírico detalhado não é possível aqui. Porém, vejamos algumas informações que corroboram o que fossemos”. (Minella:163-164). 

O texto acima é baseado na gramática de Marx de “O Capital”, volume 3. Ele fala de um poder estético patrimonialista brasileiro como fonte de afecções de uma economia política muito libidinal. Há em Marx esse poder estético patrimonialista da realidade capitalista inglesa do século XIX. isso seria a base factual pelo factual da tela da hegemonia econômica do Banco na prática política europeia? 

Marx:

“A divisão do trabalho faz com que essas operações técnicas, condicionadas pelas funções do capital, sejam tanto quanto possível executadas para toda a classe capitalista por uma categoria de agentes ou capitalistas com funções exclusivas, ficando concentradas em suas mãos.  Há aí divisão do trabalho em duplo sentido, como acontece com o capital mercantil. Aquelas funções se torna negócio especializado, e porque se efetuam como negócio especializado concernente ao mecanismo financeiro de toda a classe, concentram-se, são exercidas em grande escala: ocorre, então, nova divisão do trabalho nesse negócio especializado, por se repartir em diversos ramos independentes entre si e por se aperfeiçoarem as condições de trabalho desses ramos (grandes escritórios, numerosos contadores e caixas, adiantada divisão do trabalho). Pagamentos, recebimentos de dinheiro, operações de compensação, escrituração de contas correntes, guarda de dinheiro etc, todas essas operações técnicas, separadas dos atos que as tornam necessárias, transformam em capital financeiro o capital nelas adiantados”. (Marx. 1977:302). 

O capital-dinheiro existe, também, fora do processo de circulação financeiro; ele passa pelo Estado jurídico: 

“A passagem pelo processo de reprodução não pode converter esse capital em propriedade sua. Tem de restituí-lo ao prestamista. O primeiro desembolso que transfere o capital das mãos do prestamista para as dos prestatário é uma transação jurídica que nada tem com o processo real de reprodução do capital, introduzindo-o apenas> O reembolso, com a transferência do capital refluído, das mãos do prestatário para as mãos do prestamista, é uma segunda transção jurídica que complementa a primeira; uma introduza o processo real, e a outra é posterior a esse processo. Ponto de partida e ponto de retorno, cessão e retistuição do capital emprestado parecem ser movimentos arbitrários, propiciados por transações jurídicas, que sucedem antes e depois do movimento efetivo do capital, sem ter com ele relação. Para esse movimento não importa que o capital desde o início pertença ao capitalista industrial e por isso retorne como propriedade exclusiva dele”. (Marx. 1985:402).

A gramática econômica do Banco obedece ao poder d’ars realista realista da reprodução ampliada do capitalismo. Outrossim, há separação entre a classe capitalista e o general intellect gramatical do Banco? Na época digital do Banco, o general intellect gramatical financeiro adquire autonomia relativa em relação à classe capitalista? No Brasil subdesenvolvido, o Banco aparece com um poder estético realista patrimonialista factual pelo factual fantástico? 

Minella:

“O presidente do Banco do Brasi (BB) durante o governo Jânio Quadros foi Leopoldo Figueiredo, banqueiro e empresário vinculado ao capital internacional. Durante o governo de Castello Branco (1964-67) a presidência do BB foi cupada por Luiz de MoraesBarros, grande banqueiro paulista que também foi diretor do banco do Estado de São Paulo. Além disso, em 1979, Barros integrava ao Conselho de Administração do Banco do Brasil (com nove membros) do qual participava também outro grande banqueiro, Ângelo Calmon de Sá, do grupo Econômico. além disso, Calmon de Sá ocupou a presidência do Banco do Brasil no período 1974-1976, mesma época em que Mário Henrique Simonsen, vinculado ao setor financeiro (grupo Bozano-Simonsen), ocupava o Ministério da Fazenda. O Banco do Estado de São Paulo,  mais importante banco comercial estadual, foi diretamente dirigido por banqueiros como, por exemplo, Gastão Eduardo de Bueno Vidigal, que também foi secretário da Fazenda desse estado”. (Minella: 164). 

O hegemonikon do Banco no governo de Lula de 2025 tem um Galípolo, um banqueiro da Faria Lima no comando do Banco Central e, logo, da politica da moeda do governo federal. Não se trata de um efeito da ideologia neoliberal, e sim de um efeito sobre o governo de Lula do poder d’ars patrimonialista realista fantástico do capital subdesenvolvido na prática política republicana da Constituição de 1988. 

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O RSI wittg… plástico da realidade brasileira é constituído por várias películas rodando, simultaneamente no território da língua quimilato cinematográfica. Essa películas fazem nós R.S. I, redes de poder estético que estruturam movem homem comum, pessoa jurídica, ator e personagem. A língua fenilato é a expessão [da identificação estética representante/representado, líder/massas] das afecções na tela da da hegemonia/dominação wittig:

“Faute d’une théorie de la différence entre le rapport purement théorique au langage de celui qui, comme lui, n’a rien d’autre à faire du langage que de le comprendre et le rapport pratique au langage de celui qui, attaché à comprendre pour agir, se sert du langage en vue de fins pratiques, juste assez pour les besoins de la pratique et dans les limites d l’urgence pratique, le grammairien est enclin à traiter tacitement le langage comme un objet autonome et autosuffisant, c’est-à-dire comme <finalité sans fin>, sans autre fin, en tout cas, que d’être interprété, à la façon de l’oeuvre d’art”. (Bourdieu. 1980:53).

A  língua fenilato plástica como obra-de-arte wittg permite que se veja a passagem do Banco das trevas para a luz na cultura do livro (Platt; 2017). O Banco torna´se <capitalismo criminoso> das economias ilegais no território das Américas e outros continentes. Esse capitalismo criminoso desintegra o Estado territorial nacional, as nações,e os “fenômenos” da prática política as Américas. Ele é a gramática econômica financeira que abole o Banco como artefato jurídico de um poder d’ars patrimonialista. Mergulha-se assim no abismo pelo abismo, de uma superfície heteróclita da escuridão de um bloco histórico criminoso das Américas com Donald Trump-, Bolsonaro, Milei… Esse abismo pelo abismo é a arte pela arte, de um poder d’ars realista grotesco fantástico que desafia o homem, a civilização da mulher…e aí se torna uma gramática-fenilato-ideológica-retórica de um milenarismo que faz pendant com o milenarismo climático e nuclear do Estado suicidário (Virilio. 1976: 49).                        

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Ha diferença entre o Romance em Bakhtin e o Romance R. S. I.? 

Bakhtin:

“O romance é uma diversidade social de linguagens organizadas artisticamente, às vezes de línguas e de vozes individuais. A estratificação interna de uma língua nacional única em dialetos sociais, maneirismos de grupos, jargões profissionais, linguagens de gêneros, fala das gerações, das idades, das tendências, das autoridades, dos círculos e das modas passageiras, das linguagens de certos dias e mesmo de certas horas (cada dia tem sua palavra de ordem, seu vocabulário, seus acentos), enfim, toda estratificação interna de cada língua em cada momento dado de sua existência histórica constitui premissa indispensável do gênero romanesco. E é graças a este plurilinguismo social e ao crescimento em seu solo de vozes diferentes que o romance orquestra todos os seus temas, todo o seu mundo objetal, semântico, figurativo e expressivo. O discurso do autor, os discursos dos narradores, os gêneros intercalados, os discursos das personagens não passam de unidades básicas de composição com a ajuda das quais o plurilinguismo se introduz no romance. Cada um admite uma variedade de vozes sociais e de diferentes ligações e correlações (sempre dialogadas em maior ou menos grau). Estas ligações e correlações especiais entre as enunciações e as línguas (<paroles> - <langues>), este movimento do tema que passa através de línguas e discursos, a sua segmentação em filetes e gotas de plurilinguismo social, sua dialogização,, enfim, eis a singularidade fundamental da estilística romanesca”. (Bakhtin. 1993: 74-75).       

O romance RSI á a superfície territorial geográfica e virtual de fenilatofenomenos de uma plurivocidade de tela como tela da hegemonia e contra-hegemonia, poder estético, poder d’ars, modos de ser psíquicos e língua-fenilato, homem comum, pessoa jurídica, agente social, policial e artista e, mais ainda, personagem, real/simbólico/imaginário, realidade objetiva política. gramática-ideológica-retórica, Bem e Mal, Eros e Tanatos, Ethos e Pathos, ordem e anarquia, sentido e contra-sentido, forma de governo e grau zero da forma de governo, classe social, estamento, etnia, raça, Estado e sociedade, economia política libidinal, hegemonia e dominação, hegemonikon, o agente da passiva, mulher, homem e besta, animal e vegetal, mineral, ouro, prata, ferro, clima, LGBT…, totalidade com furo, generalização com exceção, casa-grande e senzala, pesca, boiada, agricultura e indústria, capital e trabalho, fato e artefato, lógica do fetichismo da mercadoria, dialética do negro, cinza e cores, saúde e doença nietzschianos, milenarismo, realismo e nominalismo, senso comum e bom senso, fé e secularismo, autoridade e anarquia, necessidade e liberdade, causalidade e acaso, discursos lacanianos, neurose/psicóse/perversão , ilusão e contra-ilusão., passado/presente;futuro, civilizado, bárbaro, selvagem, belo, sublime, feio, ciências científicas, techne e técnica, princípio da identidade e lógica paraconsistente, a arte pela arte, o fato pelo fato, o absurso pelo absurdo …      

Um exemplo de Romance R.S. I. é o “Nêmesis”:

“[...] algum alívio fora dos apartamentos sufocantes onde só uma chuveirada fria e água gelada podiam mitigar o calor infernal. Antes da chegada do ar-condicionado domiciliar, um pequeno ventilador preto, posto sobre a mesa para refrescar minimamente a casa, de pouco servia quando a temperatura passava de trinta e cinco graus, como aconteceu naquele verão ao longo de semanas inteiras. Ao ar livre, as pessoas acendiam velas de citronela e aspergir Flit para manter à distância os mosquitos e as moscas que ram sabidamente vetores da malária, febre amarela, e febre tifóide - ou também da poliomielite, como muitos acreditavam ( a começar pelo prefeito de Newark, Drummond, que lançou uma campanha cívica em prol da extinção das moscas). Quando uma mosca ou mosquito conseguia penetrar através das telas do apartamento ou entrava pela porta aberta, o inseto era obstinadamente perseguido com uma raquetinha mata-moscas ou uma lata de Flit devido ao receio de que, se aterrissasse com suas patins carregadas de germes numa das crianças que dormiam na casa, ela contrairia a poliomielite. Como naquele tempo ninguém conhecia a fonte do contágio, era possível suspeitar de quase tudo, inclusive dos esqueléticos gatos de rua que invadiam as latas de lixo nos quintais, dos vira-latas de aparência faminta que rondeavam as casas e defecavam na rua e nas calçadas, e até mesmo dos pombos que arrulhavam nos telhados e emporcalhavam os degraus do alpendre com seus excrementos esbranquiçados. No primeiro mês do surto - antes que fosse reconhecido com uma epidemia pelo Conselho de Saúde -, o departamento de saúde pública se dedicou a exterminar sistematicamente a imensa população de gatos de rua da cidade, muito embora ninguém soubesse se eles tinham mais a ver com a poliomielite que os gatos domesticados”. (Roth:14).               

O “Nêmesis” é um romance RSI? Nele não se encontra funcionando no texto romanesco o poder estético realista fantástico fazendo pendant com o poder d’ars realista realista? 

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O romance R.S. I. pode mesclar texto técnico e texto romanesco, esotérico e exotérico, como no “Os Sertões” e o “Grande Sertão: Veredas”. (Bandeira da Silveira. julho/2025: cap. 2). Ele corresponde a ,obra aberta” de Humberto Eco, e mais, ainda:

“as novas obras musicais, ao contrário, não consistem numa mensagem acabada e definida, numa forma univocamente organizada, mas sim numa possibilidade de várias organizações confiadas à iniciativa do intérprete apresentando-se, portanto, não como obras concluídas, que pedem para ser revividas e compreendidas numa direção estrutural dada, mas como bras <abertas>, que serão finalizadas pelo intérprete no momento em que as fruir esteticamente”. (Eco. 1971: 39). 

Indo além do intérprete, o artista é o intérprete da plurivocidade gramática do Romance R.S.I.; ele também muda as gramáticas como forma de governo do território estético, ele é capa de criar ex nihilo novas gramáticas da obra-de-arte, como fizeram Euclides da Cunha, Freud. - no Romance “Mal-Estar da Civilização” - RSI  e Guimarães Rosa. 

Me de debruço sobre Euclides na physis:

“Vê-se, de fato, que três formações geognósticas díspares, de idades mal determinadas, aí se substituem, ou se entrelaçam, em estratificações discordantes, formando o predomínio exclusivo de umas, ou a combinação de todas, os traços variáveis da fisionomia da terra”. (Euclides da Cunha. 1995. v. 2: 102). 

A gramática-ideológica-retórica do  território geográfico mescla texto técnico e texto romanesco. O poder estético como traço, como dobra barroca faz da geografia um fato estético do Romance R. S. I. territorial/virtual - de um jardim das delícias perdido geográfico hiperbólico:

“O barroco remete não a uma essência, mas sobretudo a uma função operatória, a um traço. Não pára de fazer dobras. Ele não inventou essa coisa: há todas as dobras vindas do Oriente, dobras gregas, romanas, românicas, góticas, clássicas… Mas ele curva e recurva as dobras, leva-as ao infinito, dobra sobre dobra, dobra conforme dobra. O traço barroco é a dobra que vai ao infinito”. (Deleuze. 1991: 13):

“ Surgem primeiro as possantes massas gnaissegraníticas, que a partir do extremo sul se encurvam em desmedido anfiteatro, alteando as paisagens admiráveis que tanto encantam e iludem as vistas inexpertas dos forasteiros”. (Euclides da Cunha. Idem: 102). 

O que é o <forasteiro? O olhar da paisagem do forasteiro [que se encanta, que se ilude] aparece no pequeno livro retórico-hiperbólico  - um livro considerado risível na atualidade - de um brasileiro aristocrático. (Affonso Celso; 1908): 

“A princípio abeiradas do mar progridem em sucessivas cadeias, sem rebentos laterais, até às raias do litoral paulista, feito dilatado muro de arrimo sustentando as formações sedimentárias do interior. A terra sobranceia o oeano, dominante, de fastígio das escarpas; e quem a alcança , como quem vinga a rampa de um majestoso palco, justifica todos os exageros descritivos - do gongorismo de Rocha Pita às extravagâncias geniais de Buckle - que fazem deste país região privilegiada, onde a natureza armou a sua mais portentosa oficina”. (Euclides da Cunha. Idem: 102). 

A Natureza tropical aparece como obra-de-arte de uma oficina estética de um poder d’ars barroco - de um  artista hegemonikon da tela da hegemonia/dominação republicana?    

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O Romance R.S.I. possui na tela o território da realidade objetiva e o modo de ser psíquico como civilização e barbárie. O Rio São Francisco é o território líquido do caminho da civilização e ao mesmo tempo é a barbárie da generalização do modo de produção escravista do indígena. O bandeirante é, ao mesmo tempo, civilização e barbárie. Um modo de ser psíquico imaginário-ideológico do imperador: 

“O que trás a imagem (do imperador) por insígnia”. (Saraiva:574). O modo de ser psíquico imaginário é o do poeta improvisador; ele pode ser fingido, falso, simulado, fictício. Ele é veritas como estribar-se não só na realidade, mas ainda na reputação; ele atende as regras da gramática do modo de produção escravista do gentio; ele diz verdades; ele é franco, sincero, candura. (Saraiva: 1266). Ele é, então, o modo de ser psíquico como pathos e ethos, eros e tanatos, bem e mal. O jesuíta é a civilização barroca luso-subtropical com a pólemos dos Guaranis dos 7 Povos das Missões (Lugon; 1968). O vaqueiro é o modo de ser psíquico do trabalho livre da economia política libidinal pastoril civilizadora colonial do modo de ser psíquico sertanejo:

“A demonstração é positiva. Há um notável traço de originalidade na gênese da população sertaneja , não diremos do norte, mas do Brasil subtropical”.

“Esbocemo-lo; e para não nos delongarmos demais, afastemo-nos pouco do teatro em que se desenrolou o drama histórico de Canudos, percorrendo rapidamente o Rio São Francisco, ‘o grande caminho da civilização brasileira’, conforme o dizer feliz de um historiador”.

[...]

“Balanceia a influência do Tieté”.

“Enquanto este , de traçado incomparavelmente mais próprio à penetração colonizadora, se tornou o caminho predileto dos sertanistas visando sobretudo a escravização e o <descimento> do gentio, o São Francisco foi, nas altas cabeceiras, a sede essencial da agitação mineira; no curso inferior, o teatro das missões; e na região média a terra clássica do regime pastoril, único compatível com a situação econômica e social da colônia”.

“Bateram-lhe por igual as margens o <bandeirante>, o <jesuíta> e o ,vaqueiro>”. (Euclides da Cunha. 2002: 66). 

O poder d’ar épico romântico, realista fantástico, parece estruturar e dar sentido, não-sentido e contra-sentido aos modos de ser psíquico imaginário-ideológico dos artistas plásticos (bandeirante, jesuíta, vaqueiro, sertanejo) da colonização luso-subtropical:

“Assim é que extinta com a expedição de Glimmer (1601) a visão enganadora da ‘Serra das Esmeraldas”, que desde os meados do século XVI atraíra para os flancos do Espinhaço, um após outros, inacessíveis e constantes malogros, Bruzzo Spinosa, Sebastião Tourinho, Dias Adorno e Martins Carvalho, e desaparecendo ao norte o país encantado que idealizar que idealizar a imaginação romântica de Gabriel Soares, grande parte do século XVII é dominado pelas lendas sombrias dos caçadores de escravos, centralizados pela figura brutalmente heróica de Antônio Raposo. É que se haviam apagado quase que ao mesmo tempo as miragens da misteriosa ‘Sabarábuçu’ e as das ‘Minas de Prata’, eternamente inatingíveis; até que, renovadas pelas pesquisas indecisas de Pais Leme, que avivou, depois de um apagamento quase secular, as veredas de Glimmer; alentador pelas oitavas de ouro de Arzão pisando em 1693 as mesmas trilhas de Tourinho e Adorno; e ao cabo francamente ressurgindo logo depois com Bartolomeu Bueno, em Itaberaba, e Miguel Garcia, no Riberão do Carmo, as <entradas> sertanejas volvessem ao anelo primitivo e, irradiando do distrito de Ouro Preto, se espraiassem de novo, mais fortes, pelo país inteiro”.

“Ora, durante este perído em que, aparentemente, só se observavam, no litoral, a luta contra o batavo e no âmago dos planaltoso espantoso ondular das bandeiras, surgira na região que interfere om médio São Francisco um notável povoamento do qual os resultados somente depois apareceram”. (Euclides da Cunha. 2002: 67). 

Euclides da Cunha fala de herói e bandido, ao mesmo tempo, no modo de ser psíquico  imaginário-ideológico de um poder estético romântico épico do pathos e do pathos , do bem e do mal, do eros e tanatos  - no território/virtual de uma língua fenilato/alquilato, de uma língua quimilato das Américas:

“Era José Artigas, o motim feito homem, o primeiro molde dos caudilhos, primeiro resultado dessa combinação híbrida e anacrônica de D. quixote, do Cid e de Hernani - a idealização doentia, a coragem esplendorosa e o banditismo romântico - indo perpetuar na América a ociosidade turbulenta, a monomania da glória e o anelo de combates que sacrificaram a Espanha do século XVII”. (Euclides da Cunha. v. 1. 1995: 125). 

A imago do imperador em língua latina fenilatobarroco  não se condensa  em José Artigas e se desloca para os homens das bandeiras e entradas da colonização luso-brasileira?  

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O texto técnico é efeito do poder estético realista realista. O texto romanesco do poder estético realista fantástico. No Brasil, este último foi gramaticalizado por José de Alencar. Alecar (Bandeira da Silveira. Julho/2025: caps 2  e 3) é o hegemonikon d’ars da aristocracia e Euclides o hegemonikon virtual, celestial, republiicano; não foi o hegemonikon fático da República territorial oligárquica militarizada de Floriano Peixoto. Pois, esta é uma forma de governo extrarrepublicana - que tem como símbolo em armas material, institucional o agir do exército federal em Canudos. Euclides combina o texto técnico e o texto do romanesco de um modo equilibrado estilisticamente no Romance RSI da estratificação étnica brasileira, que gerou o Bom Jesus:

“É natural que esas camadas profundas da nossa estratificação étnica se sublevaram numa anticlinal extraordinária - Antônio Conselheiro…”. (Euclides. 2002: 96). 

Há um modo de ser psíquico insurrecional, revolucionário como efeito da causalidade racial mestiça?                                                                     

Euclides:

“Da mesma forma que o geólogo interpretando a inclinação e a orientação dos estratos truncados de antigas formações esboça o perfil de uma montanha extinta, o historiador só pode avaliar a altitude daquele homem, que por si nada valeu, considerando a psicologia da sociedade que o criou. Isolado, ele se perde na turba dos nevróticos vulgares. Pode ser incluído numa modalidade qualquer de psicose progressiva”.

O modo de ser psíquico imaginário do Conselheiro é psicótico? Euclides conhecia Freud ou uma vulgar psicologia freudiana? De qualquer modo, ele é movido pelo poder d’ars do realismo realista da psicologia cosmopolita de sua época. Segue sobre o Bom Jesus:

“Mas posto em função do meio, assombra. É uma diátese, e é uma síntese. As fases singulares de sua existência não são, talvez, períodos sucessivos de uma mol´stia grave, mas são,                                                  com certeza, resumo abreviado dos aspectos predominantes de mal social gravíssimo. Por  isto o infeliz destinado à solicitude dos médicos, veio, impelido por uma potência superior, bater de encontro a uma civilização, indo para a história como poderia ter ido para o hospício”. (Euclides. 2022: 86). 

A civilização do ,hospício> é aquela do poder d’ars (poder estético em uma tela jurídica do Estado territorial) da psicologia psiquiátrica conhecida do leitor, por um modo de ser psíquico literário carioca,  no Brasil no texto RSI machadiano “O Alienista”. Euclides não considera tal civilização como fenilatofenomico da tela da hegemonia/dominação de seu professor Benjamin Constant. Conselheiro para o gramático da história tropical sertaneja, quem foi? 

Euclides:

‘Porque ele para o historiador não foi um desequilibrado. Apareceu como integração de caracteres diferenciais - vagos, indecisos, mal percebidos, quando dispersos na multidão, mas enérgicos e definidos, quando resumidos numa individualidade  

A multidão sertaneja é a gramática-ideológica-retórica de um poder d’ars realista fantástico romântico brutalista (Souriau: 281) que produz, cultiva e recultiva - e reproduz o Bom Jesus como modo de ser psíquico barroco popular. O problema da elite extrarrepublicana é ser cosmopolita e não nacional-popular na interpretação da multidão popular brasileiro revolucionária/barroco tropicalista pós-lusitana. 

Euclides:

“Todas as crenças ingênuas, do fetichismo bárbaro às aberrações católicas, todas as tendências impulsivas das raças inferiores, livremente exercidas na indisciplina da vida sertaneja, se condensaram no seu misticismo feroz e extravagante. Ele foi, simultaneamente, o elemento ativo e passivo da agitação de que surgiu. O temperamento mais impressionável apenas fê-lo absorver as crenças ambiente, a princípio numa  quase passividade pela receptividade mórbida do espírito torturado de reveses, e elas refluir, depois, mais fortemente, sobre o próprio meio de onde haviam partido, partindo da sua consciência delirante”.

“É dificil traçar no fenômeno a linha divisória entre as tendências pessoais e as tendências coletivas: a vida resumida do homem é u capítulo instantâneo da vida de sua sociedade”. (Euclides. 2002: 96). 

Há essa proposição de que no indivíduo-imperador a tela cerebral não está separada da tela d’ars da sociedade. Aqui, o processo civilizador europeu pode fazer pendant com o processo civilização/barbárie da economia política libidinal da língua fenilato tropical barroco, quanto ao furor como afecção dionisíaca (Lyotard. 1974: 18).  

Elias: 

“Tal como a conduta em geral, a maneira de ver as coisas e as pessoas também se torna mais neutra na esfera afetiva, com o processo civilizador. A <imagem do mundo> vai se tornando menos diretamente determinada pelos desejos e receios humanos, e se orientando para o que chamamos de ‘experiência ou para ‘o empírico’, para sequências dotadas de regularidade imanentes. Da mesma forma que hoje, em outro arranco nessa direção, o curso da história e da sociedade gradualmente emerge da névoa dos sentimentos e do envolvimento pessoais, do nevoeiro de anelos e receios coletivos, e começa a exibir um nexo relativamente autônomo de eventos o mesmo acontece com a natureza e - dentro de espaços menores - com os seres humanos [...] Mas isso é apenas um exemplo de como aquilo que chamamos de ‘orientação para a experiência [...] começa vagarosamente a desenvolver-se no ponto exato em que a estrutura da sociedade compele o indivíduo a controlar suas emoções passageiras e transformar ainda mais fortemente as energias da libido”. (Elias. v. 2: 228).   

O processo civilizador feudal foi a antessala da criação do modo de ser psíquico imaginário-ideológico-retórico dos direitos republicanos da modernidade na causalidade da economia política libidinal do poder d’ars realista realista europeu.                        

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Michel Foucault desintegrou os gêneros da filosofia e das ciências do homem. O seu “História da sexualidade” não é um texto técnico historiográfico. Ao contrário, é a gramática-ideológica-retórica obra-de-arte da vida da antiguidade europeia. O “Vigiar e Punir” é um romance RSI foucaultiano? Ele deve ser lido com o livro de Norbert Elias supracitado. Na obra-de-arte literária “Vigiar e Punir”, o processo civilizador se encerra com ele mudando para a barbárie da modernidade. Esta é uma criação de um poder d’ars iluminista com um fundo barroco. Pode-se ler John Rawls sobre o iluminismo-barroco de Kant (Rawls. 2005: 121-122). Foucault costuma narrar o fundo negro da tela barroca da república francesa? Sobre a Revolução Francesa como iluminismo barroco o leitor pode ler Tocqueville. (Tocqueville; 1967). O ‘Vigiar e Punir” narra o processo civilizador produzindo uma elite burguesa ou classe dominante civilizada na modernidade francesa? Qual poder d’ars produz a realidade da alta  modernidade francesa? 

Foucault:

“A delinquência, ilegalidade dominada, é um agente para a ilegalidade dos grupos dominantes. A implantação das redes de prostituição no século XIX é característica a respeito: os controles de polícia e de saúde sobre as prostitutas, sua passagem regular pela prisão, a organização em grande escala de lupanares, a hierarquia cuidadosa que era mantida no meio da prostituição, seu enquadramento por deliquentes-indicadores, tudo isso permitia canalizar e recuperar, através, através de uma série de intermnediários, os enormes lucros sobre um prazer sexual que uma moralização cotidiana cada vez mais insistente votava a uma semiclandestinidade e tornava naturalmente dispendioso; na computação do preço do prazer, na constituição de lucro da sexualidade reprimida e na recuperação desse lucro, o meio deliquente era cúmplice de um puritanismo interessado: um agente fiscal ilícito sobre práticas ilegais”. (Foucault. 2014:274) 

Leia-se esta página com o livro ‘Economia libidinal”, de Lyotard, porém,  como desintegração do Estado territorial nacional pela economia política libidinal de um poder estético iluminista-barroco em uma superfície heteríoclita da meia-noite lunar:

“O tráfico de armas, os de álcool nos países de lei seca,ou mais recentemente os de droga, mostrariam da mesma maneira esse funcionamento da ‘delinquência útil’: a existência de uma proibição legal cria um em torno dela um campo de práticas ilegais, sobre o qual se chega a exercer controle e a tirar um lucro ilícito por meio de elementos ilegais, mas tornados manejáveis por sua organização em deliquência. esta é um instrumento para gerir e explorar as ilegalidades”. (Foucault. idem: 274). 

A realidade obra-de-arte do capitalismo sem frase faz da economia política uma economia política libidinal da generalização das ilegalidades nas Américas com o Banco estadunidense como hegemonikon marron de uma tela fílmica que pode ser vista no celular. Nessa tela tudo é possível para a desintegração do romance RSI da civilização europeia milenar. O livro “Capitalismo criminoso” de Platt narra  o Banco da economia política libidinal das ilegalidades; isso  já é um passo à frente  com Platt no romance RSI da  atualidade das Américas.  

Continua Foucault:

“É também um instrumento para a ilegalidade que o próprio exercício do poder trai a si. A utilização politica dos delinquentes - sob a forma de espias, denunciantes, provocadores - era fato sabido antes do século XIX. Mas depois da Revolução essa prática tomou dimensões completamente diversas: a infiltração nos partidos políticos e associações operárias, o recrutamento de homens de ação contra os grevistas e amotinados, a organização de uma subpolítica - que trabalha em relação direta com a polícia legal e suscetível, em último caso, de se tornar uma espécie de exército paralelo -, todo um funcionamento extralegal do poder foi em parte realizado pela massa de manobra constituída pelos delinquentes: polícia clandestina e exército de reserva do poder. Na França, parece que foi em torno da Revolução de 1848 e da tomada do poder de Luís Napoleão que essas práticas atingiram seu pleno florescimento. Pode-se dizer que a delinquência, solidificada por um sistema penal centrado sobre a prisão, representa um desvio de ilegalidades para os circuitos de lucro e de poder ilicitos da classe dominante”. (Foucault. Idem: 274-275). 

O romance RSI do general intellect gramatical estético parisiense cesarista pode ser acompanhado em dois livros: Seigel de 1991 e Bourdieu de 1992.      

Nas Américas, o romance RSI da realidade obra-de-arte bela e feia, simultaneamente, acaba por ser um poder estético cesarista realista fantástico capaz de criar a forma de governo <demopenitenciariocracia>  cesarista, é claro, heteróclita extrarrepublicana.     

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o romance RSI intervém e atravessa domínios de saber e de realidade objetiva. Na Europa, ha vários: “O Idiota” e “Os demônios” (Dostoiévski. 2005; 2004); O “Doutro Fausto” (Mann; 1984; 2011). Os escritos políticos de Fernando Pessoa (Bandeira da silveira; novembro/2024). O “Paris capitale du XIX Siècle (Benjamin; 1993. O Seminário 8 da transferência (Lacan; ). O Crítica da  razão cínica (Sloterdijk; 1989. Há ainda “O pensamento selvagem” (Lévi-Strauss; 1976. Na América Latina, há  a escola do realismo mágico. No Brasil, O romance RSI começa com José de Alencar, continua com: Machado de Assis, Populações Meridionais do Brasil (Vianna; 1987, “O tempo e o vento” (Veríssimo; 2013),  “Grande Sertão: veredas (Rosa;1994),.., “Viva o Povo Brasileiro (Ribeiro; 1984, A “Constituição Federal (Edipro; 2022)... Sylvio Rabello escreveu o romance RSI “Euclides da Cunha”.       

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Uma lista inefável desordenada no tempo e espaço de romance RSI: Marx. Le capital. Livre premier. Paris: Éditions Sociales, 1977; Platon; Oeuvres complètes. La République. Paris: Gallimard, 1950;  Otto maria Carpeaux, O livro de ouro da história da Música. RJ: Ediouro, 2009; Sérgio Buarque de Holanda. Visão do paraíso. SP: Editora Nacional, 1985; Germain Bazin. O aleijadinho e a escultura barroca no Brasil. RJ; Record,1971; Santo Agostinho. A cidade de Deus. Parte 1. Petrópolis: Vozes, 2013; Lima Barreto.Triste Fim de Policarpo Quaresma. Obras Completas. SP: Brasilense, 1959; Joaquim Nabuco. O Abolicionismo. RJ: Nova Fronteira, 2000; Gilberto Freyre. Casa-Grande e Senzala. RJ: José Olympio, 1975; José Eduardo Agualusa. Barroco tropical. SP: Companhia das Letras, 2009; Aristoteles. Obras. Del Alma. Madrid: Aguilar, 1982; Dante Alighieri. A divina comédia. Inferno SP: Editora 34, 1988; Caio Prado JR. Evolução política do Brasil e outros estudos. SP: Brasiliense, 1975; Rousseau. Ouevres Compètes. Écrits sur L’Abbé de Saint-Pierre. Paris: Gallimard, 1964; Sade. Les cent vingt journées de Sodome ou l’école du libertinage. Oeuvres. Paris; Gallimard, 1990…

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Sylvio Rabelo fez o romance RSI do fluminense  Euclides da Cunha:

“Sentia-se, como nunca, um desajustado. O seu livro era um equívoco. Um equívoco tão lamentável como Canudos, mesmo. E Euclides sem querer escutar mais as palavras do livreiro, fugiu para a rua, para a estação, em busca do trem que o levaria até Lorena. 

[...]

“O  editor comunicava que ‘Os Sertões’ tinha feito um grande sucesso. Em oito dias, a metade da edição se esgotara. Nunca na sua vida de livreiro vira acontecimento igual. E depois os jornais vinham com artigos e elogios. E maiores críticos já tinham emitido o seu juízo: livro de mestre. E quem era o mestre? Todos queriam saber quem era Euclides da Cunha que aparecia subitamente com um livro verdadeiramente excepcional. Sob a emoção daquela notícia, Euclides abriu a segunda carta. Também era do editor. Trazia informações de esmagar os mais impassíveis. O editor comunicava que se arrependera de ter editado o livro. Nenhum exemplar conseguira vender pelo preço estipulado: dez mil réis. Oferecera-o já aos <sebos> da Rua São José, a cinco mil réis, para salvar o prejuízo e nenhum deles aceitara. Euclides olhou para a data da carta, contrafeito. Era anterior à da primeira. Anos mais tarde, em sua casa à beira da praia, na Rua Nossa Senhora de Copacabana, confessaria a u amigo, que o escutava, que teria certamente morrido se tivesse lido essa carta em primeiro lugar”. (Rabelo: 169-170).   

A civilização do livro, do jornal…existia no Rio, principalmente; o RIo era a  capital do livro na época de Euclides. O livro era um símbolo como expressão de uma língua quimilato de emoções de afecções como: ambição, orgulho, derrota, sucesso. E poderia tem provocado um surto psicótico em Euclides com o editor como o agente da passiva desse fato no modo de ser psíquico psicótico do maior nome da literatura do republicanismo, entre nós.      

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O meu trabalho tem como objeto a história universal do romance RSI do general intellect gramatical (GIG). O artista Euclides da Cunha ocupa um lugar subversivo nessa história para o GIG brasileiro:

“A mimese da cultura europeia sempre assombrou a cultura letrada brasileira(Lima: 59). Tal fenômeno jogou um véu na produção das ideologias entre nós. Como não se via a cultura associada à gramática, e não se investigava a cultura como campo de produção de ideologias vinculadas às gramáticas, o complexo de vira-lata imperou na inteligência brasileira”.

“Veja ‘Os Sertões’ como um artefato estético de construção de uma classe dirigente barroca, mestiça. assim, Canudos é um acontecimento do fenômeno supracitado”.

“ A partir da investigação de Canudos como produção de uma tela gramatical barroca, mestiça, inicio meu estudo sobre a produção de um campo de ideologias que já não é um efeito do discurso europeu de nosso complexo de vira-lata”.

“A gramática barroca mestiça tem na multidão barroca sua protagonista. Sempre houve uma luta ideológica pela caracterização das multidões na história brasileira” (Bandeira da Silveira. Janeiro/2023: cap.1).

Em novembro de 2025, uma multidão barroca mestiça negra (preto e pardo na terminologia do IBGE) de mulheres apareceu em Brasílçia. Elas querem uma revolução barroca dentro da ordem republicana de 1988 (Bandeira da Silveira. cap. 3, outubro/2023). A revolução barroca dentro da ordem constitucional significa uma mudança no <poder  brasileiro>. Porém o que é o poder brasileiro? Não é necessário partir da história das Constituições - como romance RSI - para que a revolução barroca republicana respire como general intellect gramatical? 

No centro estético do poder brasileiro, acha-se o <Poder Moderador> da Constituição imperial de 1824. Esse poder moderador tem artigos que guardam o segredo de polichinelo da história do Brasi como romance RSI:

“Art. 102. O Imperador é o chefe do poder executivo, e o exrcita pelos seus ministros de Estado”. (Dias: 146).

“Art. 98. O poder moderador é a chave da organização política, e é delegado privativamente ao Imperador, como chefe da nação e seu primeiro representante, para que, incessantemente vele sobre a manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos mais poderes.

Art. 99. A pessoa do Imperador é inviolável e sgrada: ele não está sujeito a responsabilidade alguma”.  (Dias; 145). 

O poder moderador do imperador não existe na Constituição republicana de 1891? 

“Art. 14. As forças de terra e mar são instituições nacionais permanentes, destinadas à defesa da Pátria no exterior e à manutenção das leis no interior”. (Dias: 332). 

Ora! O poder moderador do imperador não foi deslocado para o Exército e a Marinha nacionais? Na Constituição Republicana Democrática de 1988, ele é um traço barroco virtual da realidade objetiva política:

“Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pala Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, oeganizadas com base na hierarquia e na disciplin, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria> à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. (Constituição Federal: 92). 

Lula da Silva derrotou Jair Bolsonaro na última eleição presidencial. Jair Messias comandou um golpe de Estado político-militar contra o governo de Lula e fracassou. Messias e seus generais e coroneis do golpe material foram condenados pelo STF. Nos meios de comunicação de massas ou mass media o artigo 142 foi objeto de discussão visando extinguir o poder moderador das FA desse artigo. O Congresso rejeitou essa ação simbólica da política no governo Lula. O STF nada fez. Por quê? O STF havia constitucionalizado o poder moderador do artigo 142 por inciativa do juiz bolsonarista FUX. Hoje, a discussão sobre o poder moderador aparece como uma questão essencial na história do romance RSI da realidade objetiva política republicana.    

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O romance RSI da realidade objetiva com obra-de-arte tem sua tela de hegemonia/dominação da pratica política universal. Nessa tela aparecem associados poder estético, poder d’ars e modo de ser psíquico, língua-fenilato, atualidade e extra-atualidade . Aqui começo pelos modos ideológico e utópico nos escritos políticos de José de Alencar. A atualidade é o refente da realidade objetiva do poder brasilero::

“A suma questão da atualidade é esta,, da vigorosa iniciativa que deveis tomar em prol da Constituição, nela está a chave de todas as outras tendentes à realidade do sistema e restauração do país”. (Alencar. v. 4: 977). 

O imperador é o hegemonikon do poder estético iluminista     da forma de governo republicano-imperial-aristocrático da história universal - da tela da realidade objetiva obra-de-arte. Ele é eu nacional como hegemonkon de um  Poder Moderador. Este abre as comportas para o campo das fenilato-ideologias nacionais, que se desenvolveram nas pólemos e stásis da fabricação da unidade territorial do Estado do Brasil-nação  como uno territorial/virtual.  

“O Poder Moderador é o eu nacional, a consciência ilustrada do povo. assim como criatura humana no correr da vida é admoestada por um senso íntimo, que a obriga a refletir sobre a moralidade do ato que vai praticar; a nação recebe do monarca o mesmo serviço; e muitas vezes o remordimento precursor da má paixão evita suas consequências, obrigando o povo a refletir”. Alencar> idem: 986). 

O povo carioca do Brasil-nação aparece como republicano iluminista?  (Tarqúnio de Sousa: cap. 8). Esse povo alencariano:

“<Eheu! Prisca fides. … Atualmente a política é para as massas um simples folgar, quando não é um pacto indecoroso”.

“Sabeis, senhor, onde hoje em dia se encontra vosso povo, aquele ,mesmo povo entusiasta que fez a Independência, a Abdicação e a Maioridade?”

“Nas audiências dos ministros, nas casas dos patronos de maior voga, à porta da matriz onde se arremata a eleição em hasta pública. Se aí não estiver, é porque forma o cortejo de alguma donzela trajada à militar, ou aplaude com frenesi as chocarrices da farsa e as corridas de circo”. 

“Cobiça e prazer - <panem et circenses> - eis o que move as massas quando as desampara a crença da liberdade e a dignidade popular”. 

“Rasga-se a Constituição, entorna-se sem medida a renda nacional, calcam-se as leis da segurança, ofende-se a propriedade individual, engana-se despejadamente o país zombando de sua boa-fé”.

“O povo não se move; ri ás vezes, com o grosso rir do bonachão que se diverte à custa própria”. 

“Os homens que pretendem atualmente foros de estadistas e chefes de uma opinião, formam contraste perfeito com os antigos patriotas. Para eles a causa pública não é devoção, porém repouso apenas de ocupações lucrativas”. (Alencar. Idem: 959). Encaminho em seguida a relação entre poder estético modo de ser psíquico utópico. 

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José de Alencar descobriu a pólvora do conhecimento, pois, ele contrapôs o modo de ser psíquico utópico reformosta ao modo de ser psíquico da atualidade da realidade objetiva política

“Oa utopistas que afagam um ou outro pensamento bonito, bebido no último livro folheado, falam em eleição direta, descentralização, reforma judiciária, e muitas outras ideias sem dúvida aproveitáveis; mas não se lembram dos meios de realizar a reforma”.

“Se a reforma é sincera, lealmente democrática, e eficaz bastante para restituir o povo brasileiro ao exercício pleno de seus poderes; por certo que a empregrocracia que tudo domina se há de opor vigorosamente”. (Alencar. v. 4: 981). 

A reforma se estabelece na relação com a forma de governo de Stuart Mill, empregocracia. A forma completa é a <demoempregocracia>. A práxis política utópica se choca com a forma de governo na reforma do país monárquico de d. Pedro II:

“Consultai a página da obra que citei e vos é conhecida. Em seguida diz o ilustre publicista que o mundo exterior não é capaz de criticar ou moderar a ação da empregrocracia; e nenhuma reforma se efetuara contra os interesses dessa classe poderosa. Ela exerce um veto tácito sobre as leis, não as executando: o veto da inércia”. (Alencar. Idem: 981). 

A forma de governo demoempregrocacia é uma forma de governo da vida política e esta se reproduz como tradição estética;

“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. (Marx. 1974: 335). 

O passado estético da monarquia brasileira é essa tradição de uma forma de governo nepotista do Estado colonial luso-brasileiro. A tradição nepotista é um Romance RSI da vida republicana imperial romana:

“O poder de um político romano assentava-se na sua facção pessoal, a começar dos parentes e dos amigos. Eles formavam o núcleo nepotista de qualquer partido. A amizade era extremamente importante para os romanos e criava um vínculo equivalente ao do parentesco. [...] No entanto, parater sucesso político tornava-se indispensável, acima de tudo, estabelecer uma grande clientela”. (Bellow:195).

Esse passado estético romano é aquele de uma forma de governo cesarista-nepotista. Em 2025, o STF brasileiro está quase decidindo pela restauração dessa forma d’ars de governo romano como demonepotismocracia patrimonialista na qual a diferença entre o direito da esfera pública e  o da esfera privada desparece do Estado territorial nacional.        

Alencar:

Não podia Stuart Mill escrever melhor se houvera observado a nossa sociedade. Contra a vontade da aristocracia oficial não tem o povo força para realizar uma reforma. Prescinda-se embora do mandato especial, quem há de votar na legislatura ordinária senão a parte mais interessada da aristocracia, o parlamento? E quem há de fazer e desfazer os optantes senão os agentes dessa aristocracia nas arbitrárias qualificações? (Alencar. Idem: 981);  

O que é essa aristocracia nepotista?  É uma burguesia aristocrática burocrática. Uma burguesia de Estado constituída  a partir da propriedade privada da mais-valia pública. Esse fenômeno aparece na história de 1946 na forma de governo <capitalismo burocrático> . (Prado Jr. 1972; 108). 

Alencar: 

“A nossa aristocracia é burocrática: não se componha somente de funcionários públicos; mas essa classe forma a sua base, à qual adere por aliança ou dependência, toda a camada superior da sociedade brasileira”. (Alencar. idem: 995).

Essa aristocracia de Estado aristocrática é o personagem principal do romance RSI do regime de 1988 como uma burguesia burocrática lumpesinal cesarista:

“O que é a nossa aristocracia?”

“Composta em geral de duas classes de pessoas, os abastados de inteligência e escassos de cabedais, e os ricos de haveres mas pobres de ilustração; raros, bem raros são os que têm a força de conservar em sua órbita. Aqueles, urgidos pela sedução do luxo e mesmo pela necessidade, buscam nos altos empregos públicos e elevadas posições uma renda, ou as facilidades de alianças e estabelecimentos avantajados. Estes, pruridos pela vaidade, se oferecem aos desejos dos primeiros em compensação de graças e considerações”. (Alencar. Idem: 981). 

Nesse romance RSI, a forma de governo demoburguesia-aristocática-burocráticocracia corresponde um poder d’ars realista realista que estrutura modos de ser psíquico da atualidade  No regime de 1988, ela funciona como um poder moderador marron, pois, o poder moderador é um poder estético gótico, celestial: 

“Quem estuda com profundeza a sublime instituição do Poder Moderador reconhece essa natureza essencialmente inóxia. Ao passo que sua ação benéfica é de alcance imenso para o Estado, cuja salvação muitas vezes depende dela, não está em sua esfera cercear uma só atribuição de qualquer poder, nem restringir os direitos individuais do cidadão”. 

“A substância dessa instituição é o grande princípio da resistência, reconhecido pelo voto unânime dos publicistas, como o nervo do governo representativo. A luta, que se observa em maior ou menor grau por toda a trama do sistema, manifesta-se aqui na mais alta expressão: entre o povo e o rei, entre a soberania manente e a soberania vigilante”.

“Nem todas as funções moderadoras são coligidas no monarca; certas costumam ser confiadas ao senado vitalício e ao Poder Judiciário; outras completamente inertes, ficam depositadas na lei fundamental do Estado”. (Alencar. Idem: 989). 

O poder d’ars é um regime de plurivocidade de Poder Moderador na democracia-aristocrática-republicana constitucional. Esta procura evitar que o poder moderador constitucional cai nas mãos de um soberano perverso:

“Na torpeza imaginável, que não encontre ainda mais torpe para a praticar. Um rei perverso nunca deixa de fazer o mal por falta de ignóbeis instrumentos para a suas cruezas. Carlos IX arcabuzava ele próprio o povo de Paris por divertimento, não por necessidade”. (Alencar. Idem: 989).    

O rei perverso pode ser a <revolução da gargalhada> [como Bolsonaro e Donald Trump] de um poder d’ars do realismo fantastico romântico (Bandeira da Silveira. Julho/2025: caps. 2, 3, 9).   

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Caminhemos na gramática do romance (José de Alencar) RSI (Lacan). Assim como há a materialidade do “espírito das leis”, há a materialidade do espírito da gramática, se esta é uma tela plástica; há a materialidade do espírito da língua fenilato da pratica das formas de governo:

“Se este trabalho obtiver êxito, muito deverei à grandiosidade do sujeito; todavia, não creio que o gênio me tenha faltado. Quando vi o que tantos grandes homens, na França, na Inglaterra e na Alemanha, escreveram antes de mim, fiquei admirado mas não perdi a coragem. E disse como Corrégio: < E eu também sou pintor”. (Montesquieu. v. 1: 117). 

Qual é o lugar do Espírito na pintura do romance RSI? Sera o lugar do trabalho da produção do texto como <agente da passiva.?

Bechara:

“Na voz passiva o termo que exprime quem pratica a ação sobre o sujeito se diz, em sintaxe, <agente da passiva., iniciado pelas proposições <de: e <per. (por):

O livro foi escrito <pelos alunos>.

A notícia foi sabida <de todos>.

Já assinalamos que só a passiva analítica comporta o aparecimento do agente da passiva.

O agente da passiva, de natureza adverbial, corresponde, na voz ativa, ao sujeito:

O livro foi escrito <pelos alunos>.

<Os alunos>  escreveram o livro.(Bechara: 213). 

Então quem pratica a ação sobre o sujeito e o agente da passiva como o sujeito são os dois modos de ser psíquico?  Quem pratica a ação sobre o sujeito se encontra em um lugar da gramática  texto; o sujeito que executa a ação sobre o objeto romance RSI se encontra também em um lugar. Esse lugar é o do trabalho de produção de mais-valia quimilato do pintor do romance RSI da realidade objetiva se for uma gramática plástica (Wittgenstein. 1975: 148).  

Lacan:

“O que é que obtura? o que resulta do trabalho. E a descoberta de tal Marx é justamente ter dado todo o seu peso a um termo que já se conhecia antes dele, e que designa aquilo em que o trabalho é empregado - chama-se a produção. 


Quaisquer que sejam os sinais, os significantes-mestres que vêm se inscrever no lugar do agente, a produção não tem, em qualquer caso, relação alguma com a verdade. Pode-se fazer tudo o que se quizer, pode-se dizer tudo o que quizer, pode-se tentar conjugar essa produção com necessidades, que são necessidades que se forjam, mas não adianta. Entre a existência de um mestre e a relação de uma produção com a verdade, não há como sair disso. 

Tdoa impossibilidade, seja qual for, dos termos que aqui colocamos em jogo, articula-se sempre com isto - se ela nos deixa em suspense quanto à sua verdade, é porque algo a protege, algo que chamamos impotência.

Temos por exemplo, no discurso universitário, esse primeiro termo, aquele aqui se articula no termo S2, e que está na posição, de uma pretensão insensata, de ter como produção um sujeito pensante, um sujeito. como sujeito, em sua produção, de maneira alguma poderia se perceber por um só instante como senhor do saber”. (Lacan. 1991: 203).  

O trabalho de produção da mias-valia quimilato não é o lugar da verdade no romance RSI de “O capital”. Aí o agente da passiva é o território virtual de produção do verossímil da prática política de uma história universal. 

Na realidade objetiva da prática política, o Poder Moderador pode ser um poder d’ars de produção da mais-valia da língua fenilato da forma de governo geral da civilização republicana?       

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José de Alencar:

‘Nesta forma de governo portanto o povo tem que lutar alternadamente com a realeza, cuja tendência unitária e absorvente é natural, ainda mesmo nos príncipes liberais; e com a burguesia aristocrática, compacta pelo espírito de classe e apoiada nos cargos vitalícios, nos cabedais criados pela industria, nas clientelas de numerosos pretendentes”. (Alencar. v. 4: 979). 

O Poder Moderador d’ars age através do imperador, do povo e da burguesia aristocrática. Esta é a forma capitalista do general intellect gramatical de um capital cultural (Bourdieu. 1994: 39). Eles existem na prática política como uno de totalidade parcial e hic et nunc:

“É necessário já muita força para que a democracia resista à pressão da classe superior, que dispõe de todos os meios de influência. Se porém a simpatia ou tolerância da Coroa insufla esse elemento ele acaba subjugando o povo à sombra da realeza e ameaçando a Coroa com o espectro da revolução”. (Alencar. idem; 979). 

A revolução da burguesia aristocrática é aquela da mudança para uma forma de governo da demo-empregocracia nepotista sem imperador. No Brasil de 2025, há essa forma de governo se constituindo no STF e parlamento. Assim:

“Governa então a pior tirania de que fala Montesquieu: - ‘Aquela que se exerce à sombra da lei’. (Alencar. idem: 979). 

O que se perde nessa forma de governo supracitada? Perde-se a possibilidade de existência na realidade objetiva do modo de ser psíquico utópico? 

“le concepte de principe utopique pris dans le bon sens du terme, celui de l’espérance et de ses contenus dignes de l’homme, ocupe ici une position centrale”. (Bloch. 1959: 14).

Como modo de ser psíquico da vida política, a discussão sobre a utopia tem em Karl Mannheim um ponto elevado>:

“Se a história social e intelectual se preocupasse exclusivamente com o fato anteriormente delineado de que cada forma de ideologia socialmente vinculada está sujeito a mudança, só teríamos o direito de falar de problemas que dissessem respeito à mudança socialmente vinculada da <utopia>, mas não do problema da mudança da <mentalidade utópica>”. (Mannheim: 232). 

A mudança no modo de ser psíquico da utopia (mentalidade utópica) é o caminho para se vê a mudança fática da forma de governo:

“O segundo aspecto do caráter transcendente da utopia é que a utopia é fundamentalmente ralizável. Isto é significativo, porque vai contra o preconceito de que a utopia é apenas um sonho. Ao contrário, diz Mannheim, uma utopia fragmenta uma dada ordem; e só quando começa a fragmentar a ordem é que é uma utopia. Uma utopia está, então, sempre em processo de realização. Uma utopia está, então, sempre em processo de realização. A ideologia, por contraste, não tem problema de ser realizada, porque é a legitimação do que existe’”.(Ricoeur. 1986: 450). 

A ideologia é um modo de ser psíquico imaginário de produção de sentido de legitimação da forma de governo existente; a utopia é uma gramática que fragmenta o imaginário da ordem política realmente existente - faticamente. Assim, alcançamos os jogos de espelhos da realidade objetiva. 

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Olho pra o espelho côncavo e observo que o Romance RSI nasce como barroco:

“O barroco é a regulação da alma pela escopia corporal”. (Lacan. 1975. S. 20: 105). 

Observo que em Lacan o discurso tem uma norma culta da gramática do RSI barroco:

“Troca de discurso - [...] Canso de dizer que essa noção de discurso deve ser tomada como liame social, fundado sobre a língua, e parece então não deixar de ter relação com o que na linguística se especifica como gramática, nada parecendo modificar-se com isto”. (Lacan. idem: 21). 

Como liame, social, a gramática do romance RSI é uma gramática social com “norma culta”, “gramática normativa’, de uma língua latina. Gramsci ilumina esse ponto de luzes da gramática barroca-iluminista ((Rawls. 2005:121-122):

‘Poder-se-ia esboçar um quadro da ‘gramática normativa’ que opera espontaneamente em toda a sociedade determinada na medida em que ela tende a unificar-se, seja como território, seja como cultura, isto é, na medida em que nala existe uma classe dirigente cuja função seja reconhecida e seguida”. (Gramsci. 1977, v. 3: 2343). 

Essa classe dirigente aparece movida em uma tela de hegemonia e dominação por um poder moderador d’ars como hegemonikon de um céu azul do mar puro de Ipanema? 

Alencar:

“O ato moderador é irresponsável; sua realização tem a mesma natureza; a imputabilidade só é possível em relação à forma abusiva da execução.

Estudo da maior importância é o da natureza do Poder Moderador.

No complexo de atribuições que lhe são conferidas se destacam duas ações bem discernidas, duas forças inversas: conservação e restauração. 

A força conservadora está na faculdade concedida ao imperante de modificar o exercício de um poder político, sem contudo o alterar: pelo veto, a lei; pela reunião extraordinária da assembleia, a administração; pelo perdão ou anistia, a justiça.

Nas condições normais do sistema essa força preventiva basta para aplainar as escabrosidades, que porventura impeçam a rotação do maquinismo político, ou para conter os movimentos acelerados e imprudentes, 

Os diretores da opinião são chamados a governar o país; a maioria parlamentar de que eram chefes ou pelo menos vultos proeminentes,apoia sua administração. O monarca repousa na confiança do partido cujas ideias a nação adotou. Se julga que o Poder Executivo delas se afasta, fá-lo comparecer ante a maioria que o elevou para que tome contas severas. 

Mas há circunstâncias excepcionais em que a simles conservação seria insuficiente para preservar o sisema da ruína. Tais crises, motivadas pela extravasão de um poder ou inércia de outros, produzem o emperramento de todo o mecanismo político e logo após a corrosão e completo aniquilamento. 

Momento semelhante é o da nossa atualidade. A depravação do Poder Legislativo e dependência do Judiciário de um lado, exorbitância do Executivo por outro, paralisam entre nós o governo representativo. A atonia do pvo e sua rudez política, a par do espantoso desenvolvimento da corrupção do elemento burocrático, dão ao mal uma enormidade assustadora”. (Alencar. v. 4: 991). 

A imagem textual da crise dos jogos de poderes políticos, burocracia e povo pode ser observada no espelho côncavo da realidade objetiva de 2025? O colapso da classe dirigente, os jogos de poder brutalista,  povo brutalizado pela falta de educação política, a corrupção da burocracia res publicana, eis os elementos de uma história universal da crise catastrófica:

“É para estas graves crises que a constituição armou o monarca também de uma ação impulsora, capaz de restaurar o sistema. ‘Quando as molas desarranjadas se chocam, embatem e travam é necessário uma força que as reponha em seu lugar, diz B. Constant, atribuindo ao poder real a ação preservante e reparadora. (<P de política - cap 2”). 

O discrimen da iniciativa imperial, que a distingue essencialmente de qualquer outra, é de funcionar acima da própria constituição. Esta atitude reclama um termo novo. A força ativa do Poder Moderador é sobreconstitucional; ele se exerce em um espaço superior, intermédio entre a Constituição soberana escrita e anterior, e o voto, soberania latente e atual”. (Alencar. v. 4: 992). 

A crise da forma de governo demorepublicano-monárquico-aristocrático aparece como o verossímil do fim do império de d. Pedro II no romance político RSI de José de Alencar. Pois, deixam de funcionar o poder d’ars conservadoe e o poder estético moderador restaurador. Assim, Marechal Deodoro da Fonseca com um único sopro [grito extrarrepublicano no espelho convexo da forma de governo] derrubou  o trono da <casa imperial>         

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O mal-estar da atualidade do povo monárquico alencariano é comparável ao mal-estar freudiano europeu do pós Primeira Guerra Mundial?

Alencar: 

“E o povo que sente o mal-estar da atualidade, fatigado de decepções atira-se para o monarca. A democracia saúda no trono seu chefe, os tribunos vestem toga e pedem o consulado”. (Alencar. v. 4: 976).

 O mal-estar da atualidade é um modo de ser psíquico do povo como produção de imagens. Em qual espelho do romance RSI? 

Eco:

“Entendemos por espelho convexo uma superfície que fornece imagens virtuais corretas, invertidas, reduzidas. Entendemos por espelho côncavo uma superfície que: a) quando o objeto está entre o foco e o espectador, fornece imagens virtuais retas, invertidas, ampliadas; b) quando o objeto varia de posição, do infinito à coincidência com o ponto focal, fornece imagens reais, invertidas, ampliadas, reduzidas, conforme o caso, em potros diferentes do espaço, que podem ser parabolóides, elipsóides, esféricos ou cilíndricos, porque não são de uso comum na nossa experiência cotidiana, e cujos eventuais resultados serão considerados sob a rubricas genéricas de espelhos deformantes e de teatros catóptricos”. (Eco. 1989: 14).

Tanto o modo de ser psíquico alencariano quanto o freudiano são espelhos deformantes parabolóides-hiperbólicos, como uma gramática  do evangelho, e não como uma visão de mundo, como um espelho ideológico do imaginário. Vejamos o espelho hiperbólico freudiano:

“Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante potencial ou um objeto sexual, mas também alguém que os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se de suas posses, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo. <Homo homini lupus>”. (Freud. v. 21: 133). 

O modo de ser psíquico alencariano tem a retórica monárquica da classe hegemônica. Assim, ela nã aparece como o <homo homini lupus>. Entre o poder d’ars freudiano e o poder estético alencariano encontra-se o hegemonikon da tela da hegemonia/dominação da civilização luso-brasileira barroca-iluminista dos trópicos. Então, o problema consiste na natureza do poder estético:

“A análise começa por uma passagem [...] que conduz o leitor da capacidade de apreciar [...] o belo à apreciar o sublime. Não se trata da faculdade de julgar, mas de dois poderes que a faculdade de julgar tem de apreciar esteticamente o que precede de modo divergente. Os dois sentimentos, o do belo e o do sublime, pertencem bem à mesma grande família, a da reflexão estética, mas não à mesma variedade nessa família”. (Lyotard. 1993: 53). 

o poder estético é a retórica do sentimento ou do belo ou do sublime que inspira confiança no auditório? 

Aristóteles:

É, porem necessário que esta confiança seja resultado do discurso e não de uma opinião prévia sobre o caráter do orador; pois não se deve considerar sem importância para a persuasão a probidade do que fala, com aliás alguns autores desta arte propõem, mas quase se poderia dizer que o caráter é o principal meio de persuasão. Persuade-se pela disposição dos ouvintes, quando estes são levados a sentir emoção por meio do discurso, pois os juízos que emitimos variam conforme sentimos tristeza ou alegria, amor ou ódio”. (Aristóteles. 13). 

O poder estético retórico faz pendant com o modo de ser psíquico que pode aparecer como estado de guerra hobbesiano (Hobbes: cap. 6) das afecções aristotélico:      

“parece que todas as afecções da alma estão ligadas ao corpo; a ira, a educação, o medo, a piedade, a valentia, a alegria, como o amor e o ódio, já que quando estas afecções aparecem, também o corpo é afetado. Isto resulta evidente”. (Aristoteles. 1982: 109). 

O problema consiste na produção da mais-valia estética-dejeto ou retórica pelo hegemonikon na confecção do romance RSI, ou de Freud, ou de Alencar? A mais-valia pode ser a produção de dejeto <homo homini lupus> ou da mais-valia estética do modo de ser psíquico da atualidade como trabalho; este é o lugar do agente general intellect gramatical alencariano tão criticado pelos florianistas-jacobinos cariocas - que fizeram do Exercito do litoral um fato extrarrepublicano da gramática ideológica freudiana no Sertão da guerra de Canudos: <homo homini lupus>.       

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Nietzsche estabeleceu a história da gramática do indivíduo cesarista do romance RSI ocidental:

“Quando os <costumes se corrompem>, é o momento em que surgem esses seres a que se dá o nome de <tiranos>; são os precursores, são, então, as precoces <guardas-avançadas do indivíduo>. Mais um instante de paciência; esse fruto dos frutos acabará por pender, maduro e dourado, da árvore de um povo. Quando a decomposição chega ao apogeu, assim como a luta dos tiranos de todas as qualidades, vê-se sempre chegar o César, tirano definitivo que vibra o golpe de misericórdia à luta enfraquecedora dos inimigos preponderantes fazendo trabalhar o cansaço em seu proveito. Quando aparece o indivíduo, em geral, é no momento da sua maturidade perfeita, estando a <cultura> por consequência no zênite da sua fecundidade…”. (Nietzsche. 1982; 73).

Sem o indivíduo não há a forma de governo republicana cesarista do romance RSI no Ocidente e a plurivocidade de poder estético dessa forma de governo. Porém Frud estabeleceu a gramática mais geral do indivíduo universal:

“Cada indivíduo é uma parte componente de numerosos grupos, acha-se ligado por laços, por vínculos de identificação em muitos sentidos e construiu seu ideal de eu segundo os modelos mais variados. Cada indivíduo, portanto, partilha de numerosas mentes grupais - as de sua raça, de classe, credo, nacionalidade etc. - podendo também elevar-se sobre elas, na medida em que possui um fragmento de autonomia e originalidade”. (Freud. v. 18: 163). 

Assim, o César é o proprietário de gramática do mundo do romance RSI - de onde ele extrai sua autonomia em relação a sua formação grupal como indivíduo. No mais geral ainda, o indivíduo é um efeito das gramáticas da civilização e da barbárie em todos os tempos históricos e continente e oceania. Há a gramática modo de ser psíquico engenheiro-indivíduo que constrói a civilização do romance RSI:

“ O engenheiro”

“A luz, o sol, o ar livre

envolvem o sonho do engenheiro,

o engenheiro sonha coisas claras: 

superfícies, tênis, um copo d’água.

O lápis, o esquadro, o papel;

o desenho, o projeto, o número:

o engenheiro pensa o mundo justo,

mundo que nenhum véu encobre [...]”. Melo Neto: 63-64). 

O César e  engenheiro podem ser observados como lugar do agente da passiva no romance RSI da realidade objetiva. Mas, qual a relação desses  agentes com o poder estético? o poder estético produz imagens do corpo ethos, do eros, do bem, da hegemonia do amor barroco como persuasão angelical (Vieira; 2015). O engenheiro serve a esse poder estético realista realista de qualquer civilização, em qualquer tempo e espaço. O poder d’ars é produção da imagem do corpo do César como pathos, tanatos, mal, dominação como violência e combate grotesco - como civilação e barbárie (Bakhtine; 1970). A forma de governo contém o indivíduo como civilização e barbárie, mais ainda poder estético e poder d’ars que a estrutura, e a move, e ainda move o indivíduo como agente da passiva no romance RSI da verossimilhança da realidade objetiva da prática política em geral. Há telas gramaticais autorais nas quais aparecem tais phenylato-fenômenos? 

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A história do romance RSI avança com a comparação de gramáticas da realidade objetiva no tempo e no espaço:

“Ha no campo das ideologias a democracia escravagista                                                em antagonismo com a república democrática da Revolução Francesa. Esse poder d’ars do cosmopolitismo europeu se contrapunha ao poder d’ars do realismo realista do nacionalismo latifundiário, como já mostramos. No regime de 1988, os partidos parecem repetir os partidos do império. Eles são reféns do estelionato político pois seus nomes não correspondem a suas fenilato-ideologias como já indiquei. Além disso, eles são os pilares de uma democracia estamental capitalista como herdeira do passado estético da democracia estamental escravista da monarquia”. Bandeira da Silveira. novembro/2025: 230). 

José de Alencar pensa a prática política democrática representativa comos gregos pensaram a <república da multidão ou politeia. Há uma autonomia relativa da forma de governo em relação à gramática econômica escravista como Marx pensa a democracia republicana de 1848 com autonomia relativa em relação à gramática da sociedade de classes sociais na prática política cesarista (Marx. 1974: 372, 402).

“No Brasil a burocracia não é ainda o povo brasileiro; como outrora em Roma o patriciado foi o povo romano. mas tem o arbítrio de fazer e desfazer das massas que habitam o império uma nação artificial.

Ela outorga e cassa ao cidadão brasileiro o voto, que não é somente um direito político, feixe de todos os outros, mas uma fração da soberania ativa reservada a cada individualidade, para o governo do estado. 

Depois de consertada a nação fictícia, levam-na às urnas a fim de decidir de qual das duas porções da aristocracia devem sair os deputados. Nesta ocasião para estimular seu bando, os cabos empregam outrora o ódio; atualmente a cobiça é de uso geral. (Alencar. v. 4: 996). 

A classe aristocrática burocrática pode ser um hegemonikon com poder estético de articulação da hegemonia elite/massa. Ora,  o romance RSI alencariano parte da expressão dos phenylatos (òdio, cobiça) no campo das phenylato-ideologias:

“A aristocracia é um elemento infalível e salutar no governo e na sociedade. Deus a estabeleceu dando ao homem cabeça e coração, inteligência e virtude. Sem o estímulo da elevação a humanidade ficaria eternamente jungida à sua animalidade”. (Alencar. idem; 995).            

A sublimação feita por um poder estético barroco-gótico-iluminista da bestialidade política do homem-animal aparece na retórica alencariana da democrcia aristocrática imperial:

“A excelência da monarquia representativa é tirar a esse elemento o privilégio de casta, que o torna odioso e absurdo. A ação popular constantemente o resolve, vazando-lhe no seio nova e robusta substância. 

De todas as aristocracias, a que se forma da classe administrativa e da influência oficial, é reconhecida pelos publicistas, como a de maiores vantagens para o país.

Ela desenvolve a ciência do governo, acumula avultado cabedal de tradições, e mantém a firmeza e persstência na marcha do estado. Esses benefícios são compensados muitas vezes por inconvenientes tais como a rotina, o amesquinhamento das grandes individualidades e a compressão das jovens inteligências. 

A nossa aristocracia é burocrática: não que se componha somente de funcionários públicos; mas essa classe forma a sua base, à qual adere por aliança ou dependência, toda a camada superior da sociwedade brasileira”. (Alencar. Idem: 995). 

A burocracia aristocrática pode entrar em contradição material e espiritual com a burocracia administrativa? 

“A aristocracia entre nós não tem felizmente, como em outros países força própria e intrínsica, ou base sólida e profuna. É parasita e superficial. Extrai o suco das outras classes estranhas à administração, junginddo ao seu carro. As raízes que a prendem ao poder são frágeis, porque nem repousam na permanência dos cargos, nem na popularidade”. (Alencar. Idem: 997).

No regime de 1988, uma aristocracia capitalista procura desintegrar a burocracia administrativa pública, classe social republicana da Constituição de 1988. Essa é a nossa atualidade que herda o passado estético da contradição aristocracia e adminstração. Tal fato gramatical nos arremessa para o abismo do problema do Estado tratado por Anthony Giddens?   

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Há um espaço público de saber no qual José de Alencar e Durkheim habitam? O romance RSI durkheimniano fala das relações entre Estado/massas coletivas e indivíduos com mod de ser psíquico.- como no Alencar da tela da mente nacional? 

Alencar:

“Assim os diversos elementos de que se deve compor a mente nacional ficam sopitados; o espírito agrícola, mercantil, literário e artístico, tolhidos no desenvolvimento não concorrem a formar a opinião pública, Só se vive,pensa e governa no Brasil, no espírito burocrático”. (Alencar. v. 4: 997).

O capital rural, o capital mercantil, o capital cultural contribuem na formação da opinião pública. Porém, o modo de ser psíquico da burocrático - da demoempregocracia - vive, pensa e governa o Brasil imperial e o Brasil da demoburocraciaparlamentarcracia de 2025. 

“Ajeitados o parlamento e a opinião, a burocracia espera da Coroa o ministério para governar.

Stuart Mill a propósito da onipotência da aristocracia russa diz com muita graça, que o Czar pode mandar para a Sibéria todos os seus membros um por um; mas não tem força para governar contra a vontade dessa classe. (Alencar. idem: 997).

De qual gramática José de Alencar extraiu a classe burocrática? Marx fez do termo burocracia um agente barroco da relação Estado/sociedade:

‘“Como Hegel tem reivindicado já para a esfera da sociedade civil o poder <policiaco> e o poder <judicial> temos que o <poder governamental> não é outra coisa que a administração do Estado, que ele desenvolve-se como burocracia”. (Marx. 1982 357).

Aí a burocracia é modo de ser psíquico de um <tecido>, espírito, uma tela da mente nacional-barroco-teológica de Estado? Um poder estético jesuítico-barroco? 

Marx:

O ‘formalismo de Estado’ que é a burocracia é o ‘Estado como formalismo’, e como tal formalismo o descreve Hegel. Porém, como este ‘formalismo de Estado’ se constitui em poder real e se converte por si mesmo em seu próprio conteúdo material, assim se compreende que a ‘burocracia’ é um tecido de ilusões práticas ou a ‘ilusão do Estado’. O espírito burocrático é um espírito totalmente jesuítico, teológico. Os burocratas são a <république prêtre”. (Marx. Idem: 359). 

Os pesquisadores da história da literatura brasileira, hão de matutar se José de Alencar leu o jovem Marx?       

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Como texto técnico de sociologia, Durkheim foi recolhido para a Sibéria tzarista das imagens textuais do discurso universitário do mestre pervertido. Como romance RSI, há o poder estético barroco da superfície da consciência nacional de luzes e da profundidade da escuridão - na relação entre governo de Estado e <massas coletivas:

“Dissemos ser o Estado o órgão do pensamento social. Não é qur todo pensamento social emane do Estado. Mas há pensamento social dce duas espécies. Um vem da massa coletiva, e nela está difuso; é feito desses sentimentos, dessas aspirações, dessas crenças coletivamente elaboradas pela sociedade, e esparsas em todas as consciências. O outro é elaborado nesse orgão especial de Estado de governo. Um e outro estão em relação estreita. Os sentimentos difusoscirculantes em toda a extensão da sociedade influem nas decisões do Estado e, inversamente, as decisões do Estado, as ideias expostas na Câmara, as palavras pronunciadas, as medidas combinadas pelos ministros, repercutem em toda a sociedade, e na sociedade modificam as ideías esparsas. Por muito reais, contudo, que possam ser a ação e a reação, existem duas formas, de diferentes, da vida psíquica coletiva: uma é difusa, outra organizada e centralizada”. (Durkheim. 1983: 73).  

Os sentimentos difusos das massas do homem comum, obscuros, são expressão das afecções no campo do pensamento social assim como também o pensamentosocial da elite. Os modos de ser psíquicos textuais são três: técnico, romanesco e ersatz de texto, o “texto” mass media. O poder estético é produção de modos de ser psíquico textual como sublimação gótica do corpo da ideologia estética de <bruits> (Souriau: 278-279). Os <bruits> são os enigmas hegelianos do texto barroco-gótico-grotesco? Essa superfície textual paraconsistente? (Newton da Costa; 2008).   

           


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